Just Smile. escrita por everbelieber


Capítulo 2
Small Tears




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/172948/chapter/2

_ Kaya, sem reclamar troque de roupa e vá para o escritório, seu irmão está lá com um garoto que vai te ajudar nas matérias que você precisa – minha mãe falou, porque essa coisa não está trabalhando?

Assenti e subi as escadas morrendo de preguiça, tomei banho, e vesti minha roupa, por mim seriam roupas largas e pés descalços, mas sou obrigada a andar de salto para todos os lugares, para a escola são sapatilhas que eu troco por tênis assim que chego lá.

_ Kaya, vá logo – minha mãe bateu na porta e eu a abri – hm, muito boa essa roupa – ela sorriu e saiu.

Revirei os olhos e fui para o escritório.

_ Amém, já ia levar o menino pra casa – o Kauã falou levantando-se – só saia daqui quando aprender alguma coisa – ele falou e eu fitei tal menino

Era o Justin, de diversão do colégio para professor, ri mentalmente.

_ Você não é aquele menino... o Justin? – sorri pra ele

_ Sou, e não é um prazer em te rever – ele revirou os olhos – em fim, você prestou atenção em uma das aulas de hoje?

_ Não?!

_ Sabe do que se trata a matéria Geometria? – ele perguntou

_ É mesma coisa de matemática – ele revirou os olhos com minha resposta

_ Então vamos começar com geometria – ele falou

_ Ok – falei sentado-me ao seu lado

Ele começou a mostrar umas definições do conteúdo – como ele diz – estava tudo legal até que ele me fez uma pergunta

_ Você sabe qual é a raiz de vinte e cinco? – perguntou e eu o olhei assustada

_ O que é raiz? Só conheço aquelas de árvore e olhe lá – falei

_ Tá brincando? – ele me olhou – raiz é tipo... como posso te explicar? Sabe quando dois números iguais dá um resultado? Esses números são as raízes, exemplo... – ele escreveu em um papel – 4x4=16, a raiz de dezesseis é quatro, 2x2=4 a raiz de quatro é dois, a raiz de 25 é 5, porque cinco vezes cinco é vinte e cinco. Entendeu?

_ Entendi, então posso ir? – perguntei

_ Por quê?

_ O Kauã disse que quando eu aprendesse alguma coisa eu saia daqui – falei e ele bufou

_ Não, estou sendo pago por uma hora – ele falou

_ Você está ganhando quanto? – perguntei

_ Não interessa – ele me cortou com palavras – qual é a raiz de vinte e cinco?

_ É... – pensei uns mil anos – cinco?!

_ Certo – ele falou – faz essas raízes aí – ele me passou um papel.

_ Ok – peguei o lápis, confesso que eram apenas sete raízes, passei 35 minutos as fazendo, e perguntando se poderia usar calculadora, a resposta sempre era “não”.

_ Terminei – falei o entregando o papel ele corrigiu, acertei apenas quatro, mas já é um bom começo

_ Pronto, amanhã eu venho de novo e agente revisa mais assuntos, mas presta atenção na aula – ele me fitou e saiu da biblioteca.

Desci até a sala de TV e sentei-me no sofá, incrivelmente o meu lindo irmão estava lá.

_ Você aprendeu o que? – ele perguntou

_ Raiz

_ E o que mais?

_ Passei 35 minutos procurando sete raízes e você ainda quer mais? – o olhei – e porque tinha que ser esse menino? – cruzei os braços e ele me olhou

_ Porque ele e a mãe dele precisam de dinheiro

_ Estão pagando quanto? – perguntei

_ Duzentos dólares a semana – ele falou

_ Só isso? É o que eu gasto na entrada as baladas – falei

_ Mas ele não vai pra a balada e nem a mãe dele, eles são pobres e precisam do dinheiro – ele revirou os olhos

_ Porque a mãe dele não trabalha?

_ Ela trabalha e ganha quinhentos dólares por mês

_ Menos que minha mesada – falei surpresa

_ Pois é, menos que o dinheiro que eu pago pra não me maquiarem naquela agencia. – ele falou e eu ri

_ Que horror! – exclamei

_ Ôh sua idiotinha, cadê seus sapatos? – minha mãe perguntou

_ Aqui – apontei pra eles no chão

_ Sapatos são para ficar no pé, coloca isso agora sua estúpida – ela falou saindo e eu senti meus pulsos latejando – vou subir – falei com a expressão totalmente de ódio de mim mesma e de minha mãe, parecia que apenas meus pulsos mandavam em mim por completo.

_ Ok – o Kauã falou e eu me levantei

_ Mas eu não quero ir – falei apertando meu pulso esquerdo

_ Então fica aqui ué – ele falou sem tirar os olhos do desenho que passava ali.

_ Não é isso Kauã, vem, vamos conversar – sentei-me de frente a ele

_ Vamos... você curte bob esponja? – ele perguntou e eu o olhei arranhando meus pulsos com as unhas os fazendo arder

_ Ai meu Deus – falei baixo vendo meus pulsos já vermelhos e saí andando, bom, aquilo sempre me vencia, aquilo tudo era culpa dela, de mais ninguém, apenas dela!

_ Kaya – o Kauã me puxou – você não vai fazer isso – ele segurou em meus ombros

_ Eu não quero fazer isso – falei com os olhos cheios de lágrimas – mas é a única forma Kauã

_ Não é, tem outras formas – ele me abraçou

_ Isso é horrível – falei o apertando no abraço

_ Vamos dar uma volta – ele me puxou, entramos no carro dele e ele começou a ir para uns locais estranhos na cidade

...

_ Olha, essa é a casa do Justin, e aquele é ele vindo - ele apontou para um garoto perto do grande tapete de grama descuidado dali.

_ E o que tem? - perguntei

_ Só quero te mostrar que tem gente pior que você, bom, o Justin é sempre com as mesmas roupas, ele nem sempre tem janta, e os almoços dele, bom nos fins de semana as refeições dele e da mãe dele não chegam a nosso café da manhã – ele falou

_ Sério? Por isso ele nunca leva dinheiro para o almoço na escola – falei

_ Você está fazendo aquelas coisas com ele também? – ele me olhou sério

_ Eu não, o grupo – falei

_ Só peço que pare com isso, esse menino já não tem nada, na escola não sei se reparou, mas eu sou o único que fala com ele, eu chamo ele pra ir em uma pizzaria jantar e ele recusa pela mãe dele.

_ Eu não recusaria – dei de ombros – faz isso porque quer.

_ Não, ele mora apenas com a mãe, o pai dele não mora com ele e ele prefere ficar sem comer para ver a mãe dele saudável.

_ Não está me deixando melhor, mas eu só faço parte desse grupo de pessoas ruins para poder ver sei lá, me sentir alguém ao menos na escola – falei cabisbaixa

_ Naquela escola você já é o centro das atenções – ele falou e eu corei

_ Vamos voltar pra casa – falei encostando-me na janela

...

_ Boa noite – dei um beijo no rosto do Kauã e entrei no quarto, me tranquei.

Tomei banho e vesti um pijama, meu cérebro latejava pensando sempre a mesma coisa “porque eu faço aquilo com as pessoas?”. Acabei dormindo.

Acordei com o celular despertando, tomei banho e vesti um short azul claro curto, uma blusa preta e uma bota cano curto baixa, pus uma jaqueta preta, deixei meus cabelos soltos e desci com meu material nas mãos.

_ Porque você está assim? – minha mãe me olhou dos pés a cabeça

_ Porque eu vou pra a escola né. – falei como se fosse óbvio

_ Não vai não, suba e troque isso por uma roupa que preste – ela falou autoritária

_ Por quê? Sinto muito, mas eu não vou, você não pode querer mandar até nas minhas roupas – revirei os olhos

_ Como é? – ela veio em minha direção

_ Isso mesmo que você ouviu – a encarei, por um momento achei que ela fosse me bater

_ Você é filha de uma cadela mesmo – ela cuspiu as palavras

_ Até onde sei eu sou sua filha – falei, ela abriu a boca para falar algo, mas logo desistiu quando viu meu pai descendo as escadas.

_ Oi Kaya – ele me abraçou

_ Oi pai, tudo bem? – perguntei

_ Ótimo, quer que eu te leve na escola? – perguntou – o Kauã só vai depois

_ É pode ser – sorri, minha relação com meu pai era ótima, nós éramos como amigos.

_ Então vamos – ele segurou em minha mão, as vezes acho que ele nunca fez isso quando eu era menor por isso nem falo nada.

_ Como você está indo na escola? – perguntou

_ Pior só se existir nota negativa

_ Mas você vai melhorar, e como foi a aula com aquele garoto ontem?

_ Legal

_ Aprendeu o que? – perguntou rindo

_ Raiz quadrada, o que é raiz quadrada e como se sabe a raiz de um número – falei e ele riu

_ Você pagou a professora para passar de ano? – perguntou rindo

_ Não, claro que não, eu só estudei para as finais – falei

_ Pronto, boa aula – ele sorriu e eu lhe dei um beijo na bochecha

_ Tchau, bom trabalho – sorri irônica, ele sempre reclamava do trabalho, ele era um super empresário e organizava uma das melhores festas noturnas de NY.

Desci do carro e o Renan logo veio até mim.

_ Oi – lhe dei um selinho

_ Oi – ele sorriu e me deu um beijo

_ Olha a safadeza – alguém bateu em minha cabeça – no meio da escola não em. – era o Kauã

_ É onde agente quiser, agora vaza daqui – o Renan foi pra cima do Kauã

_ Ei, vi em paz habitante terrestre – ele ergueu as mãos

_ Tá tirando onda?

_ Se acalme tá, que quem apanha é você – fiquei de frente com ele

_ Você apanha junto, sai da frente – ele falou

_ Acha que está falando com quem? – falei séria – ele é o meu irmão

_ Você vai fazer o que sua vadiazinha? – ele segurou forte meu rosto e me encarou

_ Nunca mais chame minha irmã disso, nunca mais! – o Kauã falou o empurrando, ok aquilo não ia sair bem.

_ Ok, parou – me pus a frente deles quase recebendo um soco do Renan.

_ Sabe sua idiota, todo mundo sabe que você se corta, mas todo mundo ali naquele grupo teme você com essa sua cara de ruim, na verdade você é uma fraca! – ele falou e entrou na escola

_ Vou quebrar a cara dele – o Kauã falou, mas eu o segurei

_ Não foi nada – falei e entrei na escola

...

_ Vamos nos divertir – o Renan falou e puxando pela cintura, era sempre assim, nós discutíamos e depois estávamos nos falando normalmente

_ Ele tá na biblioteca – a Mariá sorriu de lado, nós fomos em direção a biblioteca

_ Trouxe dinheiro hoje? – o Lucca perguntou

_ Não enche – ele nos olhou e voltou a passar as páginas do livro

_ Como é? – o Renan avançou o segurando pela camisa

_ Me deixa em paz – ele falou sério

_ Você vai aprender a nunca mais falar assim conosco – o Lucca fechou as mãos em punhos

_ Ei! Sem violência física – falei segurando o Lucca e puxando o Renan

_ Você nos paga – o Renan falou

A manhã e a parte da tarde passaram-se vagarosas, eu tentei ao máximo prestar atenção nos conteúdos. Até ouvir o toque, eu voltaria para casa com o meu irmão e o Justin.

_ Vamos – falei entrando na parte de trás do carro

_ Falta o Justin – ele batucou no volante e a porta se abriu

O Justin me olhou com raiva e entrou no carro. No caminho fui ouvindo músicas, o Justin calado e o Kauã cantarolando e batucando no volante.

Assim que chegamos em casa guardei minhas coisas e peguei apenas o caderno, canetas e fui para o escritório que mais parecia uma biblioteca.

O Justin estava lá com a cabeça apoiada na mesa, ele fungou e passou as mãos nos olhos, ele estava chorando, pigarreei e ele me olhou, sentei-me na cadeira calada. Ele abriu o caderno em Filosofia, e começou a falar algumas coisas, sua voz denunciava a tristeza, aquilo já estava me deixando mal de todas as formas, depois de muitas perguntas sem noção de minha parte, e respostas que me faziam parecer um jegue sem nenhum pensamento, ele falou algo sem ser da matéria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá, aí está um capítulo bem grandinho.
Espero que gostem.
Curiosos/curiosas? Espero que sim.
Deixem reviews dizendo o que estão achando :)
~~~~~
lauravanti obrigado amr, pelo primeiro review que me deixou bastante feliz :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Just Smile." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.