POV Lilian Luna Potter

— Você é impossível – ele disse por fim e veio até meu lado, me abraçando e me puxando para dentro de casa. Ri, me apertando entre seus braços e suspirando profundamente.

O levei até as escadas, ignorando todos os meus tios e primos que estavam na sala e, quando nos viram, cessaram suas conversas.

— Lilian... – Scorpius começou a falar, mas me virei e o interrompi:

— Agora não – falei ríspida e ele arregalou os olhos provavelmente achando que eu iria brigar por causa da Rose – Você ainda não escovou os dentes – completei, abrindo um sorriso divertido e o vi relaxar enquanto abria um sorriso incrédulo e negava com a cabeça – Estou te esperando em meu quarto.

Seu sorriso se transformou em algo malicioso e eu revirei os olhos, sem deixar de rir. Ele piscou para mim e se virou, indo até o quarto onde dormia com Fred.

Fui até meu quarto ainda sorrindo e me encaminhei até minha janela, observando o nada e pensando sobre o que acontecera alguns minutos atrás. Eu não acreditava que ela teria tido a capacidade de fazer isso, já estava passando dos limites e eu tinha que fazer algo. Mas eu não tentaria me vingar de novo, não me permitiria ser fraca o suficiente e salva-la no ultimo minuto, eu teria que entrar em seu próprio jogo e, quando ela menos esperar, quem estará por baixo será ela.

Suspirei pesadamente, balançando minha cabeça, desde quando começara a pensar assim? Ela era minha prima, não era? Uma parte de minha mente gritava que não e que eu não deveria me sentir culpada por nada que pudesse acontecer com ela, pois era um monstro enquanto a outra parte, uma que se tornava cada vez menor, insistia que aquilo era errado e eu não deveria fazer nada, pois estaria me rebaixando a seu nível.

Vi um vulto vermelho passar correndo pela janela e mal percebi o sorriso que se abria em meu rosto ao reconhece-lo como minha prima. Talvez eu não precisasse fazer nada, ela mesma iria se derrubar e eu estaria bem perto para ver.

— Lily Luna? – a voz de Scorpius me atraiu de volta para o mundo real e eu me virei para meu namorado, sorrindo um pouco.

— Mas nenhum resto de Rose? – perguntei brincando e me encostando na parede da janela, ele se aproximava de mim.

— Nenhum – ele respondeu bem a minha frente, um sorriso malicioso brincando em seus lábios – Preciso dizer que não esperava aquela sua reação?

— Acho que você me subestimou, Malfoy, eu aprendi com o melhor – falei, sorrindo também, minhas mãos acariciando levemente seus braços enquanto eu ainda o encarava.

— O melhor, é? – ele perguntou retoricamente, se aproximando mais de mim e colocando uma de suas mãos em minha cintura – Me conte mais sobre ele.

Soltei um riso divertido, ele queria jogar?

— Hm... – fingi pensar, minha mão agora estavam em seu abdômen, os dedos fazendo desenhos irrelevantes sobre sua blusa – Ele é loiro, alto, tem olhos cinzas e um sobrenome bem conhecido, sabe? Ele é assustador em alguns momentos e há pessoas que o comparam com um demônio, ele é ótimo em tudo o que faz, inclusive consertar alguém que já era considerada como um caso perdido, mas sabe o que é melhor? Ele não apenas a consertou, a melhorou e fez com que ela enxergasse que não precisa de certas pessoas. A ensinou a se valorizar e outras coisas bem interessantes – abri um sorriso malicioso naquela hora e movi uma de minhas mãos até sua nuca, aproximando nossos lábios e os roçando – Ele é sarcástico, frio, irônico, vingativo e protetor. Faz de tudo para conseguir o que quer e não se importa no que terá que enfrentar para obter. É muito persuasivo também e bom, seus lábios estão me chamando nesse exato momento, então é melhor eu terminar meu discurso e ir até eles, não gosto de deixar ninguém esperando.

Ele soltou uma risada fraca, me encarando divertido, sua respiração batia em meu rosto e meus olhos não sabiam onde ficar, em seus olhos ou sua boca. Minha mão se enrolava em seus cabelos macios enquanto a outra ainda acariciava sua barriga um pouco definida. As dele se enrolavam em minha cintura e me puxavam ainda mais para si.

Rocei novamente nossos lábios, o encarando desafiadora. Vi um brilho diferente passar pelos seus olhos enquanto o sorriso alargava e, instantes depois, ele finalizou o pouco espaço entre nós e selou nossos lábios com pressa.

Ofeguei quando senti minhas costas baterem na parede e cedi facilmente espaço para sua língua, exigente e desesperada. Uma das mãos de Scorpius, nada delicadamente, subiu por minha nuca até se enroscar em meus cabelos, segurando minha cabeça como se eu fosse fugir. Até parece que eu conseguiria naquele momento.

Seus lábios não me deixavam em nenhum segundo, de forma que quando precisávamos de ar, ele apenas mordicava os meus, voltando a sela-los logo no momento seguinte.

Minhas mãos desceram um pouco e uma delas se infiltrou por sua camisa, explorando um pouco de suas costas definida. Arranhei com um pouco de força o local e senti ele ofegar entre o beijo, soltei um risinho divertido e a mão que ainda estava em minha cintura a apertou com força, fazendo com que eu me calasse e voltasse a me concentrar no beijo.

Era como se uma corrente elétrica passasse entre nós e só o que eu podia fazer era puxa-lo para mais perto, sentindo cada parte de seu corpo pressionado contra o meu.

Separei nossos lábios por alguns segundos, em busca de ar, e os seus passaram por toda a extensão de meu rosto, chegando até meu corpo. Estremeci, sentindo minhas pernas falharem, quando ele começou a distribuir beijos por todo ele e, logo depois, chegando até minha orelha e a mordiscando. Agradeci momentaneamente por seus dois braços envolverem minha cintura novamente, pois se não fosse isso, provavelmente eu já teria caído.

Suspirei fraco quando ele soprou meu ouvido, fazendo com que um tremor percorresse por todo meu corpo novamente e procurei seus lábios com pressa, escutando-o rir um pouco. Minhas mãos, ainda dentro de sua blusa, foram até seus peitos, onde o arranhei novamente. Ele parou o beijo e colou nossas testas, abri meus olhos tentando descobrir o motivo e o vi me encarando ofegante, os olhos absurdamente escuros. Arregalei os meus, nunca havia visto essa cor antes, mas antes que eu pudesse processar essa informação, seus lábios voltaram ao ataque.

O empurrei para trás, ainda o beijando e, às cegas, chegamos até a cama e o joguei nela, caindo logo depois. Nossos lábios se descolaram por alguns segundos e abri meus olhos novamente apenas para encontra-lo me encarando com malicia. Ri baixo e me ajeitei um pouco, já que estava em cima dele. Ele se apoiou na cama e se aproximou novamente, voltando a selar nossos lábios. Minhas mãos foram até a barra de sua camisa e a puxaram com rapidez, fazendo com que nos separássemos mais uma vez para poder tira-la.

Sorri maliciosa e o empurrei novamente, fazendo com que ele deitasse de novo. O encarei por alguns segundos, nossas respirações ofegantes e me inclinei sobre ele, ficando praticamente deitada em cima de Scorpius. Minhas mãos começaram a explorar seu tronco, agora livre da blusa e selei nossos lábios rapidamente, mas antes que ele pudesse intensificar novamente o beijo, os separei e desci até seu pescoço, os roçando por ali e sentindo ele se arrepiando sob meu toque.

— Minha vez – sussurrei em seu ouvido, minha voz rouca e falha.

Ele estremeceu novamente e eu ri, mordiscando o lóbulo de sua orelha e voltando a seu pescoço, distribuindo alguns beijos por toda sua extensão. Ele respirou pesadamente e em um movimento rápido demais, trocou nossa posição, ficando sobre mim. Voltou a juntar nossos lábios, as mãos brincando com a barra de minha calça, ameaçando baixa-la mas parando logo em seguida, para depois fazer novamente.

Me levantei um pouco, puxando sua nuca com uma de minhas mãos enquanto me apoiava na cama com a outra. Scorpius baixou sua mão direita até minha perna e a puxou para si, se acomodando mais em cima de mim e, se possível, grudando ainda mais nossos corpos. Suspirei pesadamente entre o beijo e arranhei sua nuca, fazendo que ele estremece. Ri fraco e repeti meu ato, sentindo sua respiração pesada em meus lábios.

— Acho melhor p...

— O que está acontecendo aqui?! – uma voz diferente o interrompeu e meu namorado rapidamente saiu de cima de mim enquanto eu olhava assustada em direção à porta, onde meus irmãos e Rose se encontravam.

James, que fora o que gritara, possuía o rosto vermelho e o olhos, da mesma cor que os meus, arregalados. Albus ao seu lado estava praticamente igual a ele e Rose, um pouco mais atrás, possuía um sorriso vitorioso estampado na face enquanto me encarava.

Senti meu rosto esquentar e serrei meus punhos, fora ela... Porém, antes que eu pudesse fazer ou falar alguma coisa, James entrou no quarto e em um movimento rápido foi até Scorpius, que estava parado ao lado da cama e o dera um soco.

Gritei assustada quando vi Scorpius cambaleando para trás e a mão pressionando o nariz, os olhos escuros e irados. Oh não...

Ele voltou rapidamente até James, que possuía um sorriso satisfeito no rosto, e o acertou também. Logo os dois estavam no chão e eu não fazia nada além de olhar assustada e pedir para que parassem. Albus olhava atentamente para a briga, mas não fez menção alguma de ajudar a separa-los e Rose havia cruzado os braços e intercalava o seu olhar entre os dois no chão e eu, o sorriso ainda em sua face.

— Scorpius! – gritei quando vi ele em cima do meu irmão e deferindo socos em seu rosto, mas ele não me escutava e não parecia perto de parar, até que James conseguiu inverter a situação e ficou por cima dele – Será que você poderia fazer alguma coisa? – gritei para Albus que ainda estava parado, mas ele também não parecia me escutar.

Grunhi irritada e varri o quarto rapidamente com o olhar, onde estava...? Me levantei rapidamente da cama e alcancei minha varinha, logo apontando a varinha para os dois e lançando o primeiro feitiço que veio em minha mente.

— Estupefaça!— Scorpius, que estava novamente em cima de meu irmão, foi lançado para longe e James rapidamente se levantou, mas antes que ele pudesse chegar perto do meu namorado de novo lancei outro feitiço – Levicorpus!

Corri até Scorpius que já se levantava, no outro lado do quarto e observava com raiva meu irmão. Seu nariz estava sangrando e em um ângulo não natural, deveria ter quebrado.

— Para! – exclamei me colocando a sua frente e levando minhas mãos até seu tronco, ainda desnudo – Chega, Scorpius, por favor.

Ele me olhou por alguns segundos, a expressão ainda irritada e obscura.

— Deixe-me consertar isso, deve estar doendo – falei rapidamente, com medo de que ele me empurrasse e volta-se a bater em meu irmão – Por favor.

Ele me analisou por alguns segundos e seu rosto relaxou e eu respirei novamente, só agora percebendo que havia prendido minha respiração. O puxei até a cama e o forcei a deitar enquanto conjurava um lenço e limpava o sangue em seu rosto e com um feitiço mudo ajeitei seu nariz enquanto ele fazia uma careta.

— Você não deveria estar fazendo magia fora de Hogwarts – Scorpius resmungou, se sentando na cama.

— James já pode e quem irá dizer que não foi ele que fez, em vez de mim? – pisquei para ele mas vi sua expressão escurecendo assim que falei do meu irmão – Não faça isso de novo, Scorp, por favor.

Ele piscou, me olhando confuso. Talvez pelo meu tom ou pelo apelido, não me lembrava de chama-lo assim nenhuma vez. Sorri minimamente e entrelacei nossas mãos, me virando em direção da porta, onde meu irmão e Rose ajudavam James, que possuía um olho enxado e um corte acima da sobrancelha que saia bastante sangue, provavelmente um deles havia desfeito meu feitiço.

— Acho que venci – Scorpius comentou baixo ao meu lado e soltei uma risada baixa, me repreendendo logo depois. Não deveria rir daquilo, foi errado – Você não deveria ter revidado.

— Estava esperando ansiosamente por isso desde a primeira vez em que nos vimos – ele deu de ombros, me lançando um sorriso divertido – Ele é bem inconveniente, não?

Corei, me lembrando do que fazíamos antes deles chegarem e ele soltou uma risada fraca. Me escondi em seu peito tentando voltar a minha cor normal mas logo lembrei de algo.

— Ela fez isso de propósito – me virei para Rose, que percebeu e me lançou um olhar vitorioso – Ora...

Tentei avançar, mas logo a mão de Scorpius me impediu. Me virei para ele confusa e ele sorriu sarcasticamente.

— Eu adoraria ver isso, mas acho que não é uma boa hora – continuei confusa e ele apontou para porta, onde tio Ron, tia Hermione e meus pais estavam, nos observando suspeitos.

— O que está acontecendo aqui? – minha tia perguntou e quando vi que Rose abrira a boca para responder, provavelmente mentindo e dizendo que Scorpius havia começado a briga, falei primeiro:

— Nada, tia, nada – lancei um olhar cortante para minha prima, que deu de ombros, ainda sorrindo.

— E por que o Malfoy está sem camisa? – tio Ron perguntou e eu o xinguei mentalmente quando vi meu pai ficando da cor dos cabelos de minha mãe, que estava ao seu lado, segurando seu braço e falando algo para ele.

— Ele, hm... – olhei aflita para o quarto e meus primos, que me encaravam, esperando minha resposta.

— Ele estava procurando a camisa dele, ele deixou aqui quando foi me ajudar a fazer algo para a vovó no jardim – Albus falou e eu arregalei os olhos, porque ele havia feito isso?

— Está quase nevando – meu tio falou, confuso, olhando para minha janela.

— Foi dentro de casa, Sra. Weasley teve problemas no porão – Scorpius explicou rapidamente, a expressão não demonstrava nada.

— E por que sua camisa estava no quarto da minha filha? – meu pai se pronunciou pela primeira vez, o olhando desafiadoramente.

— A mala dele está aqui – respondi rápido, apontando para a mala em um canto do meu quarto – Achei melhor deixar longe da bagunça do Fred, podem confundir as roupas.

— Ainda não s...

— Acho melhor nós descermos, não? – minha mãe interrompeu meu pai – Mamãe está chamando, é hora do almoço.

— Já estamos descendo – respondi aliviada – Ele só vai pegar uma blusa.

— Certo, vamos indo na frente – minha mãe falou e lançando um olhar significante para meus irmãos e minha prima, completou – Todos.