Semideuses Na Praia escrita por BelaRavenclaw


Capítulo 57
Bônus: Grover Esclarece Algumas Coisas


Notas iniciais do capítulo

a) Desculpem-me, eu sei que demorei muito, mas eu tenho andando muito ocupada ou então muitoo cansada ou então sem criatividade, mas vou fazer um esforcinho para tentar compensar.
b) Desculpem-me também pelo nome trash do capítulo, eu não consegui pensar em nada melhor que isso.
Para escutar enquanto lê: Taylor Swift - The Story Of Us.



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POV Grover

Então, acho que todos perceberam que eu não estava no jogo de vôlei, nem no de futebol, nem no de Monopoly... Bem, acho que devo explicar essa história, porque tem muita gente pensando que eu estava fazendo coisas que eu na verdade NÃO estava, como, por exemplo, me agarrando com alguma ninfa por aí.

***

Certo, vamos lá.

Depois do café-da-manhã, Afrodite tinha preparado todas aquelas atividades em família para os deuses e semideuses e tal, mas, francamente, eu não tinha a menor vontade de cumprir nenhuma delas. Ok... Tenho certeza de que nenhum dos outros, nem deus nem semideus, queria, com exceção talvez de Apolo e Drew, mas ELES eram obrigados a ficar, afinal, tinham a oportunidade de ver seus pais e tudo isso... Ao contrário de mim!

Ou seja, eu podia ir embora!

Então, como eu não sou burro (pelo menos não tanto quanto alguns - hey Clarisse! - parecem pensar), foi isso que fiz. Peguei minhas flautas de bambu, tirei aquela fantasia ridícula que ninguém sabia se era de Mario ou de Wario porque a louc..., digo, linda da Afrodite trocou os nomes, vesti jeans e uma camiseta e saí, torcendo para que ninguém me visse.

Eu já estava meio longe da casa de praia quando me toquei que não tinha a menor ideia a respeito do que fazer. Não queria ficar simplesmente zanzando no meio da praia sem fazer nada que prestasse. Por fim, acabei indo me empoleirar em uma pedra e comecei a tocar algumas músicas nas flautas de bambu (ao contrário do que Percy sempre fala, sei tocar muito mais que Yesterday, da Hillary Duff, e do concerto para piano n.12 de Mozart. Como, por exemplo, Hedwig's Theme).

Alguns minutos depois, ouvi o som de passos e me virei. Nem fiquei muito surpreso em ver que era Chloe, a ninfa do coqueiro, usando uma túnica verde que me lembrou dolorosamente de Juníper e me fez pensar em quanto eu sentia falta da minha ex-namorada. A surpresa foi que ela havia levado duas amigas com ela, uma ruiva (como Juníper, pensei, mega deprimido.) e uma de cabelos pretos e lisos.

- Oi - disse ela.

- Oi - respondi, nervoso, enquanto as três sorriam e se aproximavam. Agora eram três, exatamente como no Drácula. Que lindo. Agora eu entendo como o Jonathan Harker se sente. - Ahn... Tudo bom com vocês?

- Tudo ótimo. - Chloe sorriu ainda mais, então virou-se para suas amigas. - Eu não falei para vocês? Ele é tããão fofo. E bem bonitinho, também.

- Ele é amigo daquele filho de Poseidon, não é? - perguntou a ruiva.

- É sim. Ele veio com alguns semideuses passar uns dias na praia. Então, o que será que Gregor vai achar dele?

- Gregor? Quem é esse? - perguntei. Eu sabia. Eu sabia que aquela ninfa não era normal.

Chloe me ignorou, bem como suas amiguinhas.

- Vai ficar morrendo de ciúmes - garantiu a de cabelos escuros.

- Ei, peraí! - reagi. - Eu não sou surdo, não! Parem de falar de mim como se eu não estivesse presente! Quem. É. Gregor?

Elas continuaram falando do tal Gregor, sem dar sinal de terem me ouvido, e fiquei tentando descobrir do que se tratava. Desci da pedra e parei a um metro delas.

- EI! - berrei, alto o suficiente para acordar qualquer dríade que estivesse perto. - DÁ PRA VOCÊS ME EXPLICAREM O QUE DIABO TÁ ACONTECENDO AQUI?

Chloe me olhou de um jeito estranho.

- Gregor é um sátiro - foi tudo que disse.

Sátiro? Tinha outros sátiros por ali? A partir daí, as peças se encaixaram na minha cabeça rapidamente. O tal do Gregor, assim como eu, era um sátiro. E aquela maldita ninfa de cabelo preto dissera algo sobre ciúmes. Então....

Sabe aquilo que eu falei sobre não ser tão burro assim?

Pois é. Retiro o que disse.

- Ah, cara, não acredito nisso! - Revoltei-me, sacudindo a cabeça. - Atá mais, sua doente.

Chloe fez uma cara de quem não estava entendendo nada.

- Doente? Não sei do que você está falando, Grover.

Que sonsa! Para mim, isso foi a gota d'água. Se tem uma coisa que eu odeio mais que gente falsa, é gente falsa e sonsa.

- Pois vai descobrir sozinha, querida - coloquei o máximo de sarcasmo possível na última palavra. - Até nunca mais.

Virei-me e saí andando furioso na direção contrária. Já estava a uma boa distância delas quando esbarrei em alguém. Quase caí sentado, mas a pessoa segurou meu pulso e me ajudou a me equilibrar.

- Opa, foi mal - falei. Então ergui os olhos e vi quem era a tal pessoa: parecia um cara bem mais alto que eu, muito musculoso, aparentando uns vinte e tantos anos, com cabelo castanho encaracolado e olhos azuis. Pensei que fosse um cidadão comum... Até ver os chifres saindo da sua cabeça. Foi aí que a ideia me ocorreu. - Espera... Por acaso seu nome é Gregor?

- É, como você sabe? - o sátiro me olhou, surpreso. - Ei, você por acaso é um sátiro?

- Sou - confirmei. - Escuta, você conhece alguma ninfa chamada Chloe?

- Conheço sim, era minha namorada até uns dias atrás. Por quê?

Contei a ele toda a história, desde a parte em que Chloe viera falar comigo quando eu estava tentando evitar ser uma vela até as coisas que ela e suas amigas haviam me dito alguns minutos atrás. Pensei que o tal do Gregor não fosse acreditar, mas, quando terminei, ele assentiu, com cara de fim de mundo, e disse:

- É bem o tipo de coisa que ela faria. Foi exatamente por isso que terminei com ela.

Assenti e me larguei em uma pedra próxima, com o rosto entre as mãos.

- Ah, cara. Parece que eu não tenho muita sorte com as ninfas. Primeiro a história com Juníper, e agora isso...

- Juníper? - Gregor se sentou ao meu lado na pedra.

Fiquei um momento pensando se deveria contar a ele. Eu mal o conhecia, mas... Bem, como não era nenhum segredo que Juníper terminara comigo, resolvi contar.

- Juníper era minha namorada no acampamento - falei. - Sabe o Acampamento Meio-Sangue? Eu sou de lá.

- Era?

- Até mais ou menos dois meses atrás. Ela terminou comigo porque pensou que eu tinha um caso com um arbusto de mirtilo. Um arbusto de mirtilo, imagine só! Como se eu fosse a Juníper por um arbusto de mirtilo qualquer!

- Você já disse isso a ela?

- É claro que eu disse! Foi a primeira coisa que eu disse! Eu jurei por tudo que pude, pelos deuses, por Pã, mas ela não acreditou. Aliás, acho que piorei a situação, porque ela achou que eu era muito cara-de-pau por meter o nome de Pã na minha "mentira" - abri aspas no ar com os dedos.

- Iiiih, agora complicou.

- Pois é - Afundei o rosto ainda mais nas mãos. - O que eu faço? Não posso ficar me humilhando atrás dela, ainda tenho dignidade, amor próprio e tudo.

- Olha, eu sei que não te conheço nem há uma hora - disse Gregor. - Mas quer um conselho?

- A essa altura, estou tão desesperado que qualquer coisa serve.

- Manda uma mensagem de íris pra ela, e diz a verdade de novo. Dessa vez, não fale só sobre a história do mirtilo, mas conte tudo, o que você sente por ela, se você sente a falta dela ou não... Vai que bate o poeta e você fala alguma coisa bonita para ela. Então, quem sabe, ela vai considerar.

Pensei um pouco. Bem, não era como me humilhar, e Juníper tinha direito de saber que eu a amava.

Eu a amava?

Sim. Claro que amava.

- Certo, vou fazer isso - levantei-me.

- Vou esperar aqui, e quando terminar você me conta como foi, pode ser?

- Claro, claro - eu confiava naquele cara, sem nem saber por que. Além disso, se o conselho funcionasse, eu deveria um bocado a ele. - Volto já.

Fui andando até o mar. A luz do sol, de algum jeito, formava um arco-íris na espuma, de um jeito que nunca fazia, o que considerei um bom presságio. Tirei um dracma do bolso, atirei-o na água, respirei fundo e disse:

- Juníper, no Acampamento Meio-Sangue.

O arco-íris tremeluziu e a imagem da minha ex-namorada se formou. Ela estava de costas, com o cabelo ruivo delicado caindo por sobre um ombro. Pigarreei.

- Oi, Juníper.

Ela se virou, sobressaltada. Parecia cansada e triste, mas sua expressão se transformou em desprezo assim que me viu.

- Ah, é você - disse. - O que você quer, Grover?

Era a primeira vez que nos falávamos desde que ela acabara tudo, e eu tinha medo do que podia acontecer.

- Eu só queria... Conversar com você - falei, tentando parecer normal e tranquilo. Mas eu não estava normal, muito menos tranquilo. - Acho que tem algumas coisas que preciso falar com você.

Juníper me olhou por um tempo, então cruzou os braços e disse:

- Você tem dois minutos.

Respirei fundo, olhei nos olhos dela e comecei:

- Olha, desde que a gente terminou... eu não sei se você se sente do mesmo jeito, mas isso está me matando, Juníper. Bem, não literalmente, não sei se isso é fisicamente possível, mas... Ahn... Acho que você entendeu - Que ótimo, eu bagunçara tudo. Mas esse sou eu, afinal. - Mas a questão é... Eu te amo, Juníper.  E eu sinto sua falta. Aquela história com o arbusto de mirtilo nunca aconteceu. Eu juro. E eu sei que você não acredita em mim, mas eu tenho que dizer isso. Eu nunca trocaria você por nada nem ninguém. Nenhuma outra ninfa, Caçadora, semideusa, mortal, ou até mesmo deusa é tão linda quanto você, tão legal, tão gentil...

Naquele momento, quis muito estar perto dela para poder segurar sua mão.

- Nenhuma delas é tão perfeita para mim quanto você é, Juníper. E eu só queria deixar você saber disso, porque talvez agora você não me odeie mais, mesmo que não me dê uma segunda chance.

Percebi que os olhos dela estavam marejados.

- Grover, isso foi a coisa mais linda que eu já ouvi.

- É, acho que cada um tem seus momentos - Sorri por um momento, então voltei a ficar sério. - Você acredita em mim?

Ela passou tanto tempo me encarando em silêncio com aqueles olhos verdes grandes e lindos que pensei que não fosse responder. Por fim, falou:

- Sim, eu acredito em você. Mas se não for verdade...

- Você pode me transformar em uma árvore, me prender no palácio de Hades, me atirar no Tártaro, me oferecer como sacrifício para um monstro marinho que nem fizeram com a Princesa Andrômeda... - Comecei a pensar em coisas cada vez mais idiotas. - Fazer com que eu use um vestido, me fazer casar com Polifemo... O que você quiser. Prometo. Aliás, se eu estiver mentindo - olhei para o céu. - Quero que Zeus me fulmine com seu raio agora mesmo!

Houve um trovão, mas nenhum raio caiu na minha cabeça, é claro. Porque eu estava sendo totalmente sincero. Cem por cento.

- Viu só? Ele não me fulminou - sorri, mais tranquilo de repente. - Eu faço o Voto Perpétuo se você quiser, é só trazer a varinha.

Eu estava muito perto da imagem no arco-íris quando me ocorreu fazer a coisa mais simples do mundo para os gregos, uma coisa que a faria acreditar:

- Eu juro pelo rio Estige.

Juníper olhou nos meus olhos e disse:

- Eu acredito em você, Grover. Eu realmente acredito.

Eu não podia beijá-la, mas como queria poder!

- Então, você vai me dar outra chance?

- É possível. Vamos ver quando você chegar em casa - ela ergueu a mão, prestes a dissipar a mensagem de íris.

- Espere! - exclamei. - Será que podemos conversar de novo amanhã?

- Hm... Tudo bem. - Ela sorriu. - Mande-me outra mensagem.

- É claro. Até mais... - hesitei, então chamei-a como costumava chamá-la durante o namoro. - Junie.

Isso fez com que ela sorrisse. Em seguida, a mensagem de íris se desfez, e eu fiquei sozinho com minha própria alegria.

Dei um berro que deve ter acordado metade da cidade mais próxima, em seguida fui correndo e pulando até onde Gregor estava e o abracei.

- Cara, você é demais! - gritei. - Muito, MUITO obrigado!

- Ela acreditou?

- Acreditou! - Eu mal cabia em mim de tanta felicidade. - Então, vamos apostar uma corrida até aquela rocha grande ali?

Passei o resto do dia conversando com o tal Gregor. Descobri que ele também tentara encontrar Pã, mas meio que deu sorte e no lugar de ir parar em um lugar horrível cheio de monstros, ficara encalhado naquela praia. Ele já estava lá havia uns três anos.

- Você é muito sortudo - comentei. - Eu terminei na caverna de um ciclope, escondido atrás de um véu de noiva. Metade do tempo em que estive lá, fiquei prestes a casar com o tal ciclope. Na outra metade, estava prestes a ser grelhado com chutney de manga.

- Eu preferia a segunda opção - disse Gregor, e nós rimos. - Mas sério, eu não sou tão sortudo assim. A vida aqui é meio solitária em alguns aspectos. Não tem semideuses ou outros sátiros por aqui.

- Mas tem as ninfas - lembrei.

- É, que grande consolo, hein? - Gregor suspirou. - Sei que as ninfas do acampamento são boazinhas e tal, mas a maioria das daqui é um bando de víboras. Como Chloe fez o favor de provar para nós dois.

Depois disso, ele foi até seu pequeno chalé, que não era muito longe, e voltou com duas varas de pescar. Passamos o resto do dia pescando e conversando, e descobri que ele era um cara bem legal.

Ao fim do dia, algum tempo depois que o sol se pôs, voltei para a casa de praia do Percy e bati na porta só para avisar que havia chegado, pois a casa vivia destrancada. Percy e Annabeth me olharam com uma cara desconfiada. Imagino que eu parecia bem estranho, um sátiro com um monte de peixes, uma vara de pescar emprestada e uma expressão sonhadora no rosto.

- Oi - cumprimentei, meio aéreo.

- Oi - respondeu todo mundo em uníssono, numa voz entediada.

- Como foi seu dia? - perguntou Percy.

- Bom - suspirei. - Muito, muito bom.

***

Bem, a partir daí você pode entender porque os semideuses todos pensaram que eu estava me agarrando com a Chloe. Mas eu não estava, de jeito nenhum. Porque eu só tenho olhos para uma garota: Juníper. Nenhuma ninfa, Caçadora, semideusa, mortal ou deusa a supera.

Não estou querendo ser um tolo romântico. Só estou sendo sincero.

POV OFF

*No Olimpo*

- Ooown - Afrodite secou os olhos marejados. - Romance adolescente. É tão bonitinho! Esses garotos um dia ainda vão me matar de orgulho.


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Notas finais do capítulo

Eu achei esse meio meloso, mas... Sei lá, eu gostei. Quase chorei enquanto escrevia, por incrível que pareça. Eu sei que, como é Grover, era de se esperar um pouco mais de humor, mas... Enfim, reviews? Quero muito saber o que vocês acharam disso.
Até a próxima, cupcakes!