O Peso De Uma Mentira escrita por Arline


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Flores do meu jardim! (isso soou gay, ignorem) Como vocês estão? Espero que bem.
Bom, não abandonei a fic e jamais farei isso. Então... O que temos hoje? Capítulo!
Espero que gostem, pq eu adorei escrevê-lo.
Até lá embaixo!



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CAPÍTULO 20

POV CARLISLE

Naquela noite, quando o telefone tocou em minha casa, eu poderia imaginar até que fosse Edward querendo falar com a mãe, mas jamais esperaria que fosse Bella. Fiquei muito surpreso com sua ligação, pensei que nunca mais fosse vê-la ou falar com ela novamente e eu sabia que a culpa também era minha. Não nego que meu coração se apertou. Pra ela ligar depois de tanto tempo, só poderia ter a ver com Edward. Tive medo de que algo tivesse acontecido ao meu filho e eu nunca mais tivesse a oportunidade de vê-lo, de dizer mais uma vez que o amava e que sentia sua falta.

Intrigou-me o fato dela querer falar comigo pessoalmente. Eu sentia que algo não estava certo. Contudo, mesmo depois de tudo o que aconteceu, o mínimo que eu poderia fazer era ir até ela, ouvi-la e tentar ajudá-la no que quer que fosse.

Eu tinha por Bella um amor de pai. Um pai bem chato e com manias superprotetoras. E foi por causa dessa superproteção que creio ter feito a coisa mais errada de toda a minha vida. Fora o fato de ter escondido por todo aquele tempo a verdade de Esme. E agora era a hora de contar. Mesmo sabendo que minha esposa sofreria com tudo aquilo...

Por um tempo permaneci na sala, encarando o telefone que ainda estava em minhas mãos. Esme já estava deitada, lendo um livro, provavelmente e aquela poderia não ser a melhor hora, mas só tinha aquela. Então, segui até nosso quarto.

— Quem era ao telefone? — perguntou-me ela, deixando seu livro de lado.

Sentei-me ao seu lado e pensei bem no que iria dizer.

— Era a Bella.

— Bella? E o que ela queria? Perguntar por Edward e pedir desculpas por não tê-lo apoiado?

— Não querida. Ela queria pedir que fôssemos até Forks. Ela disse que tem um assunto a tratar e não pode ser por telefone.

Esme olhou-me estupefata. Eu sabia o quão difícil seria aquela conversa, mas não poderia deixar que ela continuasse colocando a culpa em Bella por ter deixado nosso filho.

— Péssima hora para brincar. — disse ela, pegando novamente o livro.

— Não estou brincando. — retirei o livro de suas mãos e segurei seu queixo, fazendo-a me olhar — Querida, tenho algumas coisas para contar e não vai ser fácil pra você.

— Carlisle... Não aconteceu nada com meu menino, não é?

— Não meu bem. Pelo que pude perceber, Edward deve estar ótimo.

Ela apenas assentiu e comecei a contar-lhe tudo o que eu sabia. Não sei como aguentei passar todos aqueles anos guardando aquilo comigo... Tive que ver minha esposa chorar desalentadamente após cada coisa que eu contava e me sentia muito mal. Eu queria que nada daquilo fosse preciso... E realmente não seria, se eu tivesse feito a coisa certa desde o inicio.

— Creio que isso é tudo o que tenho que contar. Por agora, pelo menos. — Esme mantinha-se abraçada a mim, ainda chorando.

— Oh, Carlisle... É tudo tão horrível! Por que escondeu de mim? Do nosso menino?

— Porque pensei estar fazendo o certo. Pensei que os estava protegendo.

— E o que faremos agora? Eu tenho que ver Bella... Estou tão... Eu pensei mal dela, Carlisle! Todos esses anos eu achei que ela tinha deixado nosso menino!

— Acalme-se meu bem. Prometi à Bella que estaria em Forks pela manhã e é isso o que faremos. Poderemos pedir desculpas por tudo o que fizemos; acertaremos as coisas.

— Ela falou algo mais sobre Edward...?

— Não querida.

Esme se agitou. Soltou-se de mim e começou a pegar malas e jogar roupas sobre a cama.

— Vamos homem! Dê um jeito e alugue, compre ou sequestre um avião! Temos que ir à Forks.

Ri de minha esposa, mas ela tinha razão. Não foi difícil conseguir fretar um jatinho e em três horas já estávamos com tudo pronto. Seu nervosismo era evidente e nada faria com que ela se acalmasse naquele momento.

Depois de tudo ela se manteve bastante tempo calada e respeitei seu momento. Assim como eu, ela também deveria estar pensando em tudo aquilo e no rumo que as coisas tomaram. Só voltamos a conversar quando já estávamos no avião.

— Como faremos com Rosalie? — perguntou ela.

— Não sei querida... Mas daremos um jeito. Tudo vai ficar bem.

E mais uma vez voltamos ao silêncio. Sugeri que ela dormisse durante a viagem, mas eu mesmo não fui capaz de fazê-lo. Eu ainda tinha medo de Rosalie. E Esme provavelmente estaria sentindo-se fracassada como mãe. Ela nunca poderia imaginar... O que eu havia lhe contado fora apenas o suficiente para que soubesse que Bella não havia abandonado nosso filho.

Já era manhã quando enfim chegamos à Port Angeles. Fomos de táxi até Forks e antes de ligar para Bella, nos hospedamos numa espécie de pousada. Resolvi pequenas pendências, como o aluguel de um carro e, mesmo ela não querendo, fiquei com Esme enquanto a fazia tomar café da manhã e só então avisei à Isabella que já havia chegado. Fui ao seu encontro, em sua residência, e pedi que Esme ficasse para que descansasse e se refizesse da noite anterior.

As ruas de Forks continuavam as mesmas, assim como a brisa gélida que entrava pela janela do carro — que mantive abaixada. Eu gostava daquela cidade e gostaria de voltar a morar ali algum dia. Talvez Esme concordasse, uma vez que ouvi uma conversa sua com Edward, onde ela dizia estar sentindo falta de lá.

Não foi difícil encontrar o endereço de Bella e logo me vi em frente a sua porta. Fiquei parado ali por alguns minutos, pensando em tudo aquilo e no que ainda me esperava. Talvez algo tivesse mesmo acontecido a Edward e ela não quisera dar a notícia por telefone. Ou ele poderia estar ali... Será que algum dia meu filho compreenderia o que fiz? Me perdoaria? Eu só saberia se conversasse com Bella e foi assim que criei coragem para sair do carro e tocar a campainha de sua casa.

A Bella que vi em quase nada se parecia com aquela menina de alguns anos. As feições eram as mesmas, mas seus olhos estavam mais maduros. Seu jeito de menina estava ali também. Ela nunca mudaria, por mais que tivesse passado por situações dolorosas.

A puxei para meus braços, abraçando-a como eu fazia quando ela estava em minha casa. Sempre vi em Bella mais uma filha e creio que esse sentimento e as demonstrações, tenham sido um combustível a mais para Rosalie e seu ciúme desmedido de Isabella.

Não sei como consegui dizer algo naquele momento e muito menos “brincar”, mas assim como ela, eu também estava feliz por estar ali. Já na sala, meus olhos vagaram pelo lugar, procurando Edward, tentando descobrir alguma coisa.

— Ele não está aqui. Mas não precisa se preocupar, ele está bem. — disse ela, como se lesse meus pensamentos.

Sentamo-nos perto um do outro e eu queria dizer logo tudo de uma vez, queria que ela dissesse onde estava Edward... Algumas possibilidades me passaram pela cabeça, mas era apenas isso; possibilidades. Esme nunca quisera dizer onde ele estava, embora ela soubesse de seu paradeiro. Ele estava em Forks, mas onde? Eu tinha absoluta certeza que ele não voltara a nossa antiga casa, senão Alice já teria deixado escapar alguma coisa...

Bella começou a falar sobre Edward e passei a prestar atenção ao que ela dizia, deixando assim, outros pensamentos de lado. Fiquei surpreso por terem se encontrado em um restaurante. Edward nunca gostara dessas coisas e depois que a fama o atingiu, eu nunca fiquei sabendo que ele havia sido visto em locais assim... E mais surpreso fiquei quando ela disse que ele estava mesmo em nossa antiga casa. Pensei que ele nunca mais fosse voltar a colocar os pés ali... Não depois de tudo o que aconteceu naquela casa...

Vergonha. Foi isso o que senti por Bella me pedir para perdoar meu filho. Não era ele quem tinha que pedir perdão a mim... E que verdade era aquela? Era toda a verdade enfim? Sim, pelo que ela me disse, sim. Então Bella o perdoara... Sim, pois ela fora a prejudicada em tudo aquilo. Muito mais do que eu ou qualquer outra pessoa da família.

E por minha causa meu filho sofria. Como as pessoas tendem a ser idiotas quando pensam estar fazendo a coisa certa... Por mais que pensemos ser o certo, sempre acabaremos por magoar alguém.

— Eu também o amo. Você não tem noção do quanto eu amo aquele cara. E também me dói ficar longe do meu filho. — aquilo realmente era uma coisa que me afetava. E muito.

— Sei como se sente. Amo seu filho não só por ele ser um cara incrível, mas também por ter me dado uma filha incrível.

Pensei não ter escutado direito. Uma filha? Aquilo era pior do que eu pensava... Além de tudo o que passou, ela ainda enfrentou uma gravidez sem que Edward estivesse ao seu lado para acompanhá-la e apoiá-la. Mas olhando em seus olhos, eu vi a verdade. Eles tiveram mesmo uma filha. Fiquei meio atordoado com a notícia. Uma neta... Eu tinha uma neta!  E isso me deixava pior do que já estava. Não causamos sofrimento apenas à Bella...

Bella entregou-me alguns porta-retratos e eu via Edward em cada traço daquela pequena. Os olhos eram de um verde brilhante, possuía as mesmas sardas nas bochechas, o mesmo sorriso... Como ele teria ficado ao saber? Teria acreditado em Bella? Sim, claro que sim... Se não ela não estaria com ele... Mas sendo Bella, eu não duvidaria que, mesmo se ele desconfiasse, ela provaria o que estava dizendo e ainda seria capaz de perdoá-lo outra vez. Foi com receio e não com vergonha, que perguntei a ela sobre isso.

Meu desejo de avô falou alto. Eu queria conhecer minha neta, saber como ela realmente era. Mas fiquei feliz por saber que ela estava com Edward. Era uma prova de que estavam se dando bem, estavam construindo a relação deles. Eu estava feliz. Quando meus filhos nasceram senti a maior emoção da minha vida. Mas um neto... Neta, no meu caso... Era uma sensação diferente. Saber que seu filho colocou outro serzinho no mundo era algo tão inexplicável!

Continuei a conversar com Bella e tive que ouvi-la mais uma vez pedindo perdão por algo que não era sua culpa, senti-me mal por não tê-la podido apoiar quando seus pais faleceram. Eu queria mesmo estar ao seu lado, mas minha ignorância me impediu. Creio que o que mais me deixava arrasado era saber que eu via em Bella a filha que perdi. Sempre amei Rosalie, porém, a distância entre nós era algo perceptível para uma pessoa observadora. Talvez seu jeito arrogante tenha me afastado. Talvez eu mesmo tivesse feito isso. Minha relutância em adotar um bebê também poderia ter sido a culpada... Eu só queria ver Esme feliz outra vez... A quem eu queria enganar? Eu sentia por Rosalie a mesma coisa que se sente por um parente distante; o ama porque é um ser humano. Sim, era algo horrível de se admitir, mas era a verdade.

Eu teria continuado com aqueles pensamentos se Esme não estivesse me ligando. Bella retirou-se discretamente e então atendi a ligação.

— E então? Edward está aí? Você falou com ele? — ela nem me deu tempo de dizer “alô”.

— Não querida. Nosso menino não está aqui. Bella queria conversar apenas comigo, pedir que eu fale com ele e o perdoe. — minha voz estava falhando.

— Oh! Querido... Será que as coisas vão se acertar entre vocês?

— Espero mesmo que sim. Estou me sentindo tão mal com tudo isso...

— O importante agora querido é que temos a chance de nos redimirmos por tudo.

— Sim. Creio que sim. — declarei com minha voz cansada. Aquilo estava me consumindo.

Esme despediu-se dizendo que pensara em almoçar em algum restaurante, mas aquela não seria uma boa ideia... Quando eu lhe contasse sobre nossa neta ela ia gritar e começar a chorar. Não seria apropriado estarmos em um local público. Sentei-me novamente e voltei a olhar as fotos de minha neta. Amanda. Ela era tão linda... E eu não via a hora de conhecê-la e de começar a mimá-la até que me proibissem de chegar perto da menina.

Bella retornou à sala com uma bandeja e tomamos café enquanto eu a bombardeava com inúmeras perguntas. Alice tinha a quem puxar quando se tratava de falar sem parar... Eu queria saber tudo; onde ele estava morando, se estava mesmo bem — e ela entendeu o que eu quis dizer com isso. Tendo a profissão que ele tinha, não era difícil se machucar, mas ela não mentira se algo assim tivesse acontecido. Perguntei sobre Amanda também. Quantos anos ela tinha, se sabia de nós, se estava estudando, como ficara quando conhecera o pai... Bella respondia a tudo com bastante paciência e às vezes ria das perguntas atropeladas e quase sem sentido. Contudo, mesmo estando feliz por saber que tinha uma neta, eu ainda estava triste por toda aquela distância com Edward. Eu queria ver meu filho, abraçá-lo, dizer que o amava...

Olhei discretamente para meu relógio e vi que havia passado horas ali. Por isso Esme me ligara... Era hora de levantar acampamento, como diria Alice. Antes que eu me fosse, Bella pediu que eu desse um recado à Esme.

— Por favor, diga a Esme que nunca deixei de amar Edward. Quando ficarem sabendo de toda a história, entenderão. — disse ela e tentei sorrir. Agora minha esposa sabia.

— E agradeço por amá-lo. Edward sabe ser cabeça dura quando quer e acaba fazendo coisas sem pensar. — falei, pensando nas coisas que haviam acontecido por conta dessa teimosia.

Alguns minutos depois, antes de me despedir, falei aquilo o que queria desde que fiquei sabendo que os dois estavam juntos novamente.

— Será que Edward concordaria em conversar comigo? Gostaria de ver meu filho ainda hoje.

— Ele vai concordar. Nem que pra isso eu tenha que arrastá-lo até aqui e tenha que mantê-lo amordaçado.

— Obrigado. Bom, vou conversar com Esme e volto depois.

Dirigi com pressa e quando cheguei, encontrei Esme andando de um lado para o outro. Não tive tempo de sentar e assim como eu fiz, ela me bombardeou com inúmeras perguntas. Contei sobre Bella, sobre Edward e deixei Amanda por último. Eu queria ver sua expressão sem perder nada.

A puxei até a beirada da cama e ela sentou-se, me olhando de um jeito ansioso. Até que consegui rir disso.

— Você está me deixando nervosa, Carlisle... Quer me contar logo tudo o que aconteceu?

— Já vou contar! Nós... Nós temos uma neta. O nome dela é Amanda e eu vi algumas fotos. Ela é encantadora e a cara do Edward.

— Oh! Uma neta! Nós temos uma neta! — me afastei um pouco, tentando proteger meus ouvidos dos gritos que ela dava — Qual é o nome dela? Não, isso você já me disse... Ela sabe de nós? Bella vai nos deixar conhecê-la? E Edward? Como ele reagiu ao saber? Será que...

— Esme! Calma! Pelo que Bella me disse, nunca escondeu de Amanda quem era seu pai. Ela sabe de todos nós, mas acho que seria melhor resolvermos tudo com nosso filho e com Bella antes de podermos conhecê-la. Vamos conhecer nossa neta sem nenhuma pendência com o passado.

— Sim. Tem razão. E quando poderei ver Isabella e meu filho? Quando poderei me desculpar com ela? — Esme estava novamente angustiada e apertei suas mãos, tentando acalmá-la.

— Eu disse a ela que viria conversar com você e depois voltaríamos. Vamos ficar um pouco por aqui, pois Bella ainda tem que conversar com Edward e saber se ele concorda em conversar comigo. Sem contar que temos que almoçar; que Bella tem coisas a fazer...

Mesmo não tendo ficado feliz, ela concordou. Almoçamos sem pressa, conversamos sobre tudo aquilo e apenas esperamos o tempo passar... E ele sabia ser lento quando queria... Andamos um pouco por Forks, revimos algumas coisas, descobrimos outras... Foi enquanto caminhávamos que Esme expressou seu desejo que viver ali novamente. Então nós voltaríamos.

POV EDWARD

Não consegui dirigir de uma forma calma. Eu sentia que havia acontecido algo que Bella não quisera me contar e só de pensar no que quer que fosse eu sentia calafrios. Não deu tempo nem de sentir a brisa que se infiltrava pela janela do carro...

A rua onde Bella morava estava estranhamente movimentada. Alguns meninos jogavam bola e quando saí do carro, ouvi um “Caraca! É ele mesmo!” sorri minimamente com aquilo. Eu mesmo, quando comecei a correr profissionalmente, ficava meio embasbacado por estar perto de caras que eu tinha como ídolos. Mas segui meu caminho, vendo como eles se acotovelavam e empurravam o que parecia ser o mais velho pra perto de mim.

Já estava prestes a tocar a campainha quando o menino enfim se aproximou, com as bochechas bem vermelhas.

— Você é o piloto não é? — até que ele foi mais confiante do que eu... Pelo menos não parecia estar tremendo.

— Sou eu mesmo. E você, quem é?

— Mike Newton Junior!  Eu e meu pai somos pirados por corridas e cara, você é o melhor!

— Não sou não, mas obrigado. — eu estava com vergonha de uma criança? Sim, estava.

— Conhece a tia Bella? Sou amigo da filha dela.

Opa! Não gostei do moleque... Que negócio é esse?

— É mesmo? Amanda é muito bonita não é? — agora eu te pego, moleque magricela...

— Muito mesmo! Eu vou namorar com ela, sabia? Mas a tia Bella me disse que ainda somos muito pequenos e que o pai dela não vai deixar...

— Pode apostar que não. — moleque, se eu te pego...

— Conhece ele? Eu não sei quem é.

Eu abaixei, ficando na altura de seus olhos e o encarei. O moleque pareceu engolir seco e aquilo até me deu certa satisfação... Isso; fique com medo de mim e se mantenha longe, bem longe da MINHA filha...

— Olha aqui, moleque... Se eu te pegar perto da minha filha...

— Ela é... Ela... Você é pai dela?!

— Sou. E te quero bem longe dela, ok?

O moleque balançou a cabeça freneticamente e saiu correndo, sem dar atenção aos amigos que o chamavam. Sorri e levantei, mas dei de cara com Bella e ela não me parecia feliz... Quê? Fiz algo errado? Sem me deixar falar, ela apenas apontou o interior de sua casa e eu, mesmo sabendo que a ouviria dizer que aquilo estava errado, pude respirar aliviado. Ela estava bem.

A porta se fechou com um estrondo e quase me encolhi. Sim, quase, pois meus olhos estavam mais interessados nas fotos de Amanda, que se espalhavam por toda a sala. Era quase um exame minucioso. Em algumas, um bebê rechonchudo e de bochechas vermelhas aparecia dormindo. Em outras, uma menininha exibia um sorriso banguela. Era impossível não me sentir mal por não ter participado de tudo aquilo. De não ter visto minha garotinha vestindo o uniforme pra seu primeiro dia na escola.

— Ei...  Não fique assim, Edward. — Bella chamou minha atenção, me abraçando e tentando me tirar de perto das fotos — Você prometeu que ia tentar, lembra?

— Isso. Prometi que ia tentar. Em momento algum eu disse que estava conseguindo.

— Pois se esforce mais. Por favor, Edward... Estamos recomeçando, tentando ser felizes... Você acha que se continuar pensando nisso vamos conseguir? Cada vez que eu o vir dessa forma, sempre se culpando, sempre pensando no que poderia ter sido, vou me sentir mal por não ter te procurado, por não ter contado. E vamos ficar sempre nesse ciclo vicioso.

Ela estava certa, sempre estaria, mas pra mim não era tão fácil. Foi por uma burrice minha que eu estava daquela forma. E eu não tinha o direito de fazer com que Bella se sentisse culpada de nada.

— Tudo bem. Vou me esforçar mais. — e eu agradeci por ela ter esquecido o que me ouviu falar com o moleque.

Bella sorriu. Mas aquele não era um sorriso “bobo e meigo” era algo meio... Como eu posso dizer? Malicioso. E eu conhecia bem, muito bem, aquele sorriso... Ela queria minha morte, era isso... Antes que pudesse ter algum pensamento coerente, eu já estava sobre o sofá, Bella em meu colo e aquele sorriso nos lábios.

— Bella... Não me tente. — não sei como consegui formular a frase...

— Não estou te tentando. Só queria beijar descentemente meu namorado e...

Não a deixei terminar de falar. Tomei seus lábios em um beijo que poderia ser tudo, menos descente. Nossas mãos se perderam, vagando meio que sem rumo por entre nossos corpos, numa tentativa de nos mantermos mais próximos. Muito longe, em algum lugar do meu cérebro, registrei o barulho de algo sendo rasgado, mas aquilo não importava... Não mesmo. Não naquele momento.

Nossas línguas numa dança quase libidinosa, me fazendo perder a noção de tudo. Até mesmo de quem eu era.  Mãos, beijos, mordidas, gemidos... Essas combinações estavam me fazendo perder o juízo... Eu não queria ter juízo.

Os gemidos de Bella estavam me deixando fora de órbita. Eu nem mesmo sabia mais o que estava fazendo; só sentia suas unhas em meus braços, me arranhando, me apertando. Abri meus olhos pra ter uma noção exata do que estava fazendo. Bella estava sem a blusa; minhas mãos em seus seios e ela... Completamente entregue. Os olhos fechados e seu corpo arqueado em minha direção.  Suas bochechas estavam avermelhadas, os lábios intumescidos por conta dos beijos — talvez por conta das mordidas também — e igualmente avermelhados. Nossa respiração era rápida, entrecortada. Tirei minhas mãos de seus seios e tentei olhar apenas para seu rosto.

— Me dê — começou ela, me olhando feio e respirando fundo — um ótimo, um maravilhoso motivo pra ter parado.

Qualquer coisa que eu falasse, por mais sensato que fosse meu motivo, ela ia dizer que eu era idiota mesmo...

— Eu nem sabia o que estava fazendo pra dizer a verdade... Você me seduziu e eu perdi a noção do que acontecia... Sem contar que não pensei que o sofá da sua sala fosse o ideal pra estarmos juntos depois de tanto tempo.

E ela... Sorriu? Foi isso mesmo? Mas esse era um sorriso meigo...

— Idiota... Qualquer lugar seria o ideal... Porque seria com você. E eu não te seduzi nada! Só queria te dar um beijo... Mas, já que meu sofá não merece isso, meu quarto fica lá em cima. Primeira porta à direita.

Ela estava falando mesmo sério? Porque se estava, eu não saberia mesmo se conseguiria levar toda aquela situação por mais que alguns poucos minutos...

— Bella... Estou mesmo considerando sua proposta. Ainda mais pelo fato de você estar sem blusa... Tá meio complicado aqui sabe?

Só então ela pareceu se dar conta do que havia acabado de acontecer. Imediatamente ela cobriu os seios com as mãos e tentou esconder o rosto. Tudo ao mesmo tempo. E mal obtendo êxito.

— Agora está com vergonha? Que engraçado! Pensei ter escutado bem quando me convidou pra conhecer seu quarto.

— E eu convidei mesmo! Mas... Eu sei lá! Sempre tive vergonha... E agora... Bem, meu corpo não é mais o mesmo.

Fiquei sem entender. Havia alguma coisa de errado com o corpo dela? Por que... Pelo que eu estava vendo, estava tudo perfeito.

— Isso é verdade. Você está mais gostosa do que antes. E, por favor, poderia colocar a blusa?

— Fecha o olho?

— Claro. Que não! Vamos Bella... Já te vi nua outras vezes. Se bem que agora as coisas estão muito, muito melhores... — eu estava tentando fazer graça pra ver se conseguia me concentrar...

Ela, ainda em meu colo, se virou e abaixou, pegando a blusa que estava no chão. Eu acompanhava seus mínimos movimentos, apreciando cada centímetro de sua pele. Só então olhei pra mim mesmo. O barulho de coisa rasgando era proveniente de minha camisa, que só serviria pra pano de chão. Em que momento fizemos aquilo? Não estávamos pensando mesmo...

— Desculpe por isso. — disse ela, apontando a camisa.

— Tudo bem. Sei que você vai adorar se eu ficar assim...

— Você é tão cretino... Gosto mais do Edward carinhoso, meigo... Esse seu lado cafajeste é muito... Cafajeste!

— Mas você gosta Isabella! Eu sei que gosta.

Nós acabamos rindo e ela me olhou como se estivesse lembrando-se de algo. Ela levantou e pediu que eu fizesse o mesmo. Sem entender, fiquei de costas, já que ela estava me virando como se eu fosse um boneco.

— Você é maluco ou o quê? Eu sabia que tinha visto alguma coisa quando fui até sua casa da primeira vez, mas isso... Pirou, foi?

Ah, sim! A tatuagem! E não é que eu tinha esquecido ela? Agora não precisava, Bella estava comigo outra vez.

— É só uma tatuagem! — tentei minimizar, mas seria mesmo impossível esquecer. Doeu pra cacete!

— Só uma tatuagem? É a minha cara, criatura!

— Amor... Eu só queria que você estivesse perto de mim e essa foi a forma que encontrei.

— Você não é normal... Não quero nem imaginar a dor que isso deve ter causado...

— Doeu, mas não me arrependo.

Bella passou os braços a minha volta e senti um beijo em minhas costas. Ela estava querendo mesmo me enlouquecer... Apertei suas mãos, me virando. Sua expressão era de falsa inocência, o que me fez rir.

— Depois fica com vergonha...

— É inevitável. Por mais que eu o queira, sempre sentirei vergonha.

— De quê? Você é linda, seu corpo está perfeito... Nós nos amamos e é normal que o desejo esteja presente.

— Sei disso... Só não consigo explicar. Faço e falo coisas que depois me dá muita vergonha. É como se não fosse eu, entende?

Tive que rir com essa... Bella era tão... Bella! Só ela pra sentir vergonha de seguir seus instintos, de fazer e falar o que lhe agrada... Eu nunca me importei com isso. Na verdade, adorava quando ela tomava conta da situação e fazia tudo do seu modo, como ela gostava.

Seu telefone tocou e eu ri de sua expressão frustrada. Sentei-me novamente e a puxei pra perto de mim. Ela estava falando com nossa filha e só por isso me comportei. Isso também me fez lembrar que eu estava ali por algum motivo que Bella não teve tempo de me contar... Algo sério não era, pois se fosse, ela jamais deixaria de lado. Ela também havia dito que eu a perdoaria. Mas... Perdoar o quê?

— Sua maravilhosa filha mandou um beijo bem grandão, do tamanho do mundo inteirinho e disse: “a tia Alice falou que se o papai quiser dormir aí não tem problema”.

Nós rimos disso. Alice... Sempre arrumando tramoias...

— E eu não me importaria também, mas... Quero mesmo saber o que estou fazendo aqui... Você disse pra eu vir pra cá...

— Sim. Bom, as coisas meio que saíram do controle quando você chegou... Aquela cena vergonhosa que você fez ao espantar o Mike ainda está na minha cabeça...

— Só estou protegendo a minha filha! Aquele moleque não presta!

— Edward! Ele é só uma criança! Ele não vai desvirtuar sua filha só porque brinca com ela!

— Mas é assim que começa...

— Ok. Ele vai sim continuar brincando com nossa filha e ai de você se fizer outra cena como aquela.

Ela estava mesmo falando sério. Era melhor eu ficar quieto...

— Mas eu pedi que você viesse aqui porque tenho uma coisa importante a contar. — ela respirou fundo e não desviou seus olhos dos meus. Era sério — Conversei com seu pai. Liguei pra ele, pedi que viesse à Forks e foi por isso que quase sumi o dia inteiro. Fiquei ansiosa, esperando que ele chegasse...

— Por que fez isso? Ele não quer me ver.

— Quer sim meu amor. Eu fiz isso porque não gosto de saber que está triste por não falar com seu pai. Eu sei o quanto o ama e sei o quanto ele te ama também. Eu só queria que vocês se acertassem; que pudessem ser pai e filho outra vez. Me desculpe por ter me metido nesse assunto, sei que não gosta de falar sobre isso...

— Tudo bem. Só fiquei surpreso com isso... Ele te tratou bem? Falou alguma coisa que não gostou?

— Não amor... Seu pai ficou emocionado com tudo o que falei. Agradeceu por eu ter continuado a te amar e por estarmos juntos agora. Ele chorou quando soube de Amanda... E enquanto falava de você, os olhos dele brilhavam... Pedi que viesse porque Carlisle queria conversar com você ainda hoje e eu prometi a ele que você estaria aqui, mesmo sem saber se você aceitaria ou não.

Afundei meu rosto nos cabelos de Bella e respirei fundo, buscando algum tipo de força, apoio ou qualquer coisa assim. Meu pai estava em Forks. Ele queria falar comigo. Ele aceitara minha filha. Só mesmo Bella pra fazer uma coisa daquela... Como seria agora? Ele acreditaria em mim ou me veria apenas pra dizer que eu não passava mesmo de um moleque inconsequente que não merecia a mulher que estava ao meu lado?

Não... Ele não viria até Forks pra isso... Bella disse que ele havia agradecido... Talvez fosse a hora de tudo se acertar mesmo.

— Pode avisar ao meu pai que estou aqui. — falei, me afastando um pouco.

— Você quer mesmo isso? Não faça só porque eu liguei pra ele...

— Não meu amor. Está na hora de esclarecer tudo. E obrigado por isso.

— Não me agradeça. Fiz por nós, porque te amo.

— Eu também te amo Bella. Mais do que pode imaginar.

Ela se inclinou sobre mim e me deu um beijo — calmo dessa vez. Logo em seguida, foi até a casa de sua vizinha pra pegar uma camisa emprestada, já que eu não poderia continuar daquela forma, e eu fiquei pensado... Será que minha mãe estava junto? E Rosalie? Contaram pra ela que estavam em Forks? Como seria depois daquele encontro?

Provavelmente Bella não demorou muito, mas só me dei conta de sua presença quando ela disse que já havia ligado para meu pai e me estendia a camisa. Havia um papel preso a ela e Bella riu.

"Espero mesmo que você seja um homem bem cheiroso... Nunca, jamais, nem que meu marido se separe de mim, eu vou lavar essa camisa. Sim, eu a quero de volta e faço questão que você mesmo me entregue.

Faça minha amiga feliz porque se não fizer... Eu te capo.

Beijos entre suspiros, Angie,

P.S: Com certeza terei sonhos impróprios..."

— Tenho o direito de saber o que isso significa ou...?

— É só a Angie... Ela meio que tem um tombo por você.

— E você não liga?

— Não. Ainda mais sendo a Angie! Ela é louca pelo marido. Tudo bem que isso não a impede de ter sonhos eróticos com você e de querer contá-los detalhadamente, mas não ligo não.

— Ok. Acho que posso conviver com isso... Mas enfim! Agora é só esperar meu pai chegar.

Eu não estava tão confiante assim, mas realmente era isso o que eu tinha que fazer. Bella ficou comigo todo o tempo, mesmo quando eu quase desisti de tudo. Ela se preocupou comigo. Ligou para meu pai, correu o risco de ouvir coisas que não eram verdadeiras... O mínimo que eu poderia fazer era... Ficar ali... E esperar...


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Notas finais do capítulo

Bom, estou aqui, me abaixando para fugir das pedradas, mas sim, eu parei aí.
Reviews? Recomendações? Mereço? Não? ok...
Chegou até aqui? Ótimo! Que tal deixar sua opinião? Não dói, não cansa, é de graça e ainda faz uma pessoa feliz!
beijos e até o próximo!