O Amor É Clichê escrita por Juliiet


Capítulo 25
Novela Mexicana


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas lindas, tudo bem?
Desculpem, eu queria mesmo ter postado no natal, mas o meu acabou sendo meio triste/trágico (de verdade, ok gente? tentem não fazer piada) e eu fiquei sem cabeça pra escrever. Maaaaaaaas eu nem demorei muito, né?
Bom, quero agradecer MUUUUITO aos leitores super fofos que recomendaram a história:
- Elizabeth
- Leh
- Thay
- Shouta
- Balii
- Sandy Muller
- XBabyDollX
Obrigada mesmo, vocês são uns lindos *-* Assim que eu tiver tempo, mando uma MP de agradecimento, ok?
Bom, espero que gostem do cap, mesmo eu tendo escrito ele meio às pressas u.u



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– Você veio pra ficar com essa cara de limão azedo? – Lana perguntou, dando uma cotovelada dolorosa nas minhas costelas. – Antes não tivesse vindo.

Eu a olhei com raiva e esfreguei o local atingido por seu cotovelo ossudo.

– Eu estava entediado – foi só o que disse, segurando-me para não mandá-la à merda.

Por pura falta do que fazer, acabei pensando que ir ao shopping com minha prima não fosse ser uma tortura tão excruciante, mas estava enganado. Era pior.

– Toma, segura esses também – disse a prima em questão, jogando mais dois pares de sapatos em cima dos muitos que eu carregava.

Um maldito salto estava quase fazendo um furo no meu braço, aquela coisa era uma arma, não um sapato. Não entendia como as garotas conseguiam se equilibrar em cima daquelas armadilhas, todas elas deviam ser ninjas disfarçadas ou coisa assim, porque a altura daquelas coisas me dava até vertigem.

– Você gosta desse, Vince? – Lana perguntou, depois de experimentar mais um par de sandálias com tiras finas e saltos absurdos. – Ou do outro que eu experimentei?

Rolei os olhos.

– Qual dos outros cinco milhões? – perguntei.

– Sério, você é um chato – ela disse, jogando o cabelo para trás e sentando-se numa das cadeiras da loja para tirar o sapato. – Quer saber? Só paga esses aí pra mim e vamos embora. Eu estou louca por um sorvete.

Certo, eu ouvi direito? A garota estava doida?

– Espera aí, você quer que eu pague por isso? – perguntei incrédulo, sinalizando a montanha de sapatos que eu estava carregando. – Você quer me falir?

Ela se levantou e colocou o último par de sapatos nos meus braços já cheios e sorriu com fingida doçura.

– Você sabe que é meu primo preferido, não sabe?

– Sou seu único primo.

– Que seja, larga de ser pão duro – ela reclamou, desistindo muito rápido dos sorrisos e elogios. – Nem foi você que trabalhou pra ganhar esse dinheiro mesmo e sua mãe nunca reclamou sobre o quanto você gasta.

– Isso não quer dizer que eu queira gastar o dinheiro dela com você – retruquei, pronto pra largar tudo aquilo no chão. Aquele salto que estava furando meu braço mais cedo já parecia estar chegando ao osso.

Lana rodou os olhos e cruzou os braços no peito.

– O quê? Você preferiria gastar com aquela ruiva de farmácia?

Imediatamente dei às costas a ela e chamei uma vendedora da loja, dizendo que iria levar aquela quantidade absurda de sapatos. Não é como se a Lana fosse uma centopeia, mas eu nunca entenderia as garotas mesmo.

Lana logo se enganchou no meu braço, balançando os compridos cabelos castanhos e sorrindo com felicidade genuína dessa vez.

– Obrigada, meu priminho preferido! – exclamou.

Eu não disse nada e não sorri de volta, tudo o que eu tinha conseguido com aquela tentativa fracassada de sair de casa e espairecer foi ficar mais pobre. Não que eu realmente me importasse com aquilo. Como Lana havia ressaltado, eu não havia precisado trabalhar para ganhar aquele dinheiro, mas isso me fazia lembrar coisas que eu gostaria de deletar para sempre da minha cabeça.

Como garotas que davam valor ao trabalho duro e esperavam um dia não precisar depender dos pais. Do pai, no caso.

– Certo, agora vamos tomar um sorvete – Lana exclamou enquanto me puxava para a direção oposta à da sorveteria.

Nem preciso dizer quem estava carregando as sacolas com as compras dela, não é? A garota era realmente muito abusada.

– Mas a sorveteria fica pra cá – atestei o óbvio.

– Você acha que eu vou ingerir aquele sorvete terrivelmente calórico e destruir o meu corpinho maravilhoso? – ela perguntou como se eu fosse demente. – Nós vamos tomar frozen yogurt.

Suspirei fundo pelo que devia ser a milionésima vez naquele dia. Frozen yogurt. Era só o que faltava.

– Lana – chamei enquanto entravámos na pequena e colorida loja de cosplay barato de sorvete.

– O quê?

– O cabelo dela é natural – disse.


...

Fazia quase três semanas desde o dia fatídico em que eu armei toda aquela confusão na escola. É, Lucas estava certo. Eu me arrependi. Não, eu não havia perdoado a Maria Valentina. Durante todos esses dias era só nela em quem eu pensava e, justamente pelo fato de ter me apaixonado por ela, não podia perdoá-la. Ela brincou comigo, riu de mim, me fez de idiota.

Mas talvez...talvez não tivesse o direito de fazer o que fiz com ela. Não era meu direito tornar nossos problemas públicos daquele jeito.

O olhar paralisado e machucado que ela tinha no rosto naquele dia não saía da minha cabeça. Principalmente logo depois que aquela louca bateu nela. Foi instantâneo, em um momento eu queria fazê-la sofrer como eu estava sofrendo e no outro, queria abraçá-la e protegê-la.

Mesmo com tudo o que ela me fez, ao ver aquela garota – que eu pensava que fosse amiga dela – machucando-a daquela forma, eu fiquei com raiva. Eu fiquei com raiva por terem tocado na minha nerd.

E isso era o que estava me deixando tão confuso.

Como eu podia me sentir assim por uma garota que mentiu, me enganou, começou a namorar outro cara e o traiu comigo, fingindo ser outra pessoa? Eu nem conseguia entender toda essa confusão, mas o ponto é que ela mentiu pra mim. Eu achava que Maria Valentina era diferente das outras e, no fim, ela era. Era pior. Ela era mentirosa e traiçoeira, mesmo que tivesse aquela carinha de inocente.

Todos os momentos que passamos juntos foram uma mentira?

Ao mesmo tempo em que uma grande parte de mim a condenava, outra procurava desculpas para ela. Afinal, não é como se eu tivesse dado tempo para a garota se explicar. Mas existia uma explicação para aquele tipo de coisa?

Eu ainda não sabia.

Nessas duas semanas, Maria Valentina não foi à escola. Confesso que, mesmo depois do que aconteceu, isso me deixou um pouquinho chocado. Eu conseguia lembrar de uma vez, na quinta série, em que eu ouvi que a nerd estava com pneumonia, mas mesmo assim, era só olhar para a primeira fila de carteiras e eu podia vê-la, concentrada em cada palavra que a professora dizia, não demonstrando nenhuma fraqueza, apenas determinação. Eu não prestava muita atenção nela nessa época, mas, de alguma forma, esse momento me veio à cabeça com frequência nos últimos dias.

Uma pneumonia não a impediu de continuar assistindo às aulas. E eu sim.

O que a impedia de ir? Ela estava com vergonha de encarar as pessoas? Com medo de toda aquela cena se repetir? Ou estava...magoada?

O ponto era que eu queria saber. Eu queria vê-la, queria que ela me dissesse o que eu não a deixei dizer antes. Não importaria se ela pedisse desculpas ou debochasse da minha burrice por não tê-la reconhecido. Eu queria entender tudo aquilo. Entende-la. Eu não conseguia deixar de me importar.

Eu tentei. Mas não consegui.


...

A sexta feira amanheceu cinzenta e eu não tinha a menor vontade de me levantar da cama. Ultimamente, a escola estava sendo um verdadeiro tormento e eu nem entendia porque continuava indo às aulas. Não era como se eu conseguisse prestar atenção mesmo e andava faltando até o treino do futebol. Mais uma falta e era capaz de eu ser expulso do time.

Mas quem se importa?

Por alguma força que ia além da minha compreensão, eu me levantei e marchei até o banheiro. Tomei um banho gelado para espantar o sono e vesti o uniforme. Peguei minha mochila e saiu do quarto, encontrando minha mãe e Lana tomando um agradável café da manhã quando desci as escadas.

– Não vai comer com a gente, Vince? – perguntou Lana quando me viu atravessar a sala de estar.

– Não – respondi seco e saí batendo a porta.

Ainda era muito cedo e eu resolvi caminhar até a escola. Até porque eu estava dividindo o motorista com a abusada da minha prima sem teto e teria que esperá-la para irmos juntos se eu quisesse ir de carro. E como as coisas que sempre me irritaram começaram a irritar ainda mais nos últimos dias...e principalmente depois de ter sido obrigado a tomar frozen yogurt por aquela criatura infernal, bom, preferia manter distância dela.

E andar me daria tempo para pensar.

Como se eu não tivesse feito isso todos os dias das últimas semanas.

Eu só pensava, pensava e pensava. Sem chegar a nenhuma conclusão. Eu continuava tão perdido quanto estava no começo. E aquilo estava acabando comigo.

Caminhei por quase uma hora até chegar à escola. Mesmo assim, ainda era cedo e apenas poucos alunos já haviam chegado.

Atravessei o portão e fiz o que andava fazendo há dias. Procurei sutilmente por uma cabeça vermelha no meio dos alunos, inutilmente. Ela não estava ali. Suspirei e segui para a sala, com esperanças de que ninguém estivesse lá ainda. Meus amigos andavam me evitando, mas nem posso culpá-los, já que eu é que comecei a agir estranho. O único que ainda andava comigo e aguentava meus silêncios intermináveis sem reclamar era Lucas. Sim, ele ficou chateado comigo no início, mas depois de algum tempo, naturalmente, voltou a falar comigo.

Lucas era um cara estranho. Mas sempre foi meu melhor amigo. E, tudo bem, eu odiava quando precisava me desculpar ou admitir que ele estava certo, então não fiz nada disso, mas tenho certeza que ele sabia que eu estava arrependido. Em algum momento eu teria de pedir desculpas, mas ainda não conseguia. E ele sabia disso também.

Melhores amigos são assim.

Entrei na sala e, por um abençoado momento, a tive só pra mim. Mas no instante em que eu apoiei minha mochila na mesa, alguém entrou como um furacão na sala e começou a me puxar pelo braço.

– Anda, Vince! – Lucas disse enquanto me puxava para fora da sala. – Você tem que ouvir isso, vem!

– Qual o seu problema, cara? – perguntei, soltando a mão dele do meu braço, mas seguindo-o mesmo assim.

– Você vai ver – ele respondeu olhando rapidamente para trás enquanto corríamos até o corredor da oitava série. – E o problema é seu, não meu.

Preferi não responder nada, até porque esse mistério dele já estava me irritando e eu não queria mandá-lo ir lamber uma meia quando sabia que ainda lhe devia um pedido de desculpas. Então só o segui, até que ele me parou com uma cotovelada na barriga.

– Porra, Lucas... – comecei, mas ele enfiou a mão no meu rosto e me fez parar de falar.

– Cala a boca – ele mandou e abaixou a mão.

Eu já estava muito puto.

– Olha ali, Vince – Lucas disse antes que eu pudesse xingar toda a árvore genealógica da família dele.

Estávamos escondidos atrás de uma parede na curva do corredor da oitava série e Lucas apontou para um garoto e uma garota que estavam há vários metros de nós, conversando na frente de uma sala. Eu os reconheci na hora. O garoto era o Ronald e a garota era Geny, que eu achava que era prima da Tiffany, mas na verdade era irmã da Maria Valentina.

Os dois, diferentes da nerd, continuavam indo à escola normalmente. O McDonald agia quase normalmente, exceto por não falar com a garota que deu um tapa na Maria Valentina, mesmo que eu a tenha visto tentar falar com ele um par de vezes. A irmã da nerd também parecia normal quando eu, casualmente, pousava meu olhar sobre ela no intervalo ou depois da aula. Ela vivia andando com a garota com quem estava quando a vi pela primeira vez e as duas pareciam cochichar o tempo todo.

Algumas vezes eu cheguei a pensar em perguntar a ela o que estava acontecendo para a Maria Valentina estar faltando tantos dias de aula, mas a lembrança da mão dela na minha bochecha me impedia. A garota tinha a mesma mão pesada da irmã.

Ela parecia muito chateada com algo, os olhos vermelhos como se tivesse chorado por um longo tempo. E o Ronald parecia tentar consolá-la. Eu sabia que o cabeça de abóbora era um tarado, mal terminou o relacionamento com uma irmã e já começou a investir na outra? E a menina ainda estava na oitava série, praticamente uma criança fedendo a leite! Ronald Tarado Pedófilo McDonald estava pedindo pra apanhar.

– Qual é a desse cara? – sussurrei.

– Cala a boca, porra, e escuta o que eles estão dizendo – mandou Lucas, dando um tapa na minha cabeça. – É sobre a Maria Valentina.

Eu já estava preparado pra xingar a mãe de alguém quando as palavras do Lucas entraram na minha cabeça.

É sobre a Maria Valentina.

Comecei a prestar atenção imediatamente, apurando os ouvidos para conseguir entender o que eles estavam dizendo.

– E por que você não foi? – o maldito palhaço perguntou.

Geny fungou e deu um sorriso sem humor.

– Papai disse que minhas notas já são medíocres o suficiente sem eu ficar faltando à escola sem motivo – respondeu.

Eu não sou muito conhecido pela minha paciência, então aquilo já estava me deixando meio nervoso e eu estava a ponto de perguntar de novo o que diabos era aquilo para o Lucas, mas não precisei.

O maldito palhaço esclareceu tudo.

– Mas sua irmã está indo embora! – ele exclamou. – Se despedir dela no aeroporto não é motivo o suficiente?

Foi isso mesmo que eu ouvi?

– Eu ouvi os dois falando sobre a viagem da Maria Valentina – Lucas disse baixinho. – Você sabia disso? Sabia que ela ia viajar?

Maria Valentina ia viajar? Para onde? Por quanto tempo? Por que ela não me disse? Aliás, esquece. Essa última pergunta mental foi ridícula, a garota não foi sincera comigo nem por um minuto, o que eu esperava?

Não respondi, apenas saí do nosso “esconderijo” e corri até o palhaço e a irmã da nerd, sem me importar de ter ficado na cara que eu estava escutando a conversa alheia. Os dois me olharam surpresos por um momento e Lucas, com um palavrão audível, também foi até nós.

– Do que vocês estão falando? – perguntei sem rodeios. – Pra onde Maria Valentina está indo?

Lucas bateu a mão na testa e murmurou:

– E o meu plano era perguntar com educação...

Isso fez a ruiva irritadinha “acordar” e me olhar com fúria.

– Nenhum aspecto da vida da minha irmã é da sua conta – ela respondeu acidamente.

– Se eu estou perguntando, é porque é sim – retruquei, nervoso. – E você me deve isso, depois de ter mentido.

Ok, coisa errada para se dizer, se o outro tapa que Lucas desferiu na própria testa servisse de indicação. Isso e Geny e Ronald gritando juntos:

– Eu não te devo nada, seu babaca!

– Ela não te deve nada, Müller!

E como se não bastasse, meu melhor amigo precisava bancar o engraçadinho.

– Você sempre teve o dom da palavra, cara – disse enquanto me dava um rapinha reconfortante no ombro.

Empurrei o braço dele e me dirigi novamente aos dois ruivos que me olhavam com cara de poucos amigos.

– Só me diz onde a Maria Valentina está agora – eu pedi, tentando soar o mais educado que conseguia, mas falhando espetacularmente.

– Não é da sua conta, Müller – o palhaço com cabeça de molho bolonhesa respondeu. – Você já teve sua vingança, agora deixa ela em paz.

Vingança? Aquele moleque com cara de pedófilo que envenena milhões de pessoas todos os dias com gordura trans achava que eu estava me vingando da M.V. naquele dia? Ele achava que eu tinha planejado humilhar ela em público ou coisa assim? Claro, foi o que eu acabei fazendo, mas foi antes que me desse conta daquilo. Sim, eu fiz a maior merda. Mas ela não fez também?

Quantos erros uma pessoa pode cometer até passar do ponto em que pode ser perdoado?

Eu não tinha a mínima ideia. E isso valia para os dois lados.

E afinal, por que eu estava tendo aquela conversa com o corno mais famoso da escola no momento? Ele não tinha que odiar a nerd?

– Espera aí, você vai defender a garota que te traiu? – eu não consegui me impedir de perguntar, o que resultou no terceiro tapa de Lucas na própria testa. O cara ia conseguir matar os neurônios dele assim, só falando.

Geny bufou e me fitou com desprezo enquanto Ronald só balançou a cabeça daquele jeito que os psicólogos fazem quando percebem que você não tem jeito e provavelmente vai passar a vida toda sendo um sociopata que coleciona patas de gatinhos congeladas no freezer.

– Eu não espero que você entenda – o garoto disse e, pela primeira vez na minha vida, eu senti que deveria levá-lo a sério. – Mas eu não acho que a Tina tenha que levar a culpa sozinha. Ela errou sim, mas eu também fui culpado. Eu sabia que ela não gostava de mim do mesmo jeito que eu gostava dela quando insisti para sairmos juntos. Eu sabia que já a tinha perdido e mesmo assim, continuei insistindo. E, no fim, ela só aceitou ser minha namorada pra não me magoar. Não posso simplesmente odiá-la por ter me traído quando eu praticamente a forcei a aceitar meus sentimentos.

Espera...como...o quê?

A nerd era louca pelo palhaço tarado! Do que aquele garoto estava falando?

– Você que não entende – eu disse, afinal, eu já tinha feito o garoto descobrir a verdade sobre o seu grande amor no meio do pátio e na frente de um monte de gente, um pouco mais de choque de realidade não ia matá-lo. – A Maria Valentina gosta de você. Não me pergunte o porquê, já que eu não entendo mesmo, mas a garota é louca por você – dizer isso foi mais difícil do que eu tinha imaginado. Era quase como se cada palavra abrisse um buraco no meu peito. - E mesmo assim te traiu comigo só pra provar um ponto, pra...pra...se vingar, sei lá. Me fazer de idiota.

Geny rolou os olhos e se meteu entre o McDonald’s e eu.

– Mas ninguém precisa te fazer de idiota, Müller, você já faz um ótimo trabalho sozinho! – exclamou, passando a mão nos cabelos tão parecidos com os da irmã. – Será que você ainda não entendeu?

Eu pisquei, olhando para a irmã mais nova da M.V. enquanto ela rodava os olhos pela milésima vez e enfiava o dedo no meu peito com força.

Doeu.

– A Tina ama você, seu babaca – ela disse, enfatizando cada palavra com aquele dedo no meu peito. – Tudo pode ter começado como uma vingança por você ser esse grande otário que é, mas, e não me pergunte o porquê, ela...se apaixonou por você.

Eu devo ter ficado paralisado por um minuto inteiro, absorvendo as palavras daquela baixinha irritadiça, tentando que elas fizessem um sentido dentro da minha cabeça. E então, o dia em que eu surpreendi a M.V. chorando na sala de aula me veio à cabeça.

Ela tentou me contar naquele dia. Eu podia não ter entendido, mas agora eu simplesmente sabia que ela tentou me contar tudo.

Inclusive sobre ir embora.

E, de repente, eu não me importava se podia perdoá-la ou não. Eu ainda não sabia. Não me importava com as mentiras e os segredos. Se eu fosse sincero comigo mesmo, eu diria que ainda estava magoado, que ainda tinha ressentimentos. Eu queria ouvir as explicações da nerd, queria ouvir o que ela tinha para me dizer. Queria gritar com ela. Brigar com ela. Queria poder olhar em seus olhos e ver se eles eram realmente tão honestos como imaginei uma vez.

Mas o ponto era esse. Eu a queria aqui. Em nenhum momento eu pensei que não gostaria de vê-la de novo ou de nunca mais falar com ela. Porque, mesmo depois de tudo, eu precisava dessa maldita garota perto de mim.

– Revelações, revelações – comentou Lucas com uma expressão idiota na cara e apoiando o braço no meu ombro. – Isso aqui tá melhor que novela mexicana.

É claro que todo mundo o ignorou.

– Onde ela está? – perguntei por fim e, quando vi que Geny ia responder novamente que não era da minha conta, eu a segurei pelos ombros e olhei bem fundo nos olhos dela. – Eu amo a Maria Valentina. Por favor, me diz onde ela está agora.

Pensei que ela não fosse responder. Pensei que ela fosse me mandar lamber grama ou coisa assim, mas então a garota devolveu meu olhar, como se procurasse alguma coisa nele. E achou.

– Papai está levando-a ao aeroporto agora – disse, soltando-se de mim. – Ela vai para a casa do nosso avô na Romênia.

Meu coração pulou uma batida. É possível ter um infarto aos 16?

– Espera aí, o seu avô é o Drácula?! – soltou Lucas, sendo inconveniente mais uma vez.

Enfiei minha mão na cara dele para impedi-lo de falar e perguntei:

– Mas é só por uns dias, certo?

É claro. Eu não podia exagerar na reação. O que Maria Valentina faria na Romênia, pelo amor de Deus? Era só uma visita de fim de semana e ela logo estaria em casa...sem chance de ser outra coisa...

– Não – Geny respondeu, baixando os olhos e parecendo subitamente triste. – Papai a fez pedir transferência para uma escola de lá. Eu realmente não acredito que ela vá voltar logo.

Maria Valentina estava indo embora.

Indo embora de verdade. Me deixando.

E eu a amava. Mesmo que ela tenha sido uma idiota e depois eu tenha sido um idiota maior ainda, eu a amava. Com todas as mentiras.

Eu a queria para mim. Eu não podia deixá-la ir assim.

Eu a amava.

E por isso, menos de quinze minutos depois, eu estava num táxi a caminho do aeroporto.



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Notas finais do capítulo

Bom, como foi o natal de vocês, cogumelos? Sabe o que eu notei? Eu nunca faço nenhuma pergunta pra vocês u.u Então vou perguntar agora, quais são as resoluções de ano novo de vocês?
Ah, eu quero dizer que AMEI os comentários do cap anterior e vou responder TODOS (como sempre yeeey, eu morro respondendo reviews gente *-*) mas que vai demorar um pouco mais dessa vez, porque em duas horas eu vou viajar (e ainda nem arrumei minhas malas u.u) pra um lugar terrível onde nem internet tem, só a do celular #chora. Mas só vou ficar lá uma semana, então logo estarei de volta uhuul o/
Bom, gente, eu tenho 300 leitores, comenteeeeem, me façam feliz, não sejam mais leitores fantasmas :)
FELIZ ANO NOOOVO, até o ano que vem, beijooos :**
OBS: Eu fiz um twitter yeeeeey (pessoa careta entrando na modernidade u.u) e quem quiser falar comigo por lá e @heyjulliiet :)