Hermione correu para o dormitório da Grifinória, chorando e confusa. Daqui a pouco ela teria que estar composta para o jantar, mas não aguentava segurar as lágrimas. Agora tinha algumas meninas no dormitório, que olharam para Hermione. Charlotte Brown (Avó de Lilá) chegou perto de Hermione, que estava deitada na cama de bruços.

- Tudo bem? – Ela pergunta. Hermione não sabia se ela estava realmente preocupada ou se queria só ter mais fofocas.

- Não, não é nada... Estou bem... – Ela diz entre soluços. Não fora uma boa ideia ir para o dormitório.

- Tem certeza? – Pergunta Charlotte. Sentou-se e enxugou as lágrimas, dando um falso sorriso.

- Tenho, não se preocupe. – Hermione diz, talvez um pouco convincente porque Charlotte lhe deu um beijo no topo da cabeça e afagou seus ombros.

- Tudo bem, vou ir para o Salão Principal, você vem? – Ela pergunta, se dirigindo à porta.

- Daqui a pouco... – Hermione responde, deitando-se novamente na cama. Observou ela dar de ombros e sair. Soltou o ar dos pulmões, fazendo alguns soluços escaparem.

Levantou-se e foi até o vestiário onde lavou o rosto com água gelada, livrando-se da vermelhidão do choro. Ajeitou os cabelos que estavam uma baderna e seu vestido.

Enquanto andava até o jantar, sua mente começou a clarear e ela começou a pensar sobre Tom. O que faria com sua paixão/platonismo/amor/compreensão que sentia por ele?

O mais sensato (e para própria preservação de seu coração) era esquecer isso. Não ganharia nada além de rejeição se admitisse isso para ele. E é óbvio que ela jamais admitiria. Iria deixar de lado tudo que sentia por ele e seguir com seu plano original: Descobrir tudo que conseguisse sobre Tom Riddle e voltar para Harry com informações úteis. Era isso que ela iria fazer, não poderia deixar tudo de lado. Todos que ela amava corriam perigo enquanto ela ficava alimentando sentimentos amorosos por Tom.

Sentiu-se um lixo. Não devia pensar isso sobre seu maior inimigo; como ela era burra de cair em tentação, como ela estava sendo egoísta. Como podia amar aquele que causava tanta dor e amor em seu peito?

Estava quase começando a chorar quando notou que estava na frente do Salão Principal. Adentrou-o e sentou-se afastada, como sempre. Enquanto comia, pensava o que ela faria para ficar perto dele e conhece-lo melhor. Talvez devesse fingir que estava tudo bem conversar civilizadamente com ele, para o bem de todos.

Depois de satisfeita foi para seu refúgio; a biblioteca. Andou até a estante de livros de feitiços e pegou um que parecia ser velho. Começou a lê-lo e viu feitiços úteis; começou a devorar intensamente cada palavra. Alguém se aproximou sorrateiramente dela e tocou seu ombro.

- Hermione? – Pergunta uma voz fria e vazia. Que ela conhecia bem. Virou seu rosto e deixou de se escorar na cadeira que estava sentada. Fechou o livro que lia, colocando-o sobre a mesa de estudos e girou o tronco para encarar Tom.

- Sim? – Ela pergunta, estava realmente curiosa. Não deixou transparecer qualquer mágoa ou ressentimento na voz, ele poderia ficar confuso com sua súbita mudança de humor.

- Eu... Só queria... Bem, não é que eu... Talvez se... – Ele estava nervoso, o que deixou ela nervosa. Reparou que o rosto dele era inexpressivo, ficou com uma pontazinha de medo.

- Diga, Tom, eu estou ficando nervosa... – Ela diz, apreensiva, colocando as mãos sobre o encosto da cadeira.

- Não vá... Por favor... Fique aqui... – Ele fala quase inaudível, se fosse possível o rosto dele ficou mais pálido que o normal. Hermione percebeu pela tensão de sua voz de que estava sendo muito difícil falar aquilo para ela, o conhecia. Levantou-se sem pensar e o abraçou pela cintura. Demorou um pouco para ele retribuir seu abraço, mas ele enlaçou delicadamente a cintura dela.

- Não vou ir, Tom... – Mentira! Pior mentira de sua vida! Mas o que ela poderia dizer? Que depois de que extraísse a última gota de sinceridade dele ela iria embora? Não! Mil vezes mentir do que o deixa-lo irritado a ponto de mata-la sem pensar duas vezes.

Hermione permitiu-se relaxar um pouco nos braços dele, apoiando o rosto em seu peito e inspirando profundamente. O cheiro dele era uma mistura de jasmins com um pouco de hortelã. Era um cheiro bom, muito bom. Fechou os olhos enquanto concentrava-se na respiração e batimentos cardíacos dele. Eram fortes e reconfortantes. Ali, nos braços dele, sentia-se protegida e acolhida. Talvez porque ele fosse a única pessoa que ela temia verdadeiramente e conhecer aquele lado de Tom era maravilhoso. Concentrou-se nele, o amava muito, isso fazia a bile subir em sua garganta. Recomeçou a chorar silenciosamente. Ele a fazia sofrer tanto!

- É por minha causa que você tem chorado? – Ele pergunta gentilmente a afastando pelos ombros e fitando intensamente os olhos dela. Hermione teve que reforçar sua oclumência. Não disse nada. – Me desculpe... – Ele disse, a abraçando novamente. Ela soluçou audivelmente. Agora ele estava se desculpando mesmo sem saber o porquê! Podia ser tudo realmente fingimento?

- Não é sua culpa... – Era dela, por ter voltado no tempo. Encostou novamente a cabeça no peito dele. Ele puxou o rosto dela e abaixou-se um pouco... – Tom, pare. – Ela disse, colocando as mãos sobre o peito dele. Não queria ser usada, era muito doloroso.

- Você não quer me beijar? – Ele pergunta surpreso, mas sem afastar-se dela.

- Não importa, eu não quero ser usada... – Ela diz, sua voz estava um pouco trêmula. Parecia que iria chorar a qualquer momento.

- Eu nunca irei usar você. – Tom diz, com a mesma voz fria, mas que pareceu para Hermione a voz mais emocionada que escutara durante esses meses. Surpresa, deixou Tom abaixar e roçar-lhe os lábios.

As mãos de Hermione passearam pelas costas dele e subiram até sua nuca, acariciando-o. Enquanto as mãos de Tom prendiam a cintura dela e passeavam por suas costas. A boca de Tom pediu gentilmente passagem, pegando um pouco de cabelo dela com as mãos. Hermione cedeu sem pestanejar. Seus corpos estavam muito próximos. Separaram os lábios, Hermione o encarou e ele lhe deu um selinho e afastou-se, depois mais um, e outro...

Depois de passaram um grande tempo trocando beijos e afagos, Hermione encostou a cabeça no peito dele, como fizera antes. Não sabia verbalizar o que se passava entre eles. Mas era muito forte e grande para ser esquecido rapidamente. Pelo menos, Hermione tinha certeza de que sentia isso por ele. Precisava pensar, e com ele assim não conseguiria pensar nada além dele.

- Tom, eu estou confusa. – Ela sussurra, ainda com a cabeça repousada sobre o peito dele. Não conseguiria encará-lo ,mentindo para ele...

- Eu também... – Ele sussurra seriamente, perto do ouvido de Hermione. Para surpresa de ambos, ela deixou escapar um tremor. Corou violentamente.

- Vou me deitar. – Ela diz, virando para sair dali, constrangida. Mas quem disse que os braços protetores dele permitiriam?

- Me encontre perto do lago negro, depois do café da manhã... – Ele diz, tocando o rosto de Hermione e lhe aplicando um selinho demorado e carinhoso. Ela gostou daquilo. Não precisavam muito de atração corporal, suas compatibilidades mentais eram suficientes.

- Boa noite, Tom. – Ela murmura antes de retirar os braços (contra a vontade de Tom) de sua cintura. Tom beija a testa dela e a solta.

- Sonhe comigo, Srtª Granger... – Ele murmura enquanto ela caminhava pelas estantes. Hermione ficou muito feliz por estar de costas e ele não poder ver o sorriso bobo que se formou nos lábios dela.

No dia seguinte, ela estava tomando café da manhã estupidamente rápido. Saiu quase correndo da mesa e foi para o lado mais afastado do lago, provavelmente seria ali que Tom devia estar. De fato ele estava lá. Sentado em uma pedra. Hermione sentou-se ao lado dele. Tom virou o rosto e sorriu para ela, que fez o mesmo. Sem aviso, ele a beijou.

- Bom dia! – Tom diz, depois de afastar-se de Hermione.

- Bom dia! – Ela murmura sorridente. Ele passa um braço sobre os ombros dela.

- Nos temos aula juntos agora... – Ele diz, ela nunca o tinha visto tão sorridente.

- O que está lhe deixando feliz? – Ela o interrompe. Sorria abobadamente. Ele ficara muito lindo sorrindo. 

- E é necessário perguntar? – Ele diz, dando outro beijo em Hermione, que sorriu mais ainda.

Ficaram assim por um tempo. Ela estava maravilhada com as atitudes dele.

- Você também está feliz... Por quê? – Ele analisa. Ela o beija.

- E é necessário perguntar? – Hermione fica radiante ao vê-lo sorrir esplendecente. – Tom, vamos nos atrasar para aula de Trato de Criaturas mágicas...

- Vamos! – Ele diz, ficando de pé a puxando-a pela cintura.

Andaram de mãos dadas. Não paravam de se encarar e sorrir. Sorrisos cúmplices. Hermione sentia-se leve e bem. Seu plano estava dando certo e ela estava com Tom agora. Tom.