Sorri minimamente ao encontra-lo, era impressionante como sempre me surpreendia. Quando Scorpius Malfoy estaria na biblioteca?

– O que está fazendo? – perguntei, me sentando à sua frente.

– Tentando ler – ele comentou acidamente, desviando os olhos do livro.

– Aconteceu alguma coisa? – falei, ignorando sua grosseria.

– Nada – Scorpius murmurou, desviando o olhar.

Bufei, impaciente, e rolei os olhos. Eu não era sua amiga, acima de tudo? Eu o conhecia, sabia que algo estava errado.

– O que quer, Lilian Luna? – ele se voltou para mim, abrindo um sorriso cínico.

– Saber o que preocupa meu namorado – dei de ombros, fingindo inocência.

– Namorado? – ele arqueou uma de suas sobrancelhas, me fitando divertido.

– Sim, mas não o encontrei por aqui, só um velho rabugento – mordi os lábios, me levantando - Se o vir, diga que eu estou o procurando.

Sorri para mim mesma, me afastando da mesa, sem nem olhar para trás. Se eu estivesse certa, ele não deixaria por isso mesmo...

– Lilian – ele puxou meu braço, fazendo com que eu me chocasse contra ele. Dei um sorriso convencido. Seus olhos estavam escuros, parecendo coberto por nuvens de tempestade, mas ele sorria, divertido.

– O achou? – perguntei inocente, encarando seus olhos.

– Posso dizer que sim – ele respondeu, me empurrando levemente até uma das estantes, fazendo com que eu ficasse presa por ele. Ele sorriu maliciosamente e, se aproximando ainda mais, selou nossos lábios.

Soltei uma risadinha convencida enquanto meus braços automaticamente envolviam seu pescoço, uma de minhas mãos acariciando seus cabelos macios e cheirosos, outra repousada em sua nuca. Ele suspirou baixo, pedindo passagem com sua língua, a qual eu cedi rapidamente, intensificando o beijo. Seus braços ao redor de minha cintura indicavam posse e, se fosse eu qualquer outro momento, eu resmungaria. Mas não agora.

Ofeguei, me afastando dele por alguns segundos, apenas para tomar fôlego. Ele me encarou brevemente, os olhos mais escuros ainda, nossas testas coladas e, sorrindo minimamente, voltou com o beijo.

Desvencilhei meu braços de seu pescoço, apoiando uma de minhas mãos em seu peito, enquanto a outra corria por suas costas. Ele sorriu entre o beijo, apertando ainda mais minha cintura, e se aproximando mais, prensando meu corpo entre a estante e o seu.

– Oh! – um ofego assustado e o barulho de livros caindo nos distraiu e nos soltamos, ambos ofegantes.

– Rose? – perguntei irritada para a menina ruiva que recolhia seus livros, nos encarando em estado de choque.

– Vocês estão juntos mesmo? – ela falou assim que se levantou novamente, me encarava com um misto de incredulidade e... mágoa?

– É o que parece – comentei sarcasticamente, tentando não me importar com seu olhar machucado. Ela merecia aquilo.

– Como você pôde fazer isso comigo, Lily? – ela perguntou, se afastando alguns passos.

Gargalhei, me separando de Scorpius e me aproximando dela, com raiva.

– Ora, faça-me o favor! – exclamei, incrédula, ela se fingiria de vítima agora? Para mim? – Não seja tão dissimulada priminha, acha que não conheço o seu jogo? Acha que não sei o que você quer fazer?

– Eu nunca acreditei que você fosse tão baixa, Lilian – ela balançou a cabeça, me olhando com nojo e mágoa – Está com ele só para me ferir, não é? Você sempre teve inveja de mim, sempre quis tudo o que eu tinha...

– Mas você nunca o teve, Rose – comentei cínica – Ele sempre foi meu e isso o que a irritava, não? Apesar de todos te venerarem e me excluírem, por sua culpa, por sua falsidade e inveja, porquê agora eu entendo, a invejosa sempre foi você. Afinal, eu era uma Potter, todo o prestigio viria para mim, filha do menino que sobreviveu; e você, apenas a filha dos amigos dele. Isso a matava, não? Ser sempre a em segundo plano, a esquecida Weasley, que não era tão brilhante e graciosa como Lilian Luna Potter. Só que eu fui tola, nunca havia percebido o quanto você era um monstro, eu a considerava minha melhor amiga, confiava em você. Até que você viu a oportunidade perfeita para vencer, eu não havia entrado para a Grifinória. Então você finalmente conseguiu, me tirou tudo o que eu tinha, meus amigos, meus primos, irmãos... Meu pai! Você tirou tudo de mim e, tão silenciosamente, que ninguém ao menos percebeu sua interferência – eu respirei fundo, olhando para a garota vermelha e furiosa a minha frente, sorria friamente – Mas o que você mais queria, você nunca conseguiu tirar de mim. Sempre foi apaixonada pelo Malfoy, mas ele nunca ao menos olhou para você. Todas as suas tentativas ridículas de tentar impressiona-lo, eram completamente ignoradas por ele. E sabe o porquê? Porque ele era apaixonado por mim, sempre fora. E isso...

– Para! – Rose gritou, os olhos repletos de lágrimas – Você não pode fazer isso comigo!

– Não gosta de ouvir a verdade, prima? – alarguei meu sorriso, sentindo a aprovação de Scorpius atrás de mim.

– Você irá me pagar, Lilian – ela grunhiu, com raiva – Eu não vou deixar isso assim.

Eu gargalhei, a olhando incrédula.

– E quando você deixou? – perguntei sarcástica – Mas a diferença agora é que eu não me importo mais, eu tenho Scorpius e você não poderá tirar isso de mim, não passa de um verme insignificante, só agora percebo isso.

Rose me olhou com ódio, ameaçando avançar para cima de mim, quando Scorpius se pôs a minha frente, e ela parou.

– Deixe Scorpius, ela não irá fazer nada contra mim, irá? – eu falei cinicamente, me colocando ao lado do garoto – Imagina o que todos iriam pensar, a princesinha Weasley atacando sua prima, sem absurdamente motivo algum? Será que ela estava enlouquecendo? E o que meu irmão irá pensar, e o seu? Acho que você perderia alguns poucos, querida – finalizei, olhando ameaçadoramente para ela, eu não a deixaria estragar ainda mais minha vida, não agora. Não com Scorpius ao meu lado.

– Eu não vou deixar isso assim – ela grunhiu, os punhos cerrados.

– Nunca esperei que deixasse – comentei – Estou te esperando, priminha.

– Você irá me pagar, Lilian – ela falou novamente e saiu correndo, esquecendo os livros para trás.

Suspirei pesadamente, fechando os olhos e colocando as mãos em minhas têmporas, seria sempre assim?

– Você foi ótima – Scorpius disse, se aproximando de mim e plantando um pequeno beijo em meus lábios.

Assenti me aconchegando em seus braços, meu rosto escondido em seu peito.

– Obrigada – murmurei, me sentindo cansada e esgotada, tanto física como mentalmente.