O Peso De Uma Mentira escrita por Arline


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Cá estou com mais um cap.
104 leitores? Nem metade deles comentam e isso me deixa bem chateada. É desestimulante saber que se tem essa quantidade de pessoas lendo e que não dizem nada... Nem se está bom ou ruim, se devo ou não continuar... E confesso que já tive vontade de desistir.
Mas enfim! Não vale a pena falar disso, o importante são vocês, leitoras fiéis e que comentam sempre. É por vocês que continuo postando. Obrigada!
Parei. Ao cap e depois, leiam as notas finais, ok?



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CAPÍTULO 17

POV AMANDA


Quando eu acordei, pensei que tinha sonhado com meu papai outra vez, mas não era minha mãe que estava dormindo comigo... Fiquei quietinha, esperando meu papai acordar. As formigas pareciam que estavam andando em mim outra vez e lembrei que minha mãe disse que isso era porque eu estava feliz. Mas eu não estava... Eu tinha meu papai e minha mamãe, mas não era como meus coleguinhas da escola. Os pais deles ficavam juntos na mesma casa e os meus não. E eu não queria outro papai e nem outra mamãe.


Fiquei um tempão vendo meu papai dormir, bem quietinha. Eu queria abraçar ele igual eu fazia com a mamãe, mas ele podia não gostar... Eu ia sair e procurar minha mãe, mas meu pai acordou bem na hora que eu levantei da cama.


— Hey! Não está cedo pra senhorita pensar em fugir de casa não? — meu papai falou comigo e riu.


Eu fiquei bem sem graça. Mamãe sempre dizia que a gente ficava assim quando pegavam a gente fazendo alguma coisa errada.


— Eu só ia atrás da minha mãe.

— Foi tão ruim assim dormir com o papai?

— Não... É que eu durmo com a mamãe todo dia... Desculpe.

— Eu sei meu amor. Não tem que se desculpar por isso. Agora, sabe o que eu queria? Um beijo bem gostoso de bom dia.


Eu acho que nem esperei meu papai terminar de falar e pulei em cima dele. Eu sonhei muito com isso e quando acordava, só tinha minha mãe... Mas agora ele estava pertinho de mim, me dando um monte de beijos e me chamando de princesa.


— Vamos preparar um café da manhã bem gostoso pra mamãe?


Eu concordei e depois fui tomar banho. Meu papai tinha deixado minhas coisas arrumadinhas no banheiro, igual a mamãe fazia. Ele era igual a ela em um monte de coisas! Ficava sempre perguntando se eu estava bem, se queria ajuda! Poxa! Eu não era mais bebê!


Depois que eu terminei, meu pai foi tomar banho e eu tentei arrumar meu cabelo, mas eu não conseguia... Quando ele saiu, eu pedi pra pentear meu cabelo e ele me olhou estranho... Ele não sabia?


— É fácil papai! Faz assim ó: pega o pente, passa ele daqui de cima — eu bati na minha cabeça e ele riu — até no final e depois junta tudo e prende!

— Ok! Eu consigo! É claro que eu vou conseguir!


Eu comecei a rir! A tia Ang dizia que homens não sabiam dessas coisas e eu achava que era mesmo verdade... Meu cabelo estava preso torto.


— Tá tudo bem, pai. Você aprende depois.

— É melhor deixar solto mesmo... Sua mãe arruma depois.


Ele me levou pra cozinha e colocou um monte de coisas na mesa. Eu estava com fome e não esperei pra tomar café com minha mãe. Meu pai arrumou tudo num negócio que eu não sei o nome e quando eu terminei, ele disse que era a hora de acordar a mamãe.


Ela estava dormindo no quarto da minha tia Alice e seu pijama era bem engraçado! Eu subi na cama e mexi no cabelo dela. Eu mexia no cabelo dela assim todo dia...


— Mamãe, acorda! — falei baixinho e beijei sua bochecha — Mamãe!


Ela começou a se mexer e ria. Meu pai ficou na porta, só olhando.


— Bom dia meu amor! Hum, está cheirosa! — ela fez igual meu pai. Me encheu de beijos — Dormiu bem?

— Dormi. Meu papai não faz aqueles barulhos estranhos que meu tio Ben faz.

— Isso é novidade! Seu pai até que roncava às vezes!


POV EDWARD


Bella era uma graça! Ela estava quase me desmoralizando na frente da minha filha! Eu não roncava!


— Bom dia! E eu nunca soube que eu roncava! — me pronunciei e só então Bella se virou em minha direção, bem vermelha.

— Oh! Bom dia Edward! E sim, você roncava de vez em quando.

— Pelo menos eu não assusto as pessoas quando começo a falar enquanto durmo...


Fui até ela e depositei a bandeja sobre a cama. Bella dividiu olhares entre mim e Amanda e sorriu.


— Botou sua filha pra trabalhar?

— Não mamãe! O papai fez tudo sozinho! Eu estava com fome... Aí nem ajudei...

— Isso filha! Defende o pai! Viu Bella? Eu não botei nossa filha pra trabalhar!


Ela riu cinicamente e começou a tomar seu café. Eu apenas fiquei ali, com minha filha nos braços e observando os mínimos movimentos de Bella. Amanda era mesmo muito esperta e logo perguntou por que eu não tomava café também, mas a verdade é que eu estava sem fome. Algumas lembranças da noite anterior ainda eram muito vívidas em minha memória, me deixando ainda meio atordoado.


Bella teve mesmo um namorado. Aquela ideia era demais pra mim... Eu não conseguia lidar muito bem com o fato de outro homem poder fazer com ela tudo aquilo que eu fiz um dia, de simplesmente dizer que a amava. Não que ela não merecesse, era só eu que não aceitava mesmo.


As duas conversavam e riam da minha falta de prática com assuntos femininos, mas eu não esboçava qualquer reação. Meus pensamentos estavam longe... Eu devia aceitar de uma vez que teria apenas a amizade de Bella e isso, levando em conta tudo o que fiz, já era muito. Mas era isso. Agora eu só tinha que me convencer e me fazer aceitar o que eu mesmo havia plantado. Porém, eu tentaria deixar tudo no passado, como prometi a ela.


— Obrigada pelo café. Estava ótimo. — disse Bella em um tom alto, talvez notando que eu não prestava muita atenção.

— Não por isso. — respondi e coloquei Amanda sobre a cama, depois pegando a bandeja — Estarei lá embaixo caso precisem de algo. — falei e saí.


Na cozinha, lavei a pouca louça que fora usada e depois retornei ao meu quarto para pegar as fotos que mostraria à Amanda. Enquanto as separava, notei que Bella estava relembrando o passado. Talvez ela tivesse sido mesmo feliz naquela época. Era engraçado, mas eu estava gostando daquele lugar da casa. Eu e a cozinha nunca fomos íntimos, mas agora... Não sei. Eu gostava de ficar ali. Me dava uma sensação de lar.


Após alguns minutos, Bella desceu com Amanda e minha pequena nem perguntou se podia, sentou em minha perna e ficou me olhando de um modo tão carinhoso que mesmo se eu fosse o homem mais triste e solitário do mundo, não resistiria a ela. Juntei meu nariz ao dela, que riu sonoramente. Eu jamais me cansaria de apenas observá-la, de ver o quão perfeita ela era.


— Vamos ver as fotos que eu peguei? — perguntei e ela logo se entusiasmou.


Bella, que estava sentada a minha frente, puxou uma cadeira mais para meu lado e pegou as fotos, começando a passá-las uma a uma. Nos revezávamos nas informações das fotos e eu via e principalmente, ouvia o quanto Amanda queria conhecer a todos. A expressão de Bella era um misto de alegria e preocupação e eu, por incrível que possa parecer, estava calmo.


Procurei em Bella algum indício de constrangimento por conta das inúmeras fotos onde estávamos juntos, mas só o que consegui encontrar foi algo muito parecido com saudades. Vez ou outra um pequeno sorriso brincava em seus lábios ou então ela se referia a algo e seus olhos brilhavam. Eu poderia dizer que estávamos felizes naquele momento.


POV NARRADOR


Não muito longe dali, um carro deslizava suavemente pela estrada solitária. A motorista jamais poderia imaginar o que lhe aguardava quando chegasse ao seu destino final e nem quem estava na imponente residência a esperava.


Um tanto impaciente e cansada, a motorista praguejou, ouvindo a risada de sua amiga no banco do carona. Seus olhos quase faiscaram e então a amiga se calou; ela sabia que aquele não era um bom momento para falar, muito menos rir.


O carro avançava rapidamente pela rodovia 101, apressando assim algumas coisas que deveriam ser resolvidas depois. Mas, para os que acreditam em destino, pode-se dizer então que aquilo era obra dele. Nada daquilo fora planejado por ela e sim pelo destino, que por vezes, gosta de brincar com as pessoas.


A amiga, notando o estado de espírito da motorista, pediu que ela parasse no acostamento e tomou a direção do carro, recebendo um sonoro “obrigada”. Ela estava mesmo cansada. Não que quisesse ou gostasse de admitir, mas estava. Sua semana não fora nada boa... Repleta de surpresas agradáveis e desagradáveis. Mas mesmo assim ela estava feliz. Muito feliz. E ansiava por poder dividir aquela felicidade com quem ela amava.


Olhando para o relógio no painel do luxuoso carro, ela constatou que em menos de dez minutos estaria em casa. Finalmente! E assim poderia desabafar sobre tudo o que lhe ocorrera. Observando a paisagem verde, ela conseguiu esboçar um sorriso, pensando em como seria depois que contasse a novidade.


Assim que viu o contorno de sua casa ela sorriu mais ainda. Agora sim ela poderia dizer que estava em casa. Por mais que tivesse estado ali recentemente, aquele era seu verdadeiro lar e dali ela não mais sairia. Quando estacionaram, a amiga logo saiu do carro, ajudando-a com todas as malas que couberam não só no porta-malas como também nos bancos traseiros.


Ao ouvirem o barulho do carro e logo em seguida das chaves na porta da casa, os corações de Bella e Edward voltaram a bater em um mesmo ritmo pela primeira vez após muitos anos. Seus olhares, antes felizes, tornaram-se apreensivos. Amanda continuava alheia a tudo, muito contente com as fotos e com a proximidade entre seus pais. Sem preocupações... Essa era a graça de ser criança.


POV EDWARD


Droga! Não, não podia ser! Eu pedi que ela só voltasse quando eu pedisse, mas não... Ela tinha que me contrariar... E agora? Bella me olhava apreensiva; Amanda nem se dava conta do que estava acontecendo e eu... Eu estava entre o feliz e o irritado. Que vontade de pegar Alice pelos cabelos! Nunca vi uma pessoa tão pequena conseguir ser tão irritante quanto ela!


— O que vamos fazer agora? — perguntou Bella, se afastando um pouco.


Alice gritou na sala e eu ouvia o barulho do seu salto contra o piso, se tornando mais alto, se aproximando.


— Calma. Vai dar tudo certo. — falei num sussurro e em seguida falei mais alto, informando à Alice onde eu estava.


Outra voz se juntou a dela e eu fiquei curioso. Não era minha mãe e infelizmente eu ainda me lembrava da voz de Rosalie, e também não era ela.


— Bom dia irmão querido! — ela gritou — Bom dia Bella!


Eu vi as bochechas de Bella corarem fortemente e Amanda se virou na direção de Alice. Eu nem me pronunciei...


— Bella? Ah meu Deus! Bella é você mesma? — só então minha irmã se deu conta de quem estava ali e eu tive vontade de rir.

— Er... Bom dia Alice.

— Gente, o que está acontecendo aqui hein? O que a Bella está fazendo aqui há essa hora e de cabelos molhados? — seu tom tornou-se malicioso e era hora de fazê-la se calar.

— Senta. E fique quieta. — sibilei e ela “caiu” em uma cadeira ao meu lado, fitando Bella.


Seu olhar então recaiu sobre Amanda, que se encolheu, escondendo o rosto em meu peito. Até eu que já conhecia Alice desde que nasci, tinha medo dela...


Agora era a hora de contar sobre minha filha. Não estava saindo como planejei, mas se era assim que tinha que ser... Então que fosse.


— Antes que você diga qualquer besteira, lembre-se que há uma criança presente, então meça suas palavras. — falei e ela apenas concordou com um aceno — Alice, essa pequena aqui é Amanda, filha de Bella — parei só pra fazer um suspense. Eu gostava de irritar Alice — e minha também.


Sua expressão foi de espanto. Sua boca se abriu teatralmente, fazendo com que Bella risse. Amanda permanecia quieta, sem nem mesmo se mexer e seus dedos apertavam minha blusa na parte de trás. Afaguei seus cabelos e a apertei contra mim, tentando lhe passar segurança. O silêncio já estava quase constrangedor e então minha irmã resolveu se pronunciar.


— Mas ela é tão linda! É sua cara Edward! — Alice, como sempre, bateu palmas e faltou dar pulinhos na cadeira.

— Eu sabia que um dia você ia admitir isso... — falei num tom de brincadeira e ela riu, me dando língua. Bella só nos observava, sabendo que logo, logo um interrogatório seria instaurado por minha irmã.

— Vem aqui lindinha da titia — Alice esticou as mãos sobre a mesa e chamou Amanda, que continuava quase imóvel.


Minha filha não se mexeu. Alice pareceu decepcionada e eu não sabia definir o que passava por seus olhos naquele momento. Bella resolveu intervir e conversar com nossa filha, dizendo que estava tudo bem, que nada lhe aconteceria e que estávamos ali com ela, pra protegê-la. Só assim ela aceitou ir até Alice.


Não entendi muito bem a reação de minha irmã; ela estava muito emocionada e apertou Amanda contra o peito, tentando abafar o choro. Bella me olhava sem entender e eu devolvia o olhar, meio aturdido com aquilo. Claro que a emoção seria inevitável, mas já estava me parecendo quase exagerado.


As duas engataram uma conversa quase inaudível pra nós e com um aceno de Bella, nos retiramos da cozinha. Só ao chegarmos à sala foi que me dei conta que havia escutado outra voz além da de Alice e uma mulher loira e alta estava sentada no sofá, meio que perdida. Quando nos viu, veio em nossa direção e se apresentou.


— Bom dia. Sou Victória Cavendish, amiga de Alice. Acho que ela esqueceu-se de mim. — ela sorriu.

— Bom dia Victória. Sou Edward, irmão de Alice e essa é Bella, minha... — sem saber o que falar, o constrangimento surgiu.


Isabella riu e cumprimentou Victória amigavelmente. Nos acomodamos e fiquei realmente curioso com aquilo. Algumas malas estavam perto da porta e pelo que percebi, Alice trouxera a amiga para uma estadia em Forks.


— Eu acho que Alice não os avisou que estávamos vindo... — disse Victória, meio sem jeito — Desculpe se estamos atrapalhando, mas como já deve estar cansado de saber, quando aquele toco de gente decide algo, nada a faz mudar de ideia...

— Conheço bem a irmã que tenho e não se preocupe, não estão atrapalhando nada.


Bella se esticou no sofá, pra ver o que acontecia na cozinha e sorriu. Talvez as duas estivessem se dando bem... Tentei descobrir algo com Victória, mas esqueci de que mulheres têm quase um pacto de não falarem sobre o que a outra estava aprontando e fiquei na mesma. Só o que me foi informado era que as duas se conheceram em Nova York e se tornaram grandes amigas.


Os sinais de cansaço estavam nítidos nas feições de Victória e pedi que Bella a levasse até o quarto de Alice, pra que se acomodasse enquanto eu resolvia aquela questão com minha irmã. Fui até a cozinha e encontrei Amanda mais animada e risonha. Alice a observava com quase adoração e fiquei feliz por saber que ela aceitava minha filha. Beijei o topo da cabeça da nanica e sentei ao seu lado, puxando Amanda pra mim.

— Que papai mais ciumento! Nem me deixa curtir minha sobrinha! — Alice fez graça e a olhei torto.

— E então? Ela não é linda e muito inteligente? — falei e minha irmã me fitava de um modo bobo.

— Ela é incrível! Estou tão feliz por você meu irmão! Nem imagina o quanto.

— Sei que sim. Agora, quero saber o que está acontecendo com você.


Alice meio que suspirou e me pareceu desconfortável.


— Depois conversamos. Só me desculpe se atrapalhei algo, não foi a minha intenção.

— Tudo bem Alice. A casa é mais sua do que minha, na verdade. E mamãe ficaria horrorizada por saber que você abandonou uma convidada sua lá na sala.

— Oh! Eu esqueci completamente de Victória! Vamos, vou falar com ela e me desculpar.

— Depois você faz isso. Pedi que Bella a levasse ao seu quarto. Ela estava cansada e mal conseguia manter os olhos abertos.

— Então eu vou até lá. Quero aproveitar e falar com Bella.


Alice saiu quase em disparada da cozinha, me deixando mais desconfiado de que algo estava acontecendo a ela. E era algo sério...


POV BELLA


Acordar daquela forma me deixou meio boba... Por mais que eu tivesse ficado chateada com a atitude de Edward, ele estava conseguindo me amolecer. E deixar Amanda com mais esperanças. Enquanto eu tentava fazê-la entender que nada ia mudar, vinha Edward e mostrava que um dia seria possível... Era quase uma batalha de vontades.


E quando fiquei sozinha com minha filha, vi que ela realmente tinha esperanças. Me doía mesmo ter que dizer a ela que tudo continuaria como estava, mas eu não poderia enganá-la, dizendo que eu e seu pai seriamos felizes um dia. E como eu queria isso... Como eu queria poder ficar com Edward sem que nada mais pudesse nos separar, sem que a sombra de Rosalie nos pudesse atormentar... Mais ainda não era possível.


Tive que rir quando ela me contou que Edward não conseguira prender seus cabelos. Ele sempre fora alheio a tudo isso; dizia que preferia apreciar a aprender. E ele apreciava muitas vezes, enquanto Alice me usava como cobaia de suas invenções e me fazia inúmeros penteados. Contudo, apesar de estarmos ali, Edward me parecia distante... Preso ao passado, talvez... E eu queria tanto que ele se perdoasse; que deixasse tudo no passado... Esquecer não era o caminho e nem seria possível, mas não relembrar a cada dia, a cada minuto, era a coisa mais certa a se fazer. De nada adiantaria sofrer pela mesma coisa repetida e incansáveis vezes.


— Mamãe, se meu papai deixar, eu posso dormir aqui outra vez? — perguntou Amanda, me tirando daqueles pensamentos.

— É claro que pode. Seu pai vai sempre querer que você fique por perto. Ele te ama, sabia?

— E quando eu acordei, ele me deu um montão de beijos.

— Um montão é? Mais do que eu? — a abracei e enchi sua bochecha de beijos, fazendo-a rir.


Minha filha estava feliz. Como era bom ver aqueles olhos brilhando e aquele sorriso iluminando seu rosto. Vendo-a assim, pensei em Tanya e no que ela já havia sofrido... Claro que não me contou toda a sua história, mas seu semblante era de quem já havia sofrido muito. Pensei até em ligar pra ela e saber como foi seu encontro com Emmett, mas os momentos que eu podia passar com minha família eram tão poucos... Eu queria aproveitar cada segundo.


Nos reunimos a Edward na cozinha e foi notável sua felicidade por Amanda se aproximar sem que ele pedisse. Eu, tentando ficar um pouco mais perto ou até mesmo demonstrar um pouco dos meus sentimentos, puxei minha cadeira pra perto dele. As fotos que estávamos vendo me faziam viajar no tempo e reviver todos os bons momentos outra vez. E era só isso o que eu queria dali pra frente; bons momentos. E tudo estava em paz, como tinha que ter sido.


Passados alguns momentos, ouvimos um barulho do lado de fora da casa e logo em seguida a porta foi aberta e a voz de Alice chegou aos nossos ouvidos. Pronto! Acabou-se a paz... E eu sabia que ela me faria tantas perguntas... Mais até do que eu daria conta de responder. Edward tentava me acalmar, mas não dava! Tinha outra pessoa ali e poderia muito bem ser Rosalie. Comecei a me preparar mentalmente para uma briga com ela.


A reação de Alice ao me ver ali até que foi engraçada, mas em nada me acalmou. Eu tinha que saber quem era a outra pessoa e aproveitei o momento em que Amanda finalmente resolveu interagir com a tia pra me retirar. Fiquei mais aliviada por Edward estar junto, mas isso não queria dizer que sua presença me impediria de fazer qualquer coisa contra aquela infeliz... Com o coração acelerado, fui até a sala e só então respirei aliviada. Não era Rosalie afinal e sim uma amiga de Alice.


O constrangimento de Edward ao me apresentar foi notável e acabei rindo disso. Seria meio estranho mesmo que ele me apresentasse como “essa é a Bella, mãe da minha filha”, então eu mesma cumprimentei Victória, que assim como Alice, também pensou que estava interrompendo alguma coisa. Sim, elas estavam, mas era Alice... O que eu poderia dizer contra isso?


De onde eu estava pude ver como Amanda e Alice estavam se dando bem. Minha filha olhava para a tia com quase adoração. Ela realmente gostava de Alice, mesmo sem nunca tê-la visto pessoalmente. Ela sabia também que a baixinha sempre fora minha melhor amiga e agora, com ela ali, eu esperava retomar essa amizade.


Quando Edward pediu que eu levasse Victória para o quarto de Alice, tive a nítida impressão de que ele queria ficar sozinho com a irmã e não me opus em ajudar. Seria bem melhor que eles conversassem sozinhos mesmo. Victória pegou uma pequena mala e assim seguimos até o quarto, em silêncio. Assim que chegamos, ela pediu desculpas mais uma vez por estar atrapalhando, e eu sorri meio sem graça.


— Não se preocupe com isso. Realmente não está atrapalhando nada. — falei e ela riu minimamente.

— Ah, estamos sim! Tenho certeza que o irmão de Alice não ficou constrangido à toa... Vocês estavam se encontrando escondidos é?


Com essa eu tive que rir. Era mais um menos assim que as coisas estavam acontecendo agora.


— É mais ou menos isso... Mas não é um encontro romântico, como você deve estar pensando.


Ainda continuaríamos com aquela conversa, se uma Alice ofegante não tivesse irrompido pela porta, abrindo-a com quase violência. Ela estava estranha. Sua reação ao me até que foi contida e depois, com Amanda... Quase caí com o impacto de seu corpo se chocando contra o meu, me abraçando apertado, como se eu fosse sumir ou algo assim.


— Bella! Nem acredito que você está aqui! Senti tanto a sua falta! Me perdoe por nunca ter te procurado, mas na época a gente achou que era o melhor e eu pensei que você nunca mais ia querer olhar na minha cara... Me perdoe Bella! — Alice desatou a falar, me deixando tonta e confusa com aquilo.


Victória observava a cena com interesse e curiosidade. Qualquer um olharia...


— Calma Alice. Está tudo bem. — minha voz era calma, eu realmente não sentia raiva de Alice. Ela era como uma irmã pra mim e eu a amava — Já sei de tudo e não tem que me pedir perdão por nada.

— Como não? Droga! Eu concordei com tudo aquilo! Era errado, Bella! Errado! Eu era sua amiga e tinha que ter contado!

— Alice, éramos muito novos e muitas coisas aconteceram sem intervalo. Por favor, se acalme e não pense mais nisso. Já conversei com seu irmão e tudo está resolvido. Além do mais, eu também errei... Escondi dele por oito anos que era pai, privei minha filha de ter essa convivência... Todos nós erramos Alice.


Victória suspirou alto, fitando Alice intensamente. Alguma coisa estava acontecendo a ela e fiquei preocupada; me pareceu algo sério e eu não gostava de ver a baixinha daquela forma. Seu choro, agora incontido, me apertava o peito, me deixando angustiada. Toda aquela história fazia mal não só a mim e a Edward, mas atingia toda a sua família.


— Alice; acho melhor que eu me retire. Vocês têm muito a conversar. — Victória se pronunciou e a baixinha faz que não com a cabeça.

— Fique, por favor. Eu não sei como contar isso e é melhor que eu converse com Bella primeiro... O Edward vai querer me matar.


Foram necessários alguns minutos pra que Alice pudesse se acalmar e então me contar o que queria. Eu a olhava estupefata, vendo como as histórias sempre se repetiam, mudando apenas os personagens. E ela estava tão errada com relação ao irmão! Depois de tudo o que passamos, Edward estava mais maduro e saberia aceitar bem aquela situação. E, caso não aceitasse, eu o faria aceitar... Nem que pra isso fosse preciso estapeá-lo.


— Não sabe o quanto estou feliz por você!


E eu estava. Alice merecia ser feliz e nem Edward nem ninguém diria o contrário.


— Tenho tanto medo! Não sei o que fazer... — disse ela, nervosa e torcendo as mãos.

— Eu vou te ajudar, não se preocupe. Mas o medo é normal... Eu sei que é estranho agora, mas depois... Bom, depois a tendência é piorar um pouco.

— Vai piorar muito...


Eu e Victória rimos de sua cara desesperada. Mesmo tendo 26 anos, Alice ainda tinha tanto da menina que eu conheci um dia... Mudei de assunto pra tentar acalmá-la e falei sobre Amanda. As duas estavam encantadas uma com a outra e o fato de Alice ter razão quando disse que já era hora de seus pais conhecerem a neta, me deixou meio aturdida. Eu tinha plena consciência de que aquele momento chegaria, mas até que se concretizasse...


— Bella, eu prometo a você que vou proteger Amanda com unhas e dentes. Não vou deixar que nada de mal aconteça a ela.


Eu sabia do “mal” que ela estava falando, mas como fazer uma mãe acreditar que todo o seu mundo estava seguro? Não com Rosalie por perto...


— Não duvido Alice... Só não me sinto segura com sua irmã... Um dia ela vai aparecer e eu te juro que se ela pensar em falar qualquer coisa sobre minha filha, ela não sai viva.


Victória me lançou um olhar assustado e Alice conseguiu rir daquilo, mas eu... Eu queria ter a certeza de que nunca mais veria Rosalie novamente...


— Ok. Eu já contei por alto o motivo de não ter procurado por seu irmão pra contar sobre Amanda. Ficou bem claro que mentir e esconder as coisas não dá certo, além de magoar a quem amamos. — comecei a falar; era uma tentativa de ajudar Alice — Vai continuar escondendo do seu irmão? Quando ele descobrir sozinho vai ser muito pior... Não tenha medo; ele vai lembrar que você esteve ao lado dele quando mais precisou.


Alice suspirou pesadamente e quase se jogou sobre a cama, chorando novamente.


— A Bella tem razão. Conte logo! Eu mesma não aguento mais me segurar! — Victória fez uma cara engraçada e eu ri.

— Tudo bem, vamos!


E assim, com essa resolução, nós descemos. Agora era enfrentar a fera...


POV EDWARD

Alguma coisa estava errada, muito errada. Eu sabia. Eu sentia isso. Por mais que Alice tentasse, ela não conseguia me enganar... Não mesmo! Nem a presença e as risadas da minha filha foram suficientes pra dissipar aqueles pensamentos. Alice estaria com problemas? Sim, estava; pois se não estivesse, não teria voltado à Forks sem que eu tivesse dito algo e nem teria trago uma amiga...


Amiga... Seria mesmo apenas uma amiga? Não... Alice e Victória? Juntas? Tendo um... Caso? Se meus pais não morreram antes, quando eu decidi correr, agora sim eles teriam um infarto fulminante! Porém, mesmo que ela fosse minha irmã, era difícil aceitar algo assim... E eu era o culpado! Eu era a droga do culpado por aquilo! Eu tinha que ter deixado que ela namorasse... Porque eu tinha que afastar os caras que se aproximavam dela? Porque eu tinha que ser sempre o idiota que faz tudo errado? Meus pais jamais me perdoariam...


Eu tentei. Juro que tentei me concentrar em minha filha e nas coisas que ela dizia, mas simplesmente não dava! Será que ela tinha contado à Bella? O que ela teria dito? A apoiaria? Aceitaria? Nem eu, que era o irmão, estava lidando bem com aquilo... E minha filha? Como ficaria a cabeça dela? Um pai que abandona a mãe, uma tia psicopata, outra ãhn... Outra que gostava de mulheres... Realmente ela nasceu na família errada...


Eu já estava quase subindo para encontrá-las quando ouvi as vozes animadas se aproximando. Mas isso não era possível! Bella estava mesmo lidando bem com aquilo? Mas eu tinha que me acalmar e lembrar que Alice era minha irmã. Gêmea. Isso era ainda pior... Muito pior...


Bella já chegou pedindo que Amanda fosse para meu quarto, porque teríamos uma “conversa de adultos” e eu queria mesmo era ir com minha filha... Eu não estava preparado pra lidar com aquilo... E ainda tinha Victória, exibindo um largo sorriso...


— Devo ter medo dessa “reunião” ou posso respirar aliviado por saber que não serei espancado até a morte? — tentei fazer graça pra aliviar a tensão que eu sentia.

— Bom, creio que você vai mesmo morrer, mas é de susto. — Alice falou, sentando a minha frente.


Olhei pra Bella, tentando fazer com que ela entendesse que eu estava quase desesperado e me desse uma pista, mas, se ela notou, me ignorou por completo. Ela se juntou à Victória e ficou nos observando. Alice torcia as mãos sobre a mesa e eu tinha a impressão de estar suando.


— Antes de qualquer coisa, quero que saiba que além de Victória e Bella, você é a primeira pessoa a saber disso e espero poder contar com seu apoio. — minha irmã começou, me deixando mais nervoso.

— Vamos Alice. Já estou tenso o suficiente, então, não faça suspense. — soei meio rude, mas não foi por querer. Aquela situação era angustiante.

— Ok. Um, dois, três... Lá vai... Eu estou grávida! — Alice falou e fechou os olhos.


Eu fiquei meio perdido. Como assim, grávida? Ela não tinha um caso com Victória? Ela engravidou só pra terem uma família? Aquilo não estava me fazendo muito bem... Com certeza meus olhos nem piscavam, tamanho o susto que levei.


Alice estava grávida. Alice, minha irmãzinha, que eu sempre cuidei e protegi, estava grávida. Alice, aquela coisinha pequena, que mal se continha de alegria ao ver um filme infantil e adorava parques de diversão, estava grávida. Eu ia ser tio! Isso era inacreditável!


— Mas como isso aconteceu? Você e Victória não estão de caso? — falei a primeira coisa idiota que me veio à mente e uma mão pesada atingiu minha cabeça, me batendo.

— Você faz isso de propósito ou é idiota por natureza? — Bella estava brava e bem ao meu lado.


Todas me olhavam de forma estranha. Como se eu fosse uma aberração. Eu devia ser mesmo...


— Eu e Alice? Pois fique sabendo que eu gosto de homem, ok? Tudo bem que a baixinha é bonita, mas não faz meu tipo não. — Victória não parecia estar chateada comigo, mas Bella...

— Me desculpem. Ok? O que queriam que eu pensasse? Alice me aparece com uma amiga que eu nunca havia visto, estava toda contente e mais estranha que o normal...

— E isso era motivo pra você pensar que eu virei lésbica? — minha irmã sim parecia ter ficado chateada comigo... E tinha toda a razão.


Mas eu estava feliz. Estava mesmo. Meu coração batia da mesma forma descompassada de quando eu soube de Amanda. Eu poderia jurar que a sensação era a mesma. Então eu levantei e fiquei de frente pra Alice, que me olhava temerosa. Fiz com que ela se levantasse e a peguei no colo, girando como se faz com uma criança. E ela gritou, quase me deixando surdo.


— Ed, pare de me girar! Seu sobrinho vai ficar tonto! E eu não quero que ele seja igual ao tio!

— E quem disse que é menino? Vai ser uma menina, pra fazer companhia pra Amanda. — eu falei, ainda com ela nos braços, mas já no chão.

— Isso! E quando ela tiver irmãos, eu vou ter que fabricar outro filho, pra esse aqui não ficar sozinho! Que lindo! — disse ela, cheia de ironia.

— Mais filhos seria bom... E agora eu vou ter uma sobrinha!


Minha irmã estava chorando e eu também, mas de felicidade. Eu faria por ela aquilo que não fiz por Bella: daria apoio e estaria ao seu lado.


— Ei! Porque quando eu contei sobre Amanda você também não me girou assim? — perguntou Bella, me deixando sem graça.

— Porque, Bella, querida, a vontade dele com relação a você é outra... Tipo... Você, ele, nada de roupas e uma cama embaixo de vocês.

— Não precisava ser tão detalhista, Alice... — comentei, fazendo-as rir.

— Ah! Mas minha cunhadinha já sabe como eu sou e nem liga mais. — deixei que Alice se sentasse e me sentei também, observando-a e vendo como ela estava feliz.

— Não sou sua cunhada, mas eu te conheço e não ligo mesmo.

— E a culpa de não ter voltado a ser minha cunhada é da lerdeza do Ed! Se eu fosse ele, já tinha metido a língua na sua boca faz tempo!


Eu e Bella rimos daquilo. Não era assim que as coisas aconteciam...


— Eu já fiz isso, Alice.


Victória se engasgou e Bella foi pegar água pra ela. Qual era o problema? Falei algo errado?


— Vocês são sinceros, não? — disse ela, após beber a água.


Elas se retiraram e eu olhei pra Bella, que não me parecia desconfortável. Ela até que lidou bem com o que eu disse; se fosse antes, ela teria no mínimo, me xingado...


— Eu vou ser tio... Isso é demais! — falei pra mim mesmo e Bella se aproximou, me fitando.

— Fico feliz que tenha aceitado. Alice ainda tem algumas coisas pra te contar, então, não tire conclusões precipitadas. — apenas assenti — Bom, tenho que ir pra casa, mas Amanda vai ficar; já sei que não vai me deixar tirá-la daqui agora e nem ela vai querer ir. À noite eu venho aqui e trago algumas roupas pra ela.

— Fique aqui, Bella. — pedi, quase imporei, na verdade.

— Fico... E você vai lá pra casa, lava a roupa, varre tudo, tira o pó... Acha que vou ficar aqui te pajeando, bonitão? Pode contratar uma empregada, ok? — nós rimos disso. Bella estava diferente, mais relaxada.

— Essa é uma boa ideia... Mais uma mulher pra ficar me rodeando... Acho que posso conviver com isso... — falei e ela me olhou torto.

— Quer saber? Vou falar com minha filha e vou pra casa! O espaço está pequeno demais pra eu aguentar suas gracinhas!


Ela me deixou sozinho e algum tempo depois ouvi sua voz gritando um “fui” e ri com aquilo. Alguma coisa estava mudando... E eu sabia que era pra melhor.



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Notas finais do capítulo

Bom, aí está.
Não quero decepcionar ninguém, mas tenho que dizer que realmente está complicado ficar sentada, escrevendo. Não é por falta de inspiração, é que a dor está mesmo quase insuportável. Estou me esforçando, fazendo o melhor que posso, mas não posso deixar de cuidar um pouco da minha saúde.
Já disse a vocês que estou com um problema na coluna e não sei o quão sério está, mas o fato é que esses dias quase não tenho sentido meus dedos dos pés. Pode ou não ter alguma relação e peço a vocês que compreendam caso seja mesmo necessário atrasar as postagens.
Agradeço a todas que comentam, nem que seja pra dizer um "posta mais".
Reviews? Recomendações? Mereço? Só sei que não dói, o dedo não cai, é de graça e faz bem a quem escreve.
Falei demais, podem me xingar.
Beijos e até o próximo!