PDV Ann

Eu só havia feito o caminho da casa da Emy até a praia uma vez, mas foi o suficiente pra nunca mais esquecer e agora que estava de dia era ainda mais fácil. Assim que cheguei lá tirei a sandália e pisei na areia fina e branca. Eu andei um pouco sem rumo apreciando a vista até que vi uma garota sentada num tronco olhando o mar, mas não era qualquer garota, afinal não é qualquer um que usa shorts e camiseta no frio de La Push.

- Sue? – Eu chamei quando ela não percebeu minha presença.

- Tia Ann. – Ela disse feliz e aliviada enquanto me abraçava. – Eu sinto muito por tudo que aconteceu.

- Não precisa se desculpar, nada do que aconteceu foi culpa sua. – Eu disse olhando eu seus olhos pra que ela tivesse certeza que eu estava falando a verdade. – Mas o que você esta fazendo aqui sozinha?

- Estava só pensando um pouco. – Ela respondeu, mas eu senti que havia alguma coisa errada e ao olhar em seus olhos eu tive certeza, eles estavam tristes e confusos e ela parecia um pouco perdida.

- Quer conversar? – Eu disse tentando ajuda – La. Ela não disse nada, só sentou no banco e eu sentei ao seu lado e esperei.

- Ontem eu estava em casa assistindo TV, e der repente o Rich chegou dizendo que precisava conversar comigo, eu estava sozinha em casa, meu pai estava na ronda e minha mãe e o Luke haviam ido a Port Angeles. Eu e o Rich nunca nos demos muito bem por conta de termos ambos um temperamento um pouco explosivo e ele ser um idiota, mas ele parecia tão aflito e desesperado que eu o deixei entrar.

“Então nós nos sentamos no sofá e eu pedi que ele dissesse o que havia acontecido e ele ficou receoso e começou a dizer que não tinha culpa do que tinha acontecido que era uma coisa que ele não podia controlar, mas que não agüentava mais tentar esconder isso de mim. Eu não estava entendendo muito bem e pedi pra que ele dissesse logo de uma vez, então ele me olhou nos olhos e com toda a sinceridade do mundo me disse que havia sofrido o imprinting por mim. Num primeiro momento eu achei que aquilo fosse uma brincadeira de mau gosto, mas depois eu vi que não, ele estava realmente falando a verdade e eu me apavorei. Eu não sei bem como, mas depois de algum esforço consegui fazer com que ele fosse embora e desde então eu estou assim: confusa e sem saber o que fazer. – Eu estava chocada com toda aquela história, mas não conseguia entender toda a confusão dela.

- Não entendo porque está confusa Sue afinal o imprinting não é uma coisa boa? – Eu perguntei tentando entender.

- A maioria acha que sim, mas eu sempre tive medo dessa parte da nossa natureza por causa da história da minha mãe. - E novamente eu estava confusa.

- Não entendi, como assim a “história da Leah”?

- O tio Seth nunca te contou? – Ela perguntou e parecia um pouco surpresa por eu não saber do que ela estava falando.

- Não, o Seth nunca entrou em muitos detalhes sobre a vida de ninguém aqui, por questão de respeitar a privacidade deles. – Eu disse e ela assentiu entendendo.

- Antes de toda essa coisa de lobos acontecerem com os garotos minha mãe era namorada do Sam. – Ela disse me deixando de boca aberta, afinal nunca imaginaria o Sam com alguém que não fosse a Emily. – Eles eram felizes e se amavam até que um dia o Sam sumiu, desapareceu por duas semanas e quando voltou não deu uma só explicação. Minha mãe não disse nada e relevou tudo pelo amor que sentia por ele e as coisas foram se ajeitando. Até que um dia a Emily veio visitar a minha mãe e bastou o Sam olha – La uma só vez pra coisa toda acontecer, e depois disso ele não podia mais ficar com a minha mãe sendo que amava outra, então ele terminou com ela e ela se tornou uma pessoa amarga e indesejável e só piorou depois da transformação dela. As coisas só foram se ajeitar quando meu pai aos trancos e barrancos conseguiu abrir uma brecha na barreira enorme que minha mãe havia criado e então começou a se aproximar dela. – Mesmo estando surpresa com toda a história da minha irmã eu pude entender um pouco do medo que a Sue sentia.

- Sue eu até entendo o seu medo, mas ele não faz sentido afinal sua história é totalmente diferente da sua mãe. O Rich não tem namorada.

- É exatamente esse o problema, eu não tenho como ter certeza disso, todos os garotos solteiros do bando são muito mulherengos, pegam uma garota diferente a cada semana, com exceção do Jake, mas ele tem seus próprios problemas. – Era engraçado como ela parecia furiosa pelo fato do Rich ter uma possível namorada e nem se dava conta de como estava agindo.

- Sue, você acabou de solucionar suas próprias duvidas e nem percebeu. – Eu disse rindo de leve.

- Como assim? – ela perguntou me olhando confusa.

- Você disse que o Rich é muito mulherengo e esse fato soluciona tudo, afinal garotos desse tipo nunca têm namoradas fixas, mas o que uni vocês dois é muito mais forte do que qualquer coisa que possa existir você melhor do que ninguém sabe disso. E por esse motivo que acho que deveria dar uma chance ao Rich. Não estou dizendo pra você sair correndo e se jogar nos braços dele, só deixe que ele se aproxime e mostre o que sente.

- Você é demais tia Ann, muito obrigada por me ouvir, não sabe o quanto essa conversa me ajudou, eu estava mesmo precisando desabafar. – Ela disse me abraçando e eu fiquei feliz por ter ajudado.

- Não precisa agradecer e sempre que quiser conversar é só me procurar, sabe onde me achar. – Eu disse e depois ri por sem querer ter feito uma rima.

- Obrigada. – Ela disse sorrindo, as nuvens de tristeza não cobriam mais os seus belos olhos e isso era bom, não gostava de vê – La triste. – Mas agora e tenho que ir, minha mãe deve estar me esperando pro almoço, tchau tia Ann. – Ela disse se levantando com um pulo.

- Tchau, bom almoço. – Eu respondi rindo vendo-a sair correndo.

Depois disso eu resolvi voltar pra casa da Emy, afinal estava morrendo de fome. Estava andando distraída quando ouvi alguém gritar meu nome.

- ANN. – eu me virei e vi o Junior correndo na minha direção, e novamente senti meu peito se enchendo de saudade, era incrível eu só conheci o Junior a uma semana, nós só conversamos durante poucos minutos, mas ele já era tão importante pra mim.

- Junior, que saudades. – Eu disse o abraçando.

- Eu também senti muita saudade, e espero que esteja melhor. – Ele disse me olhando atentamente, como se procurasse alguma coisa.

- Agora sim, eu senti tanta falta de vocês e desse lugar, nunca mais vou cometer o erro de me afastar daqui. – Eu realmente não podia mais me imaginar longe desse lugar.

- Isso é muito bom, porque nós não queremos você longe de nós. – ele disse em um tom carinhoso que aqueceu um coração. – Mas o que você estava fazendo sozinha na praia? – Ele perguntou dessa vez ficando um pouco preocupado.

- Eu não estava sozinha, a Sue estava lá e nós conversamos um pouco. – Eu não ia contar que ela desabafou comigo, isso era uma coisa particular.

- Ela te contou sobre o imprinting. – Ele não perguntou só afirmou como se fosse óbvio. – Eu estou voltando da casa do Rich e ele está desesperado por ela não querer falar com ele.

- Eu acho que ele não vai precisar se preocupar por muito mais tempo. – Eu disse sorrindo, sabendo que logo a Sue iria falar com ele. O Junior entendeu a minha indireta e sorriu também, só que de forma aliviada.

- Isso é bom, mas e você? – Ele perguntou do nada me deixando confusa. – A Claire conseguiu te convencer a ser madrinha do casamento junto com o Jake? – Ele perguntou rindo da minha confusão e fazendo meu rosto se contorcer numa careta.

- Você realmente precisava me lembrar disso. – Eu disse suspirando.

- Aquela baixinha sempre consegue o que quer. – Ele disse e eu suspirei de novo.

- Ela é assim com todos ou estou ganhando atenção especial por ser nova por aqui. – Eu perguntei desviando um pouco do assunto “madrinha de casamento”.

- Ela é assim com todos, eu até teria pena do Quil se ele não adorasse esse jeitinho dela. – Ele disse me fazendo rir.

- Ele a ama. – Eu disse sabendo que só isso já explicava tudo e ele assentiu.

- Você estava indo pra minha casa? – Ele perguntou olhando o caminho em que eu estava.

- Sim, estava.

- Então a senhorita me daria a honra de acompanha - La? – Ele perguntou fazendo uma reverencia engraçada.

- Mas é claro meu bom senhor. – Eu respondi também entrando na brincadeira e fazendo uma reverencia exagerada. Ele me estendeu o braço e eu aceitei ainda rindo da nossa brincadeira boba, e nós fomos o caminho todo conversando.

Assim que chegamos a casa da Emy eu senti todos os olhares se convergindo em nossa direção, e isso me deixou um pouco constrangida e antes que começasse a corar feito um tomate eu me soltei do Junior e fui em direção a cozinha ajudar as meninas. Enquanto a Emy terminava o almoço a Claire, Nessie e eu colocamos a mesa, assim que tudo estava pronto chamamos os meninos. Eu acabei me sentando entre o Collin e o Brady e tive que agüentar suas piadinhas durante todo o almoço, mas mesmo corada de vergonha eu consegui rebater todas elas os deixando surpresos.

Depois do almoço a Emily expulsou a todos da cozinha, ficando só ela e o Sam cuidando da louça. A Claire e a Nessie voltaram a resolver as coisas do casamento, e os meninos foram ver o canal de esportes. Eu me sentei ao lado do Junior e depois de juntar bastante coragem comecei a fazer o meu pedido.

- Junior você sabe onde o tio Billy mora? – Eu perguntei novamente sentindo todos os olhares em cima de nós.

- Sei, por quê? – Ela perguntou me olhando desconfiado.

- É que eu queria saber se você poderia me levar lá, eu estou com saudades do tio Billy e queria conversar um pouco. – Esse não era o único motivo, mas não ia falar o outro para que todos ouvissem.

- Tudo bem eu te levo lá. – Ele disse já se levantado e eu o acompanhei, mas antes me virei pra Nessie e segurei sua mão.

- Eu não vou demorar muito. – “Você sabe que preciso agradece - lo” eu pensei sabendo que ela ouviria.

- Sem problemas. – “Eu sei, só se cuida tá?” ela respondeu e eu assenti. – Eu vou ficar aqui vendo as coisas com a Claire. – Ela completou pra disfarçar.

- Depois você me conta tudo. – eu disse já saindo pela porta de braços dados com o Junior.

O caminho até a casa do tio Billy não era muito longo e pelo que pude ver era bem fácil, não tinha como se perder, caso que precisasse vir aqui sozinha.

- Conversar com o Billy não é o único motivo pra você querer ir a casa dele não é mesmo? – o Junior perguntou quando estávamos quase chegando segundo ele.

- Não, eu também preciso agradecer ao Jacob tudo o que ele fez, mesmo não sabendo o porquê de ele ter feito tudo aquilo. – Eu não tinha porque mentir pro Junior sobre os meus motivos e nem queria então contei a verdade. Ele não disse nada, então continuamos nosso caminho e logo eu pude avistar a casinha dos Black’s, era uma casa pequena e de um vermelho meio desbotado, mas dava a impressão de aconchego que só um verdadeiro lar tem e logo eu pude ver o Jacob sentado na entrada. Ele estava usando uma bermuda jeans meio desbotada e uma camisa cinza, mas o estanho foi que eu senti meu coração acelerar de um jeito muito esquisito quando o vi e na mesma hora ele me olhou.

- O que você está fazendo aqui? – Ele perguntou diretamente pra mim da forma arrogante e grosseira de sempre e eu respirei fundo tentando ignorar seu jeito.

- Oi pra você também Jacob. – Eu disse calmamente esperando que assim ele visse que vim em paz.

- O que você está fazendo aqui? – Ele repetiu a pergunta ainda mais grosso que antes.

- Eu vim te agradecer, por tudo o que fez por mim aquela noite, não sei porque fez aquilo, mas ainda assim agradeço. – Eu pude ver a surpresa passar por seus olhos, ele não esperava que eu fosse agradece – lo, mas logo seus olhos se tornaram frios novamente.

- Eu não fiz aquilo por você, eu sabia que se te deixasse sair correndo sozinha iria se perder e também sabia que seria um dos que teria que te procurar e não iria perder meu precioso tempo procurando por você. – Ele dizia as palavras de forma cruel, na intenção de me atingir e estava conseguindo. Suas palavras rasgavam e cortavam meu coração como se mil facas estivessem sendo enfiadas nele, mas ainda assim eu continuei.

- Eu também queria agradecer pela sua ajuda com a Leah. – minha voz saiu um pouco mais baixa pelo fato de estar me esforçando para mente – La firme e não gaguejar, não faria isso na frente dele.

- Mais uma vez eu não fiz isso por você, mas sim pelos seus pais, sei que não gostariam de ouvir a Leah falando daquele jeito se estivessem aqui. Então se foi só pra isso que você veio, pode ir embora. – Isso sim conseguiu me irritar, afinal ele estava me enxotando.

- Não foi só por isso que eu vim. – Eu disse no meu tom de voz normal dessa vez de forma grossa e dura, eu também podia ser arrogante e grosseira. – Eu vim ver o seu pai, ele está?

- Sim, ele está lá dentro, mas o que quer com ele? – Ele perguntou de forma agressiva.

- Isso não é de forma alguma da sua conta, mas eu vou ser boazinha e te contar. – eu disse me colocando ao seu lado e virando de frente pra ele. – Eu vim aqui pra continuar a conversa que estava tendo com seu pai naquela noite na fogueira quando fui interrompida por um cachorro vira – lata imbecil. Quem foi mesmo? – Eu fingi pensar e o ouvi rosnar fazendo com que meu corpo estremecesse de forma estranha, mas ainda sim continuei. – Ah sim, foi você. – Eu disse ele rosnou mais alto fazendo meu corpo estremecer novamente, eu não entendia o porque disso acontecer mais deixaria para pensar depois, então me virei entrando na casa sendo seguida pelo Junior e deixando um Jacob furioso pra trás.