Frostbite Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 4
Capítulo 4




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“Como eles podem ter feito isso?” Ela falou pela primeira vez, em um tom que era pura revolta, chamando a atenção dos que estavam na sala, fazendo com que todos parassem o que estavam fazendo e a olhassem. “Como eles podem ter matado ele?”

Novamente aquela pergunta. Eu a olhei com curiosidade. Muitas vezes eu me impressionava como ela pensava igual a mim. Eu tinha assumido minha postura de guardião estoico diante dos outros, sendo frio e neutro, mas ainda me perguntava mentalmente, como Art tinha se deixado pegar de surpresa daquela forma. Eu também não conseguia aceitar aquilo com tanta facilidade.

Tâmara encolheu os ombros, sem se deixar abalar, falou simplesmente “Do mesmo jeito que eles matam todos os outros. Ele era mortal, assim como todos nós.”

“Sim. Mas ele... você sabe. Era Arthur Schoemberg.” Rose insistiu.

Olhei em volta e percebi que muitos deles a olhavam com ar de piedade. Eu não queria que eles guardassem esse tipo de imagem dela. Eu a conhecia e sabia da sua capacidade. Ela era inteligente e perspicaz. Decidi, então, que era hora de mostrar isso para eles. Mostra o porquê dela estar ali.

“Diga-nos você, Rose.” Falei autoritariamente, assumindo meu papel de mentor exigente. “Você examinou a casa. Diga-nos como eles conseguiram.” Eu lhe lancei um olhar de pura confiança e expectativa. Ela respirou fundo, olhando para cada um dos guardiões que esperavam sua resposta.

“Tem quatro pontos de entrada.” Ela começou, meio hesitante. “Isto significa que havia pelo menos quatro Strigois. Eram sete Morois. A família que aqui vivia, tinha recebido convidados, o que fez do massacre ainda maior. Três das vítimas eram crianças... Tinha três guardiões.” Ela fez as contas em seus dedos, pensativa. “Muitas mortes. Quatro Strigois não poderiam atacar tantos. Provavelmente foram seis, eles atacaram primeiros os guardiões, os pegando de surpresa. A família ficou em pânico, sem poder lutar contra eles.”

Eu podia ver no rosto dos guardiões a admiração, principalmente por ela ainda ser uma aprendiz. Rose tinha praticamente reconstruído sozinha, toda a cena do crime. Aproveitando que ela estava indo pelo caminho certo, fiz outra pergunta não muito fácil de responder, já que guardiões raramente eram surpreendidos, principalmente guardiões experientes, como Arthur.

“E como eles pegaram os guardiões de surpresa?”

Ela pensou por um momento, parecendo que não sabia a resposta, mas logo começou a falar. “Porque as wards foram quebradas. Em uma casa sem wards, provavelmente haveria um guardião vigiando no jardim, durante a noite. Mas eles não se preocuparam com isso aqui.”

Perfeitamente correta. Senti o orgulho passar por mim e fiquei satisfeito com suas respostas. Eu acenei, em um sinal de aprovação, enquanto o grupo retomava o trabalho. Eu continuei com os guardiões a inspeção pela casa, sempre mostrando o que eu tinha observado antes deles chegarem. Rose simplesmente me seguiu.

Mostrei para eles o banheiro, que tinha outro corpo de um homem dilacerado. O sangue tinha jorrado pelo azulejo e um odor horrível vinha dali. No espelho, tinha uma escrita, provavelmente feita com sangue. Rose parou e leu, parecendo que não tinha visto aquilo antes.

Pobres, pobres Badicas. Sobraram tão poucos. Uma família real praticamente destruída. As outras terão o mesmo destino.

Tâmara examinou aquilo, tirou algumas fotos e se afastou. Rose permaneceu olhando por um tempo e depois continuou nos seguindo. Podia ser uma ameaça ou simplesmente um sarcasmo dos Strigois. De qualquer forma, era algo que teríamos que ter um certo cuidado.

Passamos mais algumas horas naquilo, todo trabalho pericial é lento e demorado. Quando finalmente entramos no carro para voltarmos a St. Vladmir, Rose explodiu. Ela bateu a porta com tanta força, que pensei que ele todo fosse se desmontar. Realmente me assustou.

“O quê há de errado?” Perguntei surpreso.

“Você está falando sério?” Ela exclamou furiosa. Eu não estava entendendo nada, a princípio. “Como você pode perguntar isso? Você esteve lá! Você viu aquilo!”

Então era isso. Ela tinha ficado calada e quieta durante todo tempo, o que não era normal para ela. Agora ela estava sentido o peso do que ela tinha presenciado.

“Eu vi.” Concordei, me mantendo calmo. “Mas não estou descontando tudo no carro.”

“Eu os odeio! Todos eles! Eu queria que eles ainda estivessem lá. Eu teria arrancado a garganta deles!” Ela gritou, enquanto colocava o cinto de segurança. Eu estava assustado com aquela reação tão intensa dela. Rose parecia tão controlada dentro da casa. Eu a encarei por um momento, buscando palavras para dizer. Ela estava tão transtornada que não estava percebendo a estupidez do que tinha falado.

“Você acredita mesmo nisso? Você acha que poderia ter se saído melhor que Arthur Schoemberg? Mesmo depois de ter visto o quê os Strigois fizeram lá dentro? Mesmo depois de ter visto o quê Natalie fez com você?”

Ela respirou pesadamente. Eu não queria a diminuir ou humilhar, mas foi necessário. Ela tinha que entender que nem ela e nem ninguém é invencível ou perfeito. Todos têm seu limite e o dela ainda está sendo trabalhado, construído. Ela tinha que entender que se lançar de cabeça no perigo, sem pensar nas conseqüências, não era a atitude correta para um guardião.

Rose fechou os olhos, respirando fundo, claramente tentando se controlar. Eu tinha esperança que ela tivesse entendido onde eu queria chegar, que minhas palavras ensinassem alguma coisa a ela. Quando Natalie a atacou, ela tinha sido recém transformada e não era tão forte e habilidosa como a maioria dos Strigois, mesmo assim, tinha quase acabado com Rose. Se eu não tivesse chagado a tempo, Natalie teria matado Rose sem qualquer esforço. Os Strigois são impiedosos, rápidos e fortes por natureza, mesmo agindo por puro instinto são letais. Aquele tinha sido o único contato dela com um Strigoi e mostrou claramente que ela não estava preparada para lidar com um.

“Eu sinto muito.” Ela falou após vários momentos, sua voz tranqüila e doce, como sempre. Aquela fúria tinha ido embora por completo. Aquela mudança repentina de comportamento foi estranha e eu realmente não tinha entendido nada.

“Está tudo bem.” Eu me inclinei e apertei a mão dela por um instante, mas soltei logo. Aquele tipo de gesto entre nós nunca pode ser demorado. Coloquei a chave no carro e liguei. Ela permaneceu parada, sem se mover, sem falar. Eu a olhei pelo canto dos olhos. No fundo, eu também sentia revolta e também queria ter chegado a tempo de impedir um massacre daqueles. Eu também tinha ficado muito abalado com aquilo e me senti totalmente impotente contra inimigos tão cruéis.

“Foi um longo dia.” Falei enquanto saia com o carro, sentindo todo cansaço físico e mental me tomando. “Para todos nós.”


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Notas finais do capítulo

Gente, eu acho que essa explosão de Rose já foi a escuridão de Lissa vindo pra ela...
E mais uma recomendação pra minha fic que mal começou!! Fiquei muito feliz com as palavras de estherbelikova!!! Obrigada mesmo! Bjão!