Frostbite Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 21
Capítulo 21




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Depois de uma noite praticamente inteira em claro, logo cedo me aprontei e assumi o meu turno. Eu passaria todo o dia em uma das torres de observação, perto da entrada do resort. Era uma tarefa maçante, o tempo se arrastava e eu não tinha nada para fazer a não ser ler. E foi o que eu fiz, passei grande parte de do dia revezando entre a leitura e observar os arredores. A neve cobria tudo de branco e o vento que soprava calmamente contribuía para deixar o clima frio ainda mais melancólico.

Já era quase de madrugada quando meu turno virou e um guardião veio me render para que eu tirasse um breve intervalo, antes de assumir o turno seguinte. Eu estava no meio do banho, quando batidas urgentes vieram da porta. Corri para atender, ainda amarrando rapidamente o roupão.

“Rápido, Belikov! Precisamos de sua ajuda no quarto de Hathaway, agora! Temos uma emergência.” Um dos guardiões da Academia falou alarmado, já se afastando pelo corredor. Senti meu coração pular descompassado.

“O que aconteceu com Rose?”

O guardião me deu um olhar confuso. “Rose?”

“Rose Hathaway, minha aluna, aconteceu algo com ela?”

Ele sorriu com exaspero. “Nah! Eu falo da mãe dela. Janine Hathaway. Estamos montando uma força tarefa lá no seu quarto. Aconteceu outro ataque Strigoi.”

Eu me vesti e em poucos minutos já estava a caminho do quarto de Janine. O hotel estava calmo, já que a maioria das pessoas ainda estava dormindo. Vários guardiões passavam de um lado para outro, mas sem demonstrar qualquer sinal de emergência.

Quando entrei no quarto, percebi a dimensão daquele ataque. Muitos guardiões que não estavam em serviço se concentravam ali, buscando novas informações e aguardando direcionamento do que fazer. Eu me aproximei de Janine, tentando me inteirar dos acontecimentos. O alvo tinha sido um ramo da família Drozdov que vivia no norte da Califórnia.

“Oito Morois foram mortos e cinco guardiões. É um ataque ainda maior que o dos Badicas.” Janine falou baixo, com a voz perfeitamente controlada. “Ainda não recebemos detalhes sobre o ocorrido, mas como aqui é o lugar com a maior concentração de guardiões – tirando a Corte, é claro – eles nos contataram primeiro e pediram reforços nas investigações.”

A todo momento o telefone tocava com mais informações. Wards quebradas, participação de humanos, ataque em massa, tudo feito de forma planejada. Era um dos meus medos se materializando. Os Strigois estavam se organizando e isso fazia tudo diferente. Um Strigoi sozinho era algo com o qual um guardião era treinado para lidar. Mas um exército de Strigois era algo praticamente invencível. Eu nem queria pensar como essa notícia chegaria às pessoas, quando elas acordassem pela manhã. O hotel iria se tornar um verdadeiro caos.

Eu me envolvi totalmente no acompanhamento do desenrolar dos fatos, de forma que pude esquecer momentaneamente os meus problemas com Rose e Tasha. Mas não por muito tempo. Quando estávamos completamente compenetrados em uma conversa, montando uma estratégia de investigação para tentar localizar quem estava liderando estes ataques, a porta do quarto de Janine se abriu vagarosamente e Rose entrou com Lissa. Algumas pessoas olharam com estranheza para elas, mas ninguém tentou impedi-las de permanecerem ali. Talvez pelo fato de Rose ser filha de Janine e nem todos terem conhecimento do relacionamento conturbado as duas.

Ao olhar para Rose, eu tive a sensação que não a via há muito, muito tempo. Eu estive tentando evitá-la esses últimos dias, mas vê-la sempre era uma das melhores coisas do mundo. Ela passou de vagar para um canto do quarto que tinha um pequeno sofá e se acomodou ali com Lissa. Eu permaneci olhando para ela, sentindo todo dilema entre partir com Tasha e permanecer na Academia, voltar. Diante de mais um massacre como aquele, definitivamente deixar Rose parecia a coisa mais insana a ser feita. Ela ainda não estava pronta para lidar com Strigois e ainda havia muito a ser feito em seus treinos. E, além do mais, eu não queria e nem podia sair de perto dela. Foi quando eu soube que a minha decisão sempre esteve definida. Era perto de Rose que eu deveria estar. Ainda que só profissionalmente.

Rose me olhou brevemente, mas logo desviou o olhar. Ela ainda parecia emanar a mesma mágoa que tinha no avião, quando ignorou a mim e a Tasha. Eu ainda a observei por breves segundos, mas logo as conversas sobre o ataque me distraíram. Janine comandava tudo com a calma e a imparcialidade que a situação exigia.

“Deviam ser mais do que da última vez.” Janine falou, enquanto observava novamente um dos relatórios.

“Mais?” Um guardião exclamou. “Aquele outro foi sem precedentes. Eu não consigo imaginar nove Strigois trabalhando juntos – e você está querendo dizer que eles conseguiram se organizar?”

“Sim.” Janine respondeu calmamente.

“Alguma evidência de humanos?” Uma guardiã que tinha chegado há pouco tempo perguntou.

Janine hesitou um pouco. “Sim. As wards foram quebradas. E do jeito que tudo foi feito... é idêntico ao ataque à casa dos Badicas.” A voz dela era cansada, porém sua expressão ainda era bastante firme. “Ainda não temos detalhes forenses ainda, mas o mesmo número de Strigois não teria conseguido fazer isso. Nenhum Drozdov ou da sua equipe escapou. Com cinco guardiões, sete Strigois se preocupariam – pelo menos temporariamente – que alguém escapasse. Eram nove ou dez, talvez...”

“Janine está certa.” Falei, complementando. Eu já estava ali há várias horas e já tinha tirado algumas conclusões. “Se você observar o local do crime... é muito grande. Sete não conseguiria dar cobertura.”

“Primeiro os Badicas, agora os Drozdovs.” Alguém falou distante. “Eles estão indo atrás da realeza.”

“Eles estão indo atrás dos Morois.” Eu corrigi com firmeza. “Da realeza, comuns, não importa.”

Depois de mais alguma discussão sobre tudo, os grupos começaram a se dissipar. Eu comecei a juntar alguns papeis, ainda opinando em um círculo que se formou perto de mim. Percebi que Rose se levantou e foi até Janine, então voltei toda a minha atenção, de forma disfarçada, para ela.

“Rose? O quê você está fazendo aqui?” A voz de Janine saiu com surpresa.

“Quem mais foi morto?” Rose perguntou diretamente.

“Drozdovs.” A resposta de Janine foi mecânica.

“Mas quem mais?”

“Rose, não temos tempo-“

“Eles tinham empregados, certo? Dimitri falou comuns. Quem eram eles?”

Eu as observava pelo canto dos olhos e percebi quando Janine pegou um dos relatórios e começou a virar as páginas.

“Eu não sei o nome de todos eles. Aqui.”

Rose olhou a lista. “Ok. Obrigada.”

Eu não podia observar Rose diretamente, mas logo depois ela saiu da sala com Lissa. Ainda sem me considerar. Eu tinha passado estes dias, depois daquele beijo no ginásio, sem ter muito contato com ela e mantendo o tom puramente profissional, talvez isso a tivesse magoado. Tentando não pensar mais nela, voltei novamente para perto de Janine e começamos a analisar mais outro relatório que tinha chegado.


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