O Amor É Clichê escrita por Juliiet


Capítulo 9
Tiffany


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :)
Eu disse pra algumas pessoas que postaria ontem, mas eu fui intimada a sair de casa e fingir que tenho uma vida social, por isso não deu.
Eu demorei SÉCULOS pra escrever esse capítulo porque eu simplesmente não estava conseguindo e ficou uma coisa horrível. Tipo, eu não detestei o capítulo completamente, eu gostei de algumas partes, mas ele ficou super pequenininho e eu não sei se consegui que o Vince se expressasse do jeito que eu queria. Era pra ele parecer meio deslumbrado...
Bom, chega de enrolar, né? Desculpem pelo cap pequeno e etc. Vejo vocês lá embaixo. :)



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Tiffany...

O que foi isso? É impressão minha ou meu coração acabou de pular uma batida? Quem é ela? Ela não é real, não pode ser. Impossível. Devem ter colocado alguma droga na minha bebida. Ela é perfeita demais pra ser de verdade.

Tiffany baixou os olhos, parecendo meio nervosa. Olha pra mim. Ela mordeu o lábio inferior e sorriu de novo, hesitante, levantando timidamente seus olhos azuis cinzentos. Deus, eu nunca vi nada tão lindo.

– Ahn, eu sou o Vince – falei, soando mais patético do que já soei em toda a minha vida.

Mas aquele sorriso...era impossível não soar patético olhando para o jeito como aqueles lábios rosados se esticavam de forma tão adorável, mostrando um vislumbre dos dentes muito brancos e perfeitamente alinhados, exceto os dois da frente, superiores, que eram apenas ligeiramente afastados.

Nunca pensei que dentes pudessem ser uma coisa sexy.

Assustei-me ao perceber que estava me segurando para não beijá-la. Aqui. Agora. Para falar a verdade, quis beijá-la desde o momento em que a vi, parecendo meio perdida, perto da porta. Nunca, em toda a minha vida, vi uma garota como ela. Pequena, delicada, etérea, linda, e com um brilho especial nos olhos...Tiffany tinha uma beleza tão surreal – quase sobrenatural – que eu temia que ela fosse uma criação do meu subconsciente, realizando uma das minhas mais obscuras fantasias.

Ou isso ou eu estava de fato muito bêbado.

– Acho que eu vou embora – ela disse com uma voz doce, ligeiramente familiar.

Mas claro que eu nunca a tinha escutado antes. Não era possível.

– Não! – disse, quase gritando. Não podia deixá-la ir embora. Não ainda. Nem nunca. – Quer dizer, você não acabou de chegar? Eu não a vi antes...e ainda está tão cedo.

– Você realmente não sabe quem eu sou? – ela perguntou, juntando as sobrancelhas vermelhas e perfeitas, e mexendo ligeiramente a cabeça, fazendo aqueles cachos longos balançarem, refletindo as luzes da piscina.

– Eu juro que nunca a vi antes de hoje – respondi sinceramente.

Por que ela continuava achando que eu devia saber quem ela era? Era simplesmente impossível. É claro que eu nunca a tinha visto antes. Eu nunca teria sido capaz de esquecê-la, nunca teria sido capaz de tirar da cabeça aqueles cabelos que pareciam fios de ouro vermelho, aquela pele translúcida e as pequenas e adoráveis sardas espalhadas por ela, que me faziam querer ligá-las com meus dedos. Aquele narizinho atrevido, a boca com a cor e a textura de uma pétala de rosa, as mãos de pianista, pequenas e com dedos longos...Tudo isso ficaria gravado para sempre em minha mente.

Mas aqueles olhos...aqueles grandes olhos que, ora brilhavam azuis e inocentes, ora cinzentos e tão misteriosamente densos que me impulsionavam a desvendar seus segredos, um por um...ninguém seria capaz de esquecer esses olhos.

Eu nunca a esqueceria, ainda que vivesse por mil anos.

Credo, estou ficando brega.

– Por que você está me olhando com essa expressão de maníaco da faquinha de pão? – Tiffany perguntou em sua voz doce, com um ligeiro tom divertido e um dos cantos da boca apenas um pouquinho levantado.

Sorri. Linda e com senso de humor. Dá pra ficar melhor?

– Não se preocupe, não vou te fazer mal – respondi. – Deixei minha faquinha de pão e o requeijão em casa.

– Isso é um alívio – ela sorriu e usou uma daquelas lindas mãos para colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Céus, ela estava flertando comigo? Sou o cara mais sortudo do mundo!

Abri a boca para falar alguma coisa, mas me encontrei sem ter o que dizer. Era a primeira vez que isso acontecia comigo, ficar sem ter o que dizer para uma garota por quem estou interessado. Mas de repente tudo o que eu costumava dizer para as garotas pareceu vazio e superficial, sem sentido. E, para falar a verdade, nenhuma dessas besteiras passou pela minha cabeça. Não havia nada de vazio ou superficial sobre Tiffany e eu não queria ser assim com ela, como eu normalmente sou. Ok, vamos encarar, na maior parte das vezes, eu sou só um babaca charmoso. E lindo, fala sério, nem dá pra negar.

Mas eu queria mais que isso. Eu queria sinceridade e intensidade. Queria saber tudo sobre ela. Queria que ela soubesse tudo sobre mim.

Até esta noite, eu nunca tinha acreditado plenamente no amor, talvez por nunca ter sido amado pela primeira mulher importante na vida de um garoto, minha mãe. Sempre vi o amor como sendo meio falso, meio super valorizado, uma utopia. Algo que funciona bem nos livros e nos filmes, mas que não existe realmente na vida real. Mas amor à primeira vista...sempre achei a maior de todas as besteiras. Mentira. Fantasia. Algo em que crianças e meninas ingênuas acreditam. Contos de fadas. Filmes da Disney. Idiotice.

Idiotice – ou devo dizer, loucura? – da qual estou sofrendo neste exato momento.

Sei que isso vai soar ridículo, para não mencionar clichê, mas estou apaixonado por essa garota de quem não sei absolutamente nada, a não ser o nome. E que ela é a garota mais linda que já vi.

Apaixonei-me por ela antes mesmo de saber seu nome, antes mesmo de segurá-la quando ela se desequilibrou, o que me permitiu tocar sua pele de seda, ainda que só por um segundo. Apaixonei-me antes mesmo que o ciúme quase me rasgasse ao meio quando vi aquele desgraçado do Mateus colocar suas mãos sujas sobre ela. Apaixonei-me desde o primeiro momento em que me perdi em seus olhos.

Acho que a amo.

Sei que é loucura, mas é verdade. Nunca me senti assim por mais ninguém.

Tiffany é a outra metade que eu nem sabia que estava procurando. Ela me pertence, só não sabe ainda.

Mas se eu declarar isso de repente, o provável é que ela saia correndo e gritando pela polícia.

Vamos devagar, Vince.

Então achei melhor dizer:

– Você quer beber alguma coisa?

Ela negou com a cabeça.

– Comer?

Outra negação.

– Dançar?

– Sério? Com estas armadilhas que eu tenho nos pés? – perguntou horrorizada, sinalizando seus sapatos com salto alto. – Não estou no humor para torcer o pescoço, obrigada.

Eu ri, e aproveitei para dar uma olhada discreta em suas lindas pernas.

Ei, eu nunca disse que era santo.

– Você deve saber que não precisa disso, não é? – perguntei, desviando o olhar de seus pés e pernas para seu rosto. – Ficaria linda calçando qualquer coisa. Chinelos. Tênis de corrida. Botas de combate. Qualquer coisa mesmo.

Ela ruborizou de modo tão adorável que eu nem sei como consegui evitar beijar suas maçãs do rosto rosadas.

Eu queria beijar as maçãs do rosto dela. Maçãs do rosto. E também o nariz, e as pálpebras, e os tornozelos, e cada centímetro daquela pele sobrenaturalmente perfeita.

Deve haver algo de errado comigo.

– Obrigada – Tiffany disse. – Mas é que eu sou muito baixinha.

Você é perfeita.

– Por que você não os tira? – perguntei, apontando para seus sapatos.

– Você está louco? Ge...ge

– Ge?

– Ge...geralmente isso é considerado deselegante. Principalmente em uma festa.

Ela estava com o rosto muito vermelho, completamente adorável.

– Tecnicamente, nós não estamos na festa. Estamos do lado de fora. Então não tem problema.

– Prefiro ficar com meus sapatos, obrigada.

Dei de ombros e sentei-me novamente na espreguiçadeira, esperando que Tiffany se sentasse também. Ela hesitou, mas acabou se sentando na ponta da outra espreguiçadeira, ficando de frente para mim.

– Então – comecei, para quebrar o silêncio – você conhece o Tiago?

– Quem?

– Tiago. O aniversariante. O dono dessa festa.

– Ah, sim. Quer dizer, não. Eu não o conheço.

– Entrou de penetra?

– Claro que não! – declarou ela, indignada.

– Calma, eu só...

– Uma amiga me convidou, ok? E ela conhece o Tiago!

– Tudo bem, calma. Não teria problema ainda que você tivesse vindo de penetra, muita gente faz isso.

– Eu, não!

Ficamos em um silêncio constrangedor por alguns minutos, até que o celular dela tocou. Por um momento achei que o toque do celular era algo parecido com a música tema do Darth Vader, de Star Wars, mas aí ela atender e eu percebi que isso com certeza foi viagem da minha cabeça.

– Não, eu estou bem – Tiffany disse no telefone, sem nem cumprimentar a outra pessoa, deixando claro que, quem quer que estivesse do outro lado da linha, era muito próximo a ela. – Não precisa, eu tenho que fazer uma coisa. Não, é sério. Isso mesmo, depois a gente se fala, não se preocupe. Não precisa esperar por mim, tchau.

Quem diabos era no telefone? Por que eu estou com tanto ciúme? Podia ser a mãe, dela, sei lá. Eu precisei me controlar muito para não perguntar.

– Você já precisa voltar para casa? – perguntei, porque, se realmente fosse a mãe dela no telefone, ela disse “não precisa esperar por mim”. Enfim, talvez ela deixasse escapar com quem estivera falando.

– Não, ainda não preciso – ela respondeu apenas, dando de ombros. – E você, conhece o Tiago? – perguntou, então, retomando o assunto.

– Mais ou menos – respondi. – Ele é amigo do meu melhor amigo. Nos vimos algumas vezes.

Ela ficou calada. Eu também. Não sabia o que dizer. E o silêncio perdurou pelo que me pareceu um século. Até que ela perguntou:

– Vince é apelido?

– Sim – respondi, aliviado por ela ter quebrado o silêncio dessa vez. – Meu nome é Vicente, mas ninguém me chama assim.

Ela levantou os olhos para mim, com um brilho estranho neles. Era meio como raiva ou mágoa, mas desapareceu tão rapidamente que acho que foi outra criação da minha cabeça.

– Ninguém? – perguntou.

– Ninguém – repeti. – Todo mundo só me chama de Vince. E você, tem algum apelido?

– Não – ela respondeu, seca.

– Onde você estuda?

– Não interessa.

Olhei para ela, meio surpreso. Qual era o problema?

– Quer saber de uma coisa, Vince – ela começou, dizendo meu nome com certo...deboche. — Acho que estou perdendo meu tempo aqui.

Fiquei olhando para ela por alguns segundos, totalmente arrasado por dentro quando percebi o que ela quis dizer. Ela se levantou, me deu às costas e foi andando. Eu também me levantei e a segui.

– Por quê? – eu perguntei, quando estávamos a poucos passos da piscina. Ela parou, ainda de costas para mim. – Por que eu sou uma perda de tempo pra você? – recriminei-me mentalmente por não ter conseguido afastar a dor da minha voz. Só esperava que ela não percebesse.

Ela se virou para mim, com aquele mesmo olhar estranho, que eu não conseguia ler. Hesitou e então disse, como se tivesse acabado de inventar uma mentira:

– Porque eu não te conheço direito, você é um completo estranho! É melhor eu ir.

Antes que ela se virasse novamente, eu a segurei pelo braço e a impedi. Eu podia ser um estranho agora, mas não seria para sempre. Se esse era o problema, ficaria mais do que contente em resolvê-lo.

— As pessoas sempre são estranhas antes de se conhecerem — eu disse, fitando-a direto nos olhos cinzentos, que se mostravam ao mesmo tempo temerosos e curiosos. — E é em um momento como esse que decidimos se queremos ser apenas isso um para o outro ou não. Tudo bem, é esquisito, porque eu acabei de te conhecer, mas eu sei de uma coisa. Eu sei que não quero ser só um estranho pra você.

Ela retornou meu olhar, com algo ao mesmo tempo firme e frágil naquele cinza hipnotizante.

— E o que você quer ser? — ela perguntou, surpreendendo-me.

E eu acabei surpreendendo-a também.

Não sei o que deu em mim, só sei que aquela pergunta fez transbordar tudo que eu estava sentindo. Eu apenas precisava dela mais perto. Bem mais perto. Em mim, debaixo da minha pele.

Puxei-a pelo braço que ainda não tinha soltado, encostando seu corpo no meu, e abaixei meu rosto para o dela, nossas bocas separadas por uma respiração.

— Seu — respondi, fechando os olhos e me inclinando para beijá-la.

Para ser sincero, não sabia o que esperar daquele primeiro toque, daquele primeiro carinho, era como mergulhar em águas escuras e inexploradas, sem saber o que iria encontrar. Não tinha a menor ideia de como seria, mas não poderia ser nada menos que especial. Inesquecível. E tudo o que eu soube foi que, no segundo seguinte, meu mundo virou de cabeça para baixo e eu me senti caindo num mar de água quente, que me envolvia como uma luva cálida e me fazia perder o fôlego.

Foi apenas quando perdi o ar e submergi, percebi o que a linda Tiffany havia feito.

Talvez não especial, mas definitivamente inesquecível.

Céus, eu amo essa garota. Foi o que pensei antes de começar a rir e, depois de alguns segundos, a minha bela ruiva começou a rir também, fazendo todo o clima ruim se dissipar e tornando o mundo mais perfeito. Que importava que ela tivesse me empurrado na piscina?

Eu bem que sentia falta de um desafio.

— Não vai querer me ajudar a sair daqui? — perguntei, balançando os cabelos para tirar a água deles e enxugando os olhos.

— Só para dar a você a chance de me puxar? Não sou tão idiota — ela respondeu, sem parar de rir.

— Não, você não é idiota. É só malvada. Pensei que ia querer me fazer companhia. A água está ótima.

— Iria arruinar meu vestido.

— Então tire-o — eu sugeri e isso só a fez rir ainda mais.

Fitei-a sério e ela foi gradativamente parando de rir. Percebeu que eu estava falando sério e levantou as duas sobrancelhas para mim, e foi minha vez de rir.

— Tudo bem, tudo bem — falei, levantando minhas mãos em um gesto de rendição. — A garota é tímida, eu entendi.

Ela ficou calada, apenas me olhando com uma mistura de confusão e audácia. Seus grandes e gloriosos olhos cinzentos – diferente de minutos atrás – agora pareciam tão fáceis de ler! Mas, ao mesmo tempo, e eu sei que isso é um paradoxo, escondiam sombras nos cantos, fazendo-a se tornar misteriosa e interessante, mas sem a dissimulação que eu costumo enxergar nos olhos das garotas com quem saio. Não parecia haver nada planejado sobre ela e sobre aquele olhar que estava acabando comigo. Era quase como se ela estivesse se libertando e fazendo tudo o que passasse em sua cabeça.

Como me empurrar na piscina para que eu não a beijasse.

Eu já estava na borda da piscina, pronto para sair, quando Tiffany tirou os sapatos e jogou-os de qualquer jeito na espreguiçadeira. Antes que qualquer pensamento pudesse cruzar minha mente, ela se atirou na água, a poucos metros de mim. Quando sua cabeça saiu da água, com o cabelo molhado e escurecido, os olhos fechados e gotas presas em seus cílios, pensei que estava sonhando, afinal sereias não existem. Então ela abriu os olhos e colocou os cabelos para trás com as mãos. E sorriu.

Aproximei-me dela, quase sem saber o que estava fazendo, não era como se eu pudesse me conter. Ela era um imã e parecia que eu nunca estaria perto dela o suficiente.

Parei quando estávamos separados por meros centímetros e eu era capaz de sentir sua respiração úmida em meu pescoço. Ela levantou a cabeça para me olhar e eu percebi que o rímel que ela usava começava a escorrer, deixando uma linha preta em suas bochechas.

Quando eu a vi pela primeira vez, achava que nunca mais veria algo tão lindo.

Estava errado.

Nada seria mais bonito que Tiffany naquele exato momento, com os cabelos molhados, a maquiagem escorrendo, o vestido azul flutuando, o sorriso mais sincero que eu já vi e aqueles olhos mostrando uma alegria quase infantil que sentimos quando fazemos algo errado e impulsivo.

— Você me deve um vestido — ela disse, sem parar de sorrir.

Eu apenas assenti, não confiando em minha voz para falar alguma coisa.

Eu já sabia que daria tudo o que ela quisesse, sempre que quisesse.

Afinal, eu já era total e completamente dela.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu só queria falar que eu quero MUITO responder os reviews de vocês. Sério, cada reviewzinho que vocês me mandam, nem que seja só com um "gostei" me faz ganhar o dia e eu leio todos. O problema é que, com umas certas coisas que andam acontecendo, eu estou totalmente sem tempo. Pra vocês terem noção, eu escrevo os caps na aula de física agora hahaha (física é inútil PRA MIM mesmo...) Então, um dia eu prometo que responderei todos os reviews, que me fazem a autora mais feliz do mundo. Eu tenho umas leitoras novas, também, sejam bem vindas. Enfim, deixem reviews, mesmo nesse cap tosco. Eu já comecei o próximo e espero conseguir postá-lo na sexta feira. Beijos e obrigada por quem continua acompanhando :))