O Peso De Uma Mentira escrita por Arline


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Cá estou com mais um cap. Espero que gostem.
Obrigada pelos reviews e pelo carinho.
Elogios, críticas construtivas, dúvidas que queiram tirar... É só deixar um review ou uma MP. Não mordo.
Nos vemos lá embaixo!
Ao cap!



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CAPÍTULO 18

POV EDWARD

Por um bom tempo permaneci no mesmo lugar onde Bella me deixara antes de ir pra casa. As informações ainda estavam sendo processadas por meu cérebro. Eu queria saber o que mais Alice tinha pra me contar e o fato dela ter decidido ir dormir só me deixava mais ansioso. Tentei não pensar no que seria, tentei não tirar conclusões precipitadas, mas era complicado. Várias hipóteses passavam por minha cabeça, me fazendo acreditar que nada do que eu estava pensando seria útil.

Refugiei-me em meu quarto, onde minha filha estava. Sua expressão era até engraçada; parecia que ela estava entediada. Até eu estava... Mas não pude deixar de sorrir quando, assim que me viu, ela esticou os braços, me chamando para ficar ao seu lado. Ela estava assistindo a um desenho, mas deixou a televisão de lado, só pra me olhar. Aqueles olhos curiosos, cheios de questionamentos e dúvidas...

— Papai... Quando eu voltar pra escola vou poder dizer que você é meu pai?

— Não vai precisar dizer meu amor. Eu vou te levar à escola e vou estar lá quando você sair. Eu prometi que nunca mais ia sair de perto de você, não foi?

Ela apenas balançou a cabeça em sinal afirmativo e depois me abraçou, voltando a ver seu desenho. Eu queria muito ficar ali e compartilhar do seu mundo descomplicado, mas não dava... Além de ter que pensar no que daria pra ela almoçar. Acho que Bella não ficaria satisfeita se soubesse que almoçamos pizza congelada...

— Tá triste papai?

— Triste? Como eu ficaria triste se a menina mais linda do mundo é minha filha e está bem pertinho de mim?

— É que a mamãe fica assim, muito quieta quando está triste.

— Mas eu não estou não. Só estou pensando um pouco.

E eu estava mesmo. Em muitas coisas. Inclusive em perguntar à Amanda sobre o tal do Jasper. Mas isso não seria nada legal caso Bella descobrisse...

— Filha... Você gosta do... Do namorado da sua mãe? — não resisti e acabei perguntando, me arrependendo logo em seguida.

— Eu gosto muito do Jasper. Ele é meu amigo, mas não é mais o namorado da mamãe. A gente faz um monte de coisas! Ele me leva pra tomar sorvete, pra ver os bichinhos... Você conhece ele?

— Não meu bem. Eu só perguntei por perguntar.

Eu era mesmo idiota. Perguntar algo que eu já sabia só pra descobrir se minha filha gostava mais do... Do tal Jasper do que de mim...

Amanda, não entendendo minha curiosidade, deu de ombros e voltou a ver seu desenho, enquanto eu lhe fazia cafuné. Eu nem prestava atenção ao que estava passando, muito menos sabia que tinha aqueles canais na TV a cabo, mas ouvia a risada de Amanda e acabava por rir também.

Fiquei feliz por saber que ela havia gostado de Alice. Seus olhos brilhavam quando falava da tia. Era como se elas se conhecessem desde sempre.

— Sabia que sua tia está esperando um bebê?

Amanda escondeu a cabeça em meu peito e ficou quieta, fingindo que via televisão. Mas não era muito difícil saber o que ela estava pensando...

— Não precisa ficar assim. Eu vou continuar te amando. Pra sempre.

— Mas a tia Alice vai ter um bebê e eu já sou grande...

— Não importa que seja grande; você vai ser minha filha pra sempre. Vamos continuar te amando do mesmo jeito.

— A tia Alice não...

— Claro que vai! A gente pode amar um monte de gente ao mesmo tempo. Você não ama sua mãe? — ela só acenou com a cabeça — E também não ama sua madrinha e seu padrinho?

— Amo... E amo também você e meu tio Emmett, o Jasper, o vovô Jared e o vovô Joseph...

— Viu só? Aqui — a cutuquei, na altura do coração, fazendo-a rir — cabe todo mundo que a gente ama.

E ficamos quietos, ela vendo televisão e eu pensado em tudo ao mesmo tempo. Não muito tempo depois, Alice entrou em meu quarto e era a hora dela me contar o restante de sua história... Fomos para a sala e me preparei para ouvi-la. Minha irmã mais parecia uma garotinha assustada e lhe sorri; pra que ela soubesse que eu estava ali para apoiá-la no que quer que fosse; sem repreensões ou acusações.

— Antes de mais nada, peço que me desculpe por não ter te contado primeiro sobre a gravidez... Eu estava tão perdida e quando vi Bella por aqui, achei que ela poderia me ajudar, ainda mais por ser mãe. — começou Alice, ainda hesitante.

— Não me peça desculpas por isso. É normal que quisesse conversar com uma pessoa que passou o mesmo que você. Só o que me deixa intrigado é o fato de não ter procurado nossa mãe.

— Chegarei a esse ponto, mas vou começar do começo, como diz o papai. — disse ela — Peter, o pai do bebê, não sabe que estou grávida. Nós brigamos semana passada e eu disse que nunca mais queria vê-lo. Depois que ele saiu do ateliê eu passei mal e a sorte foi ter Victória por perto. Quando cheguei ao médico e depois de alguns exames, ele disse que estou grávida de um mês e, como nunca fui muito certa nessas coisas, nem desconfiei.

— Sendo você, não é de se espantar que outra pessoa tivesse mesmo que lhe dizer que está grávida! — eu ri e ela me olhou torto.

— Cale a boca. Ok? Então, depois de ficar sabendo, pensei em contar aos nossos pais, mas senti medo. Sei que eles não vão pedir que eu aborte, mas não sei o que podem pensar... Eu e Peter estamos juntos há seis meses apenas e agora nem sei mais como as coisas ficarão entre nós... Pensei em esfriar a cabeça e resolver o que fazer. Eu também não sabia como você ia reagir e fiquei aliviada quando vi Bella aqui e soube de Amanda. Ela me disse que você estava muito diferente e que era pra eu contar; que você ia me apoiar e...

Interrompi minha irmã quando a puxei pra perto de mim. Aquela não era a Alice que eu conhecia... Talvez ela fosse mesmo daquela forma; insegura, mas ao me ajudar ela sempre me passou tanta segurança...

— É claro que eu vou te apoiar e não tem motivos para temer o que nossos pais irão pensar. Mamãe vai ficar exultante com a notícia e papai então... Acho que ele vai babar mais do que seu filho. Ou melhor, filha.

— E se Peter não quiser ficar comigo? Ele não gosta do que faço, diz que trabalho e me exponho demais... Ele me pediu em casamento, mas disse que eu teria que largar minha profissão.

— Se ele te ama, vai saber aceitar sua profissão. Mas, se isso não acontecer e ele não quiser mais ficar com você é porque não vale a pena. Contudo, o bebê não tem nada a ver com os problemas de vocês. Conte a ele que está grávida, converse e espere o que ele vai fazer. Se não quiser voltar e nem saber do bebê, eu estarei aqui pra te apoiar no que for preciso, mas se ao contar, ele quase tiver um ataque do coração e quiser ficar com você mesmo não gostando de sua profissão, só desejo que seja feliz. E outra coisa; só volte pra ele se tiver certeza que ele a ama e não apenas pelo filho que terão.

Um largo sorriso iluminou o rosto de minha irmã e a doida pulou em meu colo, distribuindo beijos por meu rosto e dizendo que me amava.

— Vai estar ao meu lado quando eu contar aos nossos pais sobre o bebê? — questionou ela, séria dessa vez.

— Não sei Alice... Nosso pai não quer nem me ver pintado de ouro, quanto mais estar num mesmo ambiente que eu...

— Faça isso por mim, Ed...

— Meu bem, não é por não querer estar ao seu lado... Só não quero que uma confusão seja formada por minha causa. Você está grávida e não pode passar por situações estressantes.

Seus olhos brilharam e eu não sabia o motivo. Mas Alice me parecia tão diferente! O sentimento de proteção que eu já tinha parecia ter aumentado; eu queria cuidar dela, estar perto para o caso de precisar de qualquer coisa, mesmo que fosse de apenas um copo d’água.

— É impressão minha ou você vai pegar no meu pé?

— É claro que vou! Acha que vou deixar você fazer alguma loucura com minha sobrinha aí dentro?

Alice bufou e depois sorriu, deitando a cabeça em minha perna.

— Obrigada Ed! Você é o melhor irmão gêmeo do mundo!

— E você é a mais doida. E não tem que me agradecer. Sou seu irmão, seu amigo... E sempre estarei aqui pra você. E mais uma coisa; eu te amo.

— Eu também te amo, cabeção! Muito.

Pena que nosso momento “o amor está no ar” durou pouco... Alice disse que estava morrendo de fome e que era pra eu ajudá-la a preparar o almoço. De uma coisa eu tinha certeza; sairia algo muito melhor do que se apenas eu tivesse fazendo...

O restante da tarde passou tão lentamente que pensei que o relógio estivesse quebrado. Alice praticamente sequestrou Amanda depois do almoço e, junto com Victória, se trancaram no quarto. Mesmo na sala eu ouvia as gargalhadas delas. E isso era bom, assim Amanda saberia que nada ia mudar... Quanto à minha vida... Em breve eu estaria frente a frente com meu pai e isso estava me deixando nervoso.

Como ele reagiria ao saber que estava dando à Alice o apoio que tinha que ser dado à Bella? Como seria quando ele soubesse de tudo? E minha mãe? Fora a gravidez de Alice, ainda tinha Bella, Amanda e toda a história de Rosalie...  Se eu tivesse contado tudo antes, quando Rosalie começou com suas loucuras, talvez agora tudo fosse diferente... Mas não havia como mudar o passado e minhas atitudes anteriores; o jeito era seguir em frente e enfrentar as consequências...

POV BELLA

Já cheguei em casa me preparando para a arrumação e perdi umas boas horas entre arrumar a casa e lavar a roupa... Só o que me deixava aliviada era saber que não teria que ir trabalhar depois... Na hora do almoço recorri à Ang. Eu não estava mesmo com ânimo pra mais nada!

— Pensei que você tinha se mudado de vez pra casa do gostosão... — disse ela, fazendo cara de cão carente.

— Nem comece! Eu só estava lá por causa de Amanda. — ela riu debochada — Sem contar que Alice voltou e trouxe uma amiga. Não tem nada a ver eu ficar por lá.

Seus olhos quase saltaram das órbitas, como se eu tivesse dito a maior asneira do mundo.

— Você é burra ou se faz? Tem outra mulher naquela casa que não tem nenhum laço sanguíneo com Edward e você simplesmente o deixa assim, à disposição?! Acorda! É claro que ela vai se jogar pra cima dele!

— Ainda não consegui encontrar o problema nisso...

— Como? O problema, Bella, é você jogando o Edward pra cima de outra mulher!

Eu a olhei meio estupefata. Ângela jamais me entenderia... Se Edward se interessasse por Victória, que fosse feliz com ela ou com qualquer outra; por mais que me doesse... Eu só não tinha o direito de “prendê-lo” a mim. Só Deus sabia quando eu perderia aquele medo de ter Rosalie por perto... E eu tinha esse direito, não?

— Angie, Edward tem o direito de seguir a vida dele. Caso se interesse por Victória só posso desejar que seja feliz.

— Mas isso está errado! Me dê um bom motivo pra que você não diga a ele que ainda o ama. E quando eu digo bom, tem que ser ótimo!

Suspirei e fitei minha amiga, que me olhava quase com pena. Aquilo me deixou desconcertada. Pra que Angie chegasse a sentir pena era porque as coisas estavam sérias...

— Eu tenho medo Angie... Tenho medo do que pode vir a acontecer quando Rosalie tomar conhecimento de tudo isso... São muitas coisas em risco agora.

— Muitas coisas tipo; Edward? E não foi por causa dela que vocês tiveram que passar todos esses anos separados? Não foi por causa dela que vocês sofreram como dois condenados? Mas que droga! Essa mulher merece isso? Merece que vocês vivam assim pelo resto da vida?

Eu sabia que Angie tinha razão, que eu não poderia viver daquele jeito, mas como se explica isso pro seu cérebro? Como você faz com que ele entenda que nada do que te aconteceu se repetirá? Talvez meu destino e o de Edward fosse esse: vivermos pra sempre com medo do que Rosalie pudesse fazer.

— Eu não sei! Você acha que não quero dizer a ele que o amo? Acha que não tenho vontade de esquecer de uma vez tudo o que aconteceu e viver minha vida com Edward e Amanda? Mas eu não consigo Angie! Desde quando fiquei sabendo das maldades que Rosalie é capaz, fico imaginando o que ela pode fazer contra nós.

— Te entendo Bella, mas acho mesmo que não pode deixar que Rosalie assombre vocês dessa forma! Já passaram por muitas coisas por conta dela e se você conseguiu perdoar Edward, deve valer a pena enfrentar o que quer que seja. Não? E não esqueça que ele estará ao seu lado. Vocês estarão juntos agora, sem mais mentiras, sem desconfianças...

— Tudo bem Angie. Prometo que vou pensar. Ok?

Ela apenas assentiu e depois de ajudá-la na cozinha, fui pra casa. Por mais que eu quisesse não me meter mais na história de Tanya e Jasper, não me contive e liguei pra Jared. Ele estava triste com a reação do filho, que enxergava em Tanya a mãe volúvel. Esse foi um dos motivos pra que agredisse o amigo; já que não poderia fazê-lo com a irmã. Além de achá-la culpada pelo fato da mãe tê-los abandonado. Mas ele não entendia que a culpa era apenas de Maria, que não conseguia criar laços afetivos com ninguém? Jared pediu que eu conversasse com Jasper, mas eu não queria problemas naquele dia... Era melhor deixar pra quando ele fosse levar Amanda ao cinema, assim poderíamos conversar depois, com calma.

Fugindo dos problemas, liguei pra Tanya e fiquei feliz por saber que ela e Emmett estavam se acertando. Ri um pouco de sua insegurança, seu medo de cair enquanto andava ou de falar algo inoportuno... Qualquer coisa que ela fizesse ou dissesse, Emmett bateria palmas, por mais inoportuno que fosse... Ela ainda não tinha notado que ele estava apaixonado por ela? E ainda ri mais quando ela me assegurou que ele foi um perfeito cavalheiro e a havia deixado em frente ao prédio onde ela morava. Eu estava feliz por eles.

Sem muito mais o que fazer, fui para meu quarto, ver televisão. Eu estava sentindo falta de Amanda por ali, dizendo que queria ver desenho. Eu sentia como se cada minuto longe dela fosse uma vida inteira. Mesmo quando ela ficava com Angie, eu queria ligar toda hora, sempre arrumava um jeito de falar com ela, saber se estava bem... Sem contar que quando ela teve que ir pra escolinha eu quase desabei de tanto chorar. Mesmo a professora dizendo que aquilo era bom pra ela, que começaria a interagir com outras crianças e a se desenvolver, eu não queria deixar minha pequena...

Aquele medo de Edward querer tirá-la de mim havia passado. Agora eu sabia que ele não o faria e que faria todo o possível pra que ela permanecesse sempre comigo. Se ele fez o que fez para proteger a mim de sua irmã, eu nem queria imaginar do que ele seria capaz por Amanda... Minha única esperança era de que minha filha pudesse unir pai e filho novamente. Eu não me sentia bem sabendo que era por minha causa — em partes — que eles haviam deixado de se falar. Se um dia ele fez algo por mim, agora era minha vez de fazer algo por eles.

Eu precisaria de ajuda e apenas Victória poderia fornecê-la sem levantar suspeitas...

Já era noite quando cheguei à casa de Edward. Ele estava dormindo no sofá e nem ao menos se importou com o barulho da campainha. Alice me puxou até seu quarto e, se eu fosse um homem, ela não ligaria para meus constantes olhares em direção à Victória. Alice sabia, pelo meu jeito, que eu queria falar com a loira.

— O que foi Bella? Algum problema com Victória? — inquiriu Alice, com sua voz carregada de ironia.

— Nenhum. Por quê? — tentei imprimir um tom indiferente à minha voz.

— Parece até que está com ciúmes... Ou algo assim...

Amanda olhava a tudo sem entender e Victória assumiu um ar preocupado, enquanto Alice parecia se divertir. Aquela era minha oportunidade de falar com ela...

— Não há motivos para ciúmes, mas eu gostaria mesmo de falar com Victória...

Suas expressões tornaram-se apreensivas. Mas não havia outro jeito; Alice armaria um circo para algo pequeno e isso era algo que eu não queria; se, contar que eu preferia fazer as coisas ao meu modo.

Fiz um sinal pra que Victória me acompanhasse e segui para o quarto que seria de Amanda. Ela se manteve calada e eu estava com vontade de rir, mas me mantive firme. Pelo menos até que entrássemos no quarto...

— Olha, não precisa se preocupar... Não estou interessada em Edward e, mesmo se estivesse, o amor dele por você é notável e eu jamais me interporia entre vocês... — ela começou a se explicar e eu não me aguentei, comecei a rir.

— Victória! Não estou preocupada com isso. — falei, tentando recuperar o fôlego — Desculpe tê-la feito pensar que a traria aqui para um assassinato doloroso, mas era a única forma de falar com você sem que Alice se metesse na conversa.

Ela pareceu relaxar e contei a ela tudo o que estava pensando. Mesmo tendo relutado, por conta de Alice, ela acabou aceitando me ajudar.

— Não fique chateada com Alice, mas ela me contou tudo o que houve entre você e Edward... Claro que não tenho nada a ver com isso e não precisa me responder se não quiser, mas... Você o ama, não?

Mais uma vez aquela pergunta... Mais uma pessoa que tentaria me convencer que eu tinha que contar a ele... Mais uma pessoa que não entenderia meus motivos pra não contar...

— Eu o amo. Amo tanto que às vezes não sei se vou conseguir guardar isso por muito tempo mais.

— Então, como já estou me metendo mesmo, vou perguntar; e por que não conta? Tem medo que ele haja da mesma forma?

— Já me passou pela cabeça, mas agora sei que ele teve motivos pra fazer o que fez. E esses motivos estão bem vivos... Não quero começar algo com Edward e novamente Rosalie aparecer e causar mais danos; sem contar que agora temos Amanda. Eu suportaria que Edward me deixasse novamente, que dissesse as maiores barbaridades, mas Rosalie me odeia e vai querer me atingir com aquilo que mais amo. Se algo acontecer à minha filha, acho que enlouqueço.

Victória me sorriu compreensiva. Mas eu sabia, por causa daquele brilho em seus olhos, que ela continuaria a insistir naquela história...

— Como mãe; não posso imaginar o que se passa em sua cabeça, mas como mulher, entendo seu coração. Se ainda o ama, mesmo depois de tudo o que aconteceu, não acha que é um “sinal”? Aconteça o que acontecer, sempre vai amá-lo e ele te ama! Assim, sem querer pressionar... Eu acho que você devia mesmo contar a ele.

— Imagina se tivesse pressão... Mas eu vou contar. Você não sabe o quão difícil é estar tão perto dele e simplesmente agir como se nada acontecesse... Só não sei muito bem como fazer isso... Sempre morri de vergonha dessas coisas, ainda mais sendo ele... Sempre achei tão estranho o fato de Edward ter se apaixonado por mim... Eu sempre fui tão sem graça!

— Acho que estranho seria se eu me apaixonasse por você! Vai lá, mulher! Ajeita o cabelo, barriga pra dentro, estufa o peito e coragem!

— Eu não vou conseguir... Vou cair na risada antes que consiga abrir a boca!

Victória me olhou meio de lado e eu ri de sua expressão.

— Vou contar! Prometo! Não sei quando, mas prometo!

Eu já ouvi.

Fechei os olhos, tentando não acreditar que aquela era a voz dele. Mas era algo inconfundível. Eu poderia fechar os olhos, fingir que não ouvia; fingir até que ele não estava ali, mas jamais esqueceria aquela voz.

— Eu... Bom, acho que Alice me chamou. Com licença. — disse Victória, prendendo o riso.

— E ela disse que quer andar por Forks, passar mais tempo com a sobrinha, sabe? Ah! E que quer apresentar um pouco da cidade à amiga.

— Tudo bem. Acho que vamos levar Amanda pra uma noitada...

Não consegui reagir àquilo. Apenas deixei que eles decidissem o que seria feito dali pra frente. O que mais eu poderia fazer? Edward acabara por descobrir — de uma forma meio torta — que eu ainda o amava —, eu não sabia o que falar e muito menos conseguia encará-lo. Não era apreensão, eu estava com vergonha. Com muita vergonha.

— Teria me contado algum dia? — a voz de Edward soou bem próxima de meu ouvido, me causando um arrepio involuntário.

— É claro! — respondi um tanto exaltada por ele ter duvidado.

— Calma Bella! Eu sei do que Rosalie é capaz. Eu vi. Se eu fiz o que fiz, porque cobraria algo de você? Só fiquei curioso.

Sua voz era calma, suave e não me parecia que estava chateado por eu ter escondido meus sentimentos. E, o mais importante, ele me entendia.

— Foi tolice, eu sei — comecei a falar, ainda sem fitá-lo —, mas pra mim, esconder, era uma forma de manter Rosalie longe de nós. O problema dela é o fato de qualquer mulher se aproximar de você e não apenas comigo; pois se fosse, ela já teria vindo atrás de mim.... Mas ela me odeia mais do que a qualquer outra.

— Rosalie é doente Bella. O que diz sentir por mim é uma fantasia criada por sua mente. Por causa dela e de minhas atitudes já passamos por muita coisa, já perdi muita coisa. Eu te amo e não é segredo que quero ficar com você e nossa filha, mas como eu já disse antes, não vou insistir no assunto; saber que você também me ama já é mais do que eu poderia esperar.

E deixei o silêncio recair entre nós. Eu também havia perdido muita coisa, eu também tomei atitudes equivocadas. Se antes eu julgava Edward, agora eu o entendia como se eu tivesse passado por cada coisa que ele passou, como se eu tivesse visto o que ele viu. E eu o amava. Indubitavelmente.

Realmente não valia a pena deixar que Rosalie ditasse as regras de nossas vidas. Caso ela fizesse algo, tínhamos que estar juntos para nos apoiarmos e não cada um sofrendo sozinho, pensando no que poderia ser feito. Sem contar que se o amor que sentíamos um pelo outro resistiu a tudo, valia a pena lutar por ele. Por nós.

— Um dia, e eu me lembro perfeitamente bem dele, você me pediu em namoro. — quebrei o silêncio e Edward manteve-se calado, ao meu lado — Juro que jamais poderia imaginar algo assim... Às vezes ainda penso que tudo aquilo não passou de obra da minha imaginação. Então; quando olho pra Amanda, tenho a certeza de tudo o que aconteceu entre nós.

— Nós fomos felizes naquela época não fomos?  

— Me pergunto a mesma coisa. Será que fomos felizes ou tudo era fácil? Não tínhamos preocupações. Rosalie, por mais que falasse ou fizesse fofocas, não conseguia nos fazer brigar... Só nos preocupávamos com a escola e em nos livrarmos de Alice, quando ela queria nos obrigar a acompanhá-la nas compras...  Contudo, depois de tudo o que passamos durante todos esses anos, acho que podemos tentar.

Edward não era burro. Com certeza ele entenderia o que eu quis dizer com aquelas palavras — que eu nem acreditava terem sido ditas por mim — e então, era esperar para saber qual seria sua reação...

Os minutos seguintes foram angustiantes.  Eu já estava pensando se teria que dizer tudo detalhadamente... Ele estava meio lento para processar informações, e não era pra menos, mas já estava demais...

— Você está bem? — perguntei, finalmente o fitando.

— Eu... Você quer tentar? Comigo?

— E não é? Tudo bem que gosto do Carlisle, mas acho que Esme me mataria sem dó caso eu pensasse em qualquer coisa com ele.

O que veio a seguir não me pegou de surpresa, ao contrário; eu esperava por aquilo há algum tempo... Edward quase me esmagou em seus braços, num abraço mais do que caloroso. Claro que não seria suficiente para matarmos tantos anos de saudades e muito menos pra demonstrar o amor que sentíamos, mas era bom simplesmente estar ali.

Seu cheiro passou a fazer parte de cada poro de minha pele, me acalmando, me fazendo ter a certeza de que ele estava ali, que nós estávamos juntos. Meu coração batia acelerado e, naquele momento, eu estava feliz.

— Eu te amo, Isabella. — disse ele, secando as lágrimas que eu nem notei estarem sendo derramadas — Prometo que vou te fazer feliz.

— Não prometa; apenas faça e eu também te amo idiota. Amo muito.

Vê-lo sorrindo daquela forma me deu vontade de sorrir também. E assim o fiz. Não, eu gargalhei e pulei em seu colo, como já tinha feito outras vezes. Aquela não parecia eu.  Não o “eu” que eu conhecia. Outra vez aquela Bella adolescente estava ali e eu gostava um pouco dela. Ao contrário de “mim”, ela era um pouco mais solta, mais corajosa, mas só um pouco... E me aproveitei dela quando, sem mais pensar, infiltrei minhas mãos por entre seus cabelos e o puxei pra mim, selando nossos lábios.

Não havia vergonha, timidez, medo... Éramos só nós dois. Nos beijávamos calmamente, sentindo, provando, explorando cada canto de nossas bocas. Nossas línguas não brigavam por espaço, elas se moviam juntas. E eu não saberia descrever o que sentia naquele momento, só me parecia que tudo estava certo. Que tudo daria certo.

Acabamos sentados no meio do chão já meio empoeirado, mas isso não importava. Estávamos juntos ali.

— Quase não acredito que você está aqui. Que estamos aqui. — Edward falou, enquanto acariciava meus cabelos.

— Se dependesse de mim para contar, não estaríamos mesmo. Não agora.

— Não me arrependo de ter escutado a conversa de vocês, por mais que tenha sido sem querer. E me lembre de agradecer à Victória...

— Muito engraçado! Ela quase me pega pelo pescoço e me faz contar! Fui quase coagida.

— Quanto drama! Parece até que foi obrigada a confessar algo assombroso!

— Diz isso porque não foi você que teve que ouvir as pessoas dizendo: “conte logo a ele que o ama!” Acredite, chega a ser irritante.

Nós rimos daquilo. Como há anos atrás, parecia ser fácil sorrir agora.

— Então, qual é a nossa situação agora? Estamos namorando ou “apenas nos conhecendo”? — perguntou ele, ainda rindo.

— Já te conheço como a palma da minha mão... Acho que posso aguentar se for sua namorada.

— Grande sacrifício esse! Acho que posso aguentar essa. Vamos contar quando? E nem me venha com aquela de dizer que ainda é cedo pra isso. Eu quero você comigo e quero que todo mundo saiba.

Eu bem sabia o motivo de tanta pressa... Edward esquecia mesmo que eu o conhecia...

— Quantas vontades! Não precisa se apressar, Edward... Jasper sabe que eu te amo, não precisamos esfregar isso na cara dele.

— Quem é Jasper? Eu estava pensado em nossa filha, Alice...

— Olha o cinismo... Não esqueça que eu e Jasper somos amigos e que Amanda o adora. Você querendo ou não, gostando ou não, ele faz parte da minha vida.

— Isso realmente não me importa. Se você está aqui mesmo depois de tudo e me ama, não há motivos pra me preocupar com ele.

— Não há mesmo.

Por fim deixamos aquele assunto de lado e nos focamos apenas em nós. Fomos para a sala e ele ligou pra Alice, dizendo que ela poderia voltar pra casa. Mesmo tentando pensar em como contar à Amanda, nós sabíamos que nada sairia como o planejado. Eu já pensava seriamente em levá-la a um psicólogo. Eram muitas mudanças, muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e agora teria toda essa coisa de estar com Edward outra vez... Até eu estava meio perdida...

Em menos de meia hora elas estavam de volta e Victória quis se retirar, dizendo que aquele era um momento “de família”, mas ela não poderia ficar de fora. Não depois do que aconteceu.

Amanda pulou no colo do pai e nem se deu conta de que eu estava com a cabeça recostada contra o peito de Edward, mas Alice percebeu e sorriu.

Enrolamos um pouco, perguntamos pra onde elas foram; o que fizeram... E Alice me parecia bem irritada. Coisas de mulher grávida... Edward resolveu falar logo, fazendo com que a irmã revirasse os olhos.

— Temos uma coisa muito importante pra te contar. — começou ele, falando com Amanda. — Sua cabecinha vai ficar um pouco confusa, mas vamos te explicar tudo direitinho. — ela apenas concordou com a cabeça — Eu e sua mãe conversamos enquanto vocês estavam passeando e voltamos a namorar.

Amanda deu um grito tão alto que nos fez rir.

— É mesmo? Vou ter pai igual meus amigos da escola? Vou poder ficar com os dois ao mesmo tempo?

— Vai sim, meu amor. Vamos todos ficar juntos.

Minha pequena não conseguiu segurar as lágrimas e acabei chorando com ela.

— Eu pensei que ficariam felizes... Isso aqui mais está parecendo um enterro... — comentou Alice, nos fazendo rir.

— Eu tô feliz, tia! Muito, muito, muito!

— Estamos vendo e ouvindo!

Victória sugeriu à Amanda que fosse tomar banho para comermos alguma coisa depois, mas eu sabia que ela queria nos deixar sozinhos, pra que conversássemos.

— Acho que perdi minha melhor amiga... — comentei, fingindo estar desolada e Alice riu, revirando os olhos.

No segundo seguinte ela estava sentada ao meu lado, me puxando pra seus braços. E eu senti mesmo a falta dela... Sentia falta de nossas conversas sem nexo, de suas loucuras...

— Você nunca vai me perder. Pode soar meio estranho isso, ainda mais pelo que fiz oito anos atrás, mas eu te amo. Talvez eu ame mais do que ao meu irmão.

— Eu sei que sim. — e Edward me puxou novamente, fazendo com que eu me sentisse uma boneca de pano — Não se preocupe mais com isso. Se eu e Edward vamos tentar outra vez, o passado não pode ficar nos perseguindo pra sempre. Eu quero mesmo que dê certo dessa vez, mesmo com Rosalie por aí. Não vale a pena deixar minha vida de lado por causa dela.

— E isso me deixa aliviada. Agora não vou mais me preocupar com o fato de Edward correr. Aquilo era angustiante, ainda mais por saber que a vontade dele era bater e acabar logo com tudo.

— E eu não estou aqui... Pra quê eu sirvo? Eu quero a minha mãe... Só ela me trata bem.

Nós rimos de Edward, que se fazia de coitado. E eu estava adorando viver aqueles momentos, por mais que soubesse que muitas coisas estavam por vir... E elas não seriam fáceis...

O restante da noite correu bem. Muito bem pra dizer a verdade. Conseguir que Amanda dormisse foi quase uma guerra... E Edward não ficou muito satisfeito quando eu disse que voltaria no dia seguinte para buscá-la. Dormir no quarto de Alice tudo bem, mas ter que ficar no mesmo quarto que ele, por mais que nossa filha estivesse presente, já era mais complicado...

— Agora sim você está indo rápido demais, bonitão. Além de Amanda, eu também tenho que organizar as ideias.

— Espero que não esteja pensando em desistir de nós.

— Não Edward... Eu não vou desistir. Só quero mesmo pensar em tudo. Sem contar que tenho uma amiga pra fofocar... Ela precisa saber da novidade, não? — nós rimos.

— Acho que ela não gosta muito de mim... Quando me deu o endereço de seu trabalho, me olhou como se fosse me matar.

Eu tive que rir com isso. Se Edward soubesse o que Ângela gostaria de fazer com ele...

— Não se preocupe com Ângela, ela é inofensiva na maioria das vezes. Agora eu tenho que ir. Amanhã eu volto.

Mas Edward não me deixaria sair assim tão facilmente e seus métodos de persuasão continuavam bons, muito bons mesmo... Seus beijos, por mais simples que fossem; jamais seriam “apenas mais um”. Seus toques, mesmo os mais “inocentes”, sempre me despertavam, atiçavam meus sentidos e era exatamente isso o que ele estava fazendo...

— Já que não vai dormir aqui, poderia ficar só mais um pouco... — disse ele, beijando meu pescoço.

— Hum... Eu tinha esquecido esse seu lado “conquistador latino“... Mas sabemos que eu tenho mesmo que ir.

Edward riu e se afastou um pouco, ainda me abraçando, porém.

— Tudo bem. Eu sei que tem que ir. Vou pensar em algo para fazermos amanhã. Eu, você e Amanda.

 — Isso vai ser ótimo!

— Agora vá, antes que eu te coloque sobre os ombros e te tranque aqui. — eu ri com seu extremismo — Já está tarde, então, cuidado na estrada e quando chegar, se puder, me avise.

— Aviso sim.

Com muita relutância Edward me deixou sair e no carro, sozinha, não parei de sorrir. Qualquer um que me visse daquela forma me acharia uma retardada... E eu nem me importaria, pra dizer a verdade. Eu estava feliz, eu vi como ele estava feliz... Seus olhos brilhavam como quando namorávamos na adolescência, seu sorriso era o mais sincero que eu já o tinha visto exibir, mas seu jeito... Isso nunca mudaria. Com aquele jeitinho de rapaz carente ele conseguia quase tudo.

Agora eu poderia dormir em paz. Edward estava ao meu lado, comigo e enfrentaríamos qualquer coisa. Porque estávamos juntos. E ninguém, por mais que tentasse, iria mudar isso.


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Notas finais do capítulo

É isso por hj, flores!
Espero poder continuar postando, mas não sei não... Tenho alguns exames por fazer, a semana já começou corrida e não sei como será até o fim dela.
Já sabem do meu problema e tenho escrito os capítulos em um bloco. Isso mesmo, em folhas e depois tenho que passar tudo para o pc; o que também tem me cansado bastante.
Espero que me compreendam caso seja necessário atrasar, mas não posso simplesmente deixar de me tratar e continuar me forçando coisa que já tenho feito bastante.
Amo essa história, amo os reviews, mas do que me valeria tudo isso se acabasse por piorar e ter que me afastar por mais tempo?
Beijos e até o próximo!
Ufa! Como diz minha Gêmula, falei mais do que o homem da cobra (e eu ainda vou descobrir o que isso quer dizer...)