Shattered Dreams escrita por Labi


Capítulo 7
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Irmão do António = Afonso = Portugal e Luciano = Brasil (eu gosto demasiado destes dois para os deixar fora da história...)



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A imagem de Arthur desapareceu tão rapidamente como apareceu e o americano continuou a olhar para a televisão incrédulo.

"O Arthur foi assassinado…" sussurrou, pousando o comando lentamente no colo.

"Alfred?"

O loiro levantou-se assustado do sofá ao ouvir o anjo chamar. Arthur apareceu na porta da sala e olhou com curiosidade para o americano:

"Que foi? Parece que viste um fantasma."

Alfred arrepiou-se com a ironia da situação e deu uma gargalhada seca:

"Não… Não foi nada."

Fixou o seu olhar no do Arthur e só depois reparou num pormenor:

"Esse casaco…"

Arthur piscou os olhos e depois lembrou-se:

"Era este o que não podia pegar? Não sabia qual era…" rodou nos calcanhares para ir ao quarto trocar por outro, mas foi interrompido por Alfred.

"Deixa lá… Tu és tão magro que nem há problema de alargar…"

Arthur ficou com as faces rosadas e acenou afirmativamente, sentando-se para almoçar.

O americano sabia que Arthur estava morto, mas nunca lhe tinha passado pela cabeça que a vida dele tinha acabado de forma tão bruta e em vão. A repórter tinha referido problemas com a máfia russa… A máfia só matava as pessoas potencialmente perigosas… Seria Arthur perigoso ao ponto de eles terem necessidade de o matar? No que estaria Arthur metido afinal? Ele parecia boa pessoa. Se calhar rabugento e sarcástico, mas boa pessoa ainda assim. Ele estava curioso, mas não podia simplesmente perguntar a Arthur qual o verdadeiro motivo da sua morte.

Fez uma nota mental para pesquisar mais sobre o assunto e decidiu ignorar isso por algum tempo.

Depois de almoçar, apanharam o autocarro e voltaram á universidade. Apesar de ainda faltar quase uma hora para Kiku chegar, foram para a biblioteca na mesma, uma vez que Alfred tinha mesmo de estudar. Sentaram-se na mesa mais ao canto da sala, perto da janela. Alfred fazia os seus exercícios de matemática e Arthur deambulava pela biblioteca á procura de alguma coisa para ler.

Quando o nipónico finalmente chegou, cumprimentou Alfred e deu um aperto de mão firme a Arthur.

"Sou o Kiku, prazer. Desculpe incomodar as suas férias…"

Arthur sorriu e respondeu:

"O meu nome é Arthur. Pode me tratar por 'tu'. Sem problemas, não incomoda nada."

O outro coçou a cabeça e corou ligeiramente:

"Obrigado. E pode tamb- podes também tratar-me por 'tu'."

Arthur acenou afirmativamente e sentou-se, sendo imitado pelo japonês.

Alfred, que estava curioso a ouvir a conversa, levantou a cabeça e disse:

"Vão ficar aqui?"

"Não podemos?" perguntou Arthur.

"P-podem claro…"

Arthur explicava com calma as regras gramaticais mais simples e Alfred estava constantemente a ser distraído pela sua voz e sotaque. O americano notou também que Kiku e o inglês se davam bem e, ao contrário do que acontecia consigo, Arthur não se irritava com os erros atrozes de Kiku… Muito pelo contrário, sorria ligeiramente e voltava a explicar.

Alfred começava a sentir-se frustrado. Fechou ruidosamente o caderno de matemática e suspirou:

"Estou farto."

"Shh, pouco barulho. Estás numa biblioteca." Censurou o anjo.

"Eu não fiz assim tanto barulho. Calma, ok?"

Arthur semicerrou os olhos e sussurrou:

"Num local de silêncio, qualquer barulho é muito incomodativo."

"Em primeiro, não está quase ninguém aqui. Em segundo, estás a fazer mais barulho que eu a falar."

"Seu-"

Kiku começou a rir-se baixinho e os dois loiros olharam para ele curiosos.

"O que foi?" perguntaram em uníssono.

"Quem me dera que os meus primos e eu nos déssemos assim tão bem."

Tanto Arthur como Alfred ficaram muito vermelhos e atrapalhados. Arthur tossiu ligeiramente e olhou para a janela:

"Nós não nos damos bem."

"Pois não." Concordou Alfred, "Eu já não falava com ele há…erm, dois ou três anos."

"Peço desculpa então. Mas como ele está com o teu casaco da sorte… Sempre pensei que mais ninguém para além de ti o pudesse usar."

Quem começou a tossir desta vez, foi Alfred.

"Ahaha, isso. É que-erm, isso era uma brincadeira… É … Eu-eu vou embora, já terminei."

Alfred levantou-se e arrumou as coisas e Kiku fez o mesmo:

"Eu também tenho de ir. Obrigado Arthur pela ajuda."

Arthur desviou o olhar da janela e sorriu:

"De nada. Sempre que precisares de ajuda avisa-me."

"Certo. Obrigado de novo."

Despediu-se e deixou os dois loiros para trás.

"Ele é uma excelente pessoa." Comentou Arthur.

"Yup."


##



Sentado num dos bancos do jardim da universidade, agarrado ao seu telemóvel, estava Gilbert.

Olhava fixamente o ecrã do aparelho á espera que magicamente aparecesse alguma coisa.

"Ainda á espera?" gracejou Francis.

"Não lhe digas uma coisa dessas que o Gilinho ainda fica deprimido." Brincou António sentando-se ao lado do alemão.

"Parem os dois com isso." Pediu Gilbert, á farto de ouvir as piadas de mau gosto dos seus amigos.

Francis deu-lhe uma palmadinha no ombro, "Calma…A Elizabeta não foge."

O albino suspirou e guardou o telemóvel. Tinha passado uma semana…7 dias inteiros sem receber uma chamada, um sms ou até mesmo um e-mail de Elizabeta, a sua melhor amiga de infância.

Gilbert sabia que era difícil para ela ligar-lhe uma vez que ainda estava em Inglaterra… Com o seu noivo… Os pais dela eram demasiado conservadores e tinham arranjado um casamento entre ela e Roderich, um aristocrata austríaco que graças á sua linhagem fazia parte da família real. Para o alemão, mudar-se para a América não tinha custado… O problema foi deixar Elizabeta em Inglaterra.

Suspirou novamente e tentou pensar noutras coisas, mas a última conversa que teve com ela ao telefone deixou-o apreensivo. A máfia russa andava a assassinar pessoas indirectamente relacionadas com a família real… Ela tinha sido salva por um triz. Segundo ela, um estudante que passava na rua "estragou" os planos dos mafiosos e ela conseguiu fugir, mas no entanto o seu "herói" foi assassinado.

Depois desse telefonema, Gilbert ficou com o coração nas mãos… E se eles a tivessem conseguido assassinar? Ele nunca mais a veria e-

Não… Ele não podia pensar isso… Os seus pensamentos foram interrompidos por uma voz com sotaque pronunciado:

"Aqui estão vocês… Hey bastardo, o teu irmão pediu-me para te avisar que não ia jantar hoje a casa."

António quase saltou do banco:

"Lovi! Onde ele está?"

"Não sei idiota. Ele ficou na sala de História a discutir com o Luciano."

António sorriu de orelha a orelha e disse no seu típico tom alegre:

"Isso significa que vens jantar comigo? ~ Não quero ficar sozinho."

"N-nem penses seu bastardo. Hoje tenho de comer em casa. O devorador-de-batatas vai lá jantar… Outra vez."

"Podiam fazer uma double date." Comentou Francis distraído.

"É… E assim vigiavas o teu irmão." Murmurou o albino tentado concentrar-se no tema da conversa.

"O meu irmão? O TEU IRMÃO! Esse-esse… IDIOTA anda a levar o MEU irmão para os maus caminhos!"

"Deixa lá Lovi… O teu irmão eventualmente tinha de crescer. Além do mais tens-me a mim quando te sentires sozinho ~"

Lovino ficou vermelho como um tomate e começou a sentir a raiva formar-se quando viu o sorriso inocente de António passar a um sorriso convencido.

Francis e Gilbert olharam um para o outro e isso bastou como forma de comunicação. Levantaram-se os dois e Gilbert disse:

"Eu tenho de me ir embora."

"Eu também!" acrescentou, com alguma urgência, Francis.

"Mas já?"

"NÃO ME IGNORES SEU BASTARDO!"

O francês e o alemão começaram quase a correr em direcções opostas. Nenhum deles era fã das explosões de Lovino, e os dois rezavam para que Antonio não sofresse agressões maiores…


Estava já a ficar tarde e Francis tinha muito para estudar e então decidiu ir embora.

Ia a sair pelo portão principal quando viu Alfred e mais alguém a caminharem um pouco mais á frente.

Exactamente quem ele queria.

"Alfred!"

O americano parou de caminhar e voltou-se.

"Hum…Olá?"

"Francis. O meu nome é Francis. Peço desculpa por não me ter apresentado de manhã e por ter dito aquilo. Não era minha intenção ofender… Estava só a brincar."

Alfred sorriu e respondeu de forma amigável:

"Não tem mal, é na boa."

"Oh, certo. Eu queria só perguntar-te uma coisa." Suspirou e olhou finalmente para a companhia de Alfred. Um garoto baixo, loiro, com umas sobrancelhas engraçadas e com os olhos mais verdes que Francis alguma vez viu.

"Oh la la ~ O que temos aqui?"

Arthur semicerrou os olhos ao reconhecer o francês. Aquele tinha sido o idiota que falou mal da língua inglesa durante a aula da manhã. O anjo sabia que era incorrecto julgar uma pessoa sem a conhecer, mas de uma coisa ele tinha a certeza: Ele não gostava de Francis.

"É o meu primo Arthur… Ele é de Inglaterra. Erm, Arthur este é o Francis… Acabamos de nos conhecer."

Arthur rolou os olhos e estendeu a mão para o cumprimentar, mas foi surpreendido quando o outro loiro pegou delicadamente na sua mão e a beijou.

"É um prazer."

A cara do inglês ganhou uma tonalidade avermelhada e ele ficou sem reacção. E Alfred não estava a gostar muito do gesto de Francis.

"O que me querias? Diz rápido, senão ainda perdemos o autocarro e o próximo passa só depois das sete…" disse bruscamente ao puxar Arthur para longe do francês.

Francis sorriu maliciosamente e decidiu ignorar o gesto do americano, " Quero só saber qual a tua primeira aula amanhã. Tenho de falar com o Matthew e esqueci-me de lhe pedir o número de telemóvel."

Alfred pegou no seu telemóvel e procurou pelo número de Matt, "Tens algum sítio para apontar? É mais fácil eu dar-te o número dele do que me andares a chatear."

"Certo, certo." Respondeu o francês enquanto guardava o número, "Bem, obrigado Alfred. E Arthur…" olhou fixamente para o inglês, " Espero que um dia nos voltemos a ver."

"Duvido." Sibilou Arthur e pensou Alfred.

"Ah, assim feres os meus sentimentos. Enfim, até amanha."

"Adeus." Murmuraram os dois loiros, que recomeçaram a caminhar.


Mal chegou a casa, Arthur anunciou que ia tomar banho. Tirou o casaco de Alfred e dobrou-o cuidadosamente pousando-o no sofá. Entrou para a casa de banho e fechou a porta.

Alfred olhou para o casaco e depois para a porta. Novamente para o casaco… E novamente para a porta…

Rodou nos calcanhares e foi ao frigorífico ver se havia alguma coisa para o jantar. Mas a imagem de Arthur na biblioteca não saía da sua cabeça. Para tentar ignorar, bateu com a cabeça no frigorífico.


"O que é que está a acontecer…"


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Notas finais do capítulo

Isto não acontece no Brasil (eu acho) , mas aqui só tratamos por "tu" pessoas mais próximas ou relativamente da nossa idade. Tratar alguém por "você" é sinónimo de respeito, e como Kiku é extremamente bem educado, calculei que ele chamasse um desconhecido por "você".