O Peso De Uma Mentira escrita por Arline


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Hey! Como estão, flores do meu jardim? Espero que bem. Bom, o capítulo quase não sai, mas o importante é que ele está aí! Iupie!
Sei que vocês vão me xingar e nem adianta dizer que não, porque eu sei que vão sim.
Não sei se vocês vão gostar tanto quanto eu, mas espero mesmo que sim.
Até lá embaixo! bjks
P.S: Carolina, mande um pouco do frio pra cá.



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                                         CAPÍTULO 21

POV EDWARD

E por quase uma hora esperei por meu pai. Bella, muito pacientemente, me mostrou cada canto de sua casa, inclusive o quarto de Amanda, que realmente se assemelhava muito ao de um menino. Vi também que ela ainda guardava o colar que eu havia lhe dado, assim como todo o resto. Aquilo era importante pra mim. Quando se descobriu grávida, sozinha e sem ter como se sustentar, ela poderia ter vendido tudo, mas ela quis ficar com algo nosso.

A casa não era muito grande, mas era confortável e me passava a sensação de lar. Cada coisa tinha o toque de Bella, o lugar refletia sua personalidade. Sem contar que seu cheiro se espalhava pelo ambiente.

Assim que chegamos novamente à sala, a campainha tocou. Inconscientemente, apertei a mão de Bella e em troca recebi seu sorriso e ela dizendo que tudo daria certo. Será? Fiquei meio sem saber o que fazer... Me sentava? Ia com ela até a porta? Ficava parado igual ao idiota que eu era, bem ali, no meio da sala?

— Fique calmo ok? Vai dar tudo certo. — disse Bella, muito calma pro meu gosto... — Agora, solte minha mão, pois eu preciso abrir a porta.

Eu não queria soltar... Era como se ela, caso algo acontecesse, pudesse me salvar. Mas a soltei e, sem saber mesmo o que fazer, permaneci ali, parado, esperando. De repente, tudo me era perceptível demais. Eu quase conseguia ouvir os passos silenciosos de Bella ou o leve girar da maçaneta. Minha cabeça pesava, meus ouvidos pareciam que iam explodir a qualquer momento. Por cima dos ombros de Bella consegui distinguir a figura do meu pai e depois disso... Num piscar de olhos ele estava à minha frente.

Falar? Não deu tempo... Meu pai estava me abraçando como há tempos não fazia. Ele estava me chamando de “meu menino”, como sempre fizera entes. E eu o abracei. Apertado. Com saudades. Sem sentir vergonha por estar chorando — assim como ele —, sem querer saber do que aconteceria dali pra frente. Palavras se perderam pelo caminho. Nada era compreensível naquele momento; exceto o fato de meu pai estar ali.

— Meu menino! Como senti sua falta! — dizia meu pai, ainda me abraçando.

— Também senti a sua, pai.

Depois de tanto tempo eu o estava novamente chamando de pai. Depois de tanto tempo estávamos sendo pai e filho outra vez.

— Será que tem espaço pra mim nesse abraço? — era minha mãe ali e sorri pra ela, que se juntou a nós.

Como era quase da mesma altura que Bella, beijei o topo de sua cabeça, como costumava fazer, e ela me olhou meio torto, mas rindo. Sempre que eu fazia isso, a chamava de baixinha e ela não gostava nada disso...

— É impressão minha ou você está mais magro, hein? — perguntou ela, apertando minha bochecha — Claro! Com certeza só tem comido porcarias!

Foi impossível não rir de sua preocupação excessiva. Ela limpou as lágrimas do meu rosto e fez o mesmo com meu pai. Disse que éramos dois bebês chorões, muito embora ela também estivesse chorando.

— Estou bem, mãe. Tenho me alimentado direito, já que a Bella acha que eu vou morrer de inanição e leva comida pra minha casa, tomo banho todos os dias, ando agasalhado quando faz muito frio, tomo bastante água e escovo os dentes direitinho.

— Você é um palhaço! Sou sua mãe e tenho todo o direito de me preocupar!

— Eu sei dona Esme. Nem se eu quisesse a senhora me deixaria esquecer...

Uma risada se misturou a nossa e vi que Bella estava parada perto da porta, apenas nos observando e rindo de tudo aquilo. Ela estava feliz. Mesmo com os olhos marejados. Meu pai, observando a cena, bateu em meu ombro, apontando Bella com a cabeça. Fui até ela e a peguei no colo, fazendo o som de sua gargalhada ecoar.

— Eu te amo, Isabella Marie Swan e obrigado pelo que fez.

— Eu também te amo, Idiota Cullen e não fiz nada.

Nos beijamos calmamente, como se apenas nós estivéssemos ali naquele momento.

— Edward... Seus pais. — ela sussurrou e só então a coloquei no chão outra vez.

Sim, meus pais. E eles não estavam ali para presenciarem demonstrações de afeto... Eu deveria começar a falar? Como começaria? O que diria? Minha mãe veio em meu socorro, mesmo sem saber disso...

— Bella, quero pedir desculpas por ter pensado mal de você todo esse tempo. Realmente achei que tinha deixado Edward, que não o tivesse apoiado quando ele “decidiu” que correr era o que mais queria na vida. — ela frisou bem o “decidiu” e sorriu tristemente.

— Não se preocupe com isso, Esme. Acreditamos em falsas verdades durante todo esse tempo.

— Sim, agora sei disso. Mas estou me sentido muito mal. — eu nunca tinha visto minha mãe daquele jeito. Ela estava mesmo arrasada com aquilo.

Bella soltou-se de mim, foi até minha mãe e abraçou. Eu não poderia ficar chateado com minha mãe por ela ter pensado algo assim, afinal, fui eu quem deu a entender que Bella não quisera me acompanhar, que não aceitara o que eu “queria” pra minha vida.

— Ora Esme! Acho que estava na hora de você ter seu momento de “A Sogra”, não? — comentou Bella, fazendo com que minha mãe risse e eu e meu pai ficássemos sem entender nada.

Meu pai me olhou e vi que aquela era a hora de nossa conversa. Ele me parecia constrangido quando disse que enfim poderia desfazer muitos mal entendidos. Acabamos nos acomodando no sofá, Bella ao meu lado e minha mãe ao lado do meu pai. Ele começou a falar.

— Como a Bella já deve ter dito, ela me ligou e contou o que estava acontecendo, que vocês estavam juntos novamente e você havia contado tudo o que aconteceu. — meu pai, mesmo nervoso, falava com calma e eu estava quase sem piscar prestando atenção — Ela pediu que eu o ouvisse e perdoasse, mas a verdade é que sou eu quem tem coisas a contar. Por muito tempo fiquei calado, omiti coisas não só de sua mãe como de vocês também e isso os prejudicou.

“Percebi que Edward estava estranho, que ficava sempre pelos cantos com Alice, sempre falando baixo... Aquilo me intrigou. Perguntei a ela se estava acontecendo alguma coisa, se vocês tinham brigado, mas ela disse que não, que não era nada. Por um tempo deixei de dar importância a isso, afinal, poderia ser coisa da minha cabeça.

Pouco tempo depois, passei em frente à porta do quarto de Edward e ouvi uma discussão dele com Alice. Ela dizia que era errado, que ele tinha que contar; que não podia estragar a vida dele. Cogitei sair dali, pois estava invadindo a privacidade dos meus filhos, mas algo me fez ficar. Foi então que ouvi quando Edward falou das loucuras de Rosalie, da insistência dela em dizer que o amava e que Bella estava se interpondo entre vocês.”

A expressão de minha mãe era chocada. Meu pai não nos encarava, parecia mesmo envergonhado e Bella apertava minha mão em sinal de apoio. Agora que as coisas estavam sendo esclarecidas, tínhamos que continuar...

— Acreditei estar louco, ouvindo coisas demais... — continuou meu pai — Então ouvi Alice falando das atrocidades que Rosalie cometeu ao longo de todos aqueles anos. Fiquei chocado por saber que ela havia acusado injustamente nosso empregado de roubo... Fiquei mais chocado ainda por ouvir que aquele assalto de Claire foi coisa dela. Eu jamais poderia imaginar que minha filha tivesse uma mente tão doentia quanto a dela.

“Passei a estar sempre por perto quando Edward e Alice conversavam e assim fui descobrindo mais coisas... Desde o primeiro dia que ele veio com a ideia de mentir pra Bella e dizer que seu sonho era ser piloto de F-1, eu ouvi. Não achei certo no começo, concordei com Alice quando ela disse que ele tinha que contar a verdade, mas ele também tinha razão ao dizer que não acreditaríamos em nada do que fosse dito com relação à irmã. Bom, eu acreditaria, pois já tinha escutado tudo, mas você, Esme... Na época, você jamais teria acreditado.”

Naquele momento, tudo pareceu ficar em suspenso. Minha mãe mal respirava, meu pai continuava sem conseguir nos encarar, eu... Eu nunca pensaria que meu pai sabia de tudo desde o começo. Bella nos deixou por um momento, indo até a cozinha e retornando com um capo de água com açúcar pra minha mãe. Suas mãos tremiam e ela chorava como se tudo aquilo fosse culpa dela.

— Acalme-se Esme. O que Rosalie fez não é culpa sua, não foi você que falhou como mãe. — disse Bella, talvez sabendo o que se passava com minha mãe naquele momento — Se fosse assim, Alice e Edward seriam iguais.

— Será que não errei? Será que não a tratei diferente por ter sido adotada?

— Claro que não! Você ensinou e deu amor a ela como fez com os outros. Esse... Desvio é exclusivamente dela; vocês não tiveram culpa de nada.

— Eu não sei... Acho que posso ter fechado os olhos pra muita coisa... Tive medo que ela descobrisse e se sentisse rejeitada...

— Querida, você nunca fez diferença entre um e outro. — meu pai tentou apaziguar. Eu sinceramente não conseguia dizer nada.

— Tudo bem, vou tentar não me culpar por isso, mas é tão difícil saber que tudo foi por causa de Rosalie... Minha filha fazendo coisas terríveis...

Ficamos em silêncio por alguns minutos. Fui até minha mãe e apenas a abracei. Eu não gostava de vê-los daquela forma; tão fragilizados. Logo eles, que sempre foram minha força. Se eu ao menos estivesse em condições de dizer algo pra amenizar tudo aquilo... Se eu me senti muito mal por não ter estado com minha filha desde que ela era apenas um bebê, minha mãe estaria mil vezes pior por ter criado uma filha e sentir-se culpada pelas atrocidades que ela cometeu; sentir que falhara na tarefa de mãe; coisa que não aconteceu.

— Não fique assim, mãe. Não se torture com isso.

— É difícil meu filho.

— Eu sei que é, mas não pode se culpar.

— Prometo que vou tentar tudo bem? — apenas assenti — Agora, volte pro lado da Bella e me deixe com seu pai. Anda menino!

Sorri e fiz o que ela disse. Bella me abraçou e eu deitei minha cabeça em seu ombro. Meu pai nos olhava e parecia satisfeito com o que via, assim como minha mãe.

— Bom, continuando. — começou meu pai — Eu não poderia deixar que Edward concretizasse seu plano de ir embora; não poderia deixar que os sonhos de vocês fossem destruídos daquela forma. Mas eu não sabia como agir. Passei a pensar como Edward. Se ele ficasse, Rosalie acabaria por te matar, Bella e eu não aguentaria perdê-los. Sim, porque se algo lhe acontecesse, meu filho iria logo em seguida e ele mesmo me confirmou isso quando o ouvi falando sobre esse assunto com Alice.

“Não foi a melhor forma de agir e hoje eu sei disso, mas na época... Naquela época achei que era e por isso, quando Edward veio com aquela conversa de que estava indo embora e que você não o apoiaria, eu briguei com ele; disse que não queria mais vê-lo. No fundo, tive medo. Mas pensei que assim que ele se fosse, eu poderia ir até você e contar tudo. Eu faria o possível pra que as coisas se acertassem; te contaria tudo, procuraria saber onde ele estava e iríamos até ele.”

“Isso teria acontecido se na primeira noite que passamos longe daqui, eu não tivesse presenciado uma cena triste. Esme e Alice não estavam em casa, tinham saído pra fazer alguma coisa que não me lembro agora e estávamos apenas eu e Rosalie em casa. Evitei falar com ela, olhar pra ela... Fui para meu quarto e quando passei em frente à porta do quarto dela, a ouvi falando e abri a porta devagar, evitando fazer barulho.”

“Em suas mãos, ela tinha uma tesoura e um travesseiro. Conversava com ele, dizia que em breve “a ordinária” estaria mais longe ainda, que finalmente poderia viver seu amor sem ninguém pra interromper. Dizia que se alguém ousasse entrar em seu caminho ela mataria sem dó e em seguida, passou a desferir golpes contra o travesseiro e ria. Não cansava de rir e dizer “tá vendo o que vou fazer com você?”. Pensei em conversar seriamente com Esme e contar tudo o que eu sabia, mas ela ainda estava com raiva de mim pelo que fiz com Edward. Alice mal falava comigo também e eu estava sozinho.”

“Passei a observar Rosalie e seu comportamento; ela agia como se nada acontecesse, como se fosse a pessoa mais equilibrada que existe, mas mesmo assim, não deixei de vigiá-la. Contratei dois detetives que me davam relatórios de tudo o que ela fazia durante o dia. Durante todos esses anos ela nunca fez nada que pudesse ser considerado como suspeito. Um deles se tornou amigo dela e ficou ainda mais fácil. Rosalie terminou a faculdade, arrumou um emprego, namorou... Sempre que perguntava sobre o irmão era de modo casual.”

“Ao invés de procurar por meu filho e contar tudo, me acovardei. Tive medo que após contar, Edward acabasse por revirar o país até finalmente te encontrar, Bella. Tive medo que Rosalie, ao descobrir, fizesse o que tanto prometera. Eu tinha que ter procurado a polícia ou ter internado Rosalie à força... Esses anos foram, sem dúvidas, os piores da minha vida. Saber que de certa forma se é responsável pela infelicidade de um filho é a pior coisa que existe.”

“Bella me pediu desculpas por esconder que tínhamos uma neta, mas ela não nos deve nada... Vocês não nos devem nada. Sou eu quem pede perdão por ter feito o que fiz, por ter omitido, escondido que já sabia de tudo. Se meu filho fez o que fez foi por achar que eu o julgaria, por pensar que eu acharia que ele estava tratando a irmã de forma diferente pelo fato dela ser adotada. Estou com vergonha de dizer que sou pai, pois neguei a um filho a oportunidade que ele tinha de viver ao lado da mulher que ama; de ver sua filha nascer, crescer e ser feliz. Além de tê-lo feito acreditar que eu o odiava; que nunca mais queria vê-lo.”

Meu pai estava chorando e não nos encarava. Minha mãe passava a mão em suas costas e sussurrava algo em seu ouvido. Olhei pra Bella e assim como eu, ela também chorava. Eu não sabia o que fazer... Tinha a certeza que não conseguiria ficar de pé naquele momento.

— Vai lá, meu amor. Vá conversar com seu pai. — Bella falava baixo, fazendo carinho em meus cabelos.

— Não sei se consigo. — meu tom também era baixo. Eu parecia estar anestesiado.

— É seu pai, tente perdoá-lo.

— Não é disso que estou falando; acho que não estou sentindo minhas pernas. Sei lá.

— Vamos, estou aqui pra te ajudar e se precisa de apoio pra levantar, vou ser esse apoio.

Aquela mulher que estava ali, me oferecendo apoio, era a mesma a quem eu tinha magoado, abandonado; pra quem eu tinha mentido. E eu realmente não a merecia. Mas ela estava ali, ela queria tentar, nós estávamos tentando e daria certo. Como eu tinha essa certeza? Nós nos amávamos.

— Obrigado. Por tudo.

— Não me agradeça. Só quero te ver feliz. E agora, vamos lá.

Bella me ajudou a levantar e passou o braço a minha volta. Eu não estava mesmo bem, não sentia mesmo minhas pernas. Depois de velho, fiquei mole...

— Esme? Vamos ver algumas fotos da sua maravilhosa neta? — Bella a chamou e minha mãe sorriu, entendendo o motivo.

— E a mãe nem é coruja... Mas vamos lá, estou doida pra ver o rostinho dela.

— Olhe pro seu filho, Esme. Amanda é a cópia dele.

Minha mãe se levantou e me deu um beijo no rosto, depois, subiu com Bella e então, éramos eu e meu pai. Eu não era o Edward pai, o cara que havia errado; o cara que queria que seus pais o perdoassem. Eu era só um moleque perdido, querendo colo.

— Vem cá meu velho, porque estou quase caindo aqui. — falei e estendi a mão para meu pai, que só então levantou a cabeça.

E ele aceitou minha mão, quase nos fazendo cair com a intensidade do abraço.

— Eu te amo, meu velho. E não peça perdão pelo que aconteceu. Se agimos daquela forma, foi porque pensamos ser o certo.

— Eu também te amo, cara. Você não tem noção do quanto eu te amo. Eu... Eu sei que foi errado... Mas...

Nos afastamos um pouco, mas permaneci com as mãos em seus ombros.

— Pai, vamos deixar essa história no passado. Já nos magoamos demais, já sofremos muito... Eu e Bella estamos recomeçando, nossa filha precisa de uma família como eu tive vocês quando era criança. Se continuarmos assim, remoendo as coisas, não vamos conseguir dar isso a ela. Quero ser pra ela o herói que você é pra mim, que ela tenha um avô pra mimá-la ao ponto de termos que expulsá-lo de perto dela... — nós rimos disso e voltei a falar — Sei que é difícil esquecer, uma vez que eu mesmo ainda estou tentando me acostumar a isso, mas não podemos mais deixar o passado e as mentiras que foram contadas nos transformarem em pessoas amargas, que passam o resto da vida remoendo os erros.

— Tem razão. Temos que dar o melhor à minha neta.

— Minha filha.

— Moleque, ela só é sua filha porque eu sou seu pai, ok? Então, ela é muito mais minha neta do que sua filha.

— Nada disso. Ela é muito mais minha filha por que... Por que...

— Ah, fica quieto! Eu sou mais velho e sempre tenho razão, valeu?

— Anda falando muito com Alice, é? Dona Esme sabe que o senhor anda cheio de gírias?

— Qual é?! Tenho que ficar antenado nas paradas, tá ligado? E agora eu vou ensinar tudo pra minha neta... É bom ser avô!

Caímos na gargalhada e abracei meu pai. Tudo estava no lugar.

— Eu te amo sabia? Velho antenado... E mais uma coisa; nunca mais diga que tem vergonha de ser pai, porque eu tenho muito orgulho de ser seu filho e quero ser pra minha filha um milésimo do que você foi pra mim.

— Você vai ser. E eu vou adorar ver seu desespero quando ela começar a falar de garotos... Eu já disse que é bom ser avô?

Eu já estava me desesperando... Só de lembrar daquele... Daquela coisa falando que ia namorar minha pequena...

— Amanda vai ficar feliz por conhecer vocês. — falei e meu pai suspirou.

Estávamos sentados lado a lado e agora eu lembrava como era bom estar assim com ele, conversar.

— Espero que sim. Eu e Esme estamos ansiosos pra isso.

— Bom, vamos ver se conseguimos apressar as coisas.

Meu pai não entendeu o que eu disse, mas seguiu comigo quando me dirigi ao quarto de Bella. Minha mãe estava sentada no chão, vendo inúmeras fotos e sorrindo.

— Dona Esme ainda está em plena forma... Quero só ver pra levantar daí. — comentei e ela me olhou feio, nos fazendo rir.

— Minha mão continua pesada... — ela cantarolou e rimos mais ainda.

Chamei Bella, que me olhou meio desconfiada. Eu não sabia mais se aquilo seria uma boa ideia... Entrei no quarto de Amanda e Bella ficou parada na porta, me olhando.

— Quê? Não vou te agarrar, só quero falar com você. — ela riu e entrou.

— Então diga.

Me aproximei mais e ela recuou um passo, batendo as costas na parede. Nossos rostos estavam muito próximos, nossa respiração se misturando. Sorri ao ver Bella tentando se controlar.

— Edward... Seus pais estão no quarto ao lado, portanto, comporte-se.

— Eu sou um rapaz comportado... Muito...

Rocei meus lábios nos dela e me afastei. Um suspiro insatisfeito lhe escapou e sorri.

— Pare de tentar me enrolar e diga logo o que você quer.

— Tudo bem! — me afastei e ela respirou fundo — Primeiro, eu quero saber se você me deixa... Dormir aqui? Prometo que vou me comportar.

Bella começou a rir e fiquei sem entender. Falei algo engraçado?

— Vou pensar. Agora, fale tudo.

— Não está tarde... Poderíamos ligar pra Alice e pedir que ela trouxesse Amanda pra conhecer meus pais... Assim ela aproveita e conta logo tudo. Bem, eu tinha planejado passarmos o dia juntos, mas você resolveu sumir...

— Tá! Não precisa fazer essa cara de cão carente! Ligue pra Alice e eu vou fazer o jantar. Ah! Diga que é pra Victória vir também.

— Ok.

Bella começou a se afastar e eu fiquei ali, com cara de idiota.

— Ah! Peça pra Alice trazer roupas pra você!

Sorri e depois que ela saiu, liguei pra Alice. Sua reação foi...

— Ah, meu Deus! Nosso pais estão em Forks! Jesus! Agora eu tenho que contar que estou grávida! Meu pai vai querer me matar! Minha mãe vai surtar! Ah, meu Deus!

— Se você não parar de gritar no meu ouvido, vou arrancar sua língua com um alicate.

Silêncio. Ótimo. Agora eu poderia continuar.

— Traga Amanda e Victória. Bella vai fazer o jantar.

— Tudo bem... Vai ser melhor contar depois do jantar... O que será que eles vão dizer? Ed, você vai estar ao meu lado, não é? Diz que vai ficar perto de mim? Diz que não vai deixar que minha coragem suma. Diz que...

— Cale a boca, Alice! Só esteja aqui e traga alguma roupa pra mim. O endereço de Bella está ao lado do telefone.

— Roupa? Mas você vai...

— Tchau Alice!

Desliguei antes que ela me deixasse louco e surdo. Segui até o quarto de Bella e encontrei meu pai abraçado a ela, minha mãe assistia com um sorriso no rosto.

— Ei! Um minuto que eu me afasto e você joga seu charme infalível pra cima dela? E a senhora, mãe? Ainda ri?

— Não seja estranho, meu filho... — disse minha mãe e começamos a rir.

— Não sou estranho.

— Claro...

— Ok. Bom, Amanda vem pra cá e vocês vão conhecê-la.

Eles não fizeram perguntas sobre quem estava com ela e achei melhor ficar calado. Alice que se acertasse com eles depois. Seguimos para o andar inferior e assim que chegamos à sala, o telefone da casa tocou. Bella pediu que eu atendesse, mas era melhor que eu não tivesse feito isso...

— Pra você. — estendi o telefone a ela — Jasper. — pude sentir o ciúme corroendo minhas veias e, mesmo meus pais me olhando estranho, os deixei sozinhos e fui para o lado de fora da casa.

Por mais que eu soubesse que Bella me amava, eu jamais deixaria de sentir ciúmes. Eles foram namorados! Era impossível que eu esquecesse isso. Logo ouvi passos atrás de mim e me virei, encontrando o olhar de minha mãe. Ela não disse nada, só me abraçou. E era bom ficar daquele jeito com ela. Era bom saber que minha mãe estava perto de mim outra vez, que não precisávamos nos falar escondidos. Eu não sabia como seria dali pra frente, mas eu tinha minha família comigo e isso era o mais importante. Estaríamos juntos pra qualquer coisa agora.

— Não fique assim. Bella te ama. — minha mãe quebrou o silêncio e eu apenas suspirei — Vamos, deixe de ser ciumento e vá ficar com ela.

— Se fosse só o ciúme... Eu quase cheguei tarde demais, mãe. Quase a perdi.

— Mas não perdeu. Vocês se amam e essa carinha triste não deveria estar aí. Até parece que não está feliz.

— Eu estou. Ainda mais por vocês estarem aqui. E a propósito; onde estão hospedados?

— Em uma pousada aqui perto.

— Podem ficar na casa de vocês. Ela está reformada.

Minha mãe apenas concordou com a cabeça e voltamos ao silêncio. Ficamos assim por um bom tempo, até que meu pai veio nos chamar. Ele não perguntou nada e nem era preciso; ele sabia o quão ciumento eu era.

Bella estava preparando o jantar e meu pai quase me empurrou para a cozinha, fazendo com que minha mãe desse uma risadinha. Eu estava com vergonha de minha atitude infantil. Bella estava me ignorando deliberadamente; continuou com seus afazeres como se eu não estivesse ali.

— Você pode parar de fingir que eu não existo? Só um pouco? — falei e Bella me olhou meio torto, mas sem deixar a faca de lado — Quero falar com você.

— Deus, quando criou o homem, deu a ele dois ouvidos. Eu tenho os dois e não preciso parar o que estou fazendo pra te ouvir.

Ironia... Ela estava com raiva... E com a faca na mão... Melhor me manter um pouco afastado.

— Sim, eu sei disso, mas gostaria mesmo que você pudesse me ouvir e não fingir que está prestando atenção só pra que eu pare de falar.

Ela me dirigiu um olhar cínico, com direito à sobrancelha arqueada e tudo.

— Nossa! Você é um gênio! Como sabia que era isso mesmo o que eu ia fazer?

E ela falava a apontava aquela faca pra mim... Eu não estava gostando disso...

— Crianças, nós não estamos aqui! Podem brigar à vontade!  Eu aposto na Bella. — minha mãe se manifestou e um meio sorriso pairou no rosto de Bella.

— Brigar? Não estamos brigando, Esme. É só o idiota do seu filho que tem o enorme prazer de me tirar do sério e me deixar irritada.

Meu pai começou a rir e aproveitei o momento de distração de Bella, pra tirar a faca de sua mão. Melhor assim.

— Com medo de mim, Eddie? — ela sabia que eu odiava que me chamassem assim e estava fazendo só pra me irritar. E meus pais riram mais.

Eddie não, Bella! Me chame do que quiser, menos disso.

— Anda. Fala logo o que você quer. Ainda tenho que terminar o jantar... Eddie.

Bufei e a peguei pela mão, levando-a até a parte de trás da casa. Bella adorava dificultar as coisas... Se não fosse por suas gracinhas, eu já teria pedido desculpas e já estaria sem ar de tanto beijá-la, mas não... Ela gostava de me deixar fora do sério.

— Agora você já pode falar o que tanto queria — disse ela, soando indiferente.

— Só quero pedir desculpas pela forma como agi. Sei que fui infantil, mas simplesmente não posso controlar.

Sua expressão suavizou-se por um instante e ela se aproximou mais de mim.

— Edward, eu já disse e vou repetir; não há motivos para isso. Meu namoro com Jasper não foi adiante porque eu sabia que nunca deixaria de te amar. Já falei que ele também era muito ciumento e isso não me agrada; tenho amigos e gosto de estar com eles, de conversar com eles. — eu só a ouvia, mais envergonhado — Por favor, eu não quero brigar toda vez que ele ligar ou que venha até minha casa pra ver Amanda... Sem contar que trabalhamos juntos, somos amigos e não posso simplesmente fingir que ele não existe só porque você sente ciúmes.

Permaneci calado e ela se aproximou mais, me abraçando. Agora eu não me achava um menino perdido. Eu só tinha medo de perdê-la, de que ela passasse a achar que eu era complicado demais, que não era bom o bastante para estar ao seu lado.

— Me perdoe por ter feito aquilo. Eu sei que você me ama e eu também te amo. Eu acho que mais do que o ciúme, o que me aflige é saber que eu poderia ter te perdido mesmo... Se vocês estivessem namorando, quando te reencontrei, eu sinceramente não sei como seria. Talvez eu tivesse ido embora outra vez.

— Não vai me perder, Edward. Já ficamos separados o suficiente pra saber que isso nos faz mal. E se você tivesse ido embora, eu teria revirado o mundo atrás de você... Não seria difícil te achar.

Mal esperei que ela acabasse de falar e a beijei. Nossas línguas eram apressadas, querendo provar o máximo da boca do outro, minha mão se perdeu por seu cabelo, impedindo que ela se afastasse. Estávamos tão perto um do outro que seria difícil saber quem era quem... E todas as sensações de mais cedo foram despertadas novamente... Se eu entrasse agora, seria constrangedor. Bella se afastou minimamente de mim e exibia um sorrisinho sem vergonha.

— Hum... Eu acho que você não vai ser tão comportado assim...

— Também acho que não...

Bella entendeu que não daria pra eu aparecer daquele jeito na frente de meus pais e entrou sozinha, enquanto eu tentava acalmar algumas partes do meu corpo. Ou melhor, uma parte. Não fiquei muito tempo sozinho, pois logo ouvi a risada do meu pai. Era impossível sentir mais vergonha...

— Toma vergonha na cara, Edward! Um homem da sua idade e ainda não sabe se controlar!

O abracei pelos ombros e ri com ele. Sim, eu não sabia mesmo me controlar. Ainda mais quando Bella gostava de provocar.

— Você não diria isso se passasse oito anos sem sexo.

— Oito anos?! — ele quase gritou e fiquei mais envergonhado ainda — Esse tempo todo você nunca...? Nem...?

— Pai! Eu realmente não preciso disso... E não, nunca, nem isso o que está passando pela sua cabeça.

— Ok, ok! Não vamos mais falar disso... — e eu agradeci muito — E agora? Vai continuar correndo?

— Não posso mais fazer isso sabendo que tenho uma filha... Sem contar que Bella ia ter uma síncope. Semana que vem vou até Nova York pra acertar minha situação e encerrar de vez essa carreira.

— Não vai participar nem da corrida de despedida?

— Nem isso. Chega. Já estou velho e quero só curtir minha filha e minha namorada.

— Santa Amanda! Graças a Deus que você vai largar esse mundo... Não faz ideia de como eu ficava nervoso aos domingos, quando tinha F-1. Confesso que eu ficava muito orgulhoso por ver meu filho ganhando todas, mas o medo de que algo te acontecesse... Isso eu nunca conseguia conter.

Apoiei minha cabeça na dele e ficamos mais um tempo por ali. Até que a campainha tocou...


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Notas finais do capítulo

Pois é, parei aí. Próximo só depois de muitos reviews lindos e maravilhosos.
Reviews? Recomendações? Mereço? Não? Ok
Chegou até aqui? Maravilha, isso prova que vc está viva (o). Agora, que tal dizer o que achou? Não dói, não cansa, é de graça e ainda me deixa feliz e faz com que as coisas andem mais rápido...
bjks e até o próximo!