O Peso De Uma Mentira escrita por Arline


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Hey! Mais um! Pessoal, vamos comentar! Não dói, me deixa feliz e faz com que os posts saiam mais rápido!
Agradeço imensamente a todas que comentam. Sem vocês não haveria motivos pra postar.
Bem vinda leitora nova!
71 leitores e 153 reviews (acho que desaprendi a fazer conta)
31 favoritos. Obrigada!
Ao cap!



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CAPÍTULO 10

POV EDWARD

Quanto tempo passei ali? Quantas horas passaram desde o momento em que me sentei e comecei a relembrar meu passado mais uma vez? Quanto tempo deixei que lágrimas de arrependimento rolassem livremente? No fundo eu já estava cansado de tudo aquilo. Cansado de sofrer, de viver com aquele arrependimento, cansado de nunca ter tido coragem de conversar seriamente com meus pais, cansado de ser quem eu era.

Ao contrário do que Alice dizia, por mais de Bella me perdoasse, eu jamais voltaria a ser o mesmo, jamais voltaria a ser feliz como fui. Quando você fere a pessoa que mais ama, acaba se ferindo também. E eu me sentia assim, um animal ferido. Nem o tempo nem o perdão de Bella me faria mudar. Ainda havia tanta coisa a ser resolvida! Não era só Bella, não era apenas eu... Tinha meus pais, a família dela... Eu nem queria imaginar o que os Swan fariam ao me ver por ali... Se meu pai deixou de falar comigo, os pais dela na certa me expulsariam da cidade... Isso, na melhor das hipóteses!

No fim de tudo, eu estava cheio de poeira e com uma caixa sob o braço; se eu voltasse pra Nova York, aquela iria comigo. Quando cheguei ao meu quarto, vi o visor do celular piscando; no total, cinco mensagens e vinte chamadas perdidas, todas de Alice. Suspirei e liguei pra ela, sabendo que ouviria sermão...

— Onde diabos você se enfiou? — ela gritou ao atender ao telefone.

— Eu estou bem, obrigado por perguntar. Boa noite, como você está? — ela me xingou e eu ri.

— Não estou pra brincadeiras, Edward... Acho bom que não me irrite. — mais? Pensei.

— Eu estava em casa, Alice. Fui para o sótão e acabei me perdendo nas coisas que ainda estão por lá. — me dei conta que ainda estava segurando a caixa e a deixei sobre uma poltrona.

— E então? O que fez depois que vim embora?

Eu ri disso. Alice sempre seria Alice... Ela parecia mesmo minha mãe, e eu sabia que quando tivesse filhos ela seria ainda pior... Contei a ela tudo o que havia feito até aquele momento e tive que ouvir seus gritos.

— Não desista de encontrá-la. — Alice usou um tom sério e vi que a brincadeira havia acabado.

— Não vou desistir. — afirmei com convicção.

— Tudo bem meu irmão. No fim de semana estarei de volta. Por favor, mantenha a casa de pé e não esqueça que você é um ser humano e que precisa se alimentar.

— Tudo bem, mãe. — ela riu e nos despedimos.

Tomei um longo banho e o aviso de minha irmã me foi útil... Meu corpo necessitava de comida e lembrei que teria que cozinhar; coisa que eu sabia fazer muito pouco. A comida de Alice era melhor, com certeza. Senti-me mais leve após o banho e mais disposto a comer algo preparado por mim.

Ainda me vestia quando ouvi a campainha. A ignorei completamente; na certa era algum repórter que descobrira meu paradeiro e viera encher o saco. Continuei o que fazia sem me importar, mas tocou novamente e dessa vez o toque durou mais tempo. Gritei, pedindo que esperasse, enquanto amaldiçoava o infeliz. Desci as escadas calmamente, sem me importar de fazê-lo esperar a eternidade se fosse preciso. Dentre todas as coisas chatas de minha profissão, o assédio da imprensa era o que mais me incomodava; você não dá um passo sem que alguém comente, sem que algum fotógrafo esteja atrás, esperando um deslize.

Abri a porta de vez e quase não acreditei no que vi. Ali, parada diante de mim com uma expressão hesitante, estava Isabella. O que aquilo significava? Quando, depois que a vi no restaurante, eu poderia pensar que a veria novamente naquele mesmo dia? Ah, sim. Quando fui procurá-la. Mais uma vez eu disse seu nome naquele dia e mais uma vez a ouvi me responder. Ela perguntou se poderíamos conversar, mas não me pareceu muito convicta e a chamei outra vez e mais do que depressa pedi que entrasse. Aquilo era irreal demais pra ser verdade... Logo me retraí, imaginando o motivo de sua visita àquela hora; com certeza não era pra me dar as boas vindas...

— Fique à vontade, eu vou... Vou lá em cima um instante. — falei, quando consegui reproduzir algo sem gaguejar.

Corri até meu quarto e pus uma blusa qualquer, ela não podia ver minha tatuagem, acharia que eu era algum tipo de maníaco ou coisa assim e minha ficha já estava bem suja com ela. De repente me bateu uma ansiedade, uma euforia... Já me sentia como Alice, dando pulinhos de alegria pelo simples fato de estar no mesmo ambiente que Bella.

Quando desci, ela estava parada em frente à janela, parecia absorta em pensamentos ou talvez, como eu, perdida nas lembranças que a casa trazia. Eu temia estar sonhando, temia que Bella não estivesse ali de fato e mais uma vez a chamei de forma hesitante, querendo saber o que a levara até ali.

Era incrível como ela conhecia cada reação, cada mania que eu tinha... Só pelo meu tom de voz ela soube que eu ainda estava confuso, mal acreditando que ela estava mesmo ali, à minha frente... E, assim como ela, eu também sabia de suas manias e reações... Ela estava tensa, quase numa posição de defesa, o que me deixou claro que ela não queria estar ali e exteriorizei meus pensamentos.

Só então ela me encarou e me perdi naqueles olhos tão profundos e que demonstravam tanta tristeza. Isabella continuava linda, mais até do que antes, mas seus olhos, aqueles olhos que eu tanto adorava fitar, não eram mais os mesmos. E ouvi-la dizer que realmente não queria estar em minha presença me desconcertou mais uma vez. Por qual motivo ela tinha que estar em minha casa? Agora sim eu tinha certeza de que era por obrigação. Minha reação? Cocei a cabeça e a olhei meio torto.

Como estava cristalina sua repulsa quanto a mim, sentei-me no sofá maior, indicando que se sentasse no outro, que estava de frente ao que eu estava. Ainda tentei soar calmo quando ofereci algo, mas ela nada disse, apenas sentou. Um silêncio recaiu sobre nós e eu queria ter a coisa certa a dizer, a pergunta certa a fazer, mas preferi me calar e esperar que ela se pronunciasse; afinal, foi ela quem bateu em minha porta e se o fez, algum motivo muito forte tinha.

— Pensei que todos estivessem de volta. — ela tentou parecer casual e vi ali minha oportunidade de começar a contar algumas coisas. Senão toda a verdade, ao menos parte dela.

— Não existe mais “todos”, Bella. Meu pai não fala comigo há oito anos, só falo com minha mãe por telefone e quando ela raramente briga com meu pai e vai me encontrar. Rosalie continua morando com eles e também não tenho contato.

Mesmo tentando disfarçar, notei seu estado consternado. Procurei algo pra falar, o que quer que fosse, cogitei até comentar sobre o tempo, mas mais uma vez, preferi esperar que ela falasse. Sua voz vacilou a falar de Alice, mas ela sempre tentava disfarçar, mostrando uma casualidade que não existia; ela mais parecia estar com medo.

Silêncio outra vez. Aquilo estava me incomodando, eu queria ouvir sua voz, saber o que a levara até ali e dessa vez eu não me calaria. Ela parecia dar voltas, parecia que ponderava as palavras e eu queria tudo, até me xingasse.

Não que eu tivesse sequer o direito de pensar que seria bem recebido, mas ouvi-la dizer tão friamente que não se importava me desconcertou mais uma vez e eu queria gritar que eu sentia saudades, que eu a amava. Talvez eu tivesse feito mais mal a ela do que supus. Sua voz ainda era doce, isso ela jamais conseguiria mudar, mas seus olhos... Naquele momento estavam tão distantes, tão desprovidos de emoção...

— Eu realmente apreciaria se tivesse mais alguém presente, mas como não há, tenho que contar com a sorte. — isso realmente me irritou. Eu poderia ser covarde por não enfrentar certas situações, mas a simples insinuação de que eu pudesse vir a feri-la fisicamente era absurda.

— Não precisa se preocupar com sua integridade física e muito menos moral. Sei que já a machuquei uma vez e não vou fazer isso outra vez. — tentei controlar minha voz ao falar.

— Sei que não; pois só aconteceria se eu deixasse e não estou disposta a passar por nada daquilo outra vez. Minha quota de sofrimento já se esgotou há muito tempo!

Eu não conseguia desviar meus olhos dos dela, por mais distantes e frios que eles estivessem ainda eram os olhos dela, aquele tom único de chocolate, que me deixava meio bobo. Inspirei uma grande quantidade de ar, tentando me controlar, tentando não ficar pior do que estava... Pois a dor que eu via nos olhos de Bella só fazia meu próprio sofrimento aumentar. Então ela falou novamente e esperei, ouvi.

Mais uma vez, sua voz fria soou em meus ouvidos, me fazendo relembrar quando eu mesmo agi daquela forma. Ela realmente acreditara que o kart, que as corridas eram importantes, ela acreditara no que falei sobre pensar me amar, ela acreditara em tudo, nem por um segundo duvidou de minhas palavras, nem por um segundo cogitou a possibilidade de que algo estivesse acontecendo... Era isso o que eu queria na época, não era? Bom, então eu havia conseguido meu intento de fazer com que ela me esquecesse, que seguisse em frente. E agora minhas atitudes me torturavam...

— As coisas não aconteceram assim, Bella. Eu sempre me importei com você. Tanto me importei que preferi me afastar. Pode não ter sido a forma mais correta, mas com certeza foi a menos dolorosa. Tenha certeza disso. Eu gostava de você e também sofri muito quando fui embora, mas fiz o que era necessário naquele momento.

Agora eu me perguntava: era realmente necessário? Eu não poderia ter encontrado outra solução? Não poderia ter passado por cima de qualquer coisa?

— Aí é que está a diferença! Enquanto você gostava de mim, eu te amava! Não havia alguém mais importante pra mim além de você. Mas tudo bem, não vim até aqui pra pôr os sentimentos de ninguém numa escala; tenho uma coisa muito importante pra te contar.

E não duvidei de nada do que ela me dizia naquele momento, pois eu sabia, desde a primeira vez que ela disse me amar, que era verdade. Ainda pensei em retrucar, dizer que ainda a amava, que nunca a havia esquecido, mas de nada adiantaria... O momento não era de declarações de amor ou pedido de desculpas, perdão. O momento certo ainda chegaria e aí sim eu poderia dizer a ela tudo o que acontecera.

— Estou ouvindo. — foi o que consegui dizer.

Quando eu penso que ela vai começar a falar, que vai acabar com minha agonia, ela se cala. Realmente o que havia a ser dito era sério. Fiquei tenso, desejando ter Alice ao meu lado para me dar forças, pra segurar minha mão e dizer que tudo ficaria bem. Mas ela não estava ali e eu tinha que aguentar o que quer que fosse. Já estava prestes a pedir pelo amor de Deus que ela falasse, quando mais uma vez ela resolveu falar.

Fiquei meio sem graça ao ouvi-la falar do dia em que fomos a clareia, do dia em que eu disse que a amava e que fizemos amor como nunca tínhamos feito antes, pois eu sabia que seria a ultima vez. Até tentei fazê-la para de falar, mas ela gritou comigo e fiquei quieto outra vez.

— Bom, como eu estava dizendo... — ela recomeçou — Nós não fomos muito cuidadosos naquele dia e acabei engravidando, mas...

— O quê?! — foi impossível não gritar! Em um instante eu estava de pé, a sua frente — Você está tentando dizer que teve coragem de abortar um filho meu? É isso? — eu lembrava que não tínhamos tomado cuidado, e não era idiota de acreditar que nada poderia acontecer, mas se tivesse acontecido ela teria me procurado, não? O que ela queria vindo até minha casa e dizendo que havia abortado? Ter filhos era meu maior desejo e chegamos a fazer planos quanto a isso.

— Dá pra você calar a boca e me deixar falar?! — ela gritou e quase a ouvi — Se me interromper mais uma vez eu vou embora e dou um jeito de te mandar um email explicando tudo, assim não vou me estressar ouvindo seus gritos!

Aquilo não estava certo! Como ela queria que eu ficasse quieto enquanto ouvia uma coisa daquelas? Não tinha como! Eu havia errado e só eu tinha que arcar com as consequências, não uma criança que nem ao menos tinha pedido pra nascer! Tudo parecia me incomodar e com certeza minha expressão não era nada boa... Mas era necessário me acalmar e ouvir toda aquela história. Se ela queria me punir com isso, o que mais eu poderia fazer?

— Ok. Vou ficar quieto... Eu acho. — sibilei e voltei a sentar.

— Continuando... Não Edward, eu não abortei. Quando soube da gravidez, já estava com dois meses e não tinha mais contato com você ou com qualquer pessoa de sua família. Mesmo estando sozinha, aquela criaturinha que eu carregava não tinha culpa de nada e não merecia que eu me desfizesse dela, como se fosse um peso. Claro que quando seu rosto apareceu em cada jornal ou em cada canal de TV do país eu poderia tê-lo procurado; mas você, por mais que já fosse rico, estava começando sua vida com aquelas corrida e por nada no mundo exporia um bebê. Além do mais, Rosalie, como sempre fizera, iria me acusar de dar o golpe do baú, como se eu precisasse de mais aquilo pra minha lista.

Agora eu me assemelhava a uma fera enjaulada... Como eu queria matar Rosalie... Sempre ela!

— Por Deus, Bella! Você tinha que ter ido atrás de mim! — consegui falar — Mesmo com tudo o que fiz, eu tinha o direito de saber! Eu largaria tudo, voltaria pra Forks... Ai, Jesus! Eu tenho um filho! — eu tinha um filho! Eu era pai! Bella havia realizado meu desejo e não pude estar ao seu lado... O que eu faria agora?

E meu peito parecia que ia explodir quando ela disse que era uma menina. Quantas vezes não fizemos planos? Em quantos nomes não pensamos? Quantas e quantas vezes tivemos discussões bobas só porque discordávamos em com quem nossa filha ia parecer? E agora eu estava ali, com um enorme sorriso no rosto, doido pra abraçar aquela mulher que estava a minha frente e que me dera tanto... As perguntas começaram a sair de forma desordenada; eu queria saber tudo ao mesmo tempo... E ver Isabella sorrindo ao falar da filha... Da nossa filha, foi algo incrível; seus olhos brilharam e pude vê-los como realmente eram; doces... Infinitamente doces. Minha vontade era gritar, mas me contive. Logo me lembrei de tudo o que se passara e estremeci. Minha filha — e como era bom pensar nisso — poderia me odiar... Poderia nem saber que eu existia... Não, ela sabia; por isso Bella viera me procurar...

— E o que ela disse Bella?! Pelo amor de Deus, conte de uma vez! Ela me odeia? — e se ela me odiasse? Se nunca quisesse me conhecer? O que eu faria?

— Como ela poderia odiar? É apenas uma criança! Ela disse que quer te conhecer, mas não havia dito antes por medo que eu brigasse. Eu jamais o proibiria de conhecer sua filha, de conhecer o ser mais especial que existe...

Isabella se aproximou e não me contive... A abracei apertado, reprimindo minha vontade de beijá-la, de falar do meu amor. Naquele momento, depois de saber que mesmo com tantas burradas minhas nós conseguimos realizar um pequeno milagre, meu amor por Bella parecia ter aumentado e eu não poderia deixar de agradecê-la por aquilo, por nosso milagre.

Não tinha vergonha de estar chorando, de saber que ainda era humano a esse ponto. Pude desfrutar um pouco do céu naqueles instantes, tendo Bella abraçada a mim, sentindo seu cheiro, sabendo que ela cuidara e amara minha filha mesmo depois de tudo o que fiz. Eu sentia uma alegria misturada com euforia e medo... Mas dessa vez não era medo de enfrentar o que quer que fosse e sim que minha filha viesse a me rejeitar. Mesmo Bella tendo dito que não, era quase impossível não pensar que poderia sim acontecer.

Bella compartilhava do meu choro e me senti bem por simplesmente estar perto dela, por não ter me afastado, mas teria que acontecer, por mais que minha vontade fosse ficar ali, abraçado a ela. Consegui fazer com que sentássemos no mesmo sofá e prendi suas mãos entre as minhas, apenas para senti-la mais perto e não deixei que se afastasse.

Ainda meio atordoado com tudo aquilo, consegui agradecer por minha filha, por Bella ter passado por cima de tudo e ter me contado e pude dar vazão a tudo o que sentia. Quando chorava, parecia que o peso ia diminuindo e mais uma vez Bella estava ali, tentando, mesmo que inconscientemente, me confortar. Senti seu toque tímido em meus cabelos e acabei por me deixar levar por aquele contato. Como fazia com Alice, repousei minha cabeça em sua perna. Me sentia como um garoto perdido que procurava abrigo, carinho, proteção. Mas eu tinha que suportar tudo aquilo, até mesmo Bella me contando sobre as dificuldades pelas quais passou, sobre o apoio que não teve... Eu segui minha vida, mesmo sendo complicado conciliar, consegui fazer faculdade, mas ela não... Teve que abdicar de outras coisas pra cuidar de nossa filha enquanto eu nem ao menos sonhava que ela existia.

Passar por tudo o que ela passou não deve ter sido mesmo fácil e eu nem poderia dimensionar o quanto; sem contar com o apoio dos pais e depois tendo que lidar com a perda deles... Se ela foi forte e passou por tudo isso sem se abater, porque eu faria diferente? Agora eu tinha mais um motivo pra seguir em frente, pra tentar reconquistar minha mulher e ser feliz ao lado da minha família.

Minha Bella... Agora eu a fitava, tendo sua mão presa à minha, tentado decifrar o que se passava em sua cabeça, tentando entender como uma menina fora mais forte do que eu, um suposto homem e passou por tanta coisa sozinha. Seria tão mais fácil — já que não queria me procurar —, que abortasse, que seguisse sua vida sem preocupações... Mas não... Ela quis ter nossa filha, a amou, contou sobre mim, mesmo eu não merecendo, e não sentia raiva, não guardava mágoas... Era impossível não amar Isabella. Eu não queria estragar aquele momento, não queria falar e perceber que tudo não passava de um sonho e que qualquer coisa dita me faria acordar e perceber que nada era real. O silêncio nos envolveu, mas não era incômodo. Como diria Alice, era tudo meio mágico e fantástico. Me rendi àquele momento; fechei meus olhos e vi, em minha cabeça, como seria dali pra frente, como seria encontrar minha filha. Imaginei seu rosto, com quem ela parecia... Mesmo sendo humano e sabendo que somos falhos, tentaria não errar com ela, não magoá-la como eu havia feito com sua mãe. E cada vez que eu pensava em Amanda, em minha filha, eu sentia meu peito aquecer, um calor gostoso, que me fazia quase querer correr até a casa de Bella e abraçá-la.

Muito ao longe ouvi a voz de Bella me chamando, mas não quis responder, preferi ficar no meu mundo imaginário, onde tudo poderia ser perfeito, mesmo sabendo que nada era. Mas ela insistiu e tive que voltar; um sorriso brotando em meu rosto com a vontade de ver minha filha.

— Edward... Já está tarde e ela não está em minha casa. Tive que deixá-la com a madrinha pra vir até aqui.

Tentei retrucar e até me desculpar outra vez, mas ela levantou subitamente, me assustando e quase me fazendo cair. Ela realmente não queria falar do passado, mas eu não poderia deixar de me culpar, nunca deixaria e um dia — e agora eu tinha uma estranha certeza — ela me ouviria, eu contaria tudo.

— É tão estranho... Há poucas horas atrás eu me preparava pra dormir e agora... Agora só que passa em minha mente é a imagem do rosto de minha filha e nem sei se minha imaginação chega perto de como ela realmente é.

— Acredite; nada do que imaginar chegará perto de como ela é. Vim no carro de Ângela, nem minha bolsa eu trouxe, senão deixaria uma foto com você.

Sorri diante disso. Minha garotinha seria parecida com a mãe e isso já era suficiente.

— Aqui. — Bella pegou um bloco de anotações e fiquei curioso — Estarei em casa por volta das dezoito horas. Trate de dormir; pois se sua filha o vir parecendo um mostro, jamais vai chamá-lo de “papai lindão” outra vez.

O endereço dela! Agora eu saberia onde encontrá-la... E minha filha me chamava de lindão... Não negava que era sobrinha de Alice...

— Obrigado. Cinco para as seis já estarei em sua porta. — agradeci verdadeiramente e ela riu. Seu lindo sorriso me iluminando.

Nos despedimos e a acompanhei até a porta e já que não poderia beijar como queria, dei-lhe um beijo na bochecha, sentindo a maciez de sua pele, seu cheiro de morangos que sempre me enlouquecia.

Assim que me vi sozinho não pude deixar de gritar, de extravazar toda a alegria que estava sentindo naquele momento. Eu tinha uma filha! Mesmo depois de tudo, de tantas mentiras e desencontros, eu estava tendo uma oportunidade de ser feliz e dessa vez não faria nada errado.

Pensei em ligar pra Alice e dar a noticia, mas pensei melhor e decidi conversar com Bella primeiro. Minha cabeça era um turbilhão só... Tantas coisas surgiram ao mesmo tempo! E meu pai... Como eu pensava nele agora... Mesmo não falando comigo eu sabia que ficaria encantado por saber de minha princesinha, minha mãe então, nem se fala... Vivia nos cobrando netos, mas como eu não conseguia sequer pensar em outra mulher ela desistira de mim e perturbava Alice, que por sua vez estava focada em sua carreira e sequer pensava em arrumar um namorado agora... E Rosalie era um caso grave de desequilíbrio. Ninguém merecia um ser como ela no mundo.

O sono que eu sentia se esvaiu, a fome nem parecia existir, por mais que se fizesse presente, me lembrando que eu ainda tinha um estômago e que ele reclamava... Eu só conseguia pensar em Amanda. E estava ansioso para o amanhã chegar logo e decidi fazer um lanche e tentar dormir.

Em meu quarto, observei o céu de Forks através da janela e respirei fundo. Era hora de enfrentar tudo, de lutar pelo amor de Bella, de conquistar o amor e a confiança de minha filha, de reconquistar meu pai e consertar os erros do passado. Era hora de ser feliz.


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Notas finais do capítulo

É isso por hoje! Espero que gostem e comentem.
bj bj e até o próximo.