Em meio à intriga.

Por Detrás do Livro.

O barulho do telefone residencial tocava quase que desesperadamente. A garota de exóticos cabelos róseos não teve outra escolha a não ser atender, mesmo sabendo que a casa não era sua, e que talvez não fosse muito educado atender as ligações dos outros.

– Alô?

– Alô? É a senhorita Haruno?

– É ela mesma. – Suspirou aliviada, o telefonema era pra si, afinal.

– Aqui é da fabricação do uniforme para a escola Elite Konoha. Seu uniforme já está pronto antes da data marcada, caso queira buscá-lo antes. Estaremos a sua disposição das 06h00min às 21h00min.

– Isso é sério? – A menina sorriu, animada. Queria poder dar um grito. Quem diria que estaria tão animada para estudar? – Muito obrigada! Passarei pelo local ainda hoje. Até logo. – Desligou o telefone, colocando-o de volta ao lugar.

Seria realmente uma enorme surpresa para todos, até mesmo para Naruto, ainda mais porque não iria contar ao louro sobre o uniforme, iria fazer um suspense até mesmo para ele. Não via a hora de voltar para aquele colégio, e, assim que possível reviver seus momentos de diversão com aquela turma.

...

( Hinata Pov On)

Elite Konoha - Intervalo

Caminhava lado a lado de Naruto, que me esperava perto de um bebedouro qualquer quando sai da sala. Estava corada com os acontecimentos de minutos atrás, e sentia vergonha de olhar para o rosto de qualquer um. O loiro parecia não se dar conta de tal fato, já que escrevia sem parar um uma agenda velha.

– Hum... Naruto. – Chamei-o, ainda olhando para baixo – O que tanto escreve?

Ele continuou anotando no papel com um lápis, totalmente absorto as minhas falas. Arqueei a sobrancelha, desta vez o encarando.

– Naruto? – Indaguei novamente, com a voz mais alta desta vez.

– O que foi? – Murmurou sem me olhar. Irritada, peguei com brusquidão a agenda e fechei-a em um baque, com a testa enrugada, provavelmente. – Por que fez isso, louca? Eu estava lhe fazendo o discurso para representante!

– E você ao menos sabe se eu fui aceita para participar da competição? – Perguntei, abrindo a página que ele escrevia, pronta para ler aquele tal discurso – ‘’ Se eu, Hinata Hyuuga, for escolhida para ser representante do segundo ano, farei com que o intervalo aumente mais 10 minutos... ‘’ – Encarei-o, como se quisesse demostrar o quanto aquilo estava pouco convincente... Quase ridículo.

– Não está pronto, okay? – Ele pegou a agenda de volta da minha mão e, com seu suposto orgulho ferido foi andando pisando duro, me deixando para trás. – Espera só, esse discurso vai ser o melhor de todos! – Exclamou

Revirei os olhos enquanto me apressava para segui-lo. Logo o alcancei e, novamente, começamos a andar lado a lado. Mal dei por mim que as pessoas nos encaravam curiosas, e, como se a minha vergonha já não fosse muito grande, um moreno alto correu em minha direção e me abraçou fortemente, me deixando quase se ar.

– Ki-Kiba. – Arfei em seus braços, com o rosto avermelhado e a voz baixa.

– Bom dia, minha linda flor! – Pude ver Naruto se aproximar de nós com expressão incrédula e, rangendo os dentes, tocou no ombro do rapaz que ainda me abraçava, para logo em seguida o empurrá-lo para o mais longe possível de mim.

Não sabia se agradecia, pois estava quase sendo sufocada, ou se o repreendia por ter sido tão grosso com Kiba. Resolvi não fazer nenhum dos dois, apenas fiquei quieta vendo os dois se encarem quase que mortalmente.

– Bom dia, Kiba. – Respondi meio desconcertada, tentando quebrar aquele clima estranho entre nós.

– Não precisa responder esse pulguento, Hinata. – O louro pronunciou-se rouco, ainda direcionando seu olhar para o outro. – Ele não merece sua atenção.

– Hããããn? Hinatinha, você ouviu algum zumbido? Argh, essa escola está ficando cheia de mosquitos irritantes. – Ele passou o braço por meu pescoço e me fez começar a andar consigo. – Vamos para fora.

– Além de cachorro fedido, é surdo. – Naruto parou em nossa frente, acertando a agenda na cabeça do moreno. – Vamos, Hinata. – Puxou minha mão, tentando sair daquela pequena multidão que começara a se formar.

– Espera! – O rapaz pegou a minha outra mão, impedindo-nos de continuar. – A Hinata vai comigo.

– Não, ela virá comigo! – Retrucou Naruto.

Assim, eles começaram a me puxar como se fosse cabo de guerra, um em cada lado, sob os olhares surpresos e entretidos dos alunos. Minhas bochechas se encheram de ar, ficando vermelhas e, em um gesto rápido, puxei minhas mãos de volta, cruzando os braços em seguida.

– Podem parar vocês dois! – Exclamei olhando-os acusadoramente. – Não sou nenhum brinquedo, ouviram crianças? Eu sei o caminho para fora, não preciso que me acompanhem!

– Mas Hinata... – Os dois tentaram murmurar ao mesmo tempo, juntos.

– Sem, mas! Façam as pazes ou não voltarei a falar com vocês dois. – Fechei os olhos e enruguei a testa, tentando demostrar o quanto decidida estava. Depois, bisbilhotei pelo canto do olho Kiba se aproximar de Naruto, relutante, e estender a mão. O louro, ainda mais rabugento, apertou com força a mão do rapaz e murmurou algo que não compreendi.

Satisfeita, eu descruzei os braços e abri totalmente os olhos, desta vez, sorrindo alegremente para eles, e, tentando não corar ao perceber que dei uma ''lição de moral'' na frente daquelas pessoas amontoadas. Eles, para minha surpresa, sorriram de volta.

– Tsc... Problemáticos. – Nossos olhares foram diretamente para o moreno que se pronunciou, encostado em um dos armários daquele corredor.

Uma súbita vergonha se apoderou do meu corpo, ao lembrar de meu encontro com ele a alguns minutos atrás. Será que ele iria brigar comigo por isso?

– Hinata... – Shikamaru me chamou. Respirei fundo antes de levantar um pouco a cabeça para encará-lo – Diga a Temari que eu não irei me aproximar de qualquer garota, sendo que ela é a única pra mim. – Pude ouvir alguns suspiros apaixonados e, em troca de sua fala, sorri cúmplice.

Definitivamente, eles formavam um belo casal.

De repente, aquele pequeno círculo de pessoas começou a se desfazer para que outra pessoa pudesse passar. A loura que acabara de chegar se aproximou de Naruto, ignorando todos os olhares alheios, inclusive ao meu.

– Por que não correspondeu ao meu bilhete? – Shion indagou, parada bem a frente de Naruto. O mesmo revirou os olhos e colocou as mãos no bolso.

– Então o bilhete rosa era seu mesmo, não? – Um arrepio na espinha me venho inesperadamente. Recordei-me do bilhete cor de rosa que recebi na sala ontem, o mesmo que me ameaçara. Só podia ser um plano dela.

– É claro. – A garota sorriu de maneira convencida – Você só tem o direito de receber meus bilhetes. – Todos perceberam que aquilo era um aviso nada amigável. – De qualquer modo, fiquei te esperando, mas não apareceu.

– Hum? – Balbuciou, parecendo fazer pouco caso daquela mulher. – É que eu estava ocupado.

– Com o que? – Insistiu emburrada.

– Com alguém. – Senti que Naruto havia falado aquilo com a intenção de encerrar a conversa, porém, a loura não se deu por vencida e segurou seu braço quando percebeu que o mesmo iria se afastar.

– Com quem?

– Por que isso lhe interessa?

– Porque sim. Você me interessa desde sempre, querido. – Sua mão foi em direção ao rosto do rapaz, na intenção de acariciá-lo, porém, ele interveio antes e segurou-a.

Eu estava me sentindo tão desconfortável naquele momento. Uma grande parte de mim queria impedir ela de se aproximar do meu amigo, a outra, queria correr para não ver essa cena. Deus, porque eu estava tão agitada com isso?

– Bem, não é da sua conta com quem estou Shion. – Pronunciou-se depois de um minuto de silêncio.

– Escute Naruto! – Ela puxou seu braço de volta, e exclamou irritada. – Você não tem porque se fazer de indiferente para mim! Me Responda agora!

– Não. – Disse simplesmente. – Não tenho tempo para suas birrinhas, garota. – Ele suspirou pesadamente e depois me encarou. Como um passe de mágica, todos me encaram, principalmente Shion.

Com um olhar muito mortal.

– Era com ela que você estava? – Perguntou ainda me olhando com raiva. – Pelo amor de Deus, Naruto! É essa garota que está com você nesse tempo? O que tem na cabeça, hein?

– Hei, olha como fala com a Hinata! – Kiba interferiu parado ao meu lado.

– Cale a sua boca, Kiba. Por acaso ela é sua garota do mês, é? Por favor, você consegue arranjar coisa melhor. Essa coisinha estranha não merece nem sua defesa. – Ela voltou a encarar Naruto, que estava perplexo. – Pare de querer bancar o bonzinho com uma... Uma bolsista, Naruto! Ainda mais agora que essa menina está tentando se transformar em uma vadia.

A maioria arregalou os olhos. Senti a pressão de curiosidade no ar. Os olhares, os murmuros e tudo mais.

Irritada e sem dar conta, me aproximei da loura que me olhava triunfante, e, antes que pudesse falar mais alguma coisa, dei-lhe um forte tapa no rosto. Até uma avermelhidão havia se formado na bochecha dela, com a marca de meus dedos.

– Você não merece as minhas palavras, Shion, muito menos o meu tempo. Só peço que me respeite e se ponha em seu lugar. Ninguém consegue aguentar uma pessoa tão mimada e rabugenta como você por muito tempo. – Eu a olhava sem qualquer expressão no rosto. – É por isso que Naruto se afastou, deve estar cansado de sua voz irritante e suas falas sem sentido. – Ataquei-a em seu ponto mais sensível; o loiro de olhos cristalinos.

Todos estavam extremamente assustados com minha atitude. Por algum motivo, Naruto sorria de canto, juntamente com Shikamaru e Kiba.

Por um momento, achei que estavam orgulhosos de mim.

Direcionei meu olhar novamente para aquela garota. Quase tive pena de sua situação. Quase.

– Mais uma coisa... – Eu e os meninos já estávamos saindo do corredor quando parei e olhei para trás, mirando Shion com a mão no lugar onde a bati. – Se olhe no espelho e veja quem realmente é a vadia aqui. – E sem esperar por sua resposta, nós voltamos a andar até atravessarmos o pátio, indo para o lugar costumeiro.

– Muito boa morena. – Disse Gaara assim que nos viu. Estava sentado no banco embaixo da árvore com uma lata de um suposto refrigerante, e, obviamente já sabia de tudo o que acontecera. Provavelmente, toda a escola já sabia.

Apenas acenei brevemente com a cabeça, e sentei ao lado de Naruto no banco, olhando as folhas das árvores caírem devagar, distante em pensamentos.

Pergunto-me se algo em minha vida vai mudar depois dessa discussão. Era mais do que claro que Shion iria achar um jeito de se vingar, só não sabia como ainda. Não sei exatamente o que deu em mim naquela hora. Talvez estivesse cansada de ser rebaixada por essas pessoas, talvez seus provocamentos surgiram efeito em meu cérebro, ou talvez, só talvez... A possibilidade de ela afastar Naruto de mim tenha me irritado o suficiente para isso.

Então, o loiro ao qual povoava meus pensamentos segurou minha mão e sorriu. Um sorriso diferente dos que me dava esses tempos, era mais acolhedor... De certo modo, senti que aquele sorriso me levava ao passado. Um passado diferente do que realmente ocorrera.

– Pessoal. – O ruivo chamou com o cenho franzido, me fazendo prestar atenção em sua frase – Onde está o Sasuke?

( Hinata Pov Off )

...

O moreno estacionou sua moto em frente à residência conhecida. Desligou o motor e desceu, tirando o capacete da cabeça e encarando a porta amadeirada do local.

Sorriu de canto. Naruto não se importaria se invadisse sua casa, afinal, eram amigos, e amigos dividiam quase tudo, não?

Passou pelo portãozinho da frente e fez o trajeto de pedrinhas que lá se mantinham.

Estava tranquilo na consciência. Havia matado aula outra vez e de tão cansado, resolveu ir a um lugar que pudesse descansar.

Sua casa definitivamente não era uma escolha, sabendo que poderia encontrar seu irmão mais velho e ter que dar explicações. Não estava nem com um pingo de vontade de ir para a casa de Karin também, a ruiva era melosa demais... Irritante, mais precisamente. A última opção que lhe sobrará era a casa de Naruto. Então, aproveitou quando o louro não estava por perto e pegou a chave de dentro de seu armário.

Aquele idiota tinha uma combinação tão fácil.

Finalmente chegou à porta e abriu-a com a chave, adentrando na residência com o capacete em uma mão e a mochila na outra. Porém, ao atravessar metade da sala, recebeu uma forte batida na cabeça, resultando uma dor latejante no local. Ao olhar pra trás, avistou apenas uma vassoura jogada no chão.

– Mas que raios...? – Murmurou para si mesmo, olhando para os lados e acariciando os cabelos.

Ouviu um barulho na cozinha e correu para lá, sem hesitar.

A surpresa lhe bateu forte no peito ao ver os curtos cabelos rosados e os olhos brilhantes esverdeados da garota que tentava inutilmente encontrar um lugar para se esconder.

– Sakura... – Balbuciou, não acreditando no que seus olhos viam. – Não é possível... Como... ?

A mulher, ao parar de tentar fugir, o olhou e se aproximou mais e mais, parando bem perto do rapaz, quase podia sentir a respiração dele batendo em seu rosto. Seu coração acelerou, a pulsação ficou mais rápida e suas mãos começaram a suar.

O que faria naquele momento?