Frostbite Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 6
Capítulo 6




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Sai da sala tentando não pensar no que Alberta tinha me falado. Decidi que não ia me preocupar com isso, até que Tasha chegasse à Academia. Assumi que deveria ouvir dela mesma o que ela pretendia com tudo aquilo, mas eu já tinha uma desconfiança do que seria. E ainda não tinha decidido se seria bom ou ruim.

Um pouco antes do começo do treino, fui ao ginásio preparar a aula para Rose. Eu tinha ficado bastante intrigado com a possibilidade de ser guardião de Tasha, mas outro pensamento não me deixou. Aquele ataque na casa dos Badicas. Ele nos trazia fatos que não podiam ser ignorados: humanos trabalhando para Strigois e estes trabalhando em grupo. Isso era algo raro de se ver. Strigois jamais conviviam harmoniosamente com ninguém, principalmente com outros da sua espécie. Tinha que ter uma mente maior por trás de tudo isso. Eles tinham que ter um líder que os forçassem a isso. Pensando em todos esses ocorridos, resolvi que era hora de começar a mostrar a Rose como usar estacas. Se eu pudesse, deixaria isso para um momento mais distante, mas algo me dizia que o tempo poderia não nos permitiria isso.

Arrumei, em uma das salas do ginásio, vários bonecos de prática, que usávamos para treinar golpes de luta e com estacas. Olhei para o relógio de parede. Novamente, Rose estava atrasada. Fui até uma sala de suprimentos, pegar umas garrafas de água. Quando voltei, ela já estava lá, conversando com um de seus colegas de classe, Mason Ashford. Aliás, eu estava vendo bastante eles dois juntos. Realmente eu não gostava daquilo, mas não podia evitar que Rose tivesse suas amizades.

Rose me olhou, enquanto eu me aproximava e eu vi quando Mason falou algo para ela, antes de sair. Ainda sorridente, ela virou para mim e me acompanhou, sem falar nada. Quando entramos na sala de treinamento, o rosto dela se iluminou de felicidade quando viu os bonecos arrumados na parede do canto. Felicidade essa que aumentou quando ela viu o que eu passava de uma mão para outra: uma estaca. Eu sabia que ela iria adorar aquilo e fiz aquele gesto para provocá-la.

“Legal!” Ela exclamou, com os olhos vidrados, quase que em transe. “Por favor, me diga que eu vou aprender a usar isso hoje!”

“Você vai ter sorte se eu deixar você segurar ela hoje.”

Como sempre, tive que suprimir um sorriso. Rose era muito espontânea e, a maioria das vezes, contagiante. Era difícil me manter sério perto dela, principalmente quando esse seu lado encantador, que eu adorava tanto, se mostrava. Fazia a vida parecer mais leve do que realmente era. Se eu me deixasse levar por ela, definitivamente estaria perdido, mesmo assim, não resisti e joguei a estaca para cima, que deu alguns giros no ar, antes que eu a pegasse novamente. Os olhos dela seguiram cada movimento, quase que em câmera lenta. Era claro que aquilo era algo que ela queria muito. Ela me olhou irritada, colocou a mochila no chão e começou a tirar o casaco. Ela usava calças folgadas de moletom, os cabelos presos com um elástico no topo da cabeça e um top curto e justo, que me fazia lembrar bem do corpo incrível que ela tinha. Desde aquele feitiço de luxúria, lançado por Victor, tem sido difícil não lembrar disso a todo momento. A imagem dela, completamente sem roupa na minha frente era algo que eu jamais esqueceria.

“Você quer que eu lhe diga quanto tempo elas vão durar, porque eu tenho que ter cuidado quando estiver com uma.”

Eu ainda estava girando a estaca, tentando manter meus pensamentos nada puros, longe. Então parei e a olhei, levantando as sobrancelhas fingindo surpresa. Como eu disse, era difícil não me contagiar com seu humor. Ela sorriu, percebendo isso.

“Anda, a essas alturas, você acha que eu não sei como você funciona? Nós estamos fazendo isso há quase três meses. Você sempre me faz falar sobre segurança e responsabilidade antes de fazer qualquer coisa divertida.”

Era realmente impressionante como ela já me conhecia nos mínimos detalhes. Aquilo era verdade, tinha sido a única pessoa que consegiu me entender perfeitamente. Aquilo me assustava e encantava ao mesmo tempo.

Eu realmente acreditava que lutar, por lutar simplesmente não era algo correto a ser feito, tornava tudo gratuito. Tínhamos que ter razões, propósitos, por isso sempre fazia Rose entender isso. Eu achava que ela não levava a sério, mas agora via que ela prestava mesmo atenção a tudo.

“Entendo,” falei fingindo um tom casual. “Bom, eu acho que você já tem tudo sob controle. Por favor, continue com a aula. Eu vou ficar ali, até você precisar de mim de novo.” Guardei a estaca na minha bainha e me encostei na parede, colocando as mãos dentro dos bolsos. Ela me olhou abismada por um tempo. Eu a encarei, esperando que ela começasse a falar. Vendo que não teria escolha, ela deu de ombros e começou a dizer tudo que sabia sobre estacas. Eu confesso que não esperava que fosse tanto.

“Prata tem sempre um grande efeito em qualquer criatura mágica – pode ajudá-los ou feri-los, se você colocar poder suficiente nela. Essas estacas são realmente poderosas pois são necessários quatro Morois diferentes para encantá-las. Cada um usa um dos elementos, forjando-a.” Ela fez uma pausa, pensativa, franzindo a testa. “Bem, exceto o espírito. Então, elas são superpoderosas e são praticamente a única arma que causa dando ao Strigoi, não exigindo que ele seja decapitado -  mas para matá-los, é preciso atingir diretamente o coração.”

Eu a olhava, ouvindo cada palavra do que ela dizia, ao mesmo tempo que estudava suas feições perfeitas. As linhas do seus rosto, o contorno de seus olhos e lábios. Rose era linda e, também, bastante inteligente. As pessoas tinham uma imagem muito distorcida dela. Ela era esforçada e dedicada naquilo que lhe interessava e ser uma grande guardiã era o seu objetivo.

“Elas não vão lhe machucar?” perguntei quando vi que ela fez uma pausa. Eu realmente gostava de a ouvir falar. Sua voz era suave e feminina.

“Não. Bem, quero dizer, sim, se você empalar meu coração. Mas não vai me machucar como machucaria a um Moroi. Arranhe um Moroi com ela e isso irá machucá-lo -  mas não com tanta força quanto machucaria a um Strigoi. Elas também não machucam os humanos.”

Ela continuou falando e eu não pude deixar de pensar que tinha uma proposta de ir embora da Academia. Senti meu coração apertar e a olhando, senti que eu não podia deixá-la. Pelo menos não enquanto ela não tivesse pronta, não era certo deixar seu treinamento pela metade. ‘Nunca pode deixá-la, Dimitri, nunca’. Uma voz falou dentro de mim. Eu não podia continuar vivendo assim, não podia. Sentindo que aqueles pensamentos conflituosos estavam querendo tomar conta de mim, me concentrei no que Rose estava falando, fazendo perguntas ocasionais e concordando com a cabeça de vez em quando. Eu deixei que ela falasse quase a aula inteira. Quando faltava cerca de dez minutos para o fim, eu a chamei até um dos bonecos, da ponta. Puxei a estaca e mostrei a Rose.

“Onde você vai colocar isso?”

Eu percebi que Rose conhecia profundamente a teoria sobre estacas, mas também sabia que a prática era diferente. Ela me olhou totalmente irritada, como se tivesse sido ofendida.

“No coração. Eu já disse isso a você um monte de vezes. Você pode me dar ela agora?”

Eu não consegui segurar um sorriso. Rose era engraçada, mesmo com raiva. E sabia que a minha próxima pergunta a irritaria ainda mais.

“Onde é o coração?”

Ela me deu um olhar estupefato. Eu usei de muito autocontrole para não soltar uma grande gargalhada. Então, simplesmente dei de ombros. Ela esticou o braço e num gesto dramático, apontou o peito esquerdo do boneco. Como eu pensei. Brincadeiras à parte, ela não sabia corretamente onde estava o coração e isso poderia ser fatal quando ela estivesse diante de um Strigoi.

“Não é aí onde o coração fica.”

“Claro que é, as pessoas colocam a mão no coração quando fazem o Juramento da Bandeira ou cantam o hino nacional.”

Eu a olhei, esperando que ela respondesse seriamente a minha pergunta. Ela virou para o boneco e o avaliou por alguns momentos.

“É aqui?” Ela falou tocando no centro do peito do boneco. Não estava errada, mas ela precisava ter certeza disso. Ela tinha que saber precisamente onde era o coração do seu inimigo, sem duvida alguma. Eu arqueei as sobrancelhas.

“Eu não sei. É?”

“É isso o que eu estou lhe perguntando!” Sua voz saiu profundamente irritada.

“Você não deveria me perguntar isso. Vocês não têm aulas de fisiologia?” Eu sabia que era uma pergunta maldosa, que ela não estava na Academia quando os alunos da turma dela tiveram aquela aula, mas era necessário que ela entendesse que ainda tinha muito o que recuperar.

“Sim, estas são aulas para os calouros. Eu estava de ‘férias’ lembra?” Ela apontou para a estaca, ansiosa. “Posso tocá-la? Por favor!”

Eu peguei a estaca e guardei novamente. Confesso que eu tinha vontade de dar a estaca para ela usar um pouco e matar a sua ansiedade, mas este era um assunto sério, eu não queria que ela encarasse como uma brincadeira.

“Eu quero que você me diga onde fica o coração, da próxima vez que nos encontrarmos. Exatamente onde. Eu quero saber o que tem no caminho dele, também.” Senti minha voz sair seca e dura. Ela me deu um olhar feroz e saiu sem se despedir.

Eu me virei sorrindo e fui guardar os materiais.


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Notas finais do capítulo

Nossa, mais uma recomendação? Adorei! Vocês querem mesmo me matar do coração! Obrigada bruninha cullen!
Ahhh eu sei que eu nunca, nunca dou prévia de capítulos posteriores, mas escrevi um hoje que ficou tão legal que vou colocar um pedacinho dele aqui. É uma cena que se passa depois que Dimitri vê Rose e Adrian juntos pela primeira vez:
Mesmo assim, não estava com paciência para ninguém, muito menos para ele, então, coloquei minha máscara fria e dura de guardião.
"Não é permitido fumar nos corredores, Lord Ivashkov. Aconselho que procure uma área aberta e ventilada para fazer isso."
Adrian, obviamente, ignorou o que eu falei. Antes, deu uma longa tragada e depois soltou lentamente a fumaça na minha direção, em um claro gesto de deboche. Eu permaneci olhando para ele, friamente, sentindo o cheiro forte do seu cigarro de cravos da índia invadir meu nariz.
"É um mau hábito, como diz Rose". Ele deu um sorriso misterioso.
Bjs no coração de vcs!