Começou a andar pelos corredores da casa, almejava encontrar a ala dos empregados, revistaria cada quarto se fosse preciso. Ao passar pelos quadros dessa vez teve sensações estranhas, como se eles a observassem, então parava para mira-los e estavam inertes como antes, porém a sensação não passava, e aquela casa era tão silenciosa, ouvia apenas o eco de seus próprios passos pelo corredor. Quanto mais andava por aquela casa mais medo sentia, porque havia decidido não ouvir seu pai e procurar seu diário? Mas agora não voltaria atrás, só desistiria quando o encontrasse. De repente sentiu como se alguém passasse por trás dela, virou se bruscamente, nada. Temerosa andou nessa direção, viu então um vulto longe, quem seria? Quem mais estaria acordado àquela hora além dela? Começou a seguir o vulto, não sabia mais em que lugar da casa estava, sabia apenas que era sombria, mas não tinha certeza se essa sensação se dava apenas por ser noite, pelo medo ou por ser assim mesmo. Por um momento perdeu o vulto de vista, e ao procura-lo viu uma porta se fechando, correu até lá e ao tentar entrar que surpresa, a porta estava trancada, prestou atenção à fechadura, uma  fechadura antiga e grande, procuraria a chave depois, algo lhe dizia que encontraria seu diário ali. Com um pouco de dificuldade fez o caminho de volta em passos apressados e ao chegar perto da escadaria principal sentiu uma mão em seu ombro, gritando se virou assustada lançando o foco de luz da lanterna direto no rosto da pessoa  que a havia assustado, surpreendendo-se ao ver que se tratava de seu pai.

- O que faz acordada a uma hora dessas mocinha? Não devia estar na cama?

- Estava indo beber água – mentiu – Não tem jarra no meu quarto, estava indo buscar na cozinha.

- E não tem medo de andar por uma casa dessas sozinha a noite?

- Eu? Lógico que não pai, sou muito corajosa.

Ele riu mas preferiu não comentar nada sobre o susto que ela havia levado minutos antes, se limitou apenas a acompanha-la até a cozinha, escolta-la de volta ao quarto e após cobri-la ir para seu quarto voltar a dormir pois acordaria cedo no dia seguinte.

Hikaru demorou a dormir, pois ficou pensando naquele vulto e na porta que havia se trancado. No dia seguinte descobriria o máximo possível sobre isso.