- Você está errado! Está mentindo! – gritou – Eu não acredito em você, está tentando me assustar, está... Está mentindo!

 - Se estou mentindo por que tem medo então?

Dizendo isso começou a se aproximar de Hikaru que instintivamente andava para trás tentando manter distância daquela “coisa” que estava lhe intimidando, sem responder nada, apenas o olhando até que com um brusco movimento de sua capa a criatura fez com que uma rajada de vento a jogasse contra a parede deixando-a tonta com o violento impacto. Então a criatura se posicionou bem no centro da sala, pegou uma pequena mesa colocando-a em sua frente e tirando o diário de algum lugar dentro de sua capa negra o abriu em cima da mesa colocando sua mão sobre ele gritando:

 - Secrettus Revelaire!

Um turbilhão de vento saiu do diário junto com uma forte luz e logo a sala inteira havia mudado, estava com um aspecto muito antigo, escura e muitas velas haviam aparecido não se sabe de onde, espalhadas por todos os cantos dando um ar sombrio à sala. O diário que estava sobre a mesa também havia mudado, não muito mas havia, suas páginas estavam agora envelhecidas, assim como ele todo por fora, alguns desenhos estranhos também haviam aparecido no contorno de todas as páginas, as mesmas que estavam repletas dos mais variados feitiços.

Ao mesmo tempo em que tudo isso acontecia, Hikaru já recuperada de sua tontura ficou observando tudo, sabia que tinha que parar aquilo antes que ele conseguisse voltar a sua forma humana e a prendesse ali para sempre. Olhou então para a escada que estava ao seu lado, o que será que havia lá em cima para que ele a tivesse impedido de subir? Olhou novamente para a criatura, ela estava concentrada no livro procurando algum feitiço e parecia ter-se esquecido dela, então ela começou a subir devagar a escada até que estivesse fora do campo de visão e então começou a correr rápido para chegar logo à pequena plataforma onde deveria haver algo que a ajudasse.

Enquanto isso a criatura estava de olhos fechados se concentrando em um feitiço que lhe devolveria sua forma original antes de finalmente se libertar. Abriu seus braços (sim a criatura possuía braços), e olhando agora para o livro começo a falar:

 - Por todas as forças ocultas e inocultas que no passado me castigaram dando-me esta forma há três gerações, invoco hoje seus poderes novamente para libertar meu corpo e depois minha alma! Permitam-me que não seja somente mais uma sombra sobre a Terra!

Um circulo se formou em volta da criatura, levantando um escudo roxo escuro o prendendo dentro lançando fachos de luz em sua direção, ele então continuou:

 - Traga de volta o corpo daquele que é seu mestre, não ontem, não hoje, mas por toda eternidade, dêem-me suas forças magos do passado e devolvam minha forma original, tragam-me de volta as feições de Felippe, filho de tua magia! Chorppus Renov!

Ao terminar de pronunciar essas palavras a luz o envolveu por completo e ele começou a flutuar poucos centímetros acima do chão, a capa que lhe envolvia começou a se desfazer aos poucos dando forma a seu corpo humano. Hikaru evitava olhar tudo, apenas escutava e corria o mais rápido que conseguia, seu tempo estava acabando, porém estava bem próxima a plataforma. A transformação não demorou muito a se completar, Felippe desceu vagarosamente até o chão e já não lembrava em nada a criatura que era minutos antes, havia se transformado em um belo rapaz, alto, moreno, seus cabelos castanhos muito bem penteados para trás, um rosto jovem e sério premiado com um par de lindos olhos cor de mel e sobrancelhas grossas. Usava uma roupa toda preta com uma longa capa, porém sua blusa, bem justa ao corpo, deixava à mostra as formas bem feitas de seu corpo. Era realmente um rapaz muito bonito. Caminhou até o espelho e ficou se olhando por um tempo, admirando sua forma humana que há tempos não via.

Hikaru chegou finalmente à plataforma que para sua surpresa estava vazia, caminhou por ela incrédula, tinha certeza que encontraria ali o que precisava para impedir... Felippe? Sim, Felippe, era esse o nome que havia escutado ele dizer enquanto corria, totalmente decepcionada olhou para todos os lados daquela plataforma até que em um canto jogado de qualquer jeito viu uma pilha de papéis, caminhando até lá pegou-os e observou por um tempo. Não conseguia entender o que estava escrito por se tratar de uma língua desconhecida, porém pelos desenhos ela entendeu que se tratava de algum amuleto cuja luz poderia acabar com todo mal, mas, onde estaria esse amuleto? Sabia que o havia visto em algum lugar, mas onde? Ela não conseguia se lembrar...