A festa estava um pouco mais animada que as do Olimpo, pois, para variar, os deuses estavam dançando, e não brigando.

Pelo menos, até Apolo começar a beber.

Na festa anterior, ele havia ficado discutindo com uma tigela de ponche. Dessa vez, o deus virou-se para Ares e gritou:

- Jacinto! Você renasceu! Eu não acredito! – e abraçou-o com força.

- EI! – gritou Ares. – Me solta, seu maluco, eu não sou Jacinto coisa nenhuma! Larga, seu veado, eu não sou gay!

Mas Apolo não o largou.

- Jacinto, meu amor! Eu senti tanta saudade! Que bom que você voltou!

Afrodite interveio, batendo nas costas do deus do sol:

- Ei, solta o meu namorado! Ele não é gay, seu doido, soltaaaaa!

Ártemis revirou os olhos e continuou dançando. Ela só estava fazendo aquilo porque, para variar, seu irmão gêmeo não tinha escolhido alguma música eletrônica ou pop idiota que falava sobre festas, bebida e coisa do tipo. Estava tocando uma música do Panic!At The Disco, chamada The Only Difference Between Martyrdom and Suicide is Press Coverage, bem animada. Ela decidiu que gostava daquela banda.

Atena estava dançando, também, e Héstia... Ela estava tentando, mas não era muito boa nisso. Pelo menos, estava se divertindo. A maioria dos outros também estava na pista de dança, ou perto da mesa de doces.

E era lá que Percy e Nico estavam.

POV> Annabeth

Lá pelo meio da festa, Nico e Percy começaram a surtar legal. Primeiro, eles foram para a pista de dança e começaram a dançar “My First Kiss”, do 3OH!3, de um jeito muito estranho. Sei lá, como se tivessem perdido o juízo, eles ficavam bem mais animados que o necessário, pulando demais, se movendo demais. E nenhum dos dois é muito de dançar.

Aproximei-me de Thalia, que observava os dois e ria.

- Você acha que eles estão bêbados? – perguntei, meio preocupada. Eram ambos menores de idade, e Nico tinha o que, catorze anos?

Mas ela sacudiu a cabeça.

- Muito açúcar. – respondeu, sorrindo. Dei uma tapa na minha própria testa.

- Ah, Percy, seu idiota! – murmurei. – O garoto tem TDAH, e ainda come açúcar suficiente para ter um ataque desses?

- Como se o Nico não fosse hiperativo o suficiente sem isso. – comentou Thalia. Eu olhei para ela com as sobrancelhas erguidas. Ela deu de ombros.

- A culpa não é minha. – respondeu, e nós começamos a rir. – Ah, olha – ela apontou, rindo. – Nico está pegando uma guitarra cor-de-rosa. De quem é aquele absurdo?

- Afrodite.

- Afrodite tem uma guitarra? Ela toca?

- A maioria dos deuses toca. Só não sei por que ela deixou largada aí, nem por que Nico está com a guitarra dela, mesmo tendo sua própria guitarra.

- Alô, ele está drogado de doce! É possível que ele ache que está com a dele!

Por algum motivo, Apolo tirou a música. Acho que ele percebeu que estavam todos cansados, ou achou que o filho de Hades ia tocar alguma coisa de verdade. Por algum tempo ele apenas fez barulho, então eu tive que gritar com ele:

- Nico! – ele olhou para mim, com a cara mais inocente do mundo. – Se é para tocar, então toque direito!

- Tá, tá, tá! – ele gritou, e começou a tocar Jesus of Suburbia, do Green Day. Percy pegou outra guitarra (roxa com purpurina) e começou a cantar junto, apesar de que com certeza nem sabia a letra direito, pois ele não escuta Green Day. Os dois não estavam lá muito afinados.

 - Ah, deuses – murmurou Thalia, ao meu lado, quando Nico começou a correr e tocar ao mesmo tempo. – É o Billie Joe Armstrong de catorze anos.

- E sem tatuagens. – acrescentei.

- Que seja. É o Billie Joe. Ele está igualzinho ao Billie Joe em um show que eu vi uma vez.

- Você já os viu ao vivo? – perguntou Hades, arregalando os olhos.

- Não, vi no YouTube. Mas ele fica correndo nos solos. – ela sentou-se em uma cadeira. – Pode ir sentando, que a música tem nove minutos.

POV> Thalia

É uma música que tem cinco partes, e na terceira o Billie Joe mais fala que canta. Pois bem, Nico e Percy gritaram... E Nico ficava gritando “Tokio!” no meio da música, como o vocalista em um dos shows que vi. E, antes do fim da primeira parte (o primeiro ritmo), Hades já estava fazendo coro, com um baixo para acompanhar. O baixo era dourado, por isso acho que era de Apolo. “Daqui a pouco, Poseidon também vai entrar na onda”, pensei. E não deu outra: O deus dos mares tinha pego a bateria.

Eu e Annabeth começamos a rir descontroladamente, embora eu achasse que Nico parecia muito com o Billie Joe, e você sabe, o Billie Joe é muito lindo e sedutor, principalmente quando ele fica correndo de um lado para o outro. Então eu meio que gostei.

O resto dos deuses estava rindo, alguns a contragosto, e Hefesto estava transmitindo tudo ao vivo para a TV Hefesto. Os semideuses meio que começaram a agir como se fossem a platéia. Para minha surpresa, Will começou a surtar também.

Então eu pensei: “Dane-se”, e fui tocar piano junto com eles. Annabeth me olhou como se eu fosse doida, mas não disse nada. Eu não sou muito boa com piano, mas consegui acertar, afinal, eu sou louca por essa música. Quanto à letra, nem preciso falar, certo? Eu sabia toda, mas não estava muito afinada. Ninguém estava, então... Além disso, todos estavam prestando muito mais atenção em Nico e Percy, que, além de estarem cantando a maior parte, ainda estavam histéricos.

Quando a música finalmente acabou, Hades parecia meio cansado de tanto pular por aí com o baixo, Poseidon e eu começamos a rir, tipo: “Eu não acredito que consegui tocar!”, e Nico e Percy começaram a pular por aí, tocando notas soltas. Nico começou a tocar algum solo maluco e mega rápido – ele é um ótimo guitarrista, mas acho que seus dedos só estavam tão rápidos devido ao açúcar. -, que acho que era alguma coisa de Muse (um dos solos da versão ao vivo de New Born, talvez) e Percy simplesmente largou a guitarra no chão (fazendo Afrodite gritar indignada) e saiu correndo e gritando, sem nenhum motivo ou destino aparente. Annabeth suspirou e revirou os olhos (embora risse) e foi atrás do namorado, ver se conseguia enfiar algum juízo na cabeça dele. Mas acho que não conseguiu, pois logo eles caíram atrás de um arbusto e não os vi mais até o fim da noite.

- Drogados. – disse Zeus, balançando a cabeça. – Não acredito que minha filha namora um deles.

- É. – concordei. – Nem eu.

Andei até Nico e tomei a guitarra dele.

- Ok, chega.

- Devolve! – ele gritou, tentando alcançar o instrumento cor-de-rosa que eu segurava no alto, fora de seu alcance. Sim, ele é meio baixinho.

- Não!

- A festa já acabou? – perguntou Nico, com aquela cara de cachorrinho que caiu da mudança que ele sempre faz quando quer algo, e que sempre me convence.

- Não. – falei de novo, e o beijei. E sumimos por tanto tempo quanto Percy e Annabeth.