POV> Travis

Ok, ok, eu sei que minhas fãs estão aí loucas para saber o que aconteceu depois que a Katie se jogou encima de mim e saiu correndo. Mas, primeiro, tenho que contar o que aconteceu antes daquilo. Porque, sim, eu tive algumas mini-aventuras. Estão sentados? Ótimo. Então vamos começar...

Logo depois daquele desastre que foi o karaokê - PRICE TAG, PAI? -, quando todos se dispersaram, eu e Connor estávamos meio entediados. Não sei o que ele resolveu fazer, mas eu resolvi dar uma volta pelos terrenos - afinal, é sempre bom conhecer o terreno, caso você tenha que planejar um saque ou coisa assim não é? - , e parei à beira do lago. 

Recostei-me a uma árvore, tentando arrumar algo para fazer. Então um barulho na outra margem me fez olhar, e, por alguma razão, não fiquei surpreso ao ver Hermes se agarrando com uma dríade ruiva qualquer. Eles estavam quase caindo na água, tamanho era o entusiasmo com que se agarravam.

Bem, se você nunca viu seu pai imortal se agarrando com uma palmeira ou algo assim, não sabe o que significa a palavra "náuseas".  Eu deveria ter seguido meu bom senso e caído fora em silêncio, mas não tenho bom senso. Alôôô, sou Travis Stoll, não aquele santinho do Percy Jackson!

Tomado por um impulso bem digno de mim, gritei:

- Ei, vocês dois, cuidado, viu? Sabe-se lá o que pode nascer desse agarramento aí.

Os dois se separaram lentamente. A dríade olhou ao redor mas, ao ver que era só eu, ficou verde e deu uma risadinha. Meu pai, ao contrário do que era de se esperar, não mandou eu sair dali nem me incinerou nem nada do tipo. Ele simplesmente sorriu e disse casualmente:

- Oi, filho. Essa é Paulina. Ela mora logo ali, em uma palmeira. Paulina, este é meu filho, Travis.

- Oi, Paulina. - sorri e balancei as sobrancelhas para o meu pai. - Então... Já vou saindo, não queria atrapalhar nada.

- Não está atrapalhando. - afirmou Hermes. Ergui uma sobrancelha pois, pela cara de Paulina, eu estava, com toda a certeza, interrompendo. - Eu já estava saindo, também. Ia procurar você e seu irmão, para roubarmos alguma coisa. - ele se levantou e acenou para a ninfa. - Tchau, Paulina. Foi ótimo conversar com você.

Depois que nos afastamos do lago, comentei:

- Vocês não estavam conversando. 

Hermes sorriu.

- Não. 

Encontramos Connor, Poseidon e Percy e ficamos alguns minutos vagando por aí. Então achamos Nico, procurando pelo pai.

Foi aí que Katie saiu correndo da floresta e me derrubou, caindo encima de mim, e houve todo aquele diálogo. Quando ela pegou a mão de Nico, foi como se alguma coisa com garras estivesse em meu peito, urrando para que eu matasse o filho de Hades e o transformasse em pó. Mas acho que, honestamente, eu não seria capaz de fazer isso.

- Pai. - sussurrei para Hermes. - Você pode fuzilar as mãos deles...Só um pouquinho? Apenas o suficiente pra ela soltar a mão dele.

Funcionou. Então meu pai começou a tentar argumentar com Hades, Katie saiu correndo e eu prontamente a segui. 

Ela fugiu para uma clareira isolada, e pareceu realmente surpresa em me ver lá.

- Que é que você quer, Travis?

- Ué, nada. Eu só quis ver se você estava bem. 

- Não venha com isso agora. É sério, por que você está atrás de mim?

- Já disse, eu sei que você quase foi fulminada. Não é legal quase ser fulminado. Então achei que talvez pudesse...

- Ai, sério, Travis? Eu realmente não acredito que você não tenha más intenções. Filhos de Hermes sempre tem más intenções. Ou segundas intenções. 

- Fico feliz que você tenha essa opinião tão positiva a meu respeito. 

Ela me fuzilou com os olhos.

- E por que você se importaria com isso?

- Porque... - suspirei e me sentei no chão ao seu lado. - Porque você é legal. 

- Porra, Travis! - de repente, Katie estava à beira das lágrimas, e eu não tinha ideia do motivo. - Eu não sou legal, ao menos com você.

- É, isso é verdade. Você me trata como se eu não prestasse, como se eu não valesse nada.

- É, mas é porque você age como se não valesse nada. - uma lágrima correu por sua bochecha, e ela a secou apressadamente. - Quer saber? Você é o cara mais idiota que eu já tive a infelicidade de conhecer, Travis Stoll!

Fiquei parado, desesperado, sem saber o que fazer. 

- Você... Você acha mesmo?

- Acho. Você também é o semideus mais SACANA do mundo, aquele cara que passa a perna em todo o mundo, um trapaceiro, um imbecil e, acima de tudo, um mentiroso. - ela respirou fundo. Por um instante, achei que Katie fosse me dar um soco, mas tudo o que ela fez foi repetir sua frase inicial. - Então, o que você quer, Travis?

- Você. - falei com sinceridade. Então a beijei.