POV>Zeus

Encarei Poseidon, prestes a fulminá-lo. Ele e aquele imprestável do Hades não tinham nada para fazer não? Tártaro, eu estava de saco cheio daqueles dois. 

- É melhor correr. - falei entre dentes. Ele arregalou os olhos, parecendo assustado. E devia mesmo. Senti mais que ouvi raios estalando ao meu redor. O ar ficou impregnado com o cheiro de ozônio.

Mas, por incrível que pareça, meu irmão não correu. Engoliu em seco e disse:

- Eu sou um deus. Você não pode me fulminar, certo?

- Existem coisas piores que a combustão insportânea. - lembrou Hera. - Você não se cansa de ser chato?

Ele deu uma piscadinha e mandou um beijinho para ela. Dei um grito furioso e parti para cima dele, que levantou-se e saiu correndo para a mata. Fui atrás. Adoro uma boa perseguição.

POV>Perséfone

Onde estava aquele idiota do Hades? Era para ele estar dançando comigo, certo? Me sequestrava para casar com ele, dizia que me amva e não dançava uma única música comigo! Eu estava achando que mamãe tinha razão: Ele era mesmo imprestável.

Estava pensando seriamente em dançar com outro deus, como Apolo, quando vi Hades sair correndo de dentro da floresta, chorando de tanto rir.

- Oi, docinho - falou, me abraçando por trás e sussurrando no meu ouvido. - Desculpe não ter vindo antes. Fui sequestrado.

- Ah, é? - perguntei, achando que ele estava tentando fazer piada. - Por quem? Não foi uma dríade, certo?

- Não. Foi uma náiade.

Bati nele.

- Deixe disso. Você sabe que não tem graça.

- Mas estou falando a verdade! Fui sequestrado por uma náiade, pela maior e mais feia delas! Sabe como ela se chama?

- Não, nem quero! - respondi. Estava muito chateada, até que ele se curvou para sussurrar na minha orelha:

- Ela se chama Poseidon.

Soltei uma risada escandalosa.

- Tudo bem, então. - cedi. - Mas você está atrasado. Não vai me convidar para dançar?

Seus braços erijeceram à minha volta. Virei a cabeça para olhá-lo. Parecia mais pálido que de costume, até meio esverdeado.

- Posso te contar um segredo? - perguntou Hades. Assenti e ele sussurrou: - Eu não sei dançar.

- Quê? - ri alto. Que coisa mais patética! Ele era o deus dos mortos e estava tão nervoso assim por ter que dançar comigo. - COmo não?

- Não consigo dançar. - Hades parecia desesperado. - Não consigo acertar o ritmo.

- Comigo conduzindo você consegue.

Mas eu estava errada. Hades não conseguia mesmo acertar um único passo e pisou nos meus pés umas duas vezes em menos de dois minutos. Ele parecia culpado por isso, e tratei de tranquilizá-lo:

- Tudo bem, não precisamos dançar.

- Não?

- Não. Tenho uma ideia melhor do que fazermos.

- É? O que? - deuses, como ele é lento! Ergui as sobrancelhas para ele e a compreensão iluminou seu rosto. Ele deu um sorriso malicioso. - Ceerto.

E começamos a nos beijar. Aquele tipo de beijo que se dá quando ninguém está olhando, já que ninguém estava prestando atenção em nós. Mas durou apenas alguns segundos, pois fomos interrompidos por um grito alucinado:

- SOCORROOOOO!

- VOCÊ VAI TER QUE ENGOLIR MUITA ELETRICIDADE, POSEIDON!

Olhei para a orla da floresta e vi um Poseidon apavorado sendo perseguido por um Zeus furioso e uma Hera que parecia tentar controlar o marido. Lembrei do comentário de Hades sobre a náiade e deu uma risadinha, mas a cena não era engraçada.

- Isso é mesmo necessário? - Poseidon tentava argumentar.

- Zeus, acalme-se! - Hera agarrou o braço do marido, parecendo aborrecida. Ele se desvencilhou.

- EU VOU MANDAR ESSE INFELIZ PRO TÁRTARO! - Zeus levantou seu raio. E olhou para Hades. - OS DOIS DESGRAÇADOS!

Olhei  para meu marido.

- O que você fez dessa vez? 

- Anh...Não dá para explicar agora. - me deu um beijinho rápido. - Foi ótimo casar com você e tals, mas agora eu tenho que ir!

E correu junto com Poseidon para a floresta.