As Quatro Casas De Hogwarts - Ano 1 escrita por Larissa M


Capítulo 17
Capítulo 16 - Merry Christmas - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap pra vcs!!



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O dia de Natal passou rápido e agradável. Nem Daniel nem o resto do grupo não podiam esperar pela ceia de Natal; ouviram de Erick que era ainda mais esplendorosa do que a ceia que os recebia no primeiro dia de aula. Caminhavam pelos terrenos da escola, alegres pela companhia um do outro, e conversando sobre a ceia quando Ellen soube da existência dos elfos domésticos. Até então, ela não fazia ideia de quem preparava a sua comida, e achava que era por magia. Alice a repreendeu dizendo que estava tudo em Hogwarts, uma história e que não se podia criar comida a partir do nada.

Lamentando todo o trabalho que os elfos provavelmente estavam desempenhando, Ellen perdeu todo o apetite e a vontade de falar sobre comida, mas isso deu uma ideia a Daniel. Ele levou o grupo até a cozinha, onde soubera através de Albus o jeito de entrar.

- Como eu não sabia disso? – Ryan perguntou, notando a proximidade da cozinha e de seu dormitório.

- Não é todo dia que você decide acariciar uma pera em um quadro na parede, Ryan. – Nathan falou. – Não é fácil de achar.

O grupo entrou na cozinha, e foram automaticamente recebidos de bom-grado pelos elfos. Ellen ficou encantada com a boa vontade que todos eles estavam mostrando, mas mesmo assim chateada por terem que trabalhar sem descanso. Um dos elfos, muito simpático, assegurou a ela que eram muito bem tratados em Hogwarts, coisa que ela não conseguiu acreditar depois de ver os trapos que eles vestiam.

Alice explicou todo o sistema e as leis que vigoravam ao redor dos elfos domésticos, que Ellen, por ser nascida trouxa, não sabia de nada.

Quando eles finalmente saíram da cozinha (os elfos se certificaram de que cada um tivesse uma farta quantidade de comida em suas barrigas) já era quase 15 horas. Daniel dissera discretamente para Erick que já sabia onde Ellen estava se referindo, mas conferiu primeiro para ver se eles haviam pensado na mesma solução.

Ellen sugeriu (e Daniel tinha certeza que a maior parte do grupo, se não todo, já sabia do cartão àquela hora) que eles fossem cada qual para seu dormitório, para ter um pouco de descanso até pouco antes da ceia. Todos aceitaram, o que só aumentou as suspeitas de Daniel.

Dan estava incerto quanto a levar sua vassoura ou não, mas se decidiu por não levar. Qualquer coisa pegaria uma emprestada com a escola.

Dando mais uma olhada na neve lá fora (que não ainda cessara, tirando um pouco o bom humor de Daniel) o garoto desceu as escadas correndo e rumou ao campo de Quadribol.

Estava ansioso. Não subia numa vassoura fazia semanas, e Ellen fora uma das principais razões por qual ele não subiu de novo no ar logo depois que saiu da Ala Hospitalar.

Quando chegou no campo, a principio não encontrou ninguém, e ficou se perguntando se não havia escolhido o lugar errado. Depois, notou um pequeno ponto verde no céu acima de sua cabeça, e sorriu ao perceber que era Ellen quem estava lá no alto, convidando-o a subir. Ela foi baixando aos poucos de altura, enquanto Daniel pegava uma vassoura que ela havia deixado no chão e a seguia campo acima.

O prazer de voar novamente tomou conta de Daniel. Era uma das melhores sensações, e por isso Daniel gostava tanto de Quadribol. Ele percebeu que Ellen estava voando rápido demais, e pensou que ele próprio já estivesse enferrujado por jogar por tanto tempo. Mas, pensando bem, ela também não jogava a tanto tempo quanto ele.

Além de mais veloz, Ellen parecia se mexer com mais desenvoltura no ar. Talvez tivesse trocado de vassoura? Daniel só então percebeu que estivera usando a vassoura de Ellen durante esse tempo, então, obviamente, a vassoura dela era nova.

Ele tentou alcança-la no ar, mas foi quase impossível. O garoto só conseguiu chegar perto dela quando Ellen pousou no chão, no centro do campo.

- Que vassoura é essa? – foi a primeira coisa que o garoto perguntou ao pousar do lado dela.

- O que, isso que eu estou segurando? – Ellen falou. Daniel tentou ver a marca da vassoura, mas ela escondia. – Não é nada não.

- Como não é? – Daniel perguntou – É melhor que a sua própria vassoura! Explique-se. – ele pediu a Ellen.

Rindo inexplicavelmente, ela esticou a vassoura que estava segurando para Daniel, e disse:

- É só a sua vassoura.

Sem acreditar, Daniel deu um passo a frente e pegou o objeto das mãos de Ellen. É claro que não era a antiga vassoura de Daniel; essa estava em seu dormitório andares acima. Mas as palavras de Ellen foram bem claras: era é nova vassoura de Daniel.

- É até mais rápida do que a minha. Queria que você visse por si mesmo. – ela explicou.

Daniel estava perplexo. A vassoura que agora segurava em suas mãos era o mais novo modelo, que ele se lembrava de ter visto no Beco Diagonal no início das aulas. Era uma Thundershock, o modelo mais recentemente inventado no mundo bruxo. Daniel olhava para a vassoura com choque e entusiasmo. Não via a hora de voar pelo campo com a nova vassoura, mas primeiro havia uma dúvida que o estava importunando.

- Ellen. – ele disse. – Por acaso você não comprou essa vassoura sozinha, não é?

- Você está preocupado com isso? – ela respondeu. – Se fosse eu, já estava voando a muito tempo nessa coisa.

- É sério, Ellen.

- Não, Dan. Foi eu e mais seis pessoas: Ryan, Nate, Alice, Erick, Holy e Albus. Ah, e a prima de Albus. Ela parece gostar bastante de você.

Daniel olhou extasiado para sua vassoura. Então Albus não se esquecera dele, afinal. Talvez até estivesse sabendo de seu acidente.

- Você saiu por aí pedindo dinheiro? – ele perguntou, querendo saber como foi que ela reuniu o grupo.

- Não me faça parecer tão pobre. – ela disse. – A ideia foi minha, e a principio eu queria comprar a vassoura sozinha, mas Alice me convenceu do contrário.

- Ainda bem, senão todo seu dinheiro ia acabar num piscar de olhos. – ela riu e continuou.

- Então todos se voluntariaram para ajudar a comprar. Eu não sei como – acho que foi pelo Hagrid – que Albus ficou sabendo disso, e me enviou uma coruja carregando essa carta. – ela estendeu um envelope para Daniel, que aceitou – Está dizendo Feliz Natal. Sinta-se importante, afinal foi o filho de Harry Potter que pagou 1/7 dessa vassoura.

Daniel não parava de sorrir. Pelo canto do olho, viu um pequeno grupo aglomerado nas arquibancadas, e soube imediatamente que eram seus amigos.

- Vocês são perfeitos. – ele disse, e subiu na vassoura, mal dando impulso para sair do chão.

De tanta comida que colocaram para dentro, os sete garotos estavam tão cheios que achavam que não teria mais espaço para nada. Por isso, cada um resolveu ir descansar em seu respectivo dormitório, satisfeitos com a festa de Natal. Tinha sido um dos mais brilhantes banquetes que qualquer um ali já tinha visto, assim como Erick dissera. Pela escassa quantidade de alunos (e talvez pela insistência dos seis em se sentarem juntos), quando eles chegaram ao Salão àquela noite, havia apenas uma mesa para todos se sentarem. Os alunos de cada casa ainda formavam pequenos grupinhos, e era como se a mesa estivesse dividida em quatro novamente. O grupo de sete (Holy estava junto) se sentou quase no meio, e fez a principal divisão entre Sonserinos e o resto das casas.

Quase não havia Grifinórios ali, e nisso Daniel reparou com um suspiro de alívio. Já estava decidido: levaria Ellen à noite, depois de todos subirem, e a disfarçaria de Grifinória para o caso de alguém estar na Sala Comunal no pior momento. Para dar mais veracidade ao disfarce dela, passou um cachecol vermelho e dourado por seu pescoço antes de entrarem no Salão Principal. Ela parecia realmente estar na Grifinória.

O jantar passou rápido e, antes que pudessem perceber, eram quase o último grupo ali presente. Estavam apenas eles e alguns Lufos, amigos de Nathan, ainda presentes na mesa. Alice sugeriu que eles subissem, pois ela mesma já estava ficando sonolenta. Por sorte, não era assim que Ellen se sentia, mas ela relutou um pouco antes de concordar em subir. Daniel lhe lançou uma olhar significativo, e a curiosidade da garota a venceu.

Ryan e Nathan permaneceram no Salão junto de outros garotos, e Alice foi acompanhando Erick para seu dormitório. Daniel já havia percebido que Ellen já estava ficando preocupada com seu presente, e cada vez mais ansiosa. Ela percebeu que Daniel estava muito risonho, e claramente escondia alguma coisa. Daniel lançou um olhar para Alice, que entendeu a deixa e na hora subiu as escadas com Erick, deixando os dois sozinhos.

- Ei, Ellen, espera um pouco, quero falar com você. – Daniel disse para ela, quando estavam parados no Saguão de Entrada.

Agora vinha a parte que Daniel não havia pensado direito. Como ele iria leva-la para cima sem entregar completamente onde a estava levando? Todo o plano era muito arriscado; além disso, ainda poderia encontrar alguém dentro da Sala Comunal. Daniel, então, fez um rápido plano enquanto conduzia Ellen escada acima. Ia tudo funcionar, ele sabia.

Quando Daniel estendeu a mão para Ellen, ela não hesitou em segurá-la para seguir o amigo. Mas, quando ela começou a leva-la escada acima, ela perguntou:

- Onde você está me levando?

Daniel parou no meio da escada e, com a varinha, conjurou uma faixa vermelha, comprida o bastante para amarrar ao redor da cabeça de Ellen.

- Não me diga que eu vou ter que usar isso... – Ellen falou, manuseando a faixa.

- É só por algum tempo. Prometo que não vou deixar você cair. – Dan assegurou-a, e amarrou a faixa ao redor de seus olhos.

Com muito cuidado, ele seguiu com Ellen escada acima. A cada passo a garota ia ficando mais curiosa; e mais preocupada. Já perdera a conta de lances de escadas, e não conhecia tão bem o castelo por aquelas áreas para dizer onde estavam. Tentava imaginar onde Daniel a estaria levando, mas nenhum lugar tal alto no castelo ocorreu a ela.

Por fim elas chegaram ao destino. Ou o que pareceu o destino a Ellen. Antes de completar a viagem até o quadro da Mulher Gorda, Daniel retirou as vestes de frio que cobriam Ellen (que possuía detalhes em verde) e colocou as suas na garota, cobrindo completamente qualquer vestígio de Sonserina que pudesse ser encontrado nela. Dobrando com cuidado as vestes que Ellen estivera vestindo, Daniel escondeu os detalhes verdes e a segurou bem rente ao corpo.

Ellen não via nem sabia de nada o que ele estava fazendo, mas estranhava cada ação. Ele a assegurou de que estava tudo bem, e de que pouco faltava para o destino deles.

Passar pela Mulher Gorda seria mais difícil, então Dan prendeu os cabelos de Ellen de modo que ela poderia ser qualquer aluna do primeiro ano da Grifinória. De fato, ela lembrava Daniel uma de suas colegas de classe. Quando achou que o disfarce estava satisfatório, Daniel caminhou com ela, como se nada estivesse errado, diretamente para o quadro. Ele não pôde deixar de dar um risinho antes de chegar ao seu destino.

Por sorte, como quase tudo naquele dia estava acontecendo, a Mulher Gorda não estava em seu melhor estado (estava com um copo de vinho em sua mão), e recebeu a senha de qualquer modo, ansiosa para voltar para outro quadro.

Dentro da sala, Daniel descobriu que estavam sozinhos mais uma vez. A sorte realmente estava do seu lado naquele dia. Ellen tentou protestar, mas ele tapou sua boca com a mão. Se ela falasse alto demais, quem sabe atrairia algum grifinório para baixo?

- Pronto. – Daniel disse, e retirou a faixa dos olhos de Ellen.

A garota ficou muito confusa depois que pôde ver de novo. Depois, a verdade foi chegando aos poucos, e ela viu aonde se encontrava, e o que estava vestindo. Um sorriso se formou em seus lábios, e ela olhava para a sala ao seu redor como se fosse mágica. O que, na verdade, não deixava de ser.

- Gostou? – Daniel perguntou, receoso. – Eu sei que tivemos que quebrar algumas regrinhas...

- Algumas regrinhas? ­– ela perguntou, mas não conseguia ficar com raiva dele e isso o seu sorriso entregava. Ela riu, e mais uma vez foi ao encontro dele, abrindo os braços no caminho. – Dan, foi perfeito, obrigada. Como você se lembrou que eu queria vir aqui desde...

- Desde que eu fui selecionado pra Grifinória e você não? – ele disse, completando a frase para ela. Eles separaram o abraço, e o garoto convidou a amiga a se sentar em frente à lareira. Para ficarem um pouco mais escondidos e um pouco mais aquecidos, os dois se sentaram ao chão, e ficaram um encostado no outro. A roupa de Daniel ficava um pouco folgada em Ellen, mas ela estava gostando.

Virando-se e ficando de joelhos, ela deu mais uma olhada na Sala Comunal, para depois voltar a se sentar.

- É uma coisa tão boba, não é? – ela perguntou, seus olhos fixos no fogo, que queimava em pequenas brasas.

- O que?

- Querer vir aqui nessa Sala. – ela disse. – Mas eu acho que há alguma coisa de especial aqui... Eu não sei. Talvez seja só curiosidade. Mas eu sempre gosto de saber onde as pessoas moram. Nesse caso, passam a noite.

- Você é muito estranha, Ellen. – Daniel disse, seu tom de brincadeira.

- Ah, para! E você fica aí realizando os desejos de uma estranha... Incentivando a estranheza.

- Mas ser estranho é bom. Significa que você tem seu jeito.

- Então isso foi um elogio?

 - Eu não disse isso. – Daniel falou, mas sorria.

Ellen deu uma cotovelada nele, mas ela também sorria.

- Então... O que tem de interessante aqui? – ela perguntou.

- Além de mim mesmo? Hum... acho que nada. – Daniel brincou.

Ela revirou os olhos, e ele riu mais alto ainda. Puxando ela pela mão, foi mostrando cada coisa importante na sala, por vezes fazendo piada:

- Está vendo aquela cadeira? – ele disse, num tom sério. – Então, foi ali que Merlin se sentou quando tinha a nossa idade.

Ela riu mais da ignorância de Daniel do que da piada.

- Merlin foi Sonserino. Não poderia ter estado aqui... – ela disse, mas então se deu conta de que, na verdade, poderia sim.

- Merlin foi Sonserino? – Daniel repetiu. – Eu não fazia ideia.

- E olha que eu sou a nascida trouxa por aqui. – ela riu.

Ambos continuaram no mesmo ritmo por boa parte da noite. Fazendo brincadeiras, piadas, conversando... O único momento mais sério foi quando Ellen se sentou para jogar xadrez de bruxo. Não havia nada que Daniel dissesse para convencê-la do contrário: ela queria aprender a jogar, e não ia aceitar perder do garoto mais experiente.  Ela nunca havia jogado xadrez de bruxo antes, então, nas primeiras partidas, foi fácil Daniel ganhar dela. O garoto não gostava do jogo, mesmo porque sempre saia perdedor quando jogava contra seus primos, mas Ellen insistiu tanto que teve que aceitar.

Ela tinha acabado de ganhar o exemplar mais novo de xadrez de bruxo de Alice, e pretendia aprender assim que possível. Claro que quase todos no grupo evitavam jogar com Alice; a lógica dela somada com sua memória para tática a tornava uma competidora quase imbatível. Ela, porém, se recusava a entrar em qualquer clube de xadrez, ou ficar enfrentando outros competidores assíduos. O jogo chegava a entediá-la, mas ela ainda assim nunca se gabava de nada.

- Eu precisava ter Alice aqui comigo... – disse Ellen, numa jogada particularmente difícil, onde não sabia o que fazer.

- Cavalo no F6. – Daniel soprou, recebendo um chute de Ellen em troca.

- Assim eu nunca vou aprender!  - ela o repreendeu, mas acabou aceitando a sugestão.

A dupla seguiu jogando até o momento em que Daniel, mas do que cansado, vez um movimento equivocado, custando sua vitória.

- Xeque-mate! – Ellen quase gritou. Sua rainha girou a espada impiedosamente na direção do Rei de Daniel, quebrando-o por completo.

- Como assim?! – Daniel perguntou em resposta, tentando entender o que havia acontecido. Ellen ria em seu canto, e se segurava para não ficar cantando vitória para cima do garoto.

- Você perdeu! – ela disse. – Eu ganhei! – ela fez um gesto comemorativo, feliz demais para poder se expressar.

Daniel resmungou uma resposta. Ainda estava tentando entender como é que Ellen havia ganhado a partida. Não estava tão chateado por ela ter ganho, mas achava que ela ia levar mais tempo para ganhar dele.

- Eu me distraí, foi isso... – ele disse.

- Claro que foi isso! – Ellen falou, sarcástica. – Nem foi a sua falta de habilidade e minha sorte...

- Sorte de principiante. – Daniel disse. – Vamos ver na próxima partida...

A próxima partida porém, não ocorreu tão cedo.

Quando Daniel estava arrumando as peças no tabuleiro, os dois foram surpreendidos quando o quadro da Mulher Gorda se abriu, e um estudante da Grifinória entrou na Torre. Ellen ficou branca, nervosa e sem saber o que fazer. Daniel estava de costas para a entrada, mas mesmo assim notou o problema. Ele se levantou na hora e ficou na frente de Ellen, que permaneceu no seu lugar, sem poder ver quem entrava na Torre.

O visitante passou distante deles, indo diretamente para seu dormitório. Carregava um grande malão, e só podia estar chegando agora em Hogwarts. Talvez resolvera encurtar a viagem, quem sabe. Daniel não prestou atenção no garoto, e deu um suspiro de alívio quando seus passos sumiram escada acima. Fora um incidente estranho, mas ele não estava pensando muito naquilo naquele momento.

Ellen se levantou da cadeira, lançando um olhar para a escada como se ela fosse ataca-la a qualquer momento.

- El, relaxa. – Daniel pediu. – Ele já foi embora.

- Eu acho melhor nós sairmos daqui. Dan, a gente pode se encrencar muito. É um risco muito grande. – agora ela percebia que estava sendo tola ao deixar que Daniel corresse aquele risco. – Nós já ficamos aqui o suficiente, vamos descer.

- Ellen, calma. – Daniel falou novamente. – Esse garoto foi uma exceção. Ninguém mais passa no dormitório carregando um malão às três da madrugada.

- E se ele voltar?

- Você gostaria de descer depois de uma viagem dessas? Eu suponho que não.

Daniel, porém, estava errado.

Quando eles ouviram os passos novamente, dessa vez descendo as escadas, Daniel colocou Ellen sentada na mesa e tomou o seu lugar. Os dois começaram a agir como se não estivessem fazendo nada errado, o que era difícil nas presentes circunstâncias.

O mesmo garoto que subira momentos antes agora estava descendo as escadas, a única diferença era que estava sem sua capa de viagem. Seus cabelos loiros encaracolados lembravam Daniel alguém que ele já conhecesse, mas talvez fosse só alguém que vira de passagem na Torre da Grifinória.

Enquanto passava pelo meio da sala, o garoto olhou de relance para eles, e foi então que Daniel o reconheceu. Mattew Cooper parou no meio do caminho quando ele viu que Dano encarava. O normal seria o irmão de Ryan ter feito uma careta, ou mesmo fechado a cara e ido embora, mas nunca caminhar em direção à Daniel. Desde que brigara com Ryan, há meses atrás, Mattew se mantivera bem quieto. Nunca nem olhava na direção de Dan, muito menos fazia brincadeiras. Mas agora caminhava diretamente para ele.

- Eu preciso falar com meu irmão. – ele disse. Seu olhar era penetrante, e estava falando sério.

- Como é? – Daniel perguntou, mais para desviar a atenção de Ellen do que outra coisa.

- Eu preciso falar com ele. – Mattew repetiu. – Você daria esse recado para mim?

Mattew não desviava o olhar de Daniel e, apesar de achar isso perturbador, o garoto estava grato por ele não ter notado a presença de Ellen.

- Porque você quer falar com ele depois de tudo o que fez? – Daniel soltou. Queria logo dar um fim naquela conversa, mas não conseguia simplesmente dizer um “sim” para Mattew Cooper.

- Por... Só faça isso. – por um momento Daniel achou que ele iria dizer “por favor”, mas pelo visto isso estava além da capacidade do garoto.

Daniel assentiu em silêncio. Mattew sussurrou um obrigado, e então o inevitável aconteceu. Ele olhou de relance para Ellen, e, embora ela estivesse com a roupa da Grifinória e estivesse escuro, ele a reconheceu.

- Espera... – Mattew disse, se voltando para ela. – Você não é Sonserina?

Daniel tentou pensar numa resposta, ou em qualquer coisa que pudesse enganar Mattew.

- Você deve estar me confundindo com Ellen, suponho? – ela disse, tentando se manter calma.

- Ellen, aquela amiga do Ryan. É você. – Mattew disse, sem se deixar enganar.

Ótimo. Daniel pensou. Agora, além de ferrados, Mattew ainda sabe o nome dela. Agindo rápido, ele disse:

- Mattew, vá embora. Era onde você estava indo, não é mesmo?

- Você trouxe uma sonserina aqui? – ele perguntou, sem acreditar no que dizia.

- Justo quando eu estava pensando que eu tinha achado algum perdão em sua voz, quando você falou de Ryan. – Daniel disse se desviando da pergunta. – Ryan nunca vai falar com você, não importa quando nem como. Além do mais, o que você estava fazendo aqui há essa hora, longe de papai e da mamãe?

Ellen segurou o pulso de Daniel, avisando silenciosamente que era perigoso continuar com os insultos. Eles sabiam do que Mattew era capaz.

Ao contrário do que esperavam o garoto não fez nada. Mattew ficou parado no lugar, calado, seu olhar voltado para baixo.

- Era o que eu queria falar com Ryan.

Daniel ficou sem o que dizer. Mattew não era o mesmo garoto de antes das férias. Não era aquele que, ao passar pelo corredor começava a jogar brincadeiras para cima de Ryan. Não era aquele temido pelos amigos. Isso só fez com que Daniel receasse a verdade mais ainda.

- Mas não saia do assunto. – ele continuou. Um pouco de sua antiga índole voltou a piscar em seus olhos, mas sumiu em pouco tempo. – Você é Sonserina. Está Torre é da Grifinória.

Tomando a última medida possível, Ellen disse:

- Não há quem prove a sua palavra.

Ela começou a puxar Daniel pelo pulso, em direção à saída. O garoto a seguiu sem hesitar. Antes, porém, lançou para Mattew o olhar mais determinado e sem medo que poderia fazer. Apenas para mostrar, mesmo que não fosse verdade, que ele não se importava com o que quer que Mattew fizesse.

O irmão de Ryan ficou parado no mesmo lugar enquanto assistia a dupla se distanciar. Era possível que denunciasse os dois, mas quem é que ia acreditar nele, quando eles podiam forjar um álibi para Ellen? Seis ou sete (Holy também contava) contra um. A palavra de Mattew não tinha chance contra a deles. Além disso, Daniel estava na dúvida quanto ao que o garoto iria fazer. Estava diferente, isso era inegável. Mas será que diferente o bastante para perdoar tal ato, sendo que eram os amigos de seu antigamente odiado irmão?

Daniel tentou ler as emoções do garoto, mas a negritude do local cobria seu rosto de sombras, escondendo-o do mundo. O quer que ele fizesse, eles iriam descobrir, cedo ou tarde.


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Notas finais do capítulo

ah é, desculpe Paola, eu disse q não ia ter mistério né? pois é.... Mas ficou legal n ficou? hahahahahaha