Por Detrás Do Livro escrita por Bolinho de Arroz


Capítulo 1
Bilhete.


Notas iniciais do capítulo

Música- Taio Cruz feat. Kesha: Dirty Picture.



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Por Detrás do Livro.

Bilhete.

Já era umas 21:00 horas da noite, de um sábado. E eu estava deitada de cabeça pra baixo na cama do meu quarto enquanto cantarolava uma música sinistra de um filme de terror que vi em algum dia desses.

Assim que terminei o jantar grotesco de minha "querida madrasta", senti uma pura vontade de botar tudo pra fora. Claro, um jantar feito por ela já era de se esperar...

E sem mais o que fazer, estou viajando em pensamentos da vida neste exato momento.

Pena que fui interrompida com um barulho imenso na casa vizinha. Ah, acho que esse foi o maior motivo para odiar um sábado à noite. Aquele loiro sempre está fazendo festas lá. E quem acaba por aturar sou eu. Além do mais, meu pai resolveu sair com a "Senhorita Manderli" para algum lugar que nem me informaram e minha irmã peste deve estar roncando uma hora dessas.

Por que eu tenho que ter sono leve, Deus? Por quê?


I could dream of ways to see you

I could close my eyes to dream

I could fantasize about you

Tell the world what I believe...


E a música ficava cada vez mais alta, podia até se ouvir gritos vindo do quintal do desastroso dono de olhos azuis. Como Hanabi não acordara com isso?


But whenever I'm not with you

It's so hard for me to see

I need to see a picture of you

A special picture just for me, yeah...


Não sei bem com que cara eu fui, mas estava com absoluta certeza de que foi uma total perda de tempo ter vindo. Afinal de contas, o que poderia fazer? Obrigá-lo a parar a festa? Expulsar todos do quintal? Ligar para as mães?

Não faço ideia, só sei que não iria mais aturar aquela barulheira toda no ouvido. Pois posso ser a jovem mais dócil e tímida da face da terra, ou a garota mais faladeira e temperamental quando quero, mas também sei ser a menina mais chata do planeta!

Abri de leve o portãozinho de madeira, e comecei a seguir os trilhos de pedras pelo jardim, tentando não encarar ninguém, ou muito menos chamar atenção de alguém. Havia me esquecido só do pequeno detalhe: Estava com uma regata preta e um short's jeans. Uma roupa que pessoas da escola nem pensariam que existisse no meu guarda-roupa.

Enfim, agora já foi, estou perante a porta - evitando de olhar o casal literalmente se pegando na moita ali perto - e tocando a campainha. Uma, duas, três vezes e ninguém atende. Só não entendo porque deixar a porta fechada se um monte de gente vai ficar passeando pra fora e pra dentro da casa.


So take a dirty picture for me

Take a dirty picture

Just take a dirty picture for me

Take a dirty picture

Just send the dirty picture to me

Send the dirty picture

Just send the dirty picture to me

Send the dirty picture

Snap.

Uh.


— Sim? — Um moreno abriu a porta. Um moreno bem conhecido, eu diria, Uchiha Sasuke, um rapaz altamente conhecido em toda a escola e melhor amigo do festeiro.

 

— Anh...G-Gostaria de falar com o Naruto. — Me acostumei tanto a gaguejar diante estranhos que nem percebo que as palavras as vezes saem embaralhadas.

 

Sasuke arqueou as sobrancelhas e depois ficou me encarando um pouco, colocando um sorrisinho no canto da boca em seguida.

 

— Entendo...Venha, vou te levar até ele. — Disse me dando passagem pra casa. Entrei bem tímida, com as mãos entrelaçadas uma nas outra e de cabeça baixa, seguindo o moreno.

E mesmo de cabeça baixa, eu pude reparar um bilhão de olhares diretamente para mim. Estava delirando ou ouvi uns assobios?

Sasuke começou a subir as escadas, e eu apenas o observei, acho que esperando uma breve acenação de que podia ir sem nenhum problema.

— Vai demorar muito ou vai subir?

 

— J-Já vou. — Disse subindo rapidamente as escadas e indo onde Sasuke ia. Acho que as pessoas que estavam totalmente bêbadas ou drogadas se perguntavam o porque de uma garota tão nerd como eu estaria naquele tipo de lugar. Acontece que eu mesma me pergunto isso.

Depois de andarmos silenciosamente pelo enorme corredor do segundo andar da casa, observei que havia poucas pessoas ali, acho que a maioria estava na parte debaixo da casa curtindo o som, que não posso negar, era contagiante.

— É aqui. — Sasuke estava parado na frente de uma porta meio entre aberta, a porta era a última do corredor e era pichada de preto. Senti um risinho cínico ecoando da garganta de Sasuke, e depois ele desapareceu, provavelmente havia voltado a festa.

Nem sabia o que fazer, ou batia, ou ia embora, ou apenas entrava. Optei por espiar pela abertura, o quarto estava escuro, mas ainda sim, dava para ver algo se mexendo na cama. Na verdade, duas "coisas" se mexendo...

Quando dei por mim já estava ouvindo gemidos abafados. Corei, mas corei muito profundamente e pensei em sair correndo... Só pensei mesmo, acabei tropeçando em meus próprios pés e esbarrei com tudo na mesinha que tinha no corredor, e que em cima, havia um vaso que despencou no chão fazendo um estrondo enorme.

 

A porta que instantes atrás estava "fechada" se abriu, e o rapaz loiro com apenas um lençol o cobrindo apareceu me encarando caída no chão, fiquei mais nervosa do que já estava, e me levantei com força, sentindo um arranhão na minha perna esquerda, um arranhão que sangrava um tanto.

— Você está bem? — Naruto me olhou ainda de pé na frente da porta.

 

— M-Me D-Desculpe-e, N-Naruto. — Eu gaguejei e comecei a soltar soluços, droga, estava sangrando e chorando!

 

— Se acalme, deixe-me ver o sangramento antes que fique mais grave — Olhei para minha perna, e depois para ele, olhei de novo pra perna e depois pra ele — Pode sentar no chão? — Ele perguntou a mim, enquanto amarrava o lençol na cintura bem firme, deixando o seu peitoral a mostra.

E que peitoral...

 

Fiz finalmente o que ele pediu e me sentei a parede oposta que estava os cacos de vidro do vaso. Naruto se agachou para mim e depois me encarou.

— Vou buscar um pano com água e um curativo, já volto. — Assenti e ele saiu disparando para o banheiro.

Enquanto tentava recolocar meus pensamentos no lugar, ouvi um pigarro vindo da escada, e olhei para o local. Sasuke estava parado com as mãos no bolso e me encarando de uma forma tão... Tediosa que me deu ainda mais vontade de chorar.

— O que aconteceu? — Ele perguntou vindo em minha direção e se agachando ao meu lado, analisando a perna.

 

— E-Eu estava i-indo chamar o N-Naruto, quando es-esbarrei no vaso e e-ele quebrou, ma-machucando a minha pe-perna. — Tentei explicar para ele.

 

— Pare de choramingar, assim ninguém entende nada. — Mencionou ríspido tocando a minha perna — Vou buscar um curativo e....

 

— Não vai ser necessário Sasuke, já estou com eles aqui. — Se pronunciou o loiro logo atrás de Sasuke. – Pode deixar, eu faço o curativo.

 

— Jura? Vai ajudá-la com um lençol pendurado na cintura? Eu cuido a partir daqui, vá ver a Shion. — Ele disse ao amigo, entediado, e depois estendeu a mão para o kit de primeiro socorros que Naruto carregava.

 

— Está bem, vou pegar uma vassoura para limpar essa bagunça. – Ele ia sair, quando eu segurei a barra de seu lençol — O que foi?

 

— Desculpe... — Pronunciei baixo e depois solucei de novo — Por...Pe-pelo vaso, e... — Vi o loiro sorrir docemente para mim e meu coração foi a mil.

 

— Está tudo bem, Boneca — Senti meu rosto entrar em erupção. — Foi apenas um pequeno acidente, tente não se machucar na próxima vez que vier aqui. — Ele disse antes de se virar e descer as escadas. Eu sinceramente estava de boca aberta, quase escorrendo baba, como alguém tão irritante podia ser tão charmoso?

 

— Vamos ver aqui. — Foi só então que reparei que Sasuke estava enfaixando a minha perna pra cima — Você é muito desastrada. Devia olhar por onde anda.

 

— Mas eu olhei....! — Soltei por impulso — Mas... Mas aconteceu uma coisa... — Virei minha face corada para observar um ponto qualquer do chão, aquilo era vergonhoso.

 

— Uma coisa?

 

— Sim, eu ouvi... No quarto do Naruto. — Sasuke precisou de apenas um segundo para raciocinar, e depois sorriu de canto — Não preciso dizer mais nada...

 

— É, não precisa. Pronto. — Ele se levantou com o kit na mão, e olhou pra mim pela última vez, antes de se dirigir para a escada — Tome mais cuidado garota, esse lugar não é pra gente igual a você. — Pronunciou antes de descer as escadas e me deixar sozinha no corredor.

Tsc, e acha mesmo que não sei disso?

 

Respirei bem fundo antes de me levantar, eu estava sem vontade de descer, mas também não queria ficar lá. Foi então que ouvi as batidas da música, e como eu adoro essa música!

Antes que percebe-se, comecei a me mover um pouco ali no corredor mesmo. A minha perna não doía tanto agora que estava com o curativo, e eu só estava prestando atenção no ritmo.

— Take a dirty picture for me, Take a dirty picture — Comecei a cantar baixinho enquanto levava os meus braços ao alto, não sei exatamente o que deu em mim, mas estava louca para dançar aquela música.

The dream of ways to see you

I could close my eyes to dream

Fantasize about this with you

But the way is never seen

A música de repente tomou conta do corredor, não era um música famosa, ou até mesmo a minha preferida, mas aquela batida fazia qualquer pessoa requebrar.

E então me senti observada. Olhei para os lados e reparei que estava dançando em um corredor! Sai as pressas de lá, passando pela casa que até agora estava lotada e pelo jardim.

 

Escutando o último trecho da música.

 

Snap up

Snap

Snap

Click, click... snap.

E agora estava em casa.

Passei pela cozinha, pegando uma maça e me dirigi ao quarto de Hanabi. Ela ainda dormia feito uma pedra, apenas encostei mais a porta e fui para o meu próprio quarto.

Quando entrei, abri a janela de tão abafado que estava e fui tomar um banho.

Voltei já com um pijama, e quando me preparava para dormir, avistei um bilhete em cima de minha cama.

"Você dança muito bem, deixe-me tirar uma foto sua."

Arregalei os olhos, seja quem for que tenha mandado aquele bilhete, havia me observado dançando. E agora invadirá o meu quarto.

Cansada, eu apenas deixei o tal bilhete sem destinatário nem autor em cima do criado-mudo, ao lado do livro "O caçador de pipas", e deitei sobre os cobertores e tudo.

Ainda penso nos acontecimentos de hoje. De manhã, nada de interessante me aconteceu, mas o dia deu uma virada intensa e agora estou apenas com uma dúvida em minha mente...

"Quem é o dono daquele bilhete?"


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