“Está um pouco melhor”. Querem me matar só pode.

Era o Justin, bem ali na minha frente, ele soltou um leve sorriso para mim. Andei até ele vagarosamente. A Pattie estava sorrindo e abraçada com meu pai de lado.

Era para eles estarem trabalhando, mas não iria encher minha cabeça com isso.

Cheguei perto do Justin e dei um tapa no rosto daquele babaca.

_ O que eu fiz? – ele perguntou assustado com a voz rouca e cansada.

Ouvi a Pattie soltar um som de surpresa.

_ Me assustou seu babaca – ri para ele e depois o abracei.

_ Nesse caso eu perdoo – ele aparentemente sorriu

_ Eu senti tanto sua falta – lhe dei um beijo na testa.

Ele teve que se abaixar um pouco, mas está tudo bem.

_ Você já almoçou? – perguntei

_ Claro, olha a hora – revirou os olhos

_ Vamos para meu quarto – o puxei pela mão

_ Kaya, ele não pode fazer esforço, então não bata nele pelo amor de Deus – Pattie quase implorou

Eu ri em resposta.

Fomos para meu quarto, ele sentou-se na cama e ficou me encarando, minha única vontade era de bater nele por ter feito aquilo.

_ Não vai falar nada? Dizer que estava com saudades de mim? – riu

_ Argh Justin, que vontade de ter bater! – passei a mão no cabelo

_ Eu sei que você quer falar, estou ouvindo – ele disse soltando mais um daqueles sorrisos

_ Tem razão, tenho muito pra te falar, mas eu estou com vontade de te matar agora mesmo! Porque você fez aquilo? Sei que não é um assunto muito legal, mas que se dane! – o olhei – eu quase te vi morrer! Você tem noção disso? E por minha culpa. Eu estava praticamente em depressão, eu fui proibida de ir no hospital, não tinha notícias e o que eu mais fazia era ficar nesse quarto, comendo, vomitando, chorando e o pior, me cortando. Que droga! Se um dia acontecer isso novamente, Deus nos livre, eu que te mato, está me ouvindo?! – o Encarei pondo a mão no rosto e virando para o outro lado

_ Desculpa – sussurrou – mas eu precisava fazer aquilo – falou normalmente, senti seu olhar sobre mim – se alguma coisa acontecesse com você eu não me perdoaria nunca.

_ Justin – o olhei – e podia acontecer com você e comigo não? Nossa! Você tem um futuro, você vai para a Universidade, você foi aceito em três, e eu... uma vagabunda que não sei o que fazer da vida, tem noção da besteira que aconteceu?

_ Foi por amor Kaya, eu nunca faria isso se eu não te amasse, você é importante para mim. Talvez o que aconteça entre nós dois seja apenas... amizade, mas isso nunca vai sair da minha cabeça. Valeu apena, eu faria tudo de novo – ele falou olhando em meus olhos e uma lágrima escorreu por seu rosto.

Sorri de lado para ele, sequei sua lágrima o abraçando.

_ Nunca te deixaria fazer isso novamente. Você é muito importante para mim. – o olhei – eu te amo.

Um sorriso bobo brotou em nossos rostos. Ele segurou meu rosto com uma das mãos e encostou nossos lábios. Que saudades desse beijo, desse toque, do Justin...

O beijo era calmo, era como se fosse o nosso primeiro beijo, era como se nunca tivesse acontecido isso antes. Cada dia tenho mais certeza do quanto o amo.

Alguém entrou no quarto, continuamos o beijo, era como se apenas nós dois estivéssemos ali.

_ Entendo porque vieram pra cá – Kauã falou rindo

Mostrei o dedo para ele. Justin riu em meio ao beijo. Quando falou ar nos separamos.

Encostei minha cabeça no ombro dele e olhei em direção a porta vendo o Kauã nos encarando.

_ A cena é muito bonita, mas temos que descer para jantar – Kauã riu – vamos Justin.

Ok, eles iriam correndo na frente e eu me arrastando atrás.

Por pouco não me joguei da escada para chegar mais rápido, que saco. Entrei na cozinha e a Pattie estava colocando os pratos a mesa.

_ Encontrou alguém no caminho Kaya? – O idiota do meu irmão falou e começou a rir

Dei um tapa na cabeça dele e sentei-me.

_ Posso fazer uma pergunta? – Kauã falou nos assustando

_ Não. – murmurei, ele me fitou.

_ Justin, você quando estava no hospital, em coma... você estava quase morto obviamente, e você chegou perto da porta do céu ou inferno? – ele perguntou

Soltei meu talher no prato o fitando.

_ Me diz... pelo amor de Deus! Você não perguntou isso. – encostei a cabeça em minhas mãos – Deixa de ser burro. Você é muito idiota, seu imbecil.

_ Kaya, pare de chingar seu irmão. – meu pai repreendeu

_ Mas... fala sério – o fitei

_ Ah gente, só foi uma pergunta. – Kauã ergueu as mãos se ‘rendendo’.

_ Vai jantar Kauã! – murmurei tomando um gole de meu suco

_ Você é chata em.

_ Babaca.

_ Idiota.

_ Burro.

_ Feia.

_ Imbecil.

_ Gorda – ele me fitou com a expressão séria

Estávamos apenas brincando, mas eu me senti realmente gorda, empurrei o prato para longe de mim. Todos me olharam. Parecia que o foco todo estava em mim. E na verdade estava.

_ Estou cansada, boa noite – levantei-me.

Subi as escadas o mais rápido de poderia. Não tinha como me trancar no quarto já que meu querido papai pegou a chave afirmando que eu poderia cair, desmaiar e estar com a porta trancada.

Acabei me trancando no banheiro. Sentei-me no chão sentindo meu estômago revirar e meus pulsos latejarem, as cicatrizes um pouco mais recentes imploravam por novas companhias.

Eu não tinha motivos para me cortar, estava tudo bem agora. Escondi minha cabeça em meus joelhos. Respirei fundo algumas vezes e levantei. Eu precisava lutar contra mim mesma contra essas manias idiotas.

Lavei meu rosto e saí do banheiro.

_ Kaya, desculpa – Kauã me abraçou – você não fez nada, não é?

_ Está tudo bem Kauã – sorri para ele – eu não fiz nada.

_ Quase que a Pattie me mata por isso, ela está fazendo um ótimo papel de mãe. – me deu um beijo na testa.

_ Cadê o Justin? – perguntei

Senti seus músculos ficarem tensos.