Shattered Dreams escrita por Labi


Capítulo 6
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Depois de ter pensado bem no assunto... A fic vai ficar +16 com lemon não-explicito. É que não me sinto confortável a escrever smut... Então...



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Alfred tomava o seu pequeno-almoço em paz, quando ouviu um guincho vindo debaixo da mesa:

“PORQUE RAIOS NÃO ME ACORDASTE SEU IDIOTA?!”

O americano largou a sua caneca, respirou fundo e pegou em Arthur, pousando-o em cima da mesa.

“Porque achei desnecessário.”

“Para a próxima acorda-me!”

“Sim, sim.” Respondeu, não prestando muita atenção, “Porque não regressas ao tamanho normal?”

“Eu tentei. Mas parecia que não tinha energia suficiente. Vou esperar mais umas horas e tentar de novo.”

Alfred coçou o queixo, pensativo, e depois teve uma ideia:

“Podias vir comigo para a escola! Como estás pequeno podes ir no meu bolso que não atrapalhas. Além disso, tenho só duas aulas antes da hora de almoço!”

Arthur achou a ideia razoável, era melhor que ficar o dia todo a ver TV… Esperou que o americano acabasse de comer e depois subiu para o seu ombro. Recusava-se a ficar no bolso novamente.

##

A primeira aula era matemática. E Arthur odiava matemática.

Sentou-se perto do estojo de Alfred enquanto olhava para a janela esperando que o tempo passasse. Ouviu Alfred bocejar e olhou reprovadoramente para ele:

“Põe a mão á frente da boca. Isso é falta de educação.”

O americano começou a rir-se e ignorou, voltando a bocejar desta vez só para provocar. No entanto, esqueceu-se de que estava numa aula e ainda para mais ninguém conseguia ver Arthur. Mas não havia stress, Alfred sentava-se no lado da janela na última fila. Era um lugar sossegado e ele tinha mais liberdade. Como a turma era pequena, não tinha ninguém na mesa ao lado mas á sua frente tinha Francis, um aluno francês de economia que tinha matemática em conjunto com a turma de astronomia.

Ao ouvi-lo rir-se, Francis voltou-se para trás com uma expressão curiosa, e Alfred sentiu a sua cara ficar vermelha.

“O primeiro sintoma de loucura é falar sozinho… Ou rir.”

“Hum… Eu n-não estava a rir sozinho. Foi uma sms que ma-“

“Alfred Jones!” chamou o professor, um homem de idade com um bigode engraçado, “Vejo que está muito atento. Já resolveu o exercício?”

Arthur tinha-se distraído com o diálogo entre os dois loiros e olhou para o caderno de Alfred para apenas constatar que ele não tinha resolvido a inequação. 

“Claro que já!”

Arthur ficou chocado com o atrevimento de Alfred. Se o professor pedisse para o americano ir ao quadro resolver, ele estava feito. A inequação tinha uma aparência complicada, cheia de raízes cúbicas, letras e logaritmos…

“Então faça favor de vir ao quadro resolver.”

Alfred fez um sorriso convencido para Arthur e dirigiu-se ao quadro branco. Mal pegou no marcador, começou a resolver o exercício sem qualquer hesitação. Tanto o professor como o anjo, estavam de boca aberta.

Quando terminou, passou o marcador ao professor, e este suspirou coçando a cabeça:

“Para a próxima não vai ter tanta sorte Jones.”

Alfred voltou a sorrir convencido e dirigiu-se para o seu lugar, sentando-se rapidamente.

“Tu… és inteligente?” perguntou Arthur incrédulo, “Nunca pensei que alguém que não sabe nem conjugar verbos conseguisse resolver exercícios matemáticos.”

Alfred semicerrou os olhos, não tendo bem a certeza se aquilo era ou não um elogio e ia responder á provocação, quando se lembrou que não podia falar.

Pegou em Arthur pelas asas, sendo ferrado novamente no polegar, e pousou-o o seu caderno. Retirou um lápis do seu estojo e escreveu:

“Se me voltas a ferrar, prendo-te no estojo. E claro que sou inteligente. Isso de conjugar verbos é que é demasiado inutil.”

Arthur rolou os olhos, “Isso está mal escrito. Inútil tem acento no u. E nem te atrevas a fazer isso.”

Alfred voltou a escrever: “Estou cheio de medo.”

“Nem te atrevas.”

Alfred sorriu maliciosamente e agarrou no anjo de forma a que ele não se pudesse mexer nem ferrar, tirou-lhe a varinha de condão e prendeu-o no estojo. O anjo gritava e fazia o estojo saltar.  Alfred teve de se conter ao máximo para não rir e mais uma vez Francis olhou para trás curioso e encolheu os ombros.

Quando conseguiu controlar a vontade de rir, abriu o estojo e deixou Arthur sair.  Ele vinha furioso, todo vermelho e as suas asas vinham cheias de apara de lápis.  Se o olhar matasse, Alfred estaria morto.

EU VOU ME VINGAR DISTO!”

Alfred pegou no caderno e escreveu, tentando não rir novamente:

“Ok, ok.  Devias ter visto a tua cara! Podes te vingar, tens 94 dias para isso :D ”

Amuado, Arthur foi para o outro lado da mesa e saltou para o parapeito da janela. Estendendo as asas e tentando tirar as aparas que tinham ficado coladas nas penas.

A voz do professor ressoava por toda a sala, mas Alfred não se concentrava nela.  Olhava atentamente o anjo , que estava de costas para ele, a tentar inutilmente chegar á ponta das suas asas.

Alfred suspirou e estendeu a sua mão, tirando o resto das aparas nas partes em que Arthur não chegava. As asas de Arthur eram tão suaves… Acariciou distraído uma delas e Arthur voltou-se furioso, completamente corado:

“Hey! Que pensas que estás a fazer?”

“Eu-“

“JONES!”

Alfred saltou assustado e olhou na direcção do quadro:

“Posso saber o que há de tão importante lá fora para que não tome atenção á aula?”

O americano corou ligeiramente, olhou de novo  para a janela e viu que Arthur estava voltado de costas.

“Era uma… Uma mosca, professor!”

Toda a turma se riu e o professor respirou fundo:

“Uma mosca? Eu podia expulsa-lo da aula sabe?”

“Mas não o vai fazer… Pois não?” perguntou receoso.

“Não. De qualquer forma a aula acabou. Podem sair. Não se esqueçam de trazer os exercícios resolvidos. Espero que isto não se volte a repetir Jones.”

Grande parte das pessoas levantaram-se e arrumaram as coisas saindo apressadas. Alfred sentiu perigo ao ver Matthew e Kiku aproximarem-se dele.

“O que se passa contigo? Uma mosca Alfred?  UMA MOSCA?”

“Matt, eu já entendi esta matéria. Sem drama ok?”

“Eu não faço drama! Tu é que tens andado doido nos últimos dias.”

Francis levantou-se, assustando Matt que nem tinha reparado nele, e sorriu enquanto pegava na sua mochila :

“Doido é pouco. Ele esteve a falar sozinho e a rir-se a aula toda.”

Matt suspirou e abanou a cabeça negativamente, “ Mon Dieu…”

Francis inclinou a cabeça ligeiramente e sorriu mais abertamente: “Parlez vous français?”

Matt sentiu a sua timidez apoderar-se dele e apenas acenou com a cabeça.

“Óptimo. Ainda bem que encontro alguém que saiba falar mais do que esta maldita língua.”

Arthur sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha. Aquele… francês estava a ofender a sua língua. Estava a pensar numa forma de o transformar num sapo ou algo igualmente repugnante quando viu Alfred a estender a mão na sua direcção de uma forma discreta. Cruzou os braços e semicerrou os olhos, mas Alfred apenas suspirou impaciente. O anjo subiu para a sua mão e trepou o braço dele até se sentar no ombro do americano.

Francis e Matt estavam a falar qualquer coisa em francês enquanto Alfred acabava de arrumar os seus livros. Só então ele deu pela presença de Kiku.

“Olá Kiku!”

“Bom dia. Alfred, eu precisava de te pedir um favor enorme.”

Alfred levantou uma sobrancelha curioso. Kiku nunca pedia nada a ninguém.

“Força, diz lá.”

“Eu acho que a minha nota de inglês vai descer… Aquele exame correu muito mal… E eu tencionava repetir só que… O meu inglês é mesmo muito mau e sem ajuda eu não consigo. Como tu és ‘native speaker’ talvez me pudesses ajudar…”

O americano piscou os olhos incrédulo e ouviu o anjo a rir-se no seu ombro. Ele era de facto native speaker… Mas o seu inglês a nível gramatical deixava muito a desejar, tal como Arthur tinha feito notar.

Arthur!

“Tive uma ideia melhor! Eu não sou grande aluno a inglês mas o meu primo é. Ele pode ajudar-te!”

“Primo?”  perguntaram em uníssono Kiku e Arthur , sendo este ultimo apenas ouvido por Alfred, obviamente.

“Sim!” sorriu maliciosamente, “ O meu primo Arthur. Ele é de Londres e veio cá passar férias durante dois meses.”

Kiku ficou surpreendido e respondeu: “Mas ele veio de férias… Eu não quero incomodar.”

“Bah, não incomodas. Ele nunca faz nada de útil de qualquer forma!”

Sentiu a sua orelha a ser puxada e alguém a agredi-lo verbalmente com os piores insultos que se lembrava.

“Bem, se não for problema… Agradeço a ajuda então.”

Alfred levantou o polegar e fez uma pose heróica, “Sempre ás ordens! Encontramo-nos na biblioteca ás 3 da tarde?”

“Sim, pode ser.”

Deu o toque para entrada e Francis acenou a Matt e saiu para o corredor. Os três restantes, e Arthur, saíram da sala e foram para a aula seguinte,  educação física.

A exigente professora tinha-os feito dar 5 voltas ao campo. Alfred era um atleta mediado, mas normalmente gostava de acompanhar Matt e Kiku porque assim podia falar com eles.

“Hoje á tarde podíamos sair.” Comentou Matt

“Não dá. O primo do Alfred vai me dar explicações de inglês.” Respondeu o japonês.

“Que primo?”

“O meu primo Arthur… Tu, erm, não conheces.”

Matt deu de ombros e continuou a correr, desviando-se de Gilbert e Ludwig, dois irmãos alemães que competiam para ver quem acabava primeiro.

Arthur estava sentado na camisola de Alfred que tinha ficado no banco. O americano tinha pedido para ficar lá porque assim não se esquecia do casaco. Aborrecido por não ter nada para fazer, e ainda amuado por Alfred fazer planos para ele sem sua autorização, Arthur começou a bater as suas asas para tentar voar, como não conseguia, saltou para a parte superior do banco e atirou-se para baixo enquanto as batia com mais força. A sua sorte era o casaco de Alfred, que estava a servir como colchão para ele não se magoar.

Saltou mais algumas vezes e depois deixou-se cair de barriga para cima,frustrado e cansado .Adormeceu passado algum tempo, enquanto via os alunos jogarem volei.


Acordou com o barulho de várias pessoas a falar e música. Esfregou os olhos e constatou que estava novamente no bolso de Alfred, mas desta vez, era um “bolso de canguru” o que significava que não podia ficar com a cabeça de fora sem cair. Sentiu-se quase claustrofóbico e ficou furioso por o americano ter voltado a pegar nele sem a sua autorização. Procurou a “saida” e viu que estava preso, uma vez que Alfred tinha as duas mãos nos bolsos do lado oposto. Rastejou para um dos lados e ferrou no dedo de Alfred, que tirou rapidamente a mão e bufou.

A sorrir maliciosamente, saiu do bolso e viu que Alfred ia sentado no autocarro. O americano vinha sozinho no fundo do autocarro e pegou nele novamente pelas asas e de forma discreta disse:

“Se me voltas a ferrar ,prendo-te num balão e largo.”

Arthur levantou uma sobrancelha e fez um sorriso cínico:

Pode ser que chegue a Inglaterra mais rápido.”

O americano rolou os olhos e pousou-o na outra mão:

“Eu decidi vir almoçar a casa , pousar as coisas e depois levar-te á biblioteca. Assim aproveito também para estudar.”

“Isso. Gostava de saber porque me metes nos teus assuntos e como é que vou poder dar explicações a uma pessoa que não me vê.”

Alfred pensou por um minuto e respondeu no seu tom de voz alegre:

“O Kiku é boa pessoa, não lhe podia recusar. Além disso, tu és visível quando não tens as asas certo? “

“Olha o meu tamanho.”

“Bah, agora já deves conseguir regressar ao normal não?”

O anjo encolheu os ombros e voltou para o bolso de Alfred quando o autocarro parou.


Já em casa, Alfred pousou Arthur no chão e foi aquecer o almoço para os dois. O anjo voltou a fazer magia e rapidamente voltou a ficar no seu tamanho original. Respirou fundo e voltou a usar a varinha, fazendo as suas asas desaparecerem.

Alfred voltou a entrar na sala e pousou as coisas na mesa de jantar. Viu Arthur a guardar a varinha e aconselhou:

“Podes ir buscar a minha roupa se quiseres. Andares de vestido não é boa ideia.”

Arthur lançou-lhe um olhar venenoso e foi ao quarto do americano, vestindo as mesmas calças da outra vez mas no entanto pegou noutra t-shirt e num casaco castanho que tinha numa pilha mais atrás. Ele lembrou-se vagamente de Alfred ter dito da outra vez para não pegar num casaco castanho, mas como não tinha a certeza de qual, vestiu de qualquer forma.

Enquanto isso na sala, o americano ligou a televisão. Durante a hora de almoço era normal dar as noticias e a primeira coisa que ele viu foi uma jornalista de gabardine no meio da chuva e a tremer de frio:

“A criminalidade em Inglaterra tem aumentado significativamente. Apenas este mês já ocorreram cerca de 10 homicidios tanto no coração da capital como nas cidades mais próximas, nomeadamente Oxford , Reading e até mesmo Southampton. A policia acredita no envolvimento da máfia russa no caso. Juntamente com um acontecimento semelhante em outras cidades europeias, perfazem no total, cerca de 150 mortes. ”

A este ponto, Alfred estava curioso. Ia chamar Arthur para ouvir o resto da noticia, afinal ele era de lá certo?  Mas a repórter desapareceu do ecrã e surgiu um fundo negro a dizer “homenagem”.   Com uma música triste de fundo, várias fotografias passavam e mostravam os nomes das vitimas, idade e local de morte.

O americano pegou no comando para mudar de canal, coisas mórbidas á hora de almoço não era boa ideia. Apontou o comando para a televisão e a fotografia de uma mulher é substituída por outra.  Um rapaz loiro, de olhos verdes e largas sobrancelhas.

“Arthur Kirkland, Oxford , 23 anos.”


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