O Peso De Uma Mentira escrita por Arline


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Hey! Olá meninas! (será que temos algum menino fantasminha?) Mais um capítulo pra vocês! Espero que gostem.
Leitoras novas, sejam muito bem vindas! Isso mesmo, LEITORAS! Obrigada pelos reviews lindos que deixaram, pelas críticas construtivas que fizeram... Isso só me estimula a escrever mais e melhor.
Alguém se arrisca em uma recomendação?
Já que não nos veremos antes disso, DESEJO A TODAS UM FELIZ NATAL! ESPERO QUE GANHEM MUITOS PRESENTES E QUE ME PRESENTEIEM COM MUITOS REVIEWS LINDOS!
AO CAP!



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CAPÍTULO 12

POV BELLA

Mais uma vez eu acordava parecendo um zumbi; mais algumas olheiras, expressão cansada... Ficar até a madrugada repetindo a mesma história deixa qualquer um exausto! E foi isso que Angie me obrigou a fazer... Além de ter que contar tudo a ela sobre o fato de Edward ter ido me buscar, ela ainda me fez passar vergonha ao me pedir que repetisse tudo para Ben.


Não omiti parte alguma e tive que ouvir meus amigos dizendo que eu estava perdendo tempo, que ainda amava Edward e que tinha que ouvir tudo o que ele me quisesse contar. Porém, nada é tão simples assim... Ele foi embora, me abandonou sem nem se importar com o que eu sentia ou deixava de sentir e ainda teve a audácia de dizer que passava, que o que eu sentia não era amor. O que ele dizia sentir não chegava nem perto disso, mas eu bem sei o que passei durante os dias, semanas, meses e anos seguintes depois de sua partida. Cada segundo era angustiante e toda vez que me lembrava de suas palavras, sentia uma parte de mim morrendo. Mas, mesmo com tudo isso; tive que erguer a cabeça e seguir em frente. Foram muitos trancos e barrancos, mas nada impossível.


Um lado meu, o sonhador e idiota, quis acreditar por um tempo que um dia Edward realmente me amara, mas o outro, o racional, sabia que era impossível. Uma diversão com uma menina idiota da cidade pequena foi interessante pra ele. Cada um se diverte de uma forma, e a dele foi essa.


Mesmo com esses pensamentos, algo dentro de mim não estava certo... Algumas palavras que Edward me disse quando fui até sua casa ainda rondavam minha mente e eu tentava afastá-las, mas sem muito sucesso. Havia uma mudança notável nele e uma tristeza nos olhos que me deixou desconcertada, assim como foi quando olhei pra Tânia. De alguma forma, eu sabia que ela sofrera, mas e ele? O que será que o havia deixado daquela forma? E mais; o que será que ele tinha pra me contar? Quais foram os motivos — senão sua carreira — pra que ele tivesse me abandonado daquela forma? Fiquei curiosa, claro, mas eu gostaria de saber? Talvez sim, talvez não... O medo do momento em que ele quisesse por fim falar a respeito também era grande; eu não sabia como reagir à “verdade”.


Pensar nessas coisas não estava me fazendo bem... Aqui estava eu, sentada de frente para o computador, notando o olhar curioso de Tânia em minha direção. Eu estava tão estranha quanto ela.


— Você está bem? — sua voz baixa e hesitante penetrou meus ouvidos, me fazendo voltar à realidade. Sacudi a cabeça para afastar certos pensamentos e sorri fracamente.

— Sim, por quê? — perguntei e ela apontou a tela do computador. Droga! Acho que eu havia apertado o enter umas mil vezes... Várias páginas do Word estavam em branco.

— Quer que eu pegue água pra você? — ela falou mais uma vez. Estranho... Desatou a falar agora?


Neguei e disse que eu mesma ia pegar a água. No corredor, encontrei Emmett, que vinha com seu costumeiro sorriso brincalhão. Depois que Jasper contara que não estávamos mais namorando, meu amigo havia voltado a ser como sempre fora comigo.


— Tá mal, hein? — ele brincou — Acho que uma boa noite de farra vai te fazer bem.

Revirei os olhos. — Olha bem pra minha cara. Você acha mesmo que eu estou com ânimo pra sair e badalar? Quando, desde que nos conhecemos, você me viu fazendo isso? E mais, por que eu faria isso hoje?

— Além de péssima está raivosa. Que bicho não te mordeu?

— Me faz um favor? — ele assentiu — Vai à merda! — sibilei e me afastei, ainda ouvindo sua gargalhada.


Emmett estava errado; eu não estava raivosa e sim nervosa. Eu sabia, não, eu tinha certeza que aquela história de Edward não ia dar certo! Me perguntei inúmeras vezes o por quê de tê-lo beijado, de ter deixado que se aproximasse daquela forma... Carência... Eu estava querendo enganar a quem? Nem a mim mesma eu conseguia! O fato é que eu havia gostado de beijar aquele desgraçado de uma figa e agora eu estava tão perdida... Nunca, depois que Edward partiu, fiz um mínimo de força que fosse para tentar esquecê-lo. Sabe aquela história de que se você lembra com qual roupa a pessoa estava no primeiro encontro é porque a ama de verdade? Mentira. Eu nunca precisaria lembrar aquele dia ou das roupas que ele usava pra saber que o amei.


Acabei nem bebendo água e voltei ao trabalho. Tânia estava extremamente vermelha e Emmett ria de alguma coisa. Fingi que não vi os olhares que ele lançara a ela durante todo o dia, fingi que não vi o quanto ela ficava sem graça em sua presença e mais, fingi que não vi o quão incomodado com ela Jasper ficara. O questionei a respeito, mas ele simplesmente se esquivou da resposta. Durante a manhã ele se trancou na sala de seu pai e até ouvi alguns gritos e eu tinha certeza que era com relação a ela. Será que mantinha um relacionamento amoroso com Jared e Jasper não aceitava? Ele ficara abalado com a revelação sobre sua mãe, mas talvez ainda achasse que o pai deveria ficar sozinho... Aquilo realmente estava me deixando preocupada, mas, como depois do término do namoro Jasper só falava comigo sobre trabalho, não me senti no direito de perguntar mais nada, eu já estava me metendo demais nos assuntos deles.


— Sem trabalho hoje? — perguntei ironicamente a Emmett, que riu.

— Quem dera! Tenho muito! Por quê? Não posso ficar aqui? — ele respondeu e Tânia abaixou a cabeça.

— Pode. Claro que pode. O escritório é seu, pode ficar onde quiser, mas isso não quer dizer que vai ficar atrapalhando o trabalho de outras pessoas. Tire seu traseiro grande daqui e deixe Tânia em paz.


Ouvi uma risadinha e percebi que vinha dela. Ora! Mas ela tava era gostando dele ali, atrapalhando seu serviço. Esse mundo estava mesmo perdido.


— Bella, você está tão nervosinha... — ele disse, rindo — Acho que o fato de alguém ter voltado à cidade está mexendo com seus nervos...


Claro que ele tinha razão... Mas eu também poderia deixar transparecer menos o meu estado levemente alterado. Depois de ter expulsado aquele acéfalo da sala, voltei ao trabalho, mal prestando atenção ao que estava fazendo. Depois de ter que digitar o mesmo documento três vezes, Tânia tomou meu lugar e fiquei apenas “supervisionando” e nem isso estava sendo feito de forma correta. Minha cabeça era só confusão. Aquele beijo ficava vindo a minha mente a todo instante, fazendo com que arrepios sucessivos assolassem meu corpo. Várias vezes durante o dia me peguei pensando em Edward, em como me parecia que ele realmente havia sofrido — que ainda sofria... O fato de não mais estar perto dos pais também ficava martelando em meu cérebro. Sua sinceridade ao dizer que não me tiraria Amanda também era desconcertante.


Olhei para o relógio e não fiquei feliz em ver que ainda faltava uma hora para o almoço. Suspirei pesadamente enquanto pensava no que fazer pra que o tempo pelo menos parecesse passar mais rápido. Tânia me observava calada com sempre e até aquilo estava me irritando. Por fim, decidi terminar de explicar algumas particularidades do escritório e até que isso foi produtivo. Ela aprendia rápido, não ficava me fazendo perguntas sem nexo e, pra dizer a verdade, ela parecia ter nascido para aquele trabalho. Quando finalmente Tânia chamou minha atenção para o horário, quase cheguei a respirar aliviada. Eu queria sair um pouco, pensar, tentar tirar Edward da minha cabeça até o dia seguinte, mas isso seria meio difícil, já que eu teria que contar à Amanda que ele iria vê-la. Minha princesinha... Como ela estava feliz por saber que o pai estava tão perto! Mas eu sabia que no fundo ela ainda tinha medo de que ele pudesse não gostar dela... Como eu queria que nada daquilo fosse necessário... Como eu queria que minha filha pudesse ter tido o pai junto a ela desde sempre... Mas a escolha foi dele e isso jamais poderia ser mudado. Agora só cabia a ele querer ou não estar perto da filha. As férias acabariam e ele teria que retornar pra onde morava e eu teria que enganar Amanda, dizendo que o pai dela viria o mais rápido que pudesse. Foi preciso que Tânia me chamasse mais uma vez pra que eu pudesse levantar e sair pra almoçar.


— Droga! — exclamei, um pouco antes de trombar com Jasper em um corredor.

— Algum problema? — perguntou ele, me ajudando a manter o equilíbrio.

— Não, nenhum. — menti, mesmo sabendo que seria inútil.


Jasper suspirou e me indicou sua sala. Sem pensar, entrei e ouvi a porta sendo fechada. Agora eu acho que meu amigo estava de volta e como eu senti falta dele! Sentei-me no confortável sofá e ele sentou ao meu lado, me fitando com aqueles olhos azuis que brilhavam.


— Sei que andei meio estranho nesses últimos dias, mas não posso ignorar como você está. Acho que a volta de Edward te afetou mais do que você mesma poderia imaginar. — disse ele de uma só vez.

— Eu não...

— Sim, está. — ele me cortou — Bella olhe pra si mesma. Tenho essa cara de lerdo, mas não sou; tenho visto como está nervosa, ansiosa. Sei que é por causa dele, mas confesso que estou curioso... Será apenas por Amanda ou está assim porque sabe que ainda o ama? — ele usou um tom cínico, totalmente atípico dele.


Apoiei meus cotovelos nas pernas e deixei minha cabeça entre as mãos. Tudo aquilo estava tão complicado, tão confuso, tão incerto!


— Eu aprendi uma coisa muito importante durante o pouco tempo em que namoramos — ele prosseguiu. — Temos que correr atrás de nossa felicidade, mesmo que ela esteja correndo da gente. Eu sempre soube, desde a primeira vez que conversamos sobre seu passado, que você jamais esqueceria Edward, que ele seria o homem que teria seu amor pra sempre. E sabe por quê? Porque você sabe, sua alma sabe que o ama, por mais que sua mente grite que não. — o fitei meio aturdida e ele sorriu brevemente — Nossa alma reconhece a verdade, mesmo quando nosso subconsciente nos diga para não acreditarmos e tem sido assim com você. Por mais que ele tenha mentido, tenha ido embora e que você insista em dizer que não o odeia, mas que não sente mais amor, sua essência sabe da verdade e ignorar isso, agora que ele está perto, só vai te magoar.

— Jazz, ele me abandonou por causa de um sonho! Disse na minha cara que tudo aquilo passava, que eu não o amava! Como posso amar uma pessoa que me fez isso?

— Da mesma forma que ama seus pais, mesmo eles tendo te virado as costas. Seu amor por ele não vai acabar, por mais que ele a magoe, que minta e que a abandone. Se tudo acontecer novamente, você vai perdoá-lo e vai continuar amando-o. Quando você aceitar o que sente, será muito mais feliz.

— Não posso. — murmurei — Não posso deixá-lo entrar em minha vida novamente, não posso permitir que tudo aquilo aconteça outra vez. Agora eu não sou sozinha, tenho minha filha e pra ela, uma desilusão será muito pior.


Jasper quase gargalhou e me deixou confusa com tudo aquilo. Ele era sempre tão calmo e comedido e agora estava ali, rindo de um assunto sério.


— Sou seu amigo Bella e quero vê-la feliz. Não estou dizendo que é pra você se atirar nos braços dele e fugir pra Vegas; apenas pedi que se desse uma chance. Vocês têm uma filha juntos, vão se encontrar diversas vezes, conversar... Procure pelo menos tentar entender o que o levou a te deixar.

— Mas isso é errado! Não quero mais isso. Prefiro guardar qualquer sentimento que tenha por ele apenas pra mim. Não preciso me expor novamente, não preciso e nem quero sofrer por causa dele outra vez.

— Está vendo? Acabou de admitir que sente algo por ele. Pra quê continuar se enganando? Será que não é a hora de tentar esclarecer as coisas? Quem sabe ele ainda não te ama?


Dessa vez, fui eu quem quase gargalhou. Edward me amando? Só sendo piada! Se não me amou antes, porque me amaria agora? Ele nunca sentiu nada por mim... Talvez a amizade que nos uniu fosse realmente verdadeira, mas apenas isso.


— Jazz, obrigada pela preocupação e estou muito feliz que não tenha ficado com raiva de mim, mas o assunto “Edward” está encerrado. Só o que nos torna pessoas civilizadas e que podem ter uma boa convivência é nossa filha, nada mais.

— Tudo bem. Realmente não tenho motivos pra ficar com raiva; gosto de você e um dia o que sinto vai passar. — ele sorriu abertamente — Bom, dê um beijo em Amanda por mim e diga que vou buscá-la na terça-feira para irmos ao cinema.

— Ei! Você por acaso lembrou que eu sou mãe dela e que tenho que dar permissão? — ele riu mais, mas não se abalou com minhas palavras.

— Desde quando te pedi permissão pra isso? E se você não percebeu... Não te pedi, apenas informei que vou levar sua filha ao cinema. Quer você queira quer não.

— Mas isso é um abuso! É nisso que dá... A gente dá liberdade e depois tem que escutar esse tipo de coisa!

— Às dezesseis horas estarei na porta de sua casa e espero que Amanda esteja arrumada, caso contrário, digo a ela que você não a deixou ir ao cinema comigo... Acho que não vai querer ver sua filha possessa, não é? Sabe como ela fica...


O engraçadinho estava se divertindo! Que manipulador! Não me espantava em nada saber dos inúmeros processos que ganhava...


— Só sua cara é de anjo... Você é um manipulador cretino. — não havia traços de irritação em minha voz, o que fez com que ele apenas risse.

— Ganho a vida assim, gatinha... — ele fez uma pose cafajeste e piscou o olho. Eu ri disso — Vamos lá belezinha, almoce comigo pra provar que não está magoada.

— Ainda bem que é bonito... Se dependesse de cantada pra arrumar namorada, você estaria perdido...


Acabamos rindo daquilo e fomos almoçar no restaurante que havia perto do escritório. Consegui me distrair e ri bastante com Jasper. Eu queria perguntar o porquê dele não gostar de Tânia, mas achei melhor deixar aquele assunto quieto. Também não tocamos mais no nome de Edward e conversamos basicamente sobre banalidades; músicas, filmes...


Quando retornamos, Emmett estava mais uma vez conversando com Tânia e vi como ela, apesar de falar mais com ele, estava com vergonha e mantinha uma posição defensiva. Ele estava apoiado contra o lado da mesa enquanto ela havia afastado bem sua cadeira e estava com os braços cruzados, se encará-lo. Jasper passou direto, sem nem mesmo dizer um oi e Emmett me olhou com o cenho franzido, deixando claro que entendia menos do que eu sobre o comportamento do amigo.


— Ora! Será que teremos um “revival” por aqui? — perguntou ele, com ares de gracejo.

— Desinfeta. Some. Vaza. Mete o pé. Enfim; some da minha frente. — respondi, enquanto me sentava.

— Também te amo! Mas já vou mesmo. Seu ânimo está me deprimindo.


Ele saiu balançando a cabeça, enquanto gargalhava. Minha impressão era de que nada poderia abalar aquele grandão de coração mole. Nunca o tinha visto triste ou irritado com o que quer que fosse e também nunca o havia visto tão sorridente assim... Não sorrindo tanto pra uma mulher... Se eu não conseguia dar um rumo certo à minha vida, porque não deixaria que outras pessoas menos complicadas não acertassem as suas?


Voltamos a trabalhar sem que nada mais nos atrapalhasse. Tânia voltara a sua posição calada e estranha de sempre e eu tentava não fazer nada de errado. Na verdade, ela estava trabalhando mais do que eu, que mais observava e respondia às perguntas que em eram feitas.


Meia hora antes de o expediente terminar, Jared e Joseph apareceram para me desejar boas férias, mesmo sabendo que na semana seguinte eu estaria por ali, pra saber como estavam as coisas. Quando eles saíram, aproveitei o tempo que restava e deixei meus números de telefone com Tânia, para o caso dela querer... Conversar ou tirar alguma dúvida quanto ao trabalho. Fui arrumando minhas coisas aos poucos, já que o telefone não tocava e não havia muito que ser feito. Me surpreendi quando levantei e Tânia também, perguntando se podia me dar um abraço.


— Já tem meus números. Pode me ligar a qualquer hora e pra qualquer coisa. Ok? — falei, enquanto me afastava de seu abraço.

— Tudo bem, vou ligar sim.


Nos despedimos e logo saí, mas eu não contava que aquele abraço não seria a única surpresa do dia...


POV EDWARD

É claro que Alice não ia deixar aquela mensagem esquecida e sem questionamentos. Fui acordado pelo barulho do telefone às seis da manhã e fui xingado também. Confesso que não vi motivos para tal coisa, mas... Será que o fato de não explicar nada e ainda pedir que ela não voltasse à Forks naquele fim de semana foi demais? Eu só queria aquele tempo pra tentar acertar algumas coisas, mesmo sabendo que dois ou três dias não seriam suficientes para reparar oito anos. Eu queria estar com minha filha, conhecê-la... Minha garotinha...


Me perguntei como é possível amar alguém de quem só se sabe o nome. Nunca vi nem ouvi a voz de minha filha, mas sentia que a amava. E amava mais ainda por ser parte da mulher por quem eu era apaixonado. Por quem sou apaixonado.


Depois de fingir por mais de meia hora que ouvia minha irmã, deixei que meu corpo tombasse novamente sobre a cama. Pensei em como meus pais reagiriam quando soubessem... Quando eu lhes contasse que estava abandonando meu “sonho”... Agora eu tinha uma filha, alguém por quem viver, pra ver crescer... Não que Bella não fosse tão importante quanto Amanda, mas antes éramos apenas nós dois e naquela época, quando pensei estar fazendo a coisa certa, eu achava que seria mais fácil...


Só percebi que havia voltado a dormir quando o telefone novamente me despertou e ainda bem que atendi direito... Era minha mãe.


— Seu desnaturado! Se não fosse por Alice eu ainda estaria me matando de preocupação por não saber onde você estava! — ela estava nervosa e gritando. Imaginei dona Esme com a mão na cintura e batendo o pé. Ri disso.

— Calma mãe! Eu estou bem, vivo, me alimentando... — mal, mas ela não precisava saber disso.

— Calma? Como você ter coragem de me pedir uma coisa dessas? Você pode ser um desnaturado, mas ainda é meu filho, ouviu bem? Meu filho! E tenho todo o direito de estar preocupada. — uma pausa e ela tomou fôlego — Essa droga que você chama de celular está descarregado e eu estava igual uma idiota ligando pra sua casa em Nova York e ninguém atendia, Alice se enfiou em algum lugar desde ontem e também não atendeu ao celular. Você queria que eu tivesse pensado o quê? Que você resolveu se mudar e está "muito bem obrigado"? Droga, Edward! Não faça mais isso, ouviu bem?

— Mãe, me desculpe. Não pensei que a senhora fosse ficar dessa forma e resolvi vir pra Forks em cima da hora... Prometo que não te deixo mais preocupada assim. Ok?


Ela ficou calada e me perguntei se eu ficaria assim também. Se preocupar e querer sempre estar perto era um instinto dos pais, não? É claro que eu ficaria daquela forma... Talvez até pior! Minha garotinha... Meninos... Netos... Não! Não mesmo! Ainda bem que ela ainda era criança...


— Edward, é impossível que não nos preocupemos. Pais são pais e isso é algo que não se pode mudar ou pedir para não sentir.

— Mas nós, filhos, também nos preocupamos. — ela riu baixinho — Como a senhora está? E o pai? Estou com saudades mãe. — declarei por fim. Há muito tempo eu não via minha mãe e aquilo me doía muito.

— Estamos bem, meu amor. Agora que sei onde você está, vou lhe fazer uma visita. Estou mesmo com saudades de Forks. E... Meu filho, você viu a Bella? Ela ainda continua morando aí?


Pensei em mentir, ou melhor, omitir que havia visto Isabella, mas isso já me custara muito no passado...


— Eu a vi sim. Acabei a encontrando num restaurante quando fui almoçar com Alice. Trocamos algumas palavras.


Ainda conversamos mais alguns minutos e fiquei receoso dela comentar alguma coisa sobre onde eu estava. Por nada eu queria Rosalie perto de Forks outra vez... O fato dela nunca ter ido até minha casa me deixou aliviado e preocupado ao mesmo tempo; nunca se sabe o que está passando pela cabeça dela...


Me forcei a parar de pensar naquilo e levantei. Pus logo o celular para carregar e fui tomar um banho pra despertar e esfriar a cabeça. Ver que já tinha passado das duas da tarde me surpreendeu; não percebi que estava tão cansado assim. Comi alguma coisa congelada que Alice havia comprado e me joguei no sofá, fitando o teto como se ele pudesse dar as respostas aos meus pensamentos.


Faltava pouco para que eu enfim conhecesse minha filha e a ansiedade era grande... Pelo que Bella disse, Amanda era louca pelo piloto e não pela figura do pai, que nunca fui realmente. Agora eu tentaria conquistar seu amor. Não com mentiras, com falsas promessas... Eu simplesmente seria eu mesmo.


Eu não aguentaria mesmo esperar até que o sábado chegasse; ainda faltava muito pra isso... Corri até meu quarto e peguei meus pertences. Mais uma vez eu ficaria parado em frente ao trabalho de Bella, esperando que ela saísse e se fosse preciso, eu imploraria pra que ela me deixasse ver minha filha naquele mesmo dia.


Estava eufórico e sentia-me como um adolescente que rouba o carro dos pais e sai sorrateiramente pela madrugada. Liguei o som num volume baixo e segui meu caminho. Normalmente eu gostava de dirigir em silêncio, salvo os momentos em que Alice estava comigo... Ela quase transformava meu carro numa mini-boate; faltava apenas o globo luminoso e as bebidas; porque a música alta e a gritaria, digo, cantoria, ficavam por conta dela.


Como eu estava sentindo falta daquela cabecinha de vento! Era a primeira vez em muito tempo que ficávamos longe um do outro e eu sabia que ela também se sentia da mesma forma com relação a mim. Desde pequenos sempre fomos muito ligados, muito amigos; e fazíamos tudo juntos, inclusive deixar nossos pais de cabelos em pé. Sempre fomos irmãos, amigos, confidentes; e como eu a queria perto de mim! Acho que o fato de não estar com Bella me fez desenvolver uma espécie de superproteção com relação à Alice. Se ela suspirasse eu já queria saber o motivo, quem era o causador daquilo... Depois que expulsei seu segundo namorado de casa ela parou de apresentá-los a mim. Sorri ao me lembrar disso. Ela ficava furiosa comigo, mas eu fazia uma cara de culpado e ela logo esquecia...


Meu celular começou a apitar indicando falta de bateria e me tirou daqueles pensamentos. Aproveitei o sinal vermelho e conectei o celular ao carregador do carro; agora eu teria que me lembrar de mantê-lo sempre carregado senão dona Esme entraria em colapso caso não conseguisse falar comigo outra vez.


Dirigi por mais cinco minutos, até que avistei o prédio onde Bella trabalhava. Mais uma vez eu ficaria esperando, ansiando que ela ainda estivesse ali. Mais uma vez agi por impulso e quem poderia me julgar?


Eu sabia que poderia ficar horas plantado ali até perceber que ela já havia saído ou então; ela poderia sair acompanhada. Confesso que não sei qual das opções me deixaria mais decepcionado... Mas ela poderia sair logo, me arrancando assim daquela agonia que era esperar para simplesmente vê-la. Os sentimentos eram confusos... Amor, euforia, medo, esperança... Ainda bem que meu cardiologista disse que eu tenho um coração forte, pensei, segundos antes de ver Isabella saindo do prédio.


Algum dia eu me acostumaria a vê-la? Meu coração batia de forma acelerada, como se fosse saltar do peito e quase implorei pra que ele voltasse a bater normalmente. Bella poderia simplesmente virar as costas e continuar na direção oposta, seguindo seu caminho; mas não o fez. Ela vinha em minha direção e mesmo com um pouco de receio, não pude deixar de sorrir.


— Olá. — a cumprimentei baixo, tentando não gaguejar vergonhosamente.

— Oi. — ela respondeu de forma um tanto ríspida, me deixando alarmado — O que houve para estar parado aqui? Veio dizer que vai embora? Quando vai ser? Até quando pretende ficar em Forks? Percebeu que um filho é um peso muito grande pra você e decidiu voltar à vida que sempre sonhou?


Ela falava rápido, não me deixando espaço para pensar em muita coisa. Eu só queria saber o que mudara do dia anterior até agora... Com certeza eu não havia feito nada de errado. Respirei fundo, tentando não me exaltar, o que estava sendo uma tarefa complicada, uma vez que Bella me fitava de forma desafiadora. Será que ela havia se arrependido de me contar sobre nossa filha? Era isso o que ela queria? Veio pedir que eu desistisse de conhecer nossa filha e fosse embora?


— Podemos ter essa conversa em outro lugar ou prefere discutir isso aqui, no meio da rua? — perguntei enquanto respirava fundo, tentando pensar em algo que pudesse ter causado toda aquela reação.


Bella estava arredia, não queria entrar no carro e tive que pedir mais uma vez, até que ela cedeu. A ideia de desligar o rádio não foi boa; assim teríamos ao menos o som da música ecoando e o silêncio não me pareceria tão opressor. Nenhum lugar seria melhor para conversar tranquilamente do que minha casa e foi pra lá que segui, não recebendo objeções por parte de Bella, que continuava calada e fitando a rua.


Eu sabia que até poderia merecer tudo o que ela me disse e mais, mas eu já havia dito que estaria perto da nossa filha e isso incluía voltar a morar em Forks. Eu também sabia que não seria recebido com flores e sorrisos, contudo; esperei isso quando nos vimos da primeira vez e não como uma reação retardatária.


Não levei muito tempo para chegar em casa e assim que estacionei, percebi que só então Bella se dera conta de onde estava. Sua expressão não era das melhores, mas eu também sabia que ela não sairia correndo e gritando por socorro.


Todas aquelas regras de etiqueta não foram seguidas por mim quando entramos. Eu não queria saber se ela ia ou não sentar e muito menos se queria água ou outra coisa; meu desejo era saber o que estava acontecendo. Saber o porquê daquela atitude.


— Respondendo às perguntas que me fez — comecei a falar, enquanto jogava a chave ao lado do telefone e apagava as mensagens de Alice —, não acho que um filho seja um peso; talvez para quem não os deseje, mas pra mim... Eu nem sabia que era pai e agora que sei, não posso achar que seja um peso em minha vida. Mesmo sem conhecê-la, posso afirmar que amo minha filha. E quanto ao tempo que vou ficar em Forks; sinto se estou te decepcionando, mas não vou embora.


Foi bom que Bella estivesse perto do sofá. A forma como seu corpo tombou sobre ele seria dolorosa se fosse de encontro ao chão.


— Como?! Está dizendo que vai voltar a morar em Forks? — sua voz saiu alta, quase um grito, pra dizer a verdade.

— Sim. Algumas das pessoas que mais me importam moram aqui e não há motivos para estar em outro lugar.


Mais uma vez um pesado silêncio recaiu entre nós e vi Bella se levantar, indo em direção à janela. Peguei sua bolsa que havia caído no chão e deixei no sofá, me dirigindo logo depois até onde Bella estava. Ficamos cada um de um lado, olhando o gramado verde do jardim. Pensei se aquele não seria o momento certo de dizer a ela o quanto eu a amava e o quanto ter partido me fez sofrer. Nos fez sofrer, na verdade.


— Por que faz isso, Edward? Por que diz que vai ficar se sabe que na primeira dificuldade, na primeira oportunidade que tiver, vai embora novamente? Da primeira vez eu nem sabia da existência de Amanda, mas agora... Como vou poder olhar pra minha filha e inventar uma desculpa qualquer? Quantas vezes vou ter que dizer a ela que não vai demorar até que você venha vê-la novamente? Dessa vez ela vai saber que foi sim rejeitada.


Um suspiro me escapou antes que eu pudesse falar.


— Não terá que inventar nada. Eu já disse que vou ficar aqui e não vou fugir. Claro que antes de me mudar definitivamente terei que retornar à Nova York para resolver todas as pendências necessárias; mas tão logo tudo se resolva não mais sairei daqui.


Bella voltou seus olhos pra mim e não consegui decifrar o que passava por eles. Sua expressão era a mesma de quando era adolescente e trazia um mundo de esperança dentro de si.


— Eu queria acreditar nisso Edward. Queria acreditar que não vai magoar ou decepcionar Amanda.

— Há tempos atrás, quando achei que era necessário mentir, você acreditou em mim sem nem questionar. Acredite agora que digo a verdade. Não vou decepcionar e nem magoar nenhuma das duas.


Bella me fitava ainda com aquela expressão indecifrável e creio que tentava processar o que eu havia acabado de falar. Mais uma vez o silêncio se fez presente entre nós e apenas esperei até que ela pudesse articular qualquer coisa. O fato dela ainda não ter dito que queria ir embora me dava certa esperança de que eu pudesse por fim contar tudo a ela.


— O que está querendo dizer Edward? — sua voz era baixa, quase um sussurro — Há oito anos você foi muito direto e não deixou nenhuma dúvida quanto ao que dizia; sem contar que eu acreditava cegamente em qualquer coisa que me dissesse e agora quer que eu acredite que as verdades que me contou não eram verdades?


Suspirei pesadamente após ouvir o que ela disse. As coisas eram muito complicadas mesmo, mas eu as esclareceria.


— Acho que chegou o momento de te contar tudo o que me levou a te deixar.



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Notas finais do capítulo

POR HOJE É SÓ PESSOAL! ESPERO REVIEWS, RECOMENDAÇÕES E ME DIGAM SE QUEREM POST NO DOMINGO. MAS ME DIGAM MESMO!
BJ BJ E ATÉ O PRÓXIMO!