Doce Discurso.

Por Detrás do Livro.

'' – Por que eu o amo? – A rosada indagou sufocante, limpando com a costa da mão suas bochechas avermelhadas, pois seu rosto estava manchado por lágrimas silenciosas.

–... – O jovem de nada respondeu, apenas continuou ali, passivo, observando aquela garota que tanto lhe encantava.

– Meus pais não me escutam. Querem que eu deixe meus amigos de lado... Querem que eu o esqueça! – Ela continuou a falar, sem esperar um conselho amigo de aquele ser atrás de si. Apenas queria desabafar com alguém que entenderia. –... Ele me esqueceu. Desistiu de mim!

– Sakura... – Finalmente, ele se pôs a dizer, mesmo que baixo. – Ele não desistiu de você... Só está confuso.

– Não. Você não viu. Foi tão horrível. Eu esperava que ele pelo menos ficasse magoado... Ou que me dissesse o que sentisse, mas não... Ele ficou nervoso comigo! Irritado! O que queria que eu fizesse, afinal? Desistisse de tudo?

–... Talvez você esteja querendo culpá-lo por tudo o que esteja acontecendo.

– Não é nada disso. – Suspirou – Meus pais estão me dando uma oportunidade de ouro. Querem que eu vá ao centro da música! Que eu siga o meu sonho, mas...

– Mas...?

– Eu sinto como se estivesse o traindo. Nós sempre sonhamos com isso, não é? Quero dizer... – Sua voz infantil travava em cada tentativa. Sakura se sentia nervosa, ao mesmo tempo em que chateada e culpada. Como queria dar um jeito naquela situação. – Sempre estamos juntos.

– Então por que não estão agora?

– Porque... Ele não está mais aqui. Eu estou sozinha.

Um longo minuto de silêncio se passou, assim como a brisa que fez o cabelo da jovem esvoaçar. As lágrimas secaram e os soluços pararam.

No fim, sua decisão estava tomada.

– Lembre-se, Sakura... Não importa o quanto você se sinta sozinha, eu estarei ao seu lado. – O moreno pronunciou-se roucamente, logo atrás do balanço antigo onde a rosada estava sentada, assustando-a com aquelas palavras.

Talvez não estivesse sozinha. ''

(Elite Konoha – Eleição)

Eu nunca desejei tanto na vida... Desmaiar. Seria tão mais fácil se caísse dura aqui no chão. Assim, não teria que passar por essa humilhação... Ou será que teria?

Respirei fundo com a boca bem aberta, olhando Kakashi que esperava impacientemente a resposta.

– E-Eu...

Antes que qualquer palavra saísse em auto som de minha boca, um estrondo de pratos - sim, o instrumento - surgiu, passando pela entrada do refeitório.

Arregalei os olhos ao me deparar com a cena.

Era Kiba com os pratos na mão e sorriso no rosto. Estava sem a camisa da escola, e na barriga estava escrito em tinta azul e vermelha '' Hinata! '', assim como em cima da testa, meu apelido '' Hina ''.

Corei ao vê-lo assobiar, parando perto de uma mesa para logo depois subir em cima da mesma, fazendo o maior estrondo com aquele objeto.

Passando também pela entrada, adentraram Gaara, Shikamaru e Shino.

O ruivo estava com uma bandeira grande na mão, presa em um pedaço de madeira. Nessa, escrita '' Vote em Hinata ''. Nos lábios, um sorriso maroto, daqueles bem rebeldes. Ele marchava por todo o refeitório, indo e voltando pelos alunos de pé.

O moreno preguiçoso mantinha aqueles instrumentos de torcida nas mãos, girando-os sem muito entusiasmo. No braço direito encoberto pela camisa, estava escrito de caneta preta '' Tenha consciência... '', e essa frase terminava no outro braço, '' Vote na Hinata! ''.

Shino - por incrível que pareça - estava com uma faixa na mão, parecida com a bandeira de Gaara, escrita '' Vamos lá, Hyuuga '', só que sem o pedaço de madeira e com as letras bem coloridas. Não conseguia visualizar seu rosto, já que estava todo coberto pela blusa e pelos óculos que usava.

O mais surpreendente foi ver Naruto passando pela porta, com um sorriso extremamente confiante e os olhos azuis brilhando de empolgação. Tinha em uma das mãos, um megafone vermelho, e na outra uma corneta verde de tamanho médio, parecia com uma vuvuzela, até. Estava sem camisa, e assim como Kiba tinha meu nome escrito na barriga. Na bochecha direita, '' Hi '', e na esquerda '' Na ''.

Meu coração já estava tremendo; mil vezes mais do que minhas mãos. Suava com todo aquele acontecimento... Mas desta vez, soltei um sorriso sincero involuntariamente.

Ninguém nunca tinha feito isso por mim. Sequer imaginava que existia um apoio tão puro igual a este. Afinal, meus amigos me apoiavam!

Eles começaram a gritar pelo meu nome numa tentativa de melodia, enquanto os mais agitados pulavam e os mais calmos assopravam um apito que tinham pendurado no pescoço.

Logo atrás, vinha a pequena orquestra de nossa escola - um dos grupos invisíveis daqui -, tocando alegremente junto à eles.

Tanto eu, quanto os alunos que não sabiam o que acontecia, suspirava.

Meus olhos se encheram de lágrimas, enquanto eu tentava inutilmente limpá-las.

Comecei a rir feito uma boba, e olhando para todos eles, pronunciei no microfone.

– Eu irei continuar!

Os gritos que eles deram podiam ser escutados do lado de fora da escola, e com toda essa empolgação, os outros alunos também começaram a festejar e a me apoiar.

Eles finalmente queriam me ouvir. E tudo isso graças a eles. Aos rapazes mais populares da escola.

Essa agitação foi parando aos poucos, quando os professores e superiores começaram a organizar a baderna. Enquanto isso me concentrava somente no discurso e contava mentalmente até dez.

Agora eu sabia o quão importante esse assunto estava sendo. E eu não iria decepcionar aqueles que me apoiaram.

– Primeiramente... – Comecei logo após ter um breve sinal de Asuma – Quero agradecer aos rapazes e ao pessoal da orquestra – Sorri envergonhada. – Obrigada.

Naruto e Kiba assobiaram, sentando-se em cima de uma das mesas, bem ao centro.

– Eu sei que vocês não devem estar acostumados com isso. Digo ter uma pessoa como eu tentando ser eleita para representante. Confesso que nem eu imaginava que algum dia isso aconteceria... – Ergui a cabeça e elevei a voz, confiando em minhas próprias palavras. – Mas estou aqui... E estou aqui porque quero mesmo ter a chance de mudar essa escola, melhorar tudo o que há a melhorar, e ajudar todos aqueles que precisam.

Elite Konoha sempre foi uma das melhores e mais comentadas escolas de todos os tempos; sendo elogiada por suas notas e disciplinas, e por seus alunos exemplares. Mas sabemos que as notas não são tudo. Como podemos apenas estudar e nunca interagir com outras pessoas? A escola não é tudo afinal? Uma parte enorme de nossa vida, que fará falta ao irmos embora? Aqui, aprendizagem e amizade andam de mãos dadas.

Alguns sussurros foram escutados. Apenas ignorei para continuar o que dizia.

– Porém, a escola foi dividida em grupos. Os populares e os excluídos; o famoso bullying. Eu passei pela pior parte, sendo maltratada e ignorada por alunos que queriam me fazer sofrer, ou por pessoas que queriam me ajudar, mas tinham medo de acabar como eu.

Se já pensei em desistir? Várias vezes. Mas continuo aqui porque tenho a esperança de poder olhar para trás e dizer que valeu a pena. Infelizmente, nem todos os alunos pensam assim. E acredite, quando o ser humano entra em seu limite... Nada mais pode ser feito.

Eu não quero que esse limite seja estendido. Por isso, se fosse representante, tentaria mudar as coisas.

Já pensaram em chegar na escola e poder cumprimentar todos os seus colegas de classe sem ter medo do que eles podem lhe fazer? Ou poder olhar para alguém que admira sem ser apelidada ou até mesmo espancada depois. Interagir com pessoas que não fazem parte de seu '' grupo '', fazer amizades com outras classes, seja do primeiro, segundo ou do terceiro ano.

Céus, esse lugar seria perfeito se fôssemos todos companheiros. Além de ter a melhor aprendizagem, essa escola teria também a honra de ter os alunos mais simpáticos e companheiros de todos os tempos.

E então, o bullying acabaria de vez! Aqueles excluídos poderiam viver em paz e os populares não precisariam ficar o tempo todo se preocupando em como ser ainda mais conhecidos... Seriam conhecidos de todos, afinal!

Só queria poder dar uma luz no fim do túnel para aqueles que têm medo... Assim como eu tinha.

Coloquei minha mão direita na camisa, na parte do coração, apertando-a.

Todos ficaram em silêncio, um pleno silêncio. Comecei a achar que teria falado demais...

Engoli em seco, encontrando os olhos tão calmos de Naruto. Com a sobrancelha arqueada, ele balançou a cabeça, afirmando algo.

– Ah... – Murmurei, entendendo o que ele queria dizer. – Também providenciarei maquinas de refrigerantes pelos corredores. – Sorri desconcertada.

A plateia antes quieta começou a aplaudir freneticamente, gritando vivas e abraçando as pessoas que tinham ao lado.

Agradeci baixo emocionada, enquanto entregava o microfone para o professor Kakashi e corria pela multidão em direção a eles.

Naruto mantinha os braços abertos, e sem questionar, eu o abracei como nunca abracei ninguém. Afundando minha cabeça em seus ombros e choramingando fraco.

– Eu consegui. – Murmurei com alguns soluços, sentindo suas mãos envolverem fortemente minha cintura.

– Você conseguiu! – Ele me respondeu rindo alto, me rodopiando no ar.

Alguns alunos tiraram fotos de nós dois. Pouco me importei, estava tão feliz que era impossível alguém ou algo estragar minha felicidade.

Kiba chegou no meio de nós dois, pulando desesperadamente. Apenas ri e o puxei para um abraço triplo, que logo após se tornou um abraço quíntuplo. Eu, Naruto, Kiba, Gaara e Shikamaru. Shino apenas sorriu para mim e depois desapareceu em meio aos flashes daquelas câmeras.

– Eu adoro vocês, rapazes! – Minha voz fina surgiu um tanto melosa em meio aos braços deles.

– Nós sabemos Hina. – Gaara me respondeu convencido, enquanto nos separávamos pouco a pouco.

Corei fortemente, encarando-os com admiração.

Eram eles, o melhor grupo. Definitivamente.

( Pov Kiba )

Levei o pano umedecido a testa, limpando os vestígios da tinta que usei para escrever o nome de Hinata.

Suspirei ao lembrar da morena. Ah, Hinata. Nunca uma garota me fascinou tanto; ela era diferente, amável, companheira, compreensiva e tão linda.

Quando me abraçou, sua pele era tão quente e macia, que pude sentir arrepios por todo meu corpo com tal gesto simples e singelo. E aquela voz doce soando em meus ouvidos, dizendo que me adorava? ... Foi música para mim.

Jamais senti isso antes. Ela estava sempre em meus pensamentos. Desde o dia em que Naruto havia a apresentado à mim.

Naruto... Aquele louro é muito próxima dela, intimo demais. Ultimamente, ele sempre está falando da Hinata, comentando algo sobre ajuda-la, bolando planos para fazer com que ela apareça para todos.

Ele nunca foi de ajudar ninguém, bosta!

E só por causas desses atos, eu já me enfurecia. Fiquei possesso de raiva ao vê-lo beijá-la na frente de todos. Aquele cara convencido... Abraçou-a sem permissão, até!

O que ele tem na cabeça? Será que... Não, impossível! Naruto nunca se apaixonou por ninguém!

Pior é que nem eu...

Bem, ele nunca conseguiu me roubar uma garota, e não vai ser agora que irá acontecer. Ela foi destinada a ser minha, assim como Akamaru nasceu para ser meu cão companheiro.

Preciso arranjar um jeito de me aproximar dessa pérola. Mas... como?

O celular vibrou em meu bolso, retirando-me dos pensamentos distantes.

– Alô? – Pronunciei enquanto arrumava meu cabelo, olhando-o todo despenteado em frente ao espelho.

– Hey, Kiba! – Sorri de canto ao ouvir a voz infantil de meu irmão – Preciso de sua ajuda, de irmão pra irmão.

– O que é que você aprontou dessa vez Konohimaru? Saiba que Gaara não vai mais te levar pra nenhum lugar e...

– Não é isso! – Brandou – Preciso que vá comigo ao jantar da minha namorada. – Ri abafadamente, com a mão na boca.

– Por que preciso ir? E desde quando você tem namorada?

– Desde de sempre, bobão! É que o primo dela é careta, e não quer que eu vá sozinho, então...

– Por que não chama a Hana? – Indaguei, começando a ficar entediado.

– Porque ela não quer vir, ué. Escuta, você vai gostar dela. A irmã dela é amiga do Naruto!

– ... Como é? Espera ai... Como é o nome dessa sua namorada?

– Hanabi. Hanabi Hyuuga.

Arregalei os olhos, surpreso. Isso era tudo que eu precisava saber.

– Ei, irmão. Pode deixar que eu vou.

– Ah, obrigada! O pai e o primo dela são realmente mui... – Desliguei antes que pudesse ouvir mais alguma reclamação.

Essa era minha chance. Me espere, doce Hinata.