Me sentei ao lado de Scorpius, que possuía um olhar distante, além da lareira de fogo verde que encarava.

– Você ainda não me disse o que o preocupava – eu murmurei, olhando para ele com atenção, tentando achar alguma dica.

– Você estava mais ocupada me agarrando e depois brigando com sua prima – ele comentou, sorrindo em ironia.

– Sabe que você não vai me distrair, não é? – perguntei, pegando uma de suas mãos gélidas e o encarando.

Ele bufou, revirando os olhos.

– Não é nada com que você deva se preocupar – ele deu de ombros – Eu vou passar o natal em Hogwarts.

– Por quê? – perguntei, curiosa. Os Malfoys sempre viajavam nessa data, pelo que eu sabia.

– Meus pais vão fazer algo como uma segunda lua-de-mel – Scorpius revirou os olhos – Meus avós também.

– Oh... – não sabia o que falar, ele parecia irritado com isso – Talvez não seja tão ruim, acredite, não é pior que ficar com minha família... É isso!

Scorpius me olhou estranho, quando eu levantei, sorrindo e parei à sua frente.

– Você vai passar o natal comigo – falei, sorrindo largamente. Era perfeito.

– Como? – ele perguntou confuso, se levantando também.

– Sim! – me controlei para não sair batendo palminhas – Assim você não passa o natal sozinho e eu tenho algo para me distrair enquanto todos me excluem ou olham torto.

– Você acha que seu pai vai deixar que um Malfoy passe o natal em sua casa? – ele comentou sarcástico, ainda não levando minha proposta a sério.

– O problema é que ele não tem que deixar nada – respondi, sorrindo – Minha vó que poderá proibir, e tenho certeza que ela não faria isso.

Eu o olhei com expectativa, vovó Weasley não negaria, dizia que quanto mais pessoas, melhor.

– Não sei se isso é certo – ele comentou, provavelmente pensando algo desagradável sobre minha família, não me importava.

– Por favor! – pedi, o olhando suplicante – Eu não vou conseguir passar por aquilo sozinha, com você eu consigo enfrentar todos eles...

– Você sabe que seus primos não vão gostar, não é? – ele perguntou, mas um sorriso aparecia em seu rosto – Nem seu pai.

– Eu sei – dei de ombros – Mas como eu já disse, não me importo mais com o que eles pensam.

– Rose não ficará nada feliz – ele comentou, fingindo inocência.

– Ótimo – murmurei, abrindo um sorriso irônico.

–*-

Faltavam dois dias para o natal e eu já havia mandado uma coruja para minha vó e ela já tinha aceitado a presença de Scorpius na Toca. Ninguém sabia ainda, pedi para vovó guardar para si mesma essa informação e ela, mesmo relutante, fez.

Eu conversava com AnnaBelle no Salão Comunal e ela reclamava por ter que passar o natal longe do namorado, já que os Nott’s não aceitavam um Grifinório na “família”, coisa que eu achava extremamente desnecessária, não era como se eles fossem se casar na manhã seguinte, é apenas um namoro!

– Seus pais são uns idiotas – murmurei por fim, sem me importar em soar desrespeitosa ou qualquer outra coisa, ela não iria comentar com eles, de qualquer modo – Só perdem para os meus.

Dei de ombros, me encostando na poltrona e suspirando, já esperava as brigas durante todo o natal.

– Eu ainda acho melhor você não fazer isso – ela resmungou, não era muito fã da minha ideia, dizia que Rose encontraria um jeito de arrumar uma longa discussão e, no final, a vilã da historia seria novamente eu, ainda mais tendo Scorpius ao lado. Mas eu não me importava mais, eu queria Scorpius ao meu lado no natal, ele faria com que eu me sentisse mais confortável dentro de uma casa que eu não era tão bem aceita. Na verdade, tirando Fred II, minha vó e, talvez, minha mãe, eu tinha certeza que todos preferiam que eu ficasse em Hogwarts durante essa data. Por mim eu também faria isso, mas não queria decepcionar minha vó, apesar de tudo, ela nunca se importou com minha ida a Sonserina ou aos comentários venenosos de Rose, apesar de não culpa-la por isso.

– Eu não vou voltar atrás, Anne – falei, fechando os olhos e massageando minha cabeça, não queria falar sobre isso agora.

– Lily Luna – a voz fria e bem conhecida por mim me fez virar, abrindo os olhos, para Scorpius.

– E eu vou indo – AnnaBelle murmurou e se levantou – O ar ficou muito pesado por aqui.

– Anne! – a repreendi enquanto Scorpius rolava os olhos e passava pela garota sem se importar, sentando ao meu lado – Vocês podiam ao menos fingir que são educados – resmunguei para Scorpius e Anne já não estava mais por perto.

– Eu não fiz nada! – ele se defendeu, colocando as mãos para o alto e dando um sorriso inocentemente falso.

Revirei os olhos e cruzei os braços, era tão difícil eles serem amigos assim? Era minha melhor amiga e meu namorado, é pecado querer que os dois se deem bem?

– Lily... – ele arrastou meu apelido em uma voz que claramente não combinava com ele – Você está brava?

– Estou – murmurei e me controlei para não rir, por que ele parecia tão indefeso agora?

– Lilian... – ele se levantou, se colocando a minha frente e inclinando o corpo, de modo que ficasse praticamente em cima de mim. Senti minha respiração falhar e meus braços me traírem, se descruzando e indo até seu pescoço, o deixando mais próximo.

Ele abriu um sorriso vitorioso e eu ameacei tirar meus braços, mas ele negou e, alargando ainda mais o sorriso, selou nossos lábios.

–*-

– Scorpius! – gritei irritada enquanto o loiro ria comigo sobre seus ombros – Eu vou cair! – apertei com força seus cabelos e ele soltou um resmungo, parando de correr.

– Isso machuca – ele falou, um pouco ofegante.

– Me solte que não irá machucar mais! – grunhi, meu coração estava acelerado e minha respiração ofegante.

– Qual seria a graça se eu fizesse isso? – ele perguntou, risonho, e voltou a correr em direção ao lago.

– Scorpius o que você pensa que está faz... Ah! – gritei assustada quando não senti mais seus braços me prendendo em seus ombros – Scorpius!

– Você achou que eu a jogaria? – ele riu, rolando na grama e me encarando divertido – Estamos no inverno, Lily Luna, logo começa a nevar.

– Mas você... – balancei a cabeça, incrédula, me sentando na grama úmida – Seu idiota!

Ele gargalhou, se sentando também, de frente para mim e, consequentemente de costas para a escola.

– Eu nunca faria isso – ele explicou, ficando sério – Não me molharia apenas para te jogar no lago.

Ele voltou a sorrir e eu arregalei os olhos, fingindo ultraje.

– Estupido! – tentei bater em seu braço, mas ele foi mais rápido e pegou o meu pulso, o sorriso se tornando malicioso.

– Nem venha, estou com raiva de você – fiz uma expressão superior que foi inutilmente fracassada, já que minha respiração falhou quando ele se aproximou demais.

– Na ultima vez sua raiva passou rapidamente –ele comentou, fingindo inocência.

– Cale a boca – resmunguei, sentindo meu rosto corar.

– Com prazer – ele sorriu maliciosamente e me beijou.

A mão que segurava meu pulso envolveu minha cintura enquanto a outra se movia em minha nuca, me apoiando. Meus braços foram até seus ombros e eu entreabri os lábios, deixando sua língua entrar em contato com a minha.

Scorpius se inclinou sobre mim e abri os olhos rapidamente, com medo de cair no lago ao lado. Já estava o fechando novamente quando algo chamou minha atenção, na entrada do castelo estava Rose, Albus, James, Hugo, Molly e Fred II. Todos nos olhavam com uma mistura entre ódio, raiva e mágoa, tirando Fred que segurava um dos braços de James, como se o advertisse de algo. Sorri internamente e, voltando a fechar os olhos, intensifiquei o beijo.