Hikaru começou então a vagar pelo casarão procurando algo pra se distrair, mas não conseguia parar de pensar que atrás daquela porta deveria haver algo muito importante e/ou misterioso, caso contrario a fechadura teria sido removida sem problemas. Lembrou então do sonho que havia tido, será que se ela conseguisse encontrar a armadura com a qual sonhara realmente encontraria a chave? E aquele cordão que havia junto com a chave mas havia sido descartado no sonho, o que seria? Teria que procurar, mas não agora, estava cansada demais com tudo o que aconteceu nos últimos dias, tinha muito tempo também, talvez descansasse um ou dois dias antes de começar a procurar a armadura onde provavelmente estaria a chave. Foi então para uma das salas e começou a assistir filme, jantou e foi para o quarto, dormiu tranquilamente e acordou cedo no dia seguinte para ir nadar um pouco na piscina que não havia experimentado ainda, o dia amanheceu ensolarado e ela estava muito relaxada deitada na parte rasa da piscina quase dormindo quando sentiu um vento frio passando por seu rosto, ao abrir os olhos viu o céu completamente turvo, com grandes nuvens escuras anunciando uma provável tempestade, saiu da piscina e entrou correndo em casa, tomar um bom banho e vestir roupas quentes, estava acostumada com as tempestades que aconteciam em Tókio, imaginava que ali seria parecido.

Não demorou muito e a chuva começou a cair, uma chuva violenta que batia forte nas vidraças dando a impressão de quebrá-las a qualquer momento, o vento também não dava trégua e uivava alto fazendo sons estranhos por toda a casa, não havia uma fresta que se salvasse do vento gélido que forçava passagem deixando a casa com um clima quase glacial. Hikaru foi para debaixo das cobertas em seu quarto, como de costume ela gostava de ficar sozinha, longe de todos, começou a desenhar e sem perceber entrou em um estado de transe, continuou desenhando e quando terminou não sabia o que havia feito, olhou para a folha em sua frente e não acreditou que pudesse ter desenhado aquilo, havia desenhado um quadro, no mesmo estilo dos quadros que havia na casa, ela tinha a impressão de já ter visto o quadro que desenhara passando por algum lugar mas não sabia qual lugar, ficou olhando o desenho por um tempo e decidiu procurar o quadro. Na hora em que foi levantar acabou a energia e ela ficou um momento parada sem saber o que fazer, voltou tateando até seu criado-mudo e pegou sua lanterna, saindo para vasculhar os corredores com o desenho na mão, acharia aquele quadro nem que fosse a ultima coisa que fizesse.  Passou horas vasculhando todos os corredores da casa, tentando passar despercebida por seus pais a todo instante, e assustada com o barulho da chuva e do vento que pareciam se intensificar mais.

 - Essa merda de tempestade não vai passar não? Isso não ta me ajudando em nada, só ta me deixando mais nervosa.

Passando nesse momento por um quadro muito empoeirado Hikaru volta imediatamente.

 - Ei, eu não vi esse quadro, ta tão sujo deixa eu limpar.

Começou a esfregar o quadro com a manga da blusa e aos poucos foi revelando o quadro, ela então apontou o feixe de luz de sua lanterna diretamente sobre ele revelando o quadro que havia desenhado, com todos os detalhes e neste momento ela soube que estava no caminho certo e que seria esse quadro que a faria encontrar a chave, ela só precisava descobrir como, qual seria a pista que esse quadro continha para ajudá-la, olhou então em volta com a lanterna tentando ver algo que a ajudasse a encontrar o local com facilidade na luz do dia e assim que encontrou (uma lamparina trabalhada que faltava na parede) fez o caminho de volta com uma certa dificuldade, indo desta vez para o quarto dos pais rezando pra chuva parar, ela realmente não gostava de tempestades. Deitando junto com seus pais acabou adormecendo.