POV>Pólux

Eu já estava imaginando o que Drew ia fazer para tumultuar a noite da gente. Quer dizer, a criatura não perde uma chance de dar uma de Cupido Estúpido. E, Afrodite me perdoe, bota estúpido nisso! Acabei descobrindo quando ouvi a voz de Samantha*, aquela filha de Perséfone, discutindo com ela. 

- Não, Drew, eu não quero entrar!O que você acha que a minha mãe diria? E o pai dele? Eu não estou a fim de ser incinerada!

- Deixa de ser medrosa, Sam!Cala a boca e entra logo aí, minha filha, ou vai perder a chance. 

- Que chance,Drew?Fala sério, é só o Pólux. Não é nenhuma chance imperdível.

Que desaforo! Tive que me segurar para não ir lá expulsá-las da frente da barraca, quem é que eles pensavam que eram, para ficar lá na frente da barraca do meu pai, comigo dentro, esbravejando que eu não sou imperdível? Fale sério! Mas resolvi não fazer isso, pois não queria acordar meu pai. 

- ... Mas tudo bem. - Drew ia dizendo. - Então vamos dar um pulinho na barraca de Hipnos e chamar o Clovis, afinal, ele sim é uma chance imperdível...

- Drew! - implorou Samantha, desesperada. - Então pelo menos vai lá busca ele, sem eu ter que ir lá na barraca, assim fica suspeito demais, né!

Segundos depois, Drew entrou na barraca, com um sorriso que iluminava o ambiente escuro. Deuses, ela é mesmo linda. Mas que seja. É muito temperamental pro meu gosto. 

- Oi, Pólux! - cumprimentou alegremente.

- Sssssshhhh -eu fiz, apontando para a forma indistinta sobre o edredom que era meu pai. - Fale baixo ou ele acorda.

- Ok. Oi, Pólux. - disse ela, sussurrando. - Pode vir aqui fora um pouquinho?

- Táááááá. 

Desconfiado, a segui até o lado de fora, onde Samantha aguardava, parecendo extremamente infeliz.  

- Oi.

- Oi.

- Pronto! - exclamou Drew, me fazendo voltar minha atenção para ela. Não que seja difícil. Cada vez que ela piscava, eu sentia vontade de olhar para ela. Só que, dessa vez, ela estava usando um baby doll curto de seda rosa estampada com moranguinhos e pantufas combinando. O pijama era mesmo curto. 

- Vou privá-los de minha deslumbrante compainha agora. Tchau, tchau, gente!

E se embrenhou na mata, me tirando do meu transe temporário. Uma filha de Afrodite se embrenhando na mata era algo raro de se ver**...

- Essa menina é maluca. - comentou Samantha, balançando a cabeça e fazendo seus cabelos longos e negros caírem sobre o rosto. Ela é extremamente parecida com a mãe, realmente bonita no verão e, principalmente, na primavera, mas um tanto apagada no inverno e no outono. Estávamos bem no meio do verão.

- Exato, e por que ela me fez sair da barraca?

Como se eu não soubesse.

- Ela quer fazer de nós um casal.

- Que ideia ridícula.

- Muito ridícula.

Passamos um tempo em silêncio,até eu dizer, meio chateado:

- Especialmente porque eu não sou uma chance imperdível.

Entenda, não sou extremamente ligado nisso, mas é ruim ouvir isso de uma garota. Principalmente uma garota bonita.

- Ahh...Você ouviu isso? - perguntou ela, acho que com vergonha, pois estava escondendo o rosto atrás de uma cortina de cabelos.

- Ouvi. Também ouvi quando ela lhe ameaçou com Clovis.

- Ah,vai. Ele é bastante repulsivo. 

- Coitadinho... Ei, sabia que o pai dele caiu do céu aqui no acampamento dos deuses?

- Sério?

Contei-lhe a história que meu pai me contara, e ela riu.

- Seu sorriso é bonito. - eu disse, antes que pudesse me contar. Logo em seguida, me chutei mentalmente. Porém, me forcei a dar um sorriso, para não ficar com mais cara de idiota.

- Obrigada. - agradeceu Samantha, com o sorriso se ampliando. - O seu tamém não é nada mal.

Não sei bem como aconteceu. O que sei é que, depois de algumas outras palavras e risadas, ela me beijou.

É, parabéns, Drew. Você conseguiu o que queria.