O Amor É Clichê escrita por Juliiet


Capítulo 21
Ela Disse Sim


Notas iniciais do capítulo

Hey cogumeloos o/
Bom, eu tenho um anúncio a fazer. Eu agora tenho uma beta LINDA E PERFEITA me ajudando a revisar os capítulos, porque eu sou uma pessoa muito importante e ocupada cof cof. Mentira, eu não sou importante u.u mas eu sou ocupada, triste, eu sei. É a IsaaVianna e ela é demais *-*
O cap de hoje não está tãão legal, mas eu nem achei tão ruim (mas só depois que a Isa disse que não estava tosco ahuheuahe). Mas eu espero que vocês gostem :)
Ah, uma última coisa. Eu quero dedicar esse cap a três pessoas. À Isa, que foi um amor e revisou o cap. À Clove Flor, por todos os reviews e pela recomendação fofa, e pra minha amiga linda e sexy, a Bah, que fica aturando minhas crises e me ama muito. É isso :)
Boa leitura :)



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– E aí cara, como foi o seu final de semana? – perguntou Lucas, sentado no chão do corredor da oitava série, tirando os fones de ouvido.

Ainda era muito cedo. Ok, não tão cedo assim, mas para os meus padrões... Eu só costumo chegar à escola quando faltam menos de dois minutos para a aula começar. Mas ali estava eu, em uma segunda feira entediante, chegando quase uma hora antes do primeiro período, quando o lugar estava praticamente vazio.

Corram, porque o inferno derreteu.

Espera... O certo não é o inferno congelou?

Cara, essa coisa de acordar cedo deve fazer mal pros neurônios.

– Você me fez chegar cedo hoje só para perguntar como foi o meu final de semana? – perguntei mal-humorado, sentando-me no chão também.

Lucas, o meu futuro ex-melhor amigo, me ligou praticamente de madrugada, pedindo para eu chegar cedo ao colégio. Vou ser sincero e dizer que não sou um amigo muito bom. Qual é o problema? Se fosse em qualquer outro dia, eu teria simplesmente mandado o garoto ir lamber grama ou coisa assim, porque eu odeio acordar cedo, ainda mais com o toque ridículo que ele colocou no meu celular.

A Macarena.

Estou falando sério.

O pior é que eu sempre esqueço de tirar essa porcaria.

Enfim, eu, obviamente, não fiz isso nem xinguei até a última geração da família dele. Eu vim para o colégio cedo como ele pediu. Mas não foi por ele. Como eu disse, não sou um bom amigo, sou egoísta demais pra isso. Me processe. É só que a situação está meio tensa lá em casa, então quanto mais tempo eu passar longe, melhor.

Certo, situação tensa foi o eufemismo do ano. A coisa está insustentável.

– Foi tão ruim assim? – Lucas perguntou enquanto guardava o iPod na mochila, referindo-se ao meu final de semana.

– Não o tempo todo – eu respondi honestamente. E apesar do meu mau humor, resumi os acontecimentos pra ele.

Porque garotos também fazem isso. É um dos nossos segredos mais bem guardados e obscuros, mas nós também conversamos sobre os nossos problemas uns com os outros. Bom, na verdade eu só converso sobre esse tipo de coisa com o Lucas, que me conhece melhor que eu mesmo e que é como um irmão pra mim, mas é isso mesmo. Um cara não precisa se fazer de machão sem sentimentos o tempo todo para ser um cara de verdade...

Alguém precisa me lembrar de desligar a TV quando começar o programa da Oprah...

Enfim, Lucas já sabia que mamãe estava chegando, mas ficou agradavelmente surpreso quando eu mencionei que ela tinha trazido Lana.

– Aquela sua prima gostosa?! – ele soltou, malicioso. – Ela vai ficar na sua casa?

– Só até os pais dela pararem de tentar arrancar a cabeça um do outro – respondi rolando os olhos. – Eles estão se divorciando e, ao que parece, isso está afetando o psicológico dela. Como se a garota já não fosse louca...

– Cara, ela é sua prima gostosa! E vai passar um tempo morando na sua casa! Você faz o que pra ter tanta sorte? É algum perfume, você vai à igreja ou é macumba mesmo?

– Cara, por que eu sou seu amigo?

– Porque eu sou sexy e você me ama – respondeu, fazendo o que ele esperava ser uma cara sexy. O tipo de cara sexy que faz qualquer pessoa ter vontade de furar os olhos com um prego. Um prego enferrujado.

– Nojento, Lucas. Sério.

Depois desse momento altamente gay do cara que definitivamente não é mais meu melhor amigo, eu continuei a falar sobre meu fim de semana e seus altos e baixos. Contei que eu acabei sendo obrigado a levar mamãe e Lana ao meu encontro com a Tiffany – ele fez uma careta nessa hora – e como a coisa tinha degringolado pra valer. Mamãe e Lana foram terríveis com a minha garota, que acabou mostrando as garras também – mas de um jeito muito fofo – e o almoço acabou virando um pesadelo.

Na verdade, a coisa tinha virado um pesadelo logo que eu descobri que era um restaurante só de salada, mas ok.

Desobedeci minha mãe e a larguei sozinha com minha prima mala na primeira refeição que fazíamos juntos em meses. Fui atrás da Tiffany e fui possuído por algum espírito de porco que me fez meio que pedir ela em namoro, só pra ser interrompido por aquele otário daquele motorista de táxi do inferno.

Depois disso o dia foi perfeito. Apesar de ela não ter me respondido e não termos mais tocado naquele assunto. Eu nunca fui do tipo que se diverte levando uma garota para tomar sorvete na praia de mãos dadas, mas era o que eu queria fazer com a Tiffany. Era o que parecia certo e me deixava feliz. Gostava de vê-la me provocar com aquele sorrisinho malicioso, que rapidamente se transformava numa expressão verdadeiramente inocente. Os beijos dela eram suaves e doces, mas o jeito como ela me olhava depois que eu a beijava sugeria que aqueles mesmos lábios poderiam me enlouquecer. Até agora eu não sabia o que pensar sobre quem ela era de verdade e talvez esse fosse o encanto da coisa. A garota era misteriosa. Contraditória. Doce e exótica. Tímida e impulsiva. Ingênua e confiante.

Era quase como se Tiffany fosse duas pessoas ao mesmo tempo. Uma menininha tímida e uma mulher segura e confiante.

E eu não podia decidir de qual eu gostava mais.

Depois do encontro perfeito, que terminou com nós dois cantando músicas dos Beatles e comendo batatinhas com hippies que não fumavam maconha ao redor de uma fogueira na praia, ela disse que tinha que ir para casa. Ofereci-me para pegar um táxi com ela, mas, como da primeira vez, Tiffany insistiu em ir sozinha. Eu não me importei tanto dessa vez porque não era como na noite da festa, quando eu não tinha o número do seu celular e nem sabia seu sobrenome. Agora ela não era apenas uma ilusão causada pela bebida. Ela era real e palpável.

E em breve seria minha.

O problema foi quando cheguei em casa. Minha mãe não gritou comigo nem nada do tipo. Para ser sincero, ela fez o que sempre faz. Fingiu que eu não existo. Só que dessa vez, Lana estava lá para testemunhar o desprezo com o qual minha mãe me presenteava e, é sério, minha prima é sádica a ponto de se divertir com isso. Ficou o domingo todo me mandando sorrisinhos sarcásticos e rindo da minha cara. E na única vez que mamãe abriu a boca para falar comigo, foi só para jogar três bombas atômicas em cima de mim:

– Seu cartão foi bloqueado e você está proibido de sair de casa por uma semana. Ah, mais uma coisa. Lana vai ficar conosco até os pais dela resolverem o divórcio deles. Você vai ser um garoto educado e vai emprestar seu motorista para ela. Você não pode sair de casa mesmo... E eu quero que seja gentil e faça sua prima se sentir bem vinda, entendeu? Com uma reclamação que Lana tenha de você, eu garanto: não queria estar na sua pele.

É, meu primeiro castigo. E só mesmo a minha mãe consegue fazer esse tipo de ameaça para o próprio filho no mesmo tom em que manda seu assistente remarcar uma reunião. Frio e completamente indiferente. Eu nunca sei quando ela está com raiva, apesar de que devia estar para bloquear meu cartão de crédito.

– Meu Deus, o que vou fazer sem meu cartão de crédito? – soltei, apoiando o rosto nas mãos, depois que terminei de contar tudo.

– Vince, sua prima gostosa vai morar com você e você está preocupado com seu cartão de crédito? – debochou Lucas. – Deixa de ser uma menininha, por favor. Vai ficar um tempo sem comprar seu creme pra rugas? Não vai morrer por isso.

– Você é um idiota – resmunguei. – Lana é um pesadelo. E eu não uso creme para rugas!

Lucas riu e levantou as mãos, em sinal de rendição.

– Ok, vou fingir que acredito – disse.

– Você me fez chegar cedo aqui pra encher o meu saco? – perguntei, fingindo que ia me levantar. – Acho que vou voltar pra casa e dormir mais um pouco.

– Ah, para de drama, Srta. Sensibilidade – Lucas disse, rolando os olhos e me puxando de volta para o chão. – Não foi por isso que eu pedi pra você vir mais cedo à escola hoje.

– Para o que foi então?

– Tem uma pessoa que eu quero que você veja.

– Quem?

– Você já reparou onde estamos?

– No corredor da oitava série.

– E por que estamos aqui?

– Porque você fumou maconha.

Lucas me deu uma cotovelada e me olhou como se eu fosse um caso perdido.

– Estamos aqui porque eu sou um ótimo amigo e acho que você tem que conhecer uma garota. Ela estuda nessa sala aqui – disse, apontando a sala vazia a nossa frente.

– Olha, Lucas – eu comecei, falando devagar para ver se a coisa entrava na cabeça dele. – Eu agradeço, mas você sabe que eu já tenho alguém. E mesmo que eu não tivesse, não procuraria mulher na creche.

– Você não entende nada mesmo, não é? Na sexta feira, quando você faltou, eu vi uma garota. E pelo jeito que você descreveu a sua linda Tiffany... Bom, ela tá chegando aí, olha!

Virei o rosto para onde o maluco do Lucas estava apontando e vi duas garotas andando pelo corredor. As duas eram baixinhas, uma loira com os cabelos presos num rabo de cavalo e a outra era ruiva e estava com o rosto virado para o lado, conversando com a loira e impedindo-me de ver seu rosto. Mas eu a reconheceria em qualquer lugar.

– Tiffany! – gritei, levantando-me.

As duas garotas viraram para me olhar, assustadas.

E a ruiva não era Tiffany.

Agora que eu podia vê-la direito, não acreditei que a tivesse confundido com a minha garota. Elas eram muito parecidas, tinham a mesma cor de cabelo e pele. Os olhos também eram quase da mesma cor, mas os dessa garota eram um pouco mais claros. Seus cabelos eram mais ondulados e compridos que os de Tiffany e ela tinha mais sardas também. Era ligeiramente mais baixa e seu rosto era mais redondo.

A garota era linda e tão parecida com Tiffany que era assombroso. Mas não era ela. Não tinha o brilho nos olhos que a minha ruivinha tinha e seus lábios não eram tão perfeitos e rosados. O nariz não era o mesmo e suas sobrancelhas eram um pouco mais finas.

Simplesmente não era Tiffany. E se eu a tivesse visto direito, nunca teria confundido as duas. Mas era impossível que não fossem parentes. Eram parecidas demais. Ela estudava ali? Como eu nunca a vira antes? Se bem que eu não costumava andar pelos corredores da oitava série...

A garota me olhava assustada e parecia ter empalidecido. Sua amiga olhava-a preocupada enquanto eu me aproximava.

– Você! – eu disse, quase ofegante, para a garota que parecia paralisada. – Você conhece Tiffany? Tiffany Caine?

Ela parecia ter perdido a capacidade de falar.

– Geny, o que você tem? – a loira perguntou, balançando uma mão na frente do rosto da amiga.

– Ah, droga, essa não é a sua garota, Vince? – Lucas, que eu nem percebi que tinha se levantado também, perguntou. – Achei que fosse ela.

A ruiva chamada Geny pareceu acordar do choque. Piscou e olhou para a amiga, antes de virar os olhos de volta para mim, ainda parecendo muito apreensiva.

– N-não – ela gaguejou, os olhos arregalados. – Eu não conheço nenhuma Tiffany Caine.

– Impossível – retruquei. – Você é a cara dela.

A garota Geny começou a ficar vermelha e abriu a boca para dizer mais alguma coisa, quando sua amiga a interrompeu:

– Seu nome do meio não é Caine, Geny?

Geny virou-se para a loira, fuzilando-a com o olhar azul tão parecido com o de Tiffany.

– Sara, você pode me esperar lá na sala, por favor? – pediu, numa voz que mais parecia a prévia de uma sessão de tortura.

– Ok, ok. Eu já vou. Não precisa fazer essa cara... Vai acabar assustando alguém. – a garota chamada Sara disse, antes de rolar os olhos e ir para a sala que Lucas apontou para mim minutos antes.

– Então... – comecei, olhando para ela com os olhos apertados. – Seu nome do meio é Caine e você é muito parecida com Tiffany Caine... Vai continuar dizendo que não a conhece?

Geny me olhou com muita raiva, mas suspirou e disse:

– Certo, a Tiffany é minha... Prima! Satisfeito?

– Por que fingiu que não a conhecia? – Lucas perguntou antes de mim.

A garota deu de ombros.

– Não é uma prima muito querida. Especialmente agora.

Fiquei confuso. Como alguém podia não gostar de Tiffany? Ela era tudo o que uma garota devia ser. Linda, engraçada, delicada, impulsiva e carinhosa.

O que há para não gostar?

Mas resolvi não entrar nesse mérito com Geny, que parecia muito contrariada afinal, eu não podia perder aquela oportunidade de descobrir mais coisas sobre Tiffany, então era melhor não deixar a prima marrenta dela muito aborrecida.

– Onde sua prima estuda? – foi a primeira coisa que me veio à cabeça.

– Se ela não te contou, provavelmente não é da sua conta – a garota respondeu rapidamente. – Quem é você? Um stalker?

– Não, não é nada disso – apressei-me em negar. – Eu sou meio que... O cara com quem ela está saindo – terminei, conseguindo me impedir de dizer que era o namorado dela.

– Ah, então você devia saber onde ela estuda. Por que está me perguntando?

– A garota tem razão, Vince – Lucas disse. Percebi que ele olhava com interesse para a ruivinha estressada.

Traidor. Eu conhecia aquele olhar. Ele provavelmente concordaria com qualquer coisa que aquele chaveirinho irritado falasse.

– Já posso ir para a minha sala ou vocês vão continuar me interrogando? – ela perguntou sarcasticamente.

Bem, eu precisava reconhecer minha derrota. Não ia conseguir arrancar nada daquela garota. E ainda estava meio fora do ar pela surpresa de encontrar uma prima da Tiffany aqui, na minha escola. Era surreal. Eu sei que vai soar idiota, mas Tiffany era tão diferente e misteriosa que uma coisa normal – como ter uma prima – não combinava com ela.

– Não, tudo bem – eu acabei dizendo para a garota. – Desculpe por isso.

Ela não disse nada, apenas apressou-se para ir para a sua sala.

Que. Porra. Acabou. De. Acontecer. Aqui?

Tiffany tem uma prima que, por acaso, estuda na mesma escola que eu?

Só eu acho isso muito estranho?

– Foi mal, cara – Lucas disse, colocando o braço em meus ombros. – Achei que fosse a sua garota, pelo que você me descreveu.

– É, mas é a prima dela – falei, sentindo o começo do que seria uma dor de cabeça terrível. – Você não acha isso estranho?

Ele deu de ombros e tirou um chiclete do bolso, jogando a embalagem no chão.

– Sei lá – ele respondeu, começando a mastigar o chiclete. – Nem tanto. Primos nem sempre têm que estudar juntos. Olha só você e a Lana.

– É, tem razão. Agora será que dá pra tirar esse braço de mim?

Ele riu, mas tirou o braço dos meus ombros, e fomos pegar nossas mochilas que ainda estavam no chão. O primeiro horário só começaria em uns vinte minutos, por isso nem nos demos ao trabalho de ir logo para a sala. Resolvemos ir para o pátio para encontrar o resto do pessoal, fazia um tempo que eu não conversava com meus amigos. Uma certa nerd e o amor da minha vida haviam tomado conta da minha vida ultimamente. Fábio e Diana estavam lá, aos beijos, enquanto Pedro, que estava sentado no banco ao lado deles, olhava com cara de desesperado em volta. Assim que nos viu, levantou e veio até nós, passando as mãos pelos cabelos loiros em frustração.

– Ainda bem que vocês chegaram – disse. – Não aguento mais ficar segurando vela. Sério, parece que todo mundo nessa escola está namorando! Até aquela sua amiga nerd! Juro, esse mundo está perdido se uma nerd como aquela consegue alguém e eu não...

Espera... O quê?!

– Espera aí, você está falando da Maria Valentina? – perguntei, mas fui ignorado.

– Você não tem namorada porque já pegou quase todas as meninas do nosso ano e agora toda a escola sabe que você é um safado – Lucas disse para Pedro.

– O que eu tenho que fazer então? Pedir transferência pra outro colégio?

– Não, cara. O que você precisa fazer é...

– Hey! – gritei para os dois e Lucas se calou. Aquela conversa ridícula estava me dando nos nervos, eu precisava saber sobre a Maria Valentina! – Pedro, você falou sobre a minha amiga nerd, o que tem ela?

Ele teve que pensar um pouco para se tocar do que eu estava falando. Então soltou um “ah” e disse:

– Ela e aquele garoto ruivo esquisito estavam no maior clima lá no portão da escola.

– Quando?!

– Agora mesmo, eu acabei de ver os dois juntos lá e...

Não o esperei terminei de falar e corri em direção à entrada. Eu não sabia o que estava fazendo nem o que estava sentindo. Mas alguma coisa quando Pedro falou da nerd e do McDonald juntos... Parecia errada para mim. Eu não entendia o que era, mas não gostava de vê-los juntos, de pensar neles juntos, de imaginá-los juntos. Era errado. Ele não era o cara certo para a minha amiga. Ela era doce e engraçada, inteligente e frágil. Ela era a pessoa mais especial que eu conhecia. A pessoa que havia me feito enxergar o mundo de maneira diferente, que havia me feito rever tudo em que acreditava. A garota que me fez acreditar em coisas diferentes. Que me ensinou que eu podia ser uma pessoa melhor do que era, e que a superfície é só isso. Superfície. Há muito mais por trás disso, se você se permitir chegar perto e olhar, sem julgar antes. Ela me fez perceber que há beleza em qualquer coisa, se você tiver os olhos certos para ver. Ela me fez enxergar o que não era óbvio. Ela me fez ficar preocupado com ela. Gostar dela.

Ela era minha amiga. Minha amiga.

Apenas minha amiga.

Então por que eu comecei a lembrar do dia em que nos beijamos? Do seu corpo pequeno colado ao meu, dos seus lábios suaves e da facilidade com que ela correspondeu ao meu beijo? Por que eu não parava de pensar no jeito como eu me senti quando a beijei?

Por que eu ficava lembrando dela com minha camisa preferida do South Park? Por que eu gostava tanto de vê-la usando essa maldita camisa? Por que seus olhos eram tão lindos? Por que eu tinha vontade de abraçá-la e protegê-la do mundo?

Por que – e eu só percebia isso claramente agora – eu tinha tanta raiva dos pais da minha nerd? Por nunca estarem lá quando ela precisa?

E por que agora eu estava correndo como um maluco pela escola só para não deixá-la sozinha com aquele palhaço psicopata?

Cheguei à entrada da escola e comecei a correr os olhos por todo o lado. Havia muita gente chegando e grupinhos conversando aqui e ali. Eu acho que algumas pessoas falaram comigo, mas eu não me dei ao trabalho de responder. Continuei procurando por uma garota pequena e magrela, com grandes óculos e roupas largas, com um garoto parecido com o Ronald McDonald.

E finalmente, eu os vi.

Os dois estavam do lado de fora, na porta, onde não havia ninguém. Eu podia vê-los pela grade. Maria Valentina estava como sempre, com seu uniforme grande demais e seus cabelos presos naquele coque apertado. Suas bochechas pareciam coradas e seu rosto estava baixo, ela parecia estar olhando para os pés. O palhaço psicopata estava de frente para ela. Muito perto dela. Da minha nerd. Eu podia sentir o maldito clima dali, apesar de não poder ouvi-los.

Sem pensar, eu empurrei os alunos que estavam chegando e passei pelo portão, a tempo de ouvir aquele garoto desgraçado com cara de palhaço do inferno dizer para a minha nerd:

– Eu estou falando sério, Tina.

– M-mas você nunca... Quer dizer... – gaguejou ela em resposta.

– Eu nunca tive coragem – ele voltou a dizer. – Mas na sexta feira, quando estávamos juntos... Eu quero que seja sempre assim, Tina. Você e eu, juntos.

– V-você tem...certeza?

Ele segurou o queixo dela e a fez levantar o rosto para olhá-lo.

– Vou ser bem claro. Eu amo você, Tina. Há muito tempo. Quer ser minha namorada?

Senti o ar sair completamente dos meus pulmões. Não podia acreditar naquilo. O que aquele maldito estava dizendo?!

Mas não, Maria Valentina nunca aceitaria aquela maluquice...ela merecia muito mais...ela...

Ela gostava dele.

Desde o início, ela gostava dele. Ela aceitou minha proposta por causa dele. Ela pediu para eu ensiná-la a conquistá-lo. Ela teve um encontro com ele. Ela gostou do beijo dele.

Ela gostava dele.

Maria Valentina levantou os olhos para o Koury e os arregalou quando me viu logo atrás dele. E era para mim que ela olhava com aqueles grandes olhos através da lente dos seus óculos quando respondeu:

– Silas, eu...sim. Eu quero ser sua namorada.

E eu não sei o porquê, mas senti que meu mundo despencou naquele momento.

Ela disse sim.




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Notas finais do capítulo

Hey, quem acertar como o Vince vai ficar sabendo que a Tiffany e a MV são a mesma pessoa, vai ganhar um prêmio o/
O quê, eu não sei, eu já to devendo jujubas verdes pra tanta gente....enfim, é isso.
Eu ainda não respondi a todos os reviews do cap passado e nem sei se vou conseguir responder todos, me perdoem. Mas todos os reviews desse cap aqui serão respondidos, nem que eu tenha que passar a madrugada fazendo isso.
Beijos e até o próximo :***