Por Detrás do Livro.

A Mudança - Parte 3/3 - Final.

— Vamos a pé? — Perguntei o olhando.
 

— Não, assim que a escola terminou eu fui buscar o meu carro. — Pegou uma chave do bolso e apertou o botão, fazendo com que sua ferrari estacionada a alguns metros pitasse. — Vamos. — Começou a andar calmamente.
 

— Se passou tanto tempo assim? — O segui cabisbaixa e arrastando o salto que Temari havia me emprestado.
 

— Aham, vocês ficaram horas e horas lá.
 

— Hn... — Não disse mais nada depois disso.
 

— Temos que ir senão seu pai vai ficar preocupado. — Chegamos e entramos no veículo. Na hora eu tirei a sandália e coloquei o sapato da escola.
 

— Ele nem deve estar em casa, acho que está trabalhando ainda. — Fique um tanto confusa, desde quando Naruto se importava se meu pai ia ou não ficar preocupado?
 

— Ah... — Deu a partida e ficamos em silêncio. — O que achou desse seu visual, Hina? — Me perguntou absolutamente do nada.
 

— Anh... É bonito. — Respondi um pouco incerta. Pude ver Naruto suspirar quase derrotado.
 

— Eu não consigo te ver ai. — Franzi o cenho. — Quero dizer, você está extremamente linda, mas isso você sempre foi. — Corei com o comentário. — Eu esperava que Temari apenas conseguisse fazer você soltar os cabelos, passar um batom e tirar os óculos idiotas.
 

— Bem, ela conseguiu. — Murmurei lembrando que havia esquecido os óculos na casa dos Sabaku.
 

— Eu sei, só que eu não... Eu não gostei muito de te ver coberta de maquiagem. Você é linda do jeito que é, e só agora me toquei nisso. Desculpe Hina, não queria te obrigar a mudar.
 

— Está tudo bem, Naruto. Precisamos disso para convencer a todos da escola, mesmo.
 

— É, mas eu detesto não te ver corar.
 

— O que? — Indignei.
 

— Seu rosto. Sabe o quanto eu adoro te irritar, ou te deixar com vergonha e ver ele ficar todo vermelhinho. — Deu um rápido meio-sorriso que foi desfeito na mesma hora. — Mas com esse punhado de tinta na cara, eu não posso ter esse previlégio.
 

Não sei o que deu em mim, mas comecei a rir descontroladamente. Era meio cômico saber que a pessoa que eu mais queria que me visse diferente preferia o meu antigo eu.
 

— Sendo assim... — Peguei na mochila um pano e um espelho que guardava de emergência. — Tem alguma garrafa de água?
 

— Tem uma ali. — Franziu o cenho, apontando para uma garrafa em cima do banco passageiro. Eu tirei o cinto e a peguei, colocando a proteção novamente e molhando um pouco do pano com o liquido. — O que vai fazer?
 

Não respondi, comecei a tirar a maquiagem da Temari com o pano, deixando somente o batom mais fraco e o lápis de olho.
 

Senti o carro parar. Já estavamos em frente da minha casa e Naruto me encarava perplexo, com um enorme sorriso.
 

— Prontinho. — Sorri.
 

— Linda. — Afagou minha bochecha e eu corei bravamente. Senti um riso ecoar dele. — É assim que eu gosto.

— Você não tem jeito. — Murmurei um tanto risonha e ainda vermelhinha.

— Lógico que tenho! — Exclamou, fingindo-se ofendido.

— Enfim... — Eu não sabia como tocar no assunto, muito menos se Naruto iria gostar, mas todos os fatos que vinham acontecendo me deixavam inquieta, e só ele poderia me dar as respostas.

— O que foi?

— Como... Como faremos para isso dar certo? — Perguntei rapidamente, vendo o loiro enrugar a testa.

— Isso você quer dizer... Fazer você ser a representante de classe e ter um fã-club?

— É. — Concordei com a cabeça.

— Veja bem, Hina. — Ele mostrou dois dedos, o indicador e o do meio, formando um V. — Você tem personalidade, e aparência. É isso que precisa.

— Não é verdade, Naruto... Eu nunca participei de nada da escola, e muito menos tive mais de dois garotos gostando de mim, imagine então um club inteiro! É praticamente... — Ele me interrompeu na palavra " impossivel", colocando um dedo nos meus lábios. Senti um sobressalto dentro de mim, o coração saltitando cada vez mais, minhas mãos tremerem e minha testa suar.

— Nada é impossivel, Hinata. Nada. —Murmurou contornando minha boca com o dedo e a encarando. — Sei que parece dificil no começo, mas você vai ver, vai dar tudo certo, só tem que confiar em mim.

Não sei se foi por impulso pelas mágoas do passado, mas eu desviei seu olhar e tirei sua mão de perto de mim, olhando para qualquer outra coisa.

Confiar no Naruto... Era algo que se me pedissem a umas semanas atrás eu negaria na certa, mas neste instante, com tudo o que está acontecendo, este pedido parece ser tão... Convencente.

— Eu posso mesmo confiar em você? — Perguntei depois de um tempo.

— Para qualquer coisa. — Me respondeu sério mas passivo, ainda me encarando. — Vai dar certo. — Repetiu, querendo me botar mais fé.

— Eu... Eu sei que vai. — Finalmente o encarei, com um leve sorriso.

— Certo. — Balbuciou. Não sei o que houve naquele exato momento, mas estavamos nos encarando profundamente, como naquele dia em meu quarto.

Eu sentia uma corrente elétrica rondar todo o meu corpo e me encher de...

— Anh... Boa noite. — Me pronunciei, pegando a mochila e saindo do carro as pressas. Vendo Naruto ficar confuso e depois de segundos acenar de dentro dele, estacionando em sua própria garagem.
 

Balancei a cabeça, tentando afastar certos pensamentos e adentrei em minha casa.
 

— Cheguei! — Exclamei, jogando a bolsa de um lado e indo até a sala a passos lentos.
 

A primeira coisa que vi foi Hanabi sentada na poltrona que tinhamos, me encarando. Logo em seguida meu pai de braços cruzados conversando com alguém que não consegui enxergar.
 

— O que está acontecendo? — Perguntei chegando por completo na sala e me deparando com quem eu jamais imaginaria.
 

— Você...