O Peso De Uma Mentira escrita por Arline


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Hey amores! Cá estou com mais um capítulo pra vocês! Espero mesmo que gostem e comentem!
Desculpe-me se decepcionei alguém com o cap anterior, mas posso dizer que vocês não me decepcionaram nem um pouco!
Obrigada a todas pelos reviews lindos que recebi e um agradecimento especial à: Babi Cullen, Lucianalc e Mia-angeli pelas recomendações.
Leitoras novas, BEM VINDAS!
P.S: Gabriela, não fique até às sete da manhã lendo a fic, ok?
Ao cap! Leiam as notas finais!



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CAPÍTULO 14

POV BELLA

Acordei com uma leve dor de cabeça e abri os olhos sem vontade. Uma fraca luminosidade se infiltrava por entre as cortinas, me deixando mais desanimada ainda para levantar. Passei a mão ao lado da cama procurando por Amanda, mas o lugar estava frio e vazio, me fazendo levantar assustada. Forcei minha vista e percebi que aquele não era meu quarto; embora pertencesse a uma mulher.

Aos poucos as lembranças da noite anterior foram ficando mais claras e compreensíveis. Eu estava na casa de Edward e provavelmente aquele era o quarto de Alice. Deitei outra vez, ainda pensando em tudo o que me fora contado. Recordei cada palavra que Edward me disse; cada insanidade cometida por Rosalie, cada vez que senti a verdade em tudo aquilo. Era possível uma pessoa fingir muitas coisas, mas o sofrimento que vi nos olhos de Edward e a agonia em suas palavras não eram fingimento.

Ambos perdemos com tudo o que houve. Ambos sofremos ao tomar decisões que julgávamos corretas. Por orgulho eu não fui atrás dele, não contei sobre Amanda. Por medo ele não me contou a verdade. Por medo de me perder realmente e não por covardia, por não ser maduro o suficiente para assumir um relacionamento. Por uma fatalidade perdi meus pais. Por me proteger ele perdeu os dele.

Sabendo de toda a verdade, como julgá-lo mal? Se a história se invertesse eu não faria o mesmo? Eu não seria capaz de mentir, magoar e fugir apenas para mantê-lo protegido do que quer que fosse? Sim, eu faria qualquer coisa. Inclusive admitir pra mim mesma que ainda o amava desesperadamente. Um arrepio de satisfação passou por meu corpo. Minha vontade era correr até ele e gritar pra que todos ouvissem o quanto eu o amava, mas obriguei meu corpo a se conter e continuar ali, paradinho. Eu já não era mais nenhuma adolescente — embora estivesse amando e apaixonada como uma — pra sair cometendo tolices. Eu não sabia quanto tempo mais conseguiria guardar aquele sentimento, me manter calma...

Em mais uma atitude adolescente, abafei meu grito de felicidade com o travesseiro e depois comecei a rir de mim mesma. Quem me visse naquele momento me acharia louca. Meu coração batia descompassado, quase saltando do peito. Assim como eu queria dizer, também queria ouvi-lo dizer mais uma vez que me amava, embora algumas dúvidas surgissem naquele momento.

Sem mais me conter, levantei da cama na intenção de descer logo e sanar as dúvidas que surgiram, mas o que vi me fez parar. Minhas roupas deram lugar a um conjunto de moletom. Uma enorme carinha sorridente e amarela estampava a parte da frente e nem precisei pensar pra saber de quem era... Mas a vergonha também apareceu... Com certeza fora Edward quem trocara minha roupa e embora ele já tivesse me visto nua várias vezes, agora era diferente. Não mais havia o que ser feito, então arrumei a cama e fui para o banheiro, encontrando sobre a bancada uma escova de dente fechada, pasta e escova de cabelo. Sobre um banquinho, encontrei toalha, um conjunto de lingerie e roupas, que constatei serem meus. Das duas uma; ou Edward pegou minha chave e foi até minha casa... Ou uma comadre bem intrometida levou tudo aquilo.

Os pensamentos sobre minhas roupas foram deixados de lado e me concentrei em meu banho. Fiz de tudo para ser o mais rápida possível e chegar logo ao andar inferior da casa, que me pareceu bem silencioso. Talvez Edward ainda estivesse dormindo...

Pela primeira vez depois de muito tempo eu estava me observando em frente ao espelho, indecisa sobre meus cabelos. Soltos ou presos? Rabo de cavalo ou coque? E eu estava mesmo agindo como a mesma Bella de anos atrás... Boba, insegura, ansiosa e apaixonada. Por fim deixei os cabelos presos em um rabo de cavalo e continuei com aquele moletom engraçado. As coisas naquela manhã estavam bem parecidas com as muitas manhãs que passei naquela casa... Pena que dessa vez eu não teria Alice me puxando até a parte de trás da casa, querendo saber detalhes da noite — que eu sempre descrevia com menos detalhes —, não haveria Esme querendo me fazer comer mais, dizendo que eu estava muito magrinha e pálida — quanto à cor, nada poderia ser feito, eu era assim — e Carlisle... Por mais que tentasse manter uma expressão séria, eu sabia o quão carinhoso e engraçado ele conseguia ser. Sempre que me via em sua casa logo pela manhã, procurava se certificar que nenhum netinho estava a caminho, mas também não escondia a vontade de ter um.

Suspirei e decidi que era hora de descer. Caso Edward ainda estivesse dormindo, o que eu faria? Iria até seu quarto e o chamaria ou ficaria sentada no sofá com cara de estátua, esperando? A passos indecisos caminhei até o corredor silencioso. Observei o caminho que fiz muitas vezes e era impossível não recordar o passado... Por mais que as paredes estivessem recém-pintadas, as lembranças que elas guardavam não seriam apagadas por nenhuma camada de tinta, por nenhuma reforma. Segui em frente, sabendo que a porta que agora eu via pertencia ao quarto de Edward e um formigamento atingiu minhas mãos e fechei-as em punhos numa tentativa de não ceder à vontade de tocar a maçaneta.

Ao chegar à sala, ouvi a voz de Edward e ao que parecia ele falava ao telefone, já que nenhum outro som era detectado por mim. Fiquei indecisa entre ir até lá ou ficar por ali e fazer algum barulho pra chamar a atenção. Resolvi ir até a cozinha e mais uma vez ri de mim mesma.

Com uma das mãos segurando a borda da pia, a outra segurando o telefone e de costas pra mim, estava Edward. Encostei-me contra a mesa e fiquei observando-o sem me sentir intrusa por estar ouvindo sua conversa. Sua voz soava um tanto alterada e ao ouvir o nome de Alice, entendi tudo. Só me restava esperar e pelo que eu escutava, não demoraria muito até que ele desligasse o telefone... Era incrível a forma como eles brigavam e faziam as pazes com tanta rapidez... Olhei para o relógio e cinco minutos se passaram até que ouvi um até logo. Ok. Agora eu poderia me pronunciar.

— Bom dia, Bella. — Edward falou, ainda de costas e me assustei um pouco.

— Bo-Bom dia... E-eu não es-estava...

— Ei, calma! — ele se virou pra mim e me interrompeu, rindo — Eu só desejei um bom dia.

Minha reação? Depois de tanto tempo, senti minhas bochechas pegarem fogo.

— Eu só não queria que pensasse que eu estava ouvindo sua conversa. Bem, eu estava, mas não foi de propósito. Eu não quis interromper e por isso fiquei quieta, mas não foi por mal, me desculpe mesmo por isso. — não sei o que deu em mim naquele momento, as palavras saíam de forma desordenada, causando um quase ataque de risos em Edward.

— Tudo bem, eu sei que não foi por mal. — ele comentou, ainda rindo de mim — Sente-se, o café está pronto.

O olhei meio desconfiada, Edward não sabia nem pôr água pra ferver, quanto mais preparar um café da manhã! Então eu lembrei que muita coisa mudara em oito anos e talvez ele tivesse aprendido a fazer alguma coisa... Mas fiz o que ele falou e me sentei, vendo-o se mover para pegar pratos e copos.

— Bom, não posso dizer que é um café cinco estrelas, mas Alice me ensinou a fritar ovos e bacon e fazer café solúvel. Acho que não mata ninguém. — eu ri, sentindo-me completamente à vontade ali.

Quando terminou de dispor tudo sobre a mesa, ele sentou-se e ficamos em silêncio, um olhando pro outro, esperando quem falaria primeiro. Mesmo tentando, era inevitável não sentir aquela aura de familiaridade. Claro que faltavam algumas pessoas; mas era como se a qualquer momento todo mundo fosse aparecer, inclusive Amanda. Suspirei e sorri ao me lembrar de minha filha. Ela ia querer uma explicação muito bem explicadinha do porque eu não ter dormido em casa e eu não sabia como falar sobre aquilo... E, afinal, porque eu dormi ali?

— Lembranças boas? — Edward perguntou, me fazendo voltar à realidade.

— Também. Estava pensando em Amanda e no que vou dizer a ela por ter dormido fora.

O sorriso estampado no rosto de Edward fez um calafrio me subir pela espinha. O que acontecera desde a noite anterior até aquele momento?

— Bom, pelo grito que ela deu ao telefone, creio que não irá te demitir do posto de “melhor mãe do mundo todinho”.

Com certeza meus olhos quase saltaram das órbitas. Quando foi que ele falou com Amanda? Escutei um barulho metálico e percebi que o garfo que eu segurava havia escorregado por entre meus dedos quase inertes. Então meu cérebro voltou a funcionar com um pouco mais de coerência. Era Edward, o pai de Amanda. O que havia de errado no fato deles terem conversado? Não haveria nada de errado caso eu ainda não tivesse contado pra minha filha que não mais namorava Jasper. Não haveria problema se eu não tivesse dormido na casa do pai dela, o homem que afirmei veementemente não mais amar. Como estaria a cabeça dela? Eu nem queria imaginar as inúmeras perguntas que surgiriam...

— Bella? O que houve? Bella? — Edward chamava minha atenção estalando o dedo em frente ao meu rosto.

— Ah, meu Deus! O que você falou pra ela, Edward? Como vocês se falaram?

Aquele sorrisinho presunçoso permanecia estampado no rosto de Edward, me dando a certeza de que eu não gostaria mesmo de ouvir aquela explicação...

— Você já estava dormindo quando sua vizinha ligou. Ela estava preocupada com você e Amanda não queria dormir, estava agitada, então ela retornou a ligação que apareceu no identificador de chamadas. Acho que ela falou meu nome alto demais e nossa filha ouviu... Assim como eu estava insistindo com Ângela, ela também pediu que a madrinha me deixasse falar com ela e assim aconteceu.

— Simples assim? Vamos, conte tudo. Com certeza Amanda não pediu pra falar com você só pra dizer que eu sou a melhor mãe do mundo todinho.

— Não. Não só pra isso. Ela disse que achava que me amava, perguntou se podia me chamar de papai e quando ia me conhecer de verdadinha. Ah! Ela pediu que eu te dissesse que te ama muito e que era pra eu cuidar muito bem de você.

Agora vinha a parte constrangedora... Minhas roupas... Eu ia querer saber?

— E minhas roupas? — perguntei por fim, tentando acabar com aquela vergonha que insistia em se fazer presente.

— Depois de falar com Amanda pedi pra falar novamente com Ângela e pedi que ela separasse uma roupa pra você. Fui até lá, peguei a roupa e voltei. Viu como você tem sono pesado? — ele ria da minha cara.

— Então, como tenho sono pesado, posso concluir que foi você quem trocou minha roupa. — afirmei e Edward concordou com um leve aceno.

— Posso dizer que não foi uma tarefa fácil... Você se mexe muito, faz caretas engraçadas e quase tive um ataque de risos.

Eu estava bem constrangida por constatar o que eu já sabia, ao contrário de Edward, que parecia falar sobre o tempo.

— Tudo bem. O pode ser dito agora, não é? — era uma pergunta retórica. Claro que eu poderia agradecê-lo, mas a vergonha realmente não me permitia tal ato.

Edward voltou a tomar seu café como se nada tivesse acabado de ser dito. Eu havia perdido a fome completamente. Não pelo que acontecera, mas porque uma dúvida ainda teimava em rondar meus pensamentos. Eu poderia ter levantado e ter ido pra qualquer outro lugar da casa, mas continuei sentada ali, esperando que minha dúvida se dissipasse por encantamento; esperando que Edward pudesse ler meus pensamentos e responder o que eu não tinha coragem de perguntar.

Poucos minutos passaram até que ele terminasse e automaticamente levantei e levei a louça para a pia, me pondo a lavar tudo enquanto Edward secava.

— Alice está uma fera comigo. — disse ele subitamente.

— Espero que não por você ter me emprestado o moletom dela.

— Não. Ela nem sabe que você está aqui. — sequei minhas mãos e mais uma vez agi automaticamente ao seguir até a sala, tendo Edward atrás de mim — Na verdade, ainda não contei sobre Amanda. Ela está uma fera porque eu pedi que não voltasse pra Forks até que eu dissesse que era pra voltar.

Aquilo não me surpreendeu. Se Alice já soubesse da existência da sobrinha, minha casa já teria virado uma filial do “fantástico mundo da Barbie”. Ainda sem saber muito bem o porquê de estar fazendo certas coisas, me acomodei no sofá numa posição muito relaxada, como se estivesse em minha casa. Estávamos conversando como um casal que discute o que será feito durante o dia.

— Antes de contar pra minha mãe e pra Alice quero conhecer minha filha, curtir meu momento pai antes que elas queiram transformar minha pequena numa boneca gigante.

— Já pensei nisso... Mas conheço minha filha e sei que Alice não vai conseguir transformá-la numa cópia sua. Amanda mais parece um moleque. Na escola só quer saber de jogar futebol, adora vídeo game e qualquer esporte, mas sua paixão é a F-1. Infelizmente.

— Ora! Por que infelizmente? Imagine só minha filha sendo a primeira piloto de F-1?

— Não inventa! Nem morta que minha filha vai se enfiar num carrinho daquele e correr como louca!

Edward caiu numa risada que não entendi. Será que ele encorajaria mesmo uma coisa daquelas? Encararia numa boa o fato de sua filha praticar um esporte tão perigoso sendo que ele mesmo disse ser fácil um acidente acontecer?

— Bella! Acha mesmo que eu encorajaria algo assim? Eu sei o quão perigoso é e como minha mãe ficava ao saber que eu estava ali, dentro de um carrinho daquele e correndo como um louco.

— Ok. — falei mais calma, sabendo que além de mim e de Ângela, mais alguém seria contra caso Amanda pendesse pra esse lado do esporte, já que Ben a encoraja dizendo que deve ser o máximo sentir toda aquela velocidade. Acho que escolhi o padrinho errado pra minha filha...

Um silêncio se abateu sobre nós e logo percebi que Edward deveria ter mais o que fazer e que eu estaria atrapalhando, mas ao mesmo tempo em que eu sabia que tinha que ir pra casa, eu queria ficar. Desde quando eu era tão indecisa e covarde assim?

— O que está te incomodando? — perguntou Edward, me fazendo voltar à realidade.

— E por que acha que estou incomodada? — retruquei, pois não queria responder àquela pergunta.

— Está mordendo o lábio e me olhando como se quisesse perguntar algo.

E eu esqueci que ele me conhecia muito bem... Eu sabia que não conseguiria ficar com aquela dúvida martelando em meu cérebro, me atormentando. Eu queria sanar qualquer dúvida quanto ao passado, queria saber de cada detalhe, saber se cada palavra que me foi dita por ele oito anos atrás era verdadeira.

— Ontem você me explicou o motivo que o fez ir embora, mas algo insiste em ficar me vindo à mente... Você disse que se apaixonou por mim, que me amava, mas às vezes eu te sentia tão distante... Às vezes, quando eu dizia um “eu te amo” você me respondia e me tratava de uma forma tão fria...

Ele respirou fundo e eu prendi a respiração. Eu queria saber e agora teria a resposta, por mais que não me agradasse.

— Você deve lembrar que nem sempre foi assim. Realmente houve uma época em que pensei que se eu te tratasse diferente ou se aparentasse não te amar, você iria terminar comigo e eu comecei a agir assim depois que Rosalie começou com as ameaças contra você. Pensei em muitas coisas Bella... Cheguei até a pensar em armar qualquer coisa... Fazer com que você pensasse que eu estava te traindo, que eu não te amava... Eu só não queria ter que terminar nosso namoro e no fim, foi o que acabei fazendo. — dessa vez fui eu quem respirou fundo — E você está errada sobre duas coisas; eu não estava apaixonado por você e nem te amava. Eu sou apaixonado por você e eu te amo.

A última dúvida se dissipara. Mais uma vez ouvi Edward dizer que me amava. Que me ama e eu queria não ser tão covarde e admitir pra ele que também o amava, mas me sentia travada. Talvez, saber que Rosalie ainda poderia fazer algo quando soubesse de minha filha fosse um dos motivos que me faziam temer me aproximar, embora minha vontade naquele momento fosse me atirar nos braços de Edward e deixar todos aqueles anos onde deveriam ficar; no passado.

Uma expressão ansiosa estampava o rosto de Edward. Talvez ele esperasse que eu dissesse que também o amava e eu diria. Um dia, quando soubesse que Rosalie nada mais poderia fazer pra nos separar ou nos atingir. Eu poderia estar desperdiçando uma oportunidade? Sim, poderia, mas também não poderia me arriscar a perder as duas pessoas que eu mais amava. Depois de tudo o que me foi contado, eu não duvidava que todo aquele ódio e loucura de Rosalie pudesse se virar contra Edward e eu não suportaria se algo lhe acontecesse, assim como não suportaria caso algo acontecesse à Amanda.

O momento era constrangedor e dei graças a Deus quando o telefone tocou. Se fosse em outra situação eu diria que era uma coisa bem clichê, mas naquele momento agradeci por ter acontecido comigo. Mesmo me parecendo bem contrariado Edward atendeu e ouvi muito bem a voz de Ângela. Mas que coisa!

— Pra você. — disse Edward, me estendendo o telefone — Ângela.

Peguei o telefone e ao contrário de mim, que fiquei escutando sua conversa, Edward me deixou sozinha, dizendo que estaria na parte de trás da casa. Eu já sabia que minha amiga ia me torrar a paciência...

 — Oi Ang. — a saudei sem ânimo.

— Oh! Que bom que ainda lembra meu nome! Será que ainda lembra do seu endereço ou tenho que arrumar suas coisas e mandar despachar na casa de Edward?

Cheguei a rir disso. Ângela era dramática!

— Não será preciso; já vou embora. — ela bufou — Onde está minha filha? Quero falar com ela.

— Oh! Sua filha? Está dormindo ainda e agradeça a Edward o fato da menina te ficado pirada depois que falou com ele. Sabe a que horas ela dormiu? Já passava das duas da manhã! E sabe como consegui isso? Tive que dizer pra ela que se não dormisse ia ficar careca. Claro que ela não acreditou muito, mas não quis pagar pra ver.

— Pode deixá-la dormir. Ela está de férias mesmo, não vai interferir em nada.

— Opa, opa! O que está acontecendo? Vocês brigaram? — o lado resmungão deu lugar ao preocupado.

— Não. Olha, vou trocar de roupa e estou indo pra sua casa. Conversamos quando eu chegar.

— Ok. Vou pensar em algo para o almoço.

Nos despedimos e depois de colocar o telefone na base, me dirigi pra onde Edward estava. Além da janela da sala, que dava para frente da casa, meu outro lugar preferido naquela casa era o jardim dos fundos. Aquele lugar me dava uma sensação de paz, tranquilidade... Fora a pintura nova, nada mudara naquela parte; o banco onde passei tanto tempo conversando e rindo com Alice era o mesmo. Tudo, absolutamente tudo parecia igual há oito anos.

Edward estava encostado em um dos pilares que sustentavam o teto da varanda e me aproximei calmamente, parando ao seu lado. Ele nada disse, parecia perdido em pensamentos e lembranças, assim como eu. Mas eu teria que interrompê-lo.

— Edward? — chamei sua atenção — Vou até o quarto de Alice, preciso me trocar.

— Vou subir também, tenho que pegar minha carteira.

Apenas concordei com a cabeça e seguimos em silêncio. Edward estava pensativo e preferi não falar nada. Eu sabia que aquela reação era decorrência do que ele me falara e no momento, eu nada poderia dizer para animá-lo. Nos separamos no coredor e assim que fechei a porta, bati minha cabeça contra ela. Esse pequeno ato me fez lembrar daquela leve dor.

Depois de trocar de roupa e guardar meus pertences, sentei-me na cama sem saber o que fazer. Eu estava sendo egoísta por não dizer a Edward que o amava e estava sendo egoísta comigo mesma por não me permitir dizer isso. Nada foi cobrado, proposto ou pedido; um sentimento apenas foi exteriorizado. Que mal havia nisso?

Agora era de meu conhecimento o tanto que Edward sofreu, o quanto custou a ele tudo o que aconteceu... Coloquei-me em seu lugar, mas nem seria preciso... Eu sabia o quanto me doeu ficar longe, não saber como ele estava. A saudade, por vezes, chegava a ser esmagadora... Depois, quando resolvi enterrar aquele sentimento dentro de mim, cheguei a pensar que o odiava, mas pra ele deve ter sido muito mais difícil... Agora eu tinha certeza de seu amor por mim e, por mais que toda aquela história me fosse repetida, eu jamais poderia imaginar o quão difícil poderia ser ter que abandonar alguém a quem se ama.

“Você está fazendo tudo errado, Bella!”, minha consciência gritava. “Não foi você mesma quem disse que estaria ao lado dele? Não foi você mesma quem disse que o amava e que nada mais importava?”, minha consciência continuava falando comigo, me fazendo duvidar da minha sanidade. “Vamos, idiota! Vale a pena deixar de lado o amor da sua vida? Vale a pena deixar que Rosalie continue se interpondo entre vocês?” — e aquela voz que insistia em ecoar em minha mente estava certa. Se eu teria ficado ao lado dele e enfrentado tudo antes, porque não agora? Ter uma filha só me faria lutar com mais vontade contra a loucura de Rosalie.

Só o que me restava era limpar as lágrimas, lavar o rosto e pensar em meus próximos passos. Já estava decidido; eu enfim diria a Edward que o amava, mas primeiro ele conheceria a filha. Peguei minhas coisas e já estava com a mão na maçaneta quando Edward bateu, perguntando se eu estava bem.

— Estou ótima. — respondi, assim que abri a porta.

— Isso é bom. — ele estava meio sem graça ou era impressão minha?

— Agora eu vou pra casa de Ângela, tentar acordar sua filha e ouvir toda a gritaria... — falei divertida e vi um sorriso surgir no rosto de Edward.

— Dorminhoca? De quem será que ela herdou isso, não é?

Eu observava o corredor e ria de seu comentário. Tudo bem, admito que eu adorava dormir, mas o fato de Amanda estar dormindo até àquela hora não tinha a ver com seus genes.

— Pois fique o senhor sabendo que se sua filha está dormindo até agora a culpa é exclusivamente sua! Ângela me disse que depois que você falou com Amanda, ela meio que ficou eufórica demais e só dormiu depois das duas da manhã.

— Oh! Eu não sabia que minha voz era capaz de deixar uma mocinha insone...

— Tão engraçado... — parei em frente à porta e mesmo sabendo que a intenção de Edward era me levar, isso não aconteceria — Prepare seus ouvidos; depois do almoço vou trazer Amanda. Tchau Edward!

Saí rapidamente e bati a porta, como se isso fosse impedi-lo de alguma coisa... Ainda o ouvi me gritar e me pedir pra esperar que ele me levaria, mas apenas acenei, vendo sua expressão frustrada.

Assim que cheguei à casa de Ang, fui bombardeada por inúmeras perguntas. Gastei um bom tempo contando a ela tudo o que Edward me dissera na noite anterior e assim como eu, ela também ficou horrorizada com as loucuras que Rosalie cometeu e até disse que agora conseguia entender Edward. Por mais que eu respondesse, as perguntas de Ângela pareciam não ter fim... Ela queria saber o que eu faria dali pra frente, quando eu deixaria que pai e filha se conhecessem, se eu ainda o amava...

— Você sabe que o amo, Angie. — respondi por fim, vendo um enorme sorriso satisfeito surgir no rosto de minha amiga.

— Hum... Então me conte os detalhes sórdidos da noite. Estou me roendo de curiosidade.

— Não tem detalhes sórdidos. Nada aconteceu; cada um dormiu em um quarto e o que houve foi o que te contei. — claro que omitir o fato de Edward ter trocado minha roupa era o mais seguro.

— Vocês são tão sem graça... Se fosse eu, no mínimo teria agarrado aquele homem todo... Se eu não tivesse o Ben, você teria uma concorrente.

— Concorrente em quê? — a voz potente de Ben nos interrompeu, me fazendo rir da cara quase desesperada de Ângela.

A pele morena de Angie assumiu um tom pálido enquanto Ben a encarava com uma expressão quase divertida. Ele sabia que a esposa era louca por ele, mas que não deixava de fazer comentários com relação a homens bonitos. Levantei as mãos, querendo dizer que não tinha nada a ver com aquilo e os deixei sozinhos, me dirigindo para o quarto onde Amanda dormia tranquilamente.

Como em alguns momentos eu queria ser como Amanda... Deitar a cabeça no travesseiro e poder dormir serenamente, sem nada me preocupando ou afligindo... Queria dormir tendo a certeza que ao acordar teria alguém ao meu lado, cuidando de mim ou que durante a noite alguém me ampararia caso algum pesadelo interrompesse meus sonhos...

Pela primeira vez depois de muito tempo voltei a sentir saudades dos meus pais. Na maioria do tempo a mágoa era mais presente do que o amor que eu sentia por eles; e as palavras de minha mãe sempre me vinham à mente... “Não seja uma tola apaixonada! Edward tem razão, isso passa! Mas agora você tem que pensar nessa criança que carrega e ir atrás dele. Se ele não te deu amor, que pelo menos dê dinheiro.” E quando eu disse que não iria atrás dele por isso, foi ainda pior... Eu nunca poderia imaginar que minha mãe fosse tão mesquinha... ”Pois bem, já que você prefere ter essa criança e não quer ir atrás do pai dela, quero ver como vai criá-la sozinha, sem dinheiro e sem casa. A partir de hoje você não terá um tostão de mim, vai arrumar um lugar pra morar, se sustentar e sustentar essa criança. Não quero te ver aqui no café da manhã.”

E agora, olhando minha filha, eu não me arrependia de ter arrumado minhas coisas e ter vagado por horas até lembrar que perto da clareira havia uma casa abandonada. Passei a noite ali até me lembrar que eu tinha meus direitos, que o carro que meus pais me deram em meu aniversário estava em meu nome e que tinha direito à herança de minha avó. De cabeça erguida voltei pra casa na manhã seguinte e encontrei apenas meu pai. Mesmo não querendo falar comigo, ele não me negou o que era meu por direito. E depois disso... Depois disso só fui saber deles quando já não estavam mais vivos. Não houve sobreviventes na explosão do avião, o que impossibilitou o enterro dos corpos deles, mas caso tivesse sido possível, eu com certeza não iria.

Afastei esses pensamentos e tratei de tentar acordar minha filha! Essa seria uma tarefa difícil, mas eu tinha uma arma...

— Vamos meu amor, acorde. — falei com voz baixa, fazendo carinho em seus cabelos avermelhados.

— Ah, mãe... Tô com sono ainda.

— Claro que está! Foi dormir muito tarde! — comecei a fazer cosquinha nela, que relutava em abrir os olhos.

— Minha dinda falou que eu ia ficar careca... Mas eu não conseguia dormir... Parecia que tinha um monte de formiga andando em mim.

— Você só estava feliz porque falou com seu pai.

Só então ela me olhou e pude ver o quão ansiosa ela ficara.

— E você está chateada comigo?

— E porque eu ficaria? — cada palavra foi dita entre beijos que eu distribuía por seu rosto corado. — E eu tenho uma coisa muito boa pra te contar.

— Posso dormir mais um pouquinho? Depois você me conta... — ela estava novamente com os olhos fechados e toda manhosa.

— Tudo bem. Vou ligar para seu pai e dizer que não vou mais te levar até lá depois do almoço porque você está muito cansada e quer dormir o dia todo...

Meio segundo após minhas palavras serem ditas, o grito de Amanda ecoou pelo quarto, me fazendo rir. Em um instante ela estava de pé, pulando sobre a cama.

— Vou mesmo conhecer meu pai hoje? Jura juradinho? — ela finalmente sentou.

— Juro juradinho. Nós vamos almoçar aqui na casa da Angie e depois vamos pra casa do seu pai.

— Ontem ele me chamou de princesa e disse que me amava, mas eu não... — Amanda se calou e abaixou a cabeça, desviando seus olhos dos meus.

— Você não sabe se o ama. É isso? — perguntei, notando a dúvida que surgia e ela apenas confirmou com a cabeça — Meu amor, quando vocês se encontrarem você vai saber o que sente. É a primeira vez que vão se ver e é normal o que está sentindo...

— E se ele não gostar de mim? Se disser que não quer ser meu pai?

Ah! Como eu queria tirar todas aquelas dúvidas... Eu sabia que Edward estava louco pela filha, mas ela não sabia e a espera com certeza estava sendo torturante.

— Meu amor, seu pai te ama e ele quer muito te conhecer. Não fique com medo.

Amanda só concordou com a cabeça e aproveitei aquele momento para tirá-la de vez da cama. Enquanto ela tomava banho eu separei sua roupa, arrumei a cama e a avisei que estaria descendo e que tinha mais vinte minutos pra terminar. Se deixasse, era capaz dela tomar banho, se vestir e deitar de novo...

Na cozinha, fui ajudar Ângela a terminar de preparar o almoço e vi como minha amiga me olhava torto. Eu tinha culpa se ela falava demais? E que o motivo dessa língua solta sempre fosse Edward? Ela que se controlasse!

— Cadê o Ben? — perguntei cinicamente.

— No banho... Olha aqui, engraçadinha; da próxima vez que me deixar numa saia justa dessas, nunca mais olho na sua cara! Tive que me explicar com Ben e ele ainda riu da minha cara!

— E eu tenho culpa do seu fraco pelo Edward?

— Não, não tem, mas poderia ter me ajudado!

— Mas que cara de pau! Ainda admite!

Ela bufou e me afastei; ela estava com uma faca na mão... Melhor prevenir...

— Que lindo! Antes você jurava odiá-lo e agora está com ciúmes, é?

— Não mesmo. Nunca senti ciúmes de Edward e não seria agora que sentiria.

— Só você mesmo... Eu morro de ciúmes do Ben e olha que estamos juntos há anos!

— Isso é de cada um, Angie. Sempre achei que se duas pessoas estão juntas é porque se gostam. Cada um é livre pra escolher quem quiser, mas se um escolheu o outro... Pra quê ciúmes se você sabe que Ben te ama? Não acha que dez anos é o suficiente?

— Bella... Sei lá... Sei que nos amamos e por mais que eu fale e faça graça por conta de Edward, jamais olharia pra outro homem, mas sentir ciúmes é do ser humano. É normal.

— Então eu não sou humana e muito menos normal...

— Disso eu já sabia.

Não ia adiantar discutir... Terminei de ajudá-la e depois fomos pra sala. Ben desceu com Amanda pendurada em suas costas. Fiquei imaginando como seria pra eles ter um filho... Há tanto tempo que eles tentavam... O amor que eles dariam ao filho que ainda não tinham ia todo pra Amanda e como eu agradecia a Deus por tê-los por perto...

— Fiquei sabendo que uma princesa vai conhecer o pai hoje. É verdade? — Ben perguntou, colocando Amanda no chão.

— É sim. — falei e ele apenas assentiu com um aceno.

Ainda faltava algum tempo para o almoço e eu já sabia que teria problemas com Amanda... Ela não quis comer nada, disse que as formigas estavam andando nela outra vez e eu sabia que só passaria quando enfim ela visse o pai.

Fui pra casa, mas Amanda quis continuar com Ângela. A primeira coisa que fiz foi tomar outro banho e trocar de roupa, depois fui checar as ligações, mas não tinha nada. Joguei-me em minha cama e retirei da gaveta da mesinha ao lado da cama, meu diário. Na verdade era mais um caderno onde eu anotava coisas que achava relevantes e assim que abri, o colar que Edward me dera escorregou de uma das páginas. O pingente ficou preso e folheei o caderno até aquela página.

“Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas. Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda-roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei.”

Era isso o que estava escrito. Vi a data que estava no topo da página e constatei ser de poucas semanas depois de Edward ter partido. Lembro perfeitamente de como chorei... Mas nem tudo era verdade naquelas palavras... O passado não voltaria mesmo, tudo o que aconteceu estava realmente perdido, mas o amor perdido... Ah! Esse havia voltado e trazia com ele novos sonhos, novas esperanças, novas forças... Mudei para uma página em branco e escrevi algo. Algo que condizia mais com aquele momento.

Não, ela não era tola. Mas como quem não desiste de anjos, fadas, cegonhas com bebês, ilhas gregas e happy ends cinderelescos, ela queria acreditar.”

Sim, eu queria mesmo acreditar. Acreditar que tudo daria certo, que aquele amor que esteve adormecido não morreria, que meu final feliz existia. Pus o colar naquela página, fechei o caderno e o guardei. Pensei no que dizer a Edward... Em como dizer que o amava, mas as palavras me fugiam; me parecia inútil pensar... Acabei desistindo e fui terminar de me arrumar. Coloquei os brincos que Carlisle me dera, troquei a calça e a blusa que eu estava por um vestido e pus sandálias de salto baixo. Eu não precisava cair... Aí eu ri de mim mesma. Estava novamente me comportando como uma adolescente. Pra quê toda aquela arrumação? E mais uma vez mudei tudo o que vestia. O vestido agora era bem simples e sandálias rasteirinhas. Peguei minhas coisas e decidi ir logo pra casa de Ângela, antes que eu trocasse de roupas mais uma vez...

Antes do almoço ainda conversamos por quase uma hora e depois... Bom, depois, quando já estava na hora de sairmos, Ben quase teve que derrubar a porta do banheiro pra que Amanda saísse lá de dentro... Foi complicado; ela começou a chorar, disse que o pai não ia gostar dela, que não queria mais vê-lo...

— Aqui. — Angie me estendeu a chave do seu carro e uma bolsa com algumas coisas de Amanda — E, por favor, quando voltar, vá pra casa. Meu marido está de folga e sabe como é...

— Pode deixar! Acho que vocês estão mesmo precisando conversar com a dona cegonha!

Quase apanhei, mas consegui correr a tempo de me safar de uns safanões... Amanda ria sem entender o que eu disse e quase se jogou dentro do carro.

— E então? Está mais calma? — perguntei, já me dirigindo para a casa de Edward.

— Não sei... Ainda estou com medo.

— Já vai passar meu amor.

Ela ficou em silêncio e eu indecisa. Ia mais rápido ou continuava numa velocidade baixa? A verdade é que eu estava doida pra ver Edward outra vez... Meu coração batia descompassado, num misto de emoções e sentimentos que eu jamais saberia explicar...

Quando vi já estava parada em frente à casa dele e eu não poderia dizer quem estava mais nervosa; se eu ou Amanda.

— Vamos querida. Prometo a você que tudo vai dar certo.

— Tudo bem. — ela disse e desceu do carro.

Sua mão agarrou a minha com tanta força e tive a certeza que ela estava mais, muito mais nervosa do que eu.

— Eu vou tocar a campainha. Quer que eu espere?

— Não mamãe. Pode tocar.

Aproveitei-me daquele surto de coragem e toquei a campainha, ouvindo Edward gritar um “já vai”. Era agora. Não havia mais pra onde voltar.

OBS: O texto em itálico, escrito por Bella, é de autoria de Caio Fernando Abreu.


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Notas finais do capítulo

Por hj é só!
Querem post no domingo? Só postarei se disserem que sim.
Chegou até aqui? Deixe um review. Não dói, não cansa, é de graça e ainda me deixa feliz!
Beijosssssssssssss e FELIZ ANO NOVO PRA VOCÊS E SUAS FAMÍLIAS!
ESPERO VÊ-LAS POR AQUI NESSE NOVO ANO QUE VAI COMEÇAR!