Frostbite Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 38
Capítulo 38




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/172786/chapter/38

“Espere!” Senti minha voz sair mais alta que o normal. “Pare o carro!” Falei para o guardião que dirigia. Ele parou o carro quase que imediatamente e foi como se todos tivessem tido o mesmo pensamento. Corremos até eles, que nos olharam com o alívio saltando à vista. Eu fui o primeiro a chegar perto deles.

“O quê aconteceu com vocês? Onde estavam? Onde estão os outros?” Perguntei sem fazer pausa alguma. Mia me olhou, com um misto de esgotamento e cansaço.

“Eles ainda estão na casa.” Sua voz era vazia e mecânica.

“Qual casa?” Janine perguntou atrás de mim. Mia apontou para uma casa afastada, no final da rua.

“Porque eles não estão aqui com vocês? O quê tem na casa?” Stan questionou friamente.

Mia correu os olhos por todos os guardiões, já estavam fora dos carros e na frente dela. “Nós caminhamos até aqui e paramos para descansar. NEles estão mortos.” Ela falou prontamente e eu senti meu sangue esfriar. “Tinha Strigois na casa. Mas agora estão mortos. Rose os matou. Algo terrível aconteceu com ela... era como... como...” Seus olhos se encheram de lágrimas e o choro veio rapidamente. Mesmo assim, ela continuou. “Era como se não fosse ela. Eu não sei o quê dizer. Ela preferiu ficar lá. Com Mason. Nós saímos para pedir ajuda, mas só agüentamos caminhar até aqui. Estamos fracos e o sol nos incomoda e, além do mais, ainda tínhamos que carregar Eddie. Ficamos cansados e paramos um pouco para descansar.”

Eu ergui minha postura e me esforcei para manter meus sentidos em ordem. Eu não podia acreditar que Rose havia matado Strigois. Eu a treinava e sabia que ela ainda não estava pronta para enfrentar esse tipo de situação e eu não conseguia imaginar em que estado estaria. Ao mesmo tempo em que a minha vontade de ir até ela aumentava, também crescia em mim o medo pelo que eu encontraria. Olhei para Janine que parecia tentar travar a mesma guerra que eu.

“Não podemos entrar na casa, sem nos certificarmos que não há mais perigo nela.” Falei, me surpreendendo comigo mesmo, por manter meu lado racional em funcionamento. Apesar da minha vontade ser entrar correndo ali, eu sabia que isso poderia custar a vida deles. Qualquer atitude impensada poderia trazer um mal ainda pior. Janine olhou para mim, entendendo que aquilo era o correto a ser feito.

“Peça reforço ao comando central. Diga que é um chamado urgente.” Janine ordenou para um dos guardiões.

Eu olhei para os três, ainda sentados, na calçada e avaliei o estado deles. Eddie estava desmaiado e Christian tão esgotado quanto Mia. Então eu me abaixei e tentei manter meu tom gentil, apesar de sentir a curiosidade me corroendo.

“Vocês podem nos contar resumidamente tudo que aconteceu naquela casa? Precisamos saber o que se passou.”

“Os Strigois nos mantiveram presos todo esse tempo.” Christian respondeu, sem me encarar. “Eles conheceram meus pais. Talvez por isso, não nos matou. Mas nos torturou. Nos deixou sem comida, sem água e sem dormir. Ficamos amarados em umas cadeiras.”

“E o que os Strigois fizeram com ele?” Perguntei apontando para Eddie.

“Eles o usaram como alimentador. Ele perdeu muito sangue. Já nós, não temos sangue há dias. Eu me sinto muito fraco, não consigo pensar direito. Eu precisei usar a magia para ajudar na nossa fuga.” Eu olhei para o sol do meio dia que brilhava alto no céu. Os Morois não suportavam o sol por muito tempo e eles estavam fracos devido a falta de sangue e o uso da mágica. Era surpreendente que ainda não tivessem perdido os sentidos.

“Eu também usei a magia. Eu joguei a água de um aquário no Strigoi para que Rose pudesse atacá-lo. Mas depois, ela não precisou mais da água. Ela tem uma força muito grande. Ela os matou sozinha.” Mia completou o que Christian tinha começado. Novamente, minha mente se recusou a acreditar no que meus ouvidos ouviam.

“Quantos Strigois eram?” Stan perguntou.

“Dois. Nós só tivemos contato com dois.” Christian respondeu.

“Não havia mais nenhum?” Perguntei, tentando traçar mentalmente o ocorrido.

“Não sabemos. Pelo menos, não vimos mais nenhum, até agora.” Christian disse com um pequeno sorriso, ainda mantendo seu tom sarcástico, apesar das circunstâncias.

“Há quanto tempo foi isso?” Janine questionou.

“Menos de meia hora. Eu acho, não tenho certeza.” Mia respondeu confusa. “Vocês chegaram logo. Nós nem tínhamos pensado em como sair daqui.”

“Eu vou até a casa.” Eu falei me colocando em pé novamente.

“Nós devemos esperar que o reforço chegue para-“ Stan começou a falar.

“Não podemos esperar-” Janine interrompeu. “Pode haver mais Strigoi ali.” Ela bradou apontando na direção da casa.

“Se esperarmos muito, não vai ter sentido tanto reforço. Não vamos ter mais ninguém para libertar.” Eu disse autoritariamente e depois me voltei para um dos guardiões do nosso comboio. “Leve os garotos para dentro do carro. E vocês...” Eu olhei para os demais. “Nos dê cobertura. Vamos entrar na casa.”

Passamos sorrateiramente pela rua e, quando chegamos em frente à casa, paramos brevemente. Era uma grande propriedade, com um andar superior, janelas pretas e, aparentemente tranqüila. A porta da frente estava aberta. Apesar de saber que o certo a ser feito era uma prévia ronda no local, para nos certificarmos de que poderíamos entrar, senti que minhas pernas não me obedeciam e então caminhei rapidamente até lá, colocando minha estaca em punho e sentindo meus sentidos trabalharem de forma completamente atenta. Escutei passos que me seguiam, mas não me virei para ver qual dos guardiões tinha me acompanhado. Quando parei na porta e olhei o que tinha na sala eu quase não consegui processar o que eu via.

Um verdadeiro cenário de terror tinha se formado ali. Tudo estava molhado e havia sangue por toda parte. Tapetes, chão, paredes. Tudo estava cheio de sangue. Também havia pedaços de vidro espalhados para todo lado. Um corpo de Strigoi estava sem cabeça, próximo a uma lareira e, um pouco mais para direita, outro corpo, também sem cabeça, mas completamente dilacerado. Havia perfurações irregulares por todo ele, de forma que não conseguíamos quase distinguir algumas partes. Mais nada foi tão terrível quando eu finalmente vi quem eu procurava.

Sentada no canto da sala, estava Rose debruçada em cima de Mason.  Ele também estava morto, mas ela parecia não se importar com isso. Suas roupas estavam rasgadas e sujas e os seus cabelos totalmente emaranhados. Definitivamente, Rose havia travado uma verdadeira guerra contra aqueles Strigois. Senti meu coração despedaçar naquela mesma hora. Ela estava viva, mas parecia não ser mais a Rose que eu conhecia.

Contrariando a vontade de correr até ela, cuidadosamente, me aproximei deles. Os outros guardiões também vieram.  Ouvindo nossos passos, ela ergueu o rosto e então eu pude ver que o pior havia acontecido. Ela estava transtornada, completamente fora de si. Cuidadosamente, continuei me aproximando dela. Senti que os demais guardiões me seguiam, copiando meu cuidado. Ela nos olhou com fúria, claramente sem nos reconhecer. Então, ela se ergueu, com uma espada enferrujada em punho, pronta para atacar qualquer coisa que se aproximasse dela. Era como se um instinto animal tivesse nela e não a deixava ver que nós só queríamos ajudá-la. Ela só conseguia nos ver como perigo. Os outros guardiões pareceram perceber isso, pois eles pararam de me seguir. Janine, no entanto, continuou se aproximando de Rose, assim como eu.

“Fiquem longe.” A voz de Rose saiu baixa e irreconhecível. “Fiquem longe dele.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!