Marrying With The Devil escrita por Giihrsouza


Capítulo 4
Capítulo 3 - Acidentes Acontecem


Notas iniciais do capítulo

Notas no final do capítulo, Boa Leitura.



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Capítulo 3 – Acidentes Acontecem

Bella:

            Insisti com o botão brilhante do elevador pela milésima vez. Eu estava com tanto sono que poderia apoiar minha cabeça ali e dormir até o horário decente de se acordar depois de uma ‘noitada’ com sua irmã mais velha. Ok, não fugimos nem nada disso, mas vimos filmes legais, tomamos algumas coisinhas... E isso toma tempo! Como posso acordar as sete da matina depois de algo como isso?

            Cartão de crédito gordo...

            Repeti mentalmente como incentivo. Fiz minha postura ficar ereta e apertei mais o botão.

            -Argh! Ok, ok... Não vou me irritar com você.

            Com certeza o sono nos deixa meio demente, a final que outro motivo me poria falando com um botão de elevador? Dei meia volta e fui para as escadas, disposta a passar logo pelo ‘café-da-manhã da paz’ e voltar para meu quartinho e dormir meu sonhinho...

            Assim que abri a porta escutei o barulhinho do desgraçado do elevador. Pensei por míseros milésimos qual a vantagem de continuar a birra e ir de escada para baixo ou...

            Lancei o meu corpo imediatamente para uma corrida fenomenal contra o tempo, cheguei a tempo de ver as portas quase se fechando.

            -SEGURA! – Gritei na esperança de alguém me ajudar.

            Nada. Elas ainda se fechavam. Merda, merda e merda!

            Saltei contra as portas pondo meio pulso pra dentro, as portas pararam e voltaram. Soltei um suspiro de alívio e enquanto me recompunha, o elevador estava vazio e as portas tinham se fechado, agora era esperar um cadinho e partir pro abraço! Não que fosse algo agradável que tinha que ser feito... Ah, tanto faz.

            Tentei me preparar, lembrando com todas as minhas forças do pouco que eu sabia sobre encenação e mentiras vendo ‘Lie to Me’... Para ser legal com o cara que mais odeio.

Edward:

            Pontualidade era um mal herdado, meu pai era irritante com horários e herdei isso dele, ponderei por alguns segundos se haveria a possibilidade de me encontrar com a garota Swan antes do encontro com nossos pais, e não passou nem um segundo antes de eu ver que pontualidade não era um forte na família dela.

            Assim que me sentei na mesa Charlie chegou esbaforido.

            -Desculpe a demora, meu motorista me enrolou.

            -Está tudo bem,meu amigo. – Meu pai respondeu batendo de leve nas costas dele. – Agora é esperar pela sua garota.

            Passaram-se exatos cinco minutos e a garota Swan chegou, ela tinha os cabelos lisos e retos de mais, a fazendo parecer ainda mais a Samara do “O Chamado”, claro que eu não diria isso em voz alta, ainda prezava pelo meu carro. Porém o pensamento me fez sorrir e aproveitei a deixa para por minha ‘cordialidade’ em prática.

            -Bom dia, Bella.

            Ela me olhou espantada por um breve segundo e então se apressou em sorrir também.

            -Bom dia, Ed.

            Ed? Desde quando ela me chamava assim, como um amigo velho da escola? A surpresa transpareceu de leve antes de eu entender tudo. Eu não era o único com alguma recompensa por ser mais bonzinho.

            -Como foi a noite? – Ela perguntou se sentando. – Ah, bom dia Sr. Cullen, - Bella cumprimentou meu pai e depois virou-se para Charlie. – pai.

            -Bom dia. – Eles disseram juntos.

            -Minha noite foi ótima. – Respondi a sua pergunta anterior.

            -Ótimo – Ela se limitou a dizer.

            Nossos pais pareciam satisfeitos como tudo estava transcorrendo, até eu fiquei orgulhoso de mim mesmo por conseguir manter o tom macio e educado com a garota, acho que Emmett devia estar assistindo isso, ele me indicaria a um Urso de Ouro ou um Oscar, com certeza!

            Mal desviávamos os olhos um do outro, era como se estivéssemos em uma caça, dois predadores que não baixavam a guarda, eu estava pronto para quaisquer reação que levasse a uma agressão física e ela parecia tensa. Nenhum de nós estava confortável por baixo da máscara de felicidade e cumplicidade, no entanto nos agarramos a ela com força e vontade tamanha, que foi imperceptível para Charlie e Carlisle verem o que realmente estava acontecendo ali. Uma disputa.

Bella:

            Não falhei em um olhar com o Cullen, nos encaramos do início até finalmente o término do café-da-manhã. Charlie e Carlisle saíram se despedindo e dizendo o quão felizes ficaram pelo ‘progresso’ na nossa relação. Claro que ainda era ariscado que eu me comprometesse em ser boazinha, a final eu poderia ficar milionária porém , casada. E isso me faz achar a idéia de morar em baixo de um viaduto bem convidativa, ainda mais se o casamento for com Edward Cullen.

            Assim que eles saíram das nossas vistas, Edward e eu nos debruçamos sobre a mesa ao mesmo tempo.

            -Não pense que isso é uma folga. – Dissemos juntos.

            Isso nos fez recuar.

            -Não vou te dar paz Cullen. – Eu continuei.

            -Nem eu irei.

            -Então, prepare-se.

            Me levantei dando as costas para o Cullen, não havia ponto em criar alguma confusão com ele ali, seríamos descobertos e nos tirariam nossos presentes, seja lá o que ele tenha ganhado e eu não me importava se ele ficasse sem, mas me importava com o meu cartão lindo!

            -Senhorita, daqui a dez minutos irá sair. – A recepcionista me disse.

            -E como sabe?

            -Seu pai deixou a agenda do dia.

Edward:

            Era a mesma limusine de novo, o ar condicionado soprando gelado e nos livrando do calor, mas com uma diferença, se antes o boneco assassino não gostava da idéia de fazer tours conosco, agora odiava. Seus olhares para mim e para Bella eram ameaçadores.

            -Saibam que só topei isso porque seus pais prometeram que vocês se comportam agora um com o outro.

            -Claro, agora somos amiguinhos. – Bella socou meu braço com sua força que ainda que não muita, vi que era na intenção de machucar.

            -É. Toca ai, parceira.

            Ela estendeu a mão e quando eu fui bater, não peguei em toda sua palma a final ela tinha desviado-a e bateu a mão no pulso esquerdo.

            -Ben 10. – Bella disse imitando o desenho animado.

            Revirei os olhos com tamanha infantilidade, mas eu sabia que a tinha acertado na ponta dos dedos e isso me fez sorrir um pouco. Chuck olhou pela janela e ordenou que parasse a limusine para que pudéssemos descer.

            Vi que não estávamos em um ponto turístico privado como a Disney, mas sim na praia de Orlando. Não a mais famosa, acho que tínhamos traumatizado mesmo o coitado, mas a praia tinha um logo píer, ondas em boa altura para o surf. Parecia uma praia não muito apropriada para o banho, e isso explicaria o número pequeno de turistas ali, ou talvez fosse a hora.

            -Vou falar com o cara do píer que chegamos, não aprontem nada. – Chuck disse assim que descemos da limusine.

            Assentimos e assim que ele virou as costas nos encaramos.

            -Talvez você devesse passar um fator cem na pele, ou por um casaco, sua brancura está de cegar um. – Fingi proteger os olhos.

            Bella andou calmamente fingindo bocejar demoradamente, e então bateu de leve no alto da minha cabeça.

            -Não sou de ficar deitada feito um filé em uma câmara de bronzeamento artificial.

            Levei a mão até o local onde ela tinha batido e petrifiquei.

            -Não... Você não fez isso.

            -O que? – Ela se fingiu de inocente.

            -Isso é... – Claro que era, gosmentinho... grudento. – Chiclete. Você colou chiclete no meu cabelo!

            -Colei? Ah meu Deus me desculpe!!

            Sua cara fingindo desculpas durou apenas segundos antes de ser desmanchada em gargalhadas. Puxei o chiclete e felizmente ele não tinha grudado totalmente, apenas nas pontas mas depois de lavar sairia, eu acho. Bom, para o bem de Bella era bom sair. Enquanto isso me abaixei e pus as mãos em concha coletando uma porção de areia.

            -Bella!

            Bella me olhou por instinto e sua pouca distância e os milésimos passados com certeza a fizeram perceber que cometera um erro, mas antes de ela ter a chance de concertá-lo, joguei toda porção em seu rosto.

            -Filho de uma...

            -Opa, vê se você tem idade pra ser minha mãe?! – Bati em sua nuca antes de me afastar. – Aqui se faz e aqui se paga, querida.

Gives You Hell – All American Rejects

Bella:

            Estávamos indo para dentro do mar em grande estilo. Pelo visto era uma das lanchas novas desenvolvidas pelo futuro acordo, o motor era potente e misturado ao desenho fenomenal isso fazia a lancha cortar o ar de um jeito delicioso. Porém eu aproveitaria com prazer todas as emoções se não estivesse chateada.

            Meus olhos ainda ardiam. Peguei uma garrafinha de água e despejei um pouco em minhas mãos passando em meu rosto novamente, o Cullen apenas sorriu constatando que tinha vencido. Ele tinha. Mas não por muito tempo.

            A lancha parou um pouco e o bonequinho assassino decidiu que nos ensinaria a velejar, porém eu duvidava que ele soubesse, pois tinha um livro grosso como um manual de instruções de baixo no nariz. Ele explicava as direções bombordo e estibordo, coisas como proa e leme... Como se não tivéssemos escutado isso o suficiente em casa saindo da boca de nossos pais. Além do que estávamos em uma lancha e não em um veleiro.

            Talvez percebendo que não tinha uma vela ou algo para nos ensinar de verdade a velejar ele decidiu nos mostrar a sala de controle da máquina. Eu bebericava um suco enquanto ele mostrava os comandos e nem eu e nem Edward estávamos interessados. Ele percebeu isso e nos deixou argumentando que iria arrumar algo para comermos e terminar o dia logo.

            -Que show, um radar. – Comentei tentando atrair a atenção do Cullen.

            Ele veio até mim – previsivelmente – e então com um sorriso me virei rápido para jogar o líquido do meu suco nele.

            Edward imediatamente se abaixou, caindo do outro lado do painel, e o líquido caiu sobre a maior parte do painel que soltou uma fumaçinha muito perigosa e começou a fazer barulhos. Edward se afastou da onde caíra, ele tinha fodido alguma coisa ali!

            -Olha o que você fez! – Ele gritou contra o barulho.

            -Culpa sua, deveria ter levado na cara!

            Chuck surgiu e imediatamente entrou em pânico, enquanto tentava com a ponta da camisa apertada limpar a bagunça e concertar, mas nada dava certo, ouvimos algo engasgar e percebemos que a alavanca que ligava-se ao motor tinha parado de funcionar dando curto no sistema elétrico.

            -Por Deus em uma lancha, como ainda não pensaram nos equipamentos a prova d’água! Sério odeio a minha vida! – O barulho cessou junto com todos os outros que faziam parte do sistema, a luz se apagou e percebi uma coisa.

            Estávamos a deriva. Apesar da camisa social e da gravatinha borboleta, Chuck Doll nunca parecera mais o Boneco assassino do que olhando para nós.

            -Como isso aconteceu? Deixo-os sozinho por alguns minutos e é isso? Bom lamento informar mas estamos a 100 km da costa e teremos de enfrentar tudo isso no bote salva vidas, e assim que eu tiver sinal contarei tudo a seus pais!

            Ah meu cartão de crédito não!

            -Mas não foi...

            -Não adianta, vocês vão se culpar...

            -Não, ela tem razão não foi culpa dela. Bella tropeçou. Estávamos olhando o radar e sabe como ela é desastrada, ela queria voltar para os sofás e ai ela tropeçou, tentei ajudá-la mas com o suco caindo e as faíscas e as fumaças eu me desequilibrei e bati ali.

            Ele mostrou o lado onde tinha caído, era a sirene de emergência que ele tinha acionado, usada para caso de incêndio, isso fazia o barco da pane total para evitar qualquer chance de o funcionamento do motor agravasse a chama.

            Mas não era isso o caso, o caso era que ele estava não defendendo a ele mas A NOS DOIS! Bom, eu não ia me fazer de rogada.

            -É verdade! Nossa, estamos tão ferrados assim por um acidentezinho?

            A estranha cooperação que surgiu entre nós o deixou confuso, o que o limitou a ir buscar o bote e preparar tudo para que saíssemos dali.

            -Bom, acho que não teremos gasolina o suficiente então, precisaremos remar. Alias vocês já que causaram tudo isso! Não vou ser levado a exaustão por causa de dois encrenqueiros.

Edward:

            O bote não era tão grande, possuía um formato octagonal que lhe proporcionava conforto a um grupo bem maior de pessoas do que eu, Bella e Chucky que agora roncava ao lado do motor. Felizmente eu sentia que o tempo na academia – todo homem tem um surto de academia uma vez na vida – agora veio a calhar, eu sentia meus músculos reagirem bem ao esforço e poderia vencê-lo...

            No entanto...

            -VOU MORRER, NÃO VOU VIRAR PROTAGONISTA DO SOBREVIVI NO DISCOVERY CHANEL, EU NÃO AGUENTO MAIS!

            Bella jogou seu remo para dentro do bote provocando um baque seco e um impacto que pode ser sentido por toda a extensão de oito lados, mas o quase anão não se mexeu. Talvez tivesse morrido.

            -Larga de drama, estamos chegando.

            Ela olhou para os lados e depois para mim.

            -Está me tirando correto? Porque está tudo EXATAMENTE igual, é só água. Podemos estar indo para a Europa neste momento ou talvez tenhamos sorte de atracar em Cuba!

            Revirei meus olhos e retirei o meu remo da água deixando-o no bote, era inútil tentar algo sozinho nele, só nos faria girar.

            -Não estamos perdidos. A praia fica ao sudoeste.

            -E você tem uma bússola onde, senhor sabichão? Nesse seu pomo de adão gigante? Lamento mas não dá para ler!

            -Caso não saiba geografia básica é só se guiar pelo sol.

            Isso era tão primário, as direções fixas do sol se por no oeste e nascer no leste estavam ali, saímos da praia com o sol ainda saindo do leste, ele agora estava ameaçando estar a pino. Talvez a essa hora já estivéssemos na praia, mas a Swan dava seus chiliques a cada dez minutos o que forçava paradas como essa.

            Além do que, eu era filho de um dos maiores engenheiros navais do país, eu sabia bem me localizar.

            -Já que estamos dando um ‘break’ aqui, posso te fazer uma pergunta? – Bella perguntou de repente com a voz macia. E estranha.

            -Se preza por sua vida é melhor ficar quieta, ainda não esqueci o que fez comigo na Disney.

            -Ah, claro. Como eu iria reagir depois de você ter me bulinando daquele jeito na casinha da bomba?

            Olhei incrédulo para ela.

            -Bulinando? Ta louca? Eu nos salvei dos seguranças! Ou o que eles iriam pensar em ver dois adolescentes entrando na casinha da bomba foram fazer? Trocar figurinhas da Copa? E você gostou que eu sei.

            Bella teve o queixo praticamente deslocado da mandíbula de tão incrédula que ficara com a boca em um O, depois seus dentes trincaram. Claro que ela tinha me retribuído eu não era louco...

            -Você é completamente...

            -Irresistível?

            -Argh! Ridículo! – Ela apertou os braços no peito como uma criança contrariada.

            Ou era o sol ou ela estava corando, eu ri disso.

            -Mas você não me respondeu a minha pergunta.

            Olhei-a estudando sua expressão, era de pura curiosidade, mas eu não confiava em minhas avaliações quando a envolviam. Bella era imprevisível e previsível ao mesmo tempo. Perguntei-me como alguém convivia com uma pessoa tão extrema como ela, mas não encontrei razões. O que piorava com o fato de que se meu pai não desistisse da idéia eu estaria nesse círculo de pessoas, só que no meu caso seria selado com um ‘até que a morte os separe’

            -Se você tivesse ao menos perguntado. – Respondi olhando para onde a praia iria estar. Faltava tão pouco...

            -Bom, porque livrou a minha cara lá com o Chucky? Sabe fui eu quem tecnicamente ferrei tudo com o suco...

            Suspirei enquanto passava a mão pelo meus cabelos impaciente.

            -Simples, tenho algo que valha mais a pena para ser mantido, e isso requereria que você também saísse dessa. Apenas fui pela lógica da situação. Não pense que fui solidário com você. Se pudesse já teria tomado as rédeas desse barco e ido para bem longe de você.

            Ela riu.

            -Claro, faz sentido.

            -Será que dava agora para a senhorita vou-morrer dar o ar da graça e me ajudar com isso?

            Bella deu ombros e pegou seu remo recomeçando a remar incrivelmente cooperando sem dizer nada. Enquanto meus braços trabalhavam, voltei mentalmente a cena do barco.

            Claro que salvar Bella nunca havia sido parte dos meus planos, porém quando o pequenez começou a ameaçar que iria sobrar para os dois na história, tive de inventar rapidamente a história que não só me salvaria, mas como a garota. Ela claro não era burra e embarcou, diante de um acidente não havia nada a ser feito. Bom, na verdade havia. Torturar os culpados sem culpa alguma a 100 km de remo!

            Porém depois da ultima parada, não houve nenhuma outra e em meia hora já víamos a areia apontar no horizonte junto com a cidade e o píer. O timing do pingentinho era perfeito pelo visto, uma vez que acordou do seu sono e começou a sair do barco, o acompanhei e quando Bella vinha logo atrás...

            Pude ouvir até a risada maléfica, provavelmente havia um anjo e um diabinho cada qual em lados opostos do meu ombro, mas eu já tinha feito a escolha, assim que ela deu impulso para subir virei de repente dando um belo susto nela.

            Por instinto a Swan foi para trás, mas não havia nada atrás, além do bote que já se distanciara, o baque na água chamou atenção. Imediatamente me refiz.

            -Bella, ah meu Deus!

            -O que aconteceu? – Chucky voltou correndo parecendo cansado das nossas asneiras.

            -Ela se desequilibrou, o que mais! – fiz a cara mais inocente do mundo. – Agüenta firme, Bella! Vou te salvar!

            Enquanto Chucky fazia o papel de torcida para a Swan agüentar firme lá em baixo eu corri até encontrar uma bóia salva-vidas plásticas. Não foi difícil achar uma, peguei-a junto com a corda que estava amarrada a ela, corri de volta e a joguei na água.

            Pelo menos eu achei que tinha jogado na água.

            O impacto da bóia na testa já um pouco machucada da Swan fez um barulho seco, quase oco... Abri minha boca pasmo, nem se eu tivesse planejado daria tão... Certo! A Swan parecia zonza abraçada a bóia e uma de suas mãos estava na testa, ela me olhou furiosa.

            Não agüentei.

            Meu corpo todo começou a tremer, vacilei alguns passos para trás dando a corda para Chucky, eu me curvei sobre minha barriga tentando a todo custo me segurar no riso. Mordi o lábio e senti sangue enquanto a brecha entre meus dentes deixava escapar risinhos baixos.

            Ninguém prestava atenção em mim, não até a Swan estar sentada na borda do píer e respondendo a um questionário rápido de como estava e como tinha caído.

            -Foi um acidente.

            Olhei-a limpando as lágrimas do riso contido, com certeza eu ia rir depois. Bella captou minha idéia, claro que se ela me ferrasse iria junto, o bonequinho assassino nos odiava demais para preferir encobrir alguém. Sorri para ela torto e ela fechou a carranca para cima de mim, Chucky começou a ligar para a limusine para nos levar para casa, apesar de ainda ser a hora do almoço, ou pouco mais disso, o dia tinha sido dado como encerrado.

Bella:

            Todos meus instintos, células, terminações nervosas me induziam a avançar para cima do Cullen e partir a cara dele de novo, cortar seu supercílio com outro soco, desfigurar aquele sorriso torto que ele tinha na cara desde todo caminho que fizemos voltando para o Resort. Estalei meus dedos sentindo minha mão coçar.

            No quarto em que estava eu e minha irmã, matei o tempo no chuveiro morninho pensando em como me vingar, eu tinha que acertá-lo em um golpe de misericórdia e ensiná-lo a nunca mais mexer comigo desse jeito, ensiná-lo uma lição. Desliguei a água, eu já começava a suar junto com os vidros, me enrolei em uma toalha e fiz minha higiene completa, depilação e tudo mais que me mantivesse ocupada para não ir socá-lo.

            Porém o que mais doía é que por alguns segundos eu pensei que poderíamos cooperar nessa, eu com meu cartão e ele com seja lá o que valesse a pena prezar. Juntos nos mostramos bem comparsas no barco, isso claro que poderia funcionar para mais adiante, quando por exemplo estivessem nos forçando a casar. Mas não! E aquele... Convencido! Dizendo que gostei do beijo!

            Durante toda minha vida fui criada para sobreviver, e depois de tudo que já passei, seria muito humilhante não conseguir agora. Olhei para o espelho que recobria toda parede, ele estava meio molhado, mas ainda me refletia com perfeição, sentada na banheira com minha toalha erguida levemente na perna expondo um pouco mais da minha coxa, voltei-me para meu rosto, e ali eu vi a determinação de passar por essa situação. Custasse o que fosse.

            O furacão Alice passou assim que saí do banheiro, ela tratou do pequeno machucado no topo da minha testa e o tapou com curativo cor de pele e tratou de fazê-lo ficar invisível, felizmente ela era um gênio na arte da maquiagem. Porém nada disso me distraiu da minha vingança, e seria definitiva. Edward nunca mais ousaria agir contra mim sem pensar cinco vezes, oitenta vezes antes!

            Assim que a ultima mexa de cabelo penteado por minha querida irmã abandonou a escova, eu já sabia o que fazer.

Edward:

            Contei a Emmett e ainda ríamos do ocorrido sentados no bar do Resort.

            -Cara, tu é muito escroto.

            -Faço o que posso para continuar solteiro. – Respondi limpando uma lágrima que me escapava pelo riso em excesso.

            Repousei novamente meu copo no balcão e reparei uma pilha de panfletos, peguei um para ver sobre o que falava e era uma publicidade de uma festa do Resort que aconteceria a noite, sorri imediatamente. Uma balada, nada como uma boa rodada de musicas altas e pessoas alteradas.

            -Olha isso, mano. – Mostrei a ele.

            -Ah, tu não sabia? Pô! Muito cabeçudo, isso ta sendo divulgado desde que você chegou.

            Pisquei atordoado, eu estava tão ocupado para me livrar desse casamento que se quer olhei ao meu redor e para a parte boa de se estar em um Resort. Festas temáticas, muita garota dando sopa... Puts, eu era mesmo um cabeçudo.

            -Tente se livrar de um casamento, juro que ficará como eu. – Cocei minha cabeça e guardei o panfletinho. – Isso significa que os Cullens vão marcar presença, correto?

            -Claro! Assim que se fala! – Emmett abraçou meu ombro. – Prendam as cabritas! Meu bode ta solto! – Ele gritou para todos ouvirem.

            Com certeza era o álcool que me impedia de mandá-lo calar a boca e ao invés disso, incentivar rindo alto e incentivando a brincadeira.

[...]

            Vesti minha camisa gola V branca e uma jaqueta preta jeans por cima, quase da mesma tonalidade da minha calça e tênis. Ajeitei meu cabelo e depois de alguns minutos, eu estava pronto para minha balada. Emmett apareceu no exato segundo em que terminei, ele tinha um visual mais mamãe sou forte, com sua camisa expondo exageradamente seu vício em academia, a calça jeans na medida certa e tênis.

            A área de festas ficava afastada dos quartos e da área social, com certeza uma solução viável para atrair jovens baladeiros e pessoas que buscavam um Resort para relaxamento. Atravessamos o gramado, e chegamos a um pequeno gichê.

            -Olá - Cumprimentei a pessoa do caixa sem olhá-la enquanto buscava minha carteira.

            -Vou precisar da identidade. – A voz feminina vinda do gichê me pediu.

            -Claro.

            Abri minha carteira e tirei dali minha identidade e assim que bati o olho na mulher ali dentro fiquei surpreso, era mais bonita do que esperava. Cabelos ruivos, olhos verdes... Talvez as sarnas estivessem escondidas atrás da maquiagem ou talvez o ruivo vivo não fosse dela... Mas o que importava é que era linda.

            Ela olhou minha identidade por um longo momento e depois a entregou para mim com uma pulseirinha.

            -Não se perca lá dentro. – ela me alertou.

            -E posso saber o por quê?

            -Porque eu quero te encontrar no final e fechar essa noite com chave de ouro, Sr. Cullen.

            Ok... Mal cheguei e já é assim? Sorri presunçoso.

            -Apressadinha, nem espera eu chegar na festa e já me compromete assim?

            A ruiva se debruçou expondo demoradamente o decote ousado.

            -Prefiro já me garantir antes. – Ela piscou para mim. – Te vejo daqui a pouco.

            -Com certeza.

            Esperei só Emmett pegar sua pulseira de acordo com a idade e vi que a ruiva tinha mesmo colado em mim, a final ela nem se quer perdeu tempo com a demonstração de bíceps que Emmett lhe apresentou ao entregar a carteirinha, ela apenas a verificou agilmente sem se quer se importar com foto ou nome e devolveu com uma pulseira da cor da minha.

            -Hora do pau, Manolo. – Emmett disse socando meu ombro de leve.

Bella:

            -Vai ser épico! – Alice se empolgou. – Jura que não posso ir?

            -Prefiro não. A parada vai ser reta e direta, eu e o Cullen.

            A boate organizada no Resort não deixava a desejar, com alguns pauzinhos mexidos, verifiquei tudo antes, estrutura, bar, se teria alguma dançarina ou dançarino nos palcos, quem eram... E encontrei Victoria. Vic, como preferia ser chamada, trabalharia no guichê distribuindo pulseiras coloridas de acordo com a liberação de cada um, ou seja, menores de dezoito com uma e maiores com outra.

            -Acha mesmo que pode me subornar desse jeito?

            -Claro. – Respondi enquanto me debruçava no balcão do bar que nos separava. – Preciso de uma pulseirinha laranja e mais aquele favor esperto.

            - Sabe que precisará mais do que isso para me convencer.

            Vic já tinha em suas mãos mais de duzentos dólares, olhei minha carteira e vi que não tinha muito mais a oferecer e por isso pensei rápido.

            -Te dou  a mesma quantia de novo, se prometer caprichar.

            -Sabe fazer negócios, assim vai longe! Ta fechado.

             Sorri internamente com a vitória, expliquei a Vic sua participação e a lembrei novamente de ser perfeita, pois caso contrário não receberia a bolada. Combinamos os detalhes e então eu saí.

            O gramado revelou depois uma espécie de casa noturna e o pequeno guichê para pegar as pulseiras, entreguei minha carteirinha e olhei para Vic piscando um olho, ela brincou de analisar minha carteirinha e me entregou a pulseira laranja, que era para maiores de idade.

            -Só não fique em coma alcoólico ok? Poderá me causar problemas desse jeito. – ela me disse devolvendo-me minhas coisas.

            -Pode deixar. – Guardei minha carteirinha e ajustei a pulseira deixando-a bem rente a minha pele, Alice me ajudou com o fecho descolando a proteção da cola e grudando-a na pulseira, prendendo-a. – E aquele esquema?

            Vic sorriu.

            -Tudo certo.

            -Excelente.

Edward:

            Aproveitei a boate me distraindo da ruiva do guichê ao máximo, na pista de dança, Emmett e eu nos alternávamos nas garotas, dividíamos algumas e outras disputávamos, era engraçado ver a cara dele quando alguma me escolhia e eu sempre me confortava que, quando uma garota o escolhia, certamente deveria ser pelo volume de músculos enchendo a camiseta.

            Puxei a loira que estava comigo e a rodei enquanto parava ela de costas para mim, colando seu corpo no meu. Apesar de eu não levar o mínimo jeito para a dança, eu sabia o mínimo para conseguir conduzir e também seduzir, requebrei um pouco o quadril, forçando-o contra ela, a loira me acompanhou vigorosamente. Sorri com o pensamento de ter possivelmente a loira e a ruiva essa noite.

            Quando ia tentar algo a mais com a loira, meus olhos bateram no bar, e lá estava, a ruiva do guichê. Dispensei a loira e soquei o ombro de Emmett para mostrá-lo aonde ia, ele me desejou boa sorte do seu melhor jeito brutamontes e eu caminhei até o bar com um sorriso.

            -Achei que iria me deixar sozinho a noite toda.

            -Você não estava sozinho. – ela me acusou.

            -Distrações. – Respondi sentando-me a seu lado. – Estava ansioso por você.

            Ela arqueou uma sobrancelha e sorriu.

            -Desesperado assim por uma noitada, Sr Cullen? Achei que fosse o garanhão.

            -Você não é como qualquer garota, sinto isso.

            O sorriso largo da mulher ruiva revelou todas as pérolas extremamente brancas por trás dos seus lábios, sorri junto e ela acariciou meu rosto.

            -Assim eu me apaixono.

            -Não seria má idéia. Mas seria legal você me dizer seu nome.

            -Me chame de Vic, Sr Cullen.

            -Por que não me chama de Ed, então ficamos quites. Vic.

            Vic riu.

            -Claro, agora... podemos ir?

[...]

            Atravessamos todo o gramado novamente, chegando a um lugar mais afastado, parecia o quarto dos empregados. Entramos em um deles e assim que a porta se fechou, ataquei Vic com vontade e sede, ela me correspondeu a altura, senti sua mão na minha camisa puxando-a para cima.

            Aproveitei a falta de oxigênio e nos distanciei um pouco para retirar a peça voltando a beijá-la instantes depois, busquei a barra da sua blusa porém fui impedido.

            -Quero fazer algo antes. – Vic sussurrou em meu ouvido.

            -O que quiser.

            Ela então me empurrou e caminhou até a cama onde se sentou ao lado da cabeceira, cheguei a seu lado devido a curiosidade e vi o par de algemas que ela tinha.

            -Prisioneira? – Aquilo ia ficar interessante.

            -Errado.

            Vic me empurrou para a cama sentando em cima do meu abdômen e levantando meus braços.

            -O correto é prisioneiro. – Ela trancou meus pulsos em lados opostos da cama me fazendo ficar com os braços estendidos.

            Vic então tirou sua blusa e a dobrou em várias partes fazendo um retângulo extenso, como uma venda.

            -O que vai fazer?

            -Calma, muito apressadinho você.

            Ela então se debruçou em mim e cessou minha visão com a venda improvisada, tentei prever o que vinha depois, mas nada aconteceu, senti ela sair de cima de mim e alguns murmúrios baixos, e então uma nova pressão sob meu abdômen novamente, tentei ignorar a sensação de que algo estava errado, de que o peso ali era mais leve ou algo assim. Era a ruiva. Ninguém mais tinha visto ela tramar essa noite comigo, só Emmett...

            -Vic, vamos lá. Não judie tanto.

            Senti Vic se debruçar novamente e ir até meu ouvido.

            -Quem é Vic, meu noivinho? – A voz de Bella fez minha espinha ficar um bloco de gelo, sua risada agourenta ecoou no meu ser inteiro. – Achou mesmo que tudo ia ficar sem troco na mesma moeda? Ingênuo você em me subestimar, Cullen. Agora, eu espero que você aprenda a não cometer mais esse erro.

            -O que vai fazer comigo? – Perguntei tentando manter a voz firme e me livrar das algemas.

            -Nada que eu não faria pior. – Bella pareceu destampar algo. – Agora, bons sonhos.


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Notas finais do capítulo

Estão fugindo de mim? Fiquei bem desanimada em continuar o capítulo 3 vendo que muitos de vocês não voltaram!
Mas vou continuar a fic, sou guerreira! õ /
E confio nos que voltaram.
Mas e ai gostaram? Um pouquinho de tortura no final também só para variar um pouco #RisadaMaléfica#
O próximo capítulo talvez seja o último do Flashback da história dos dois antes do desfecho do casamento que já ta no Prólogo!
Bom, espero que comentem, sério ajuda que é uma belezura! Obrigada pelos anteriores, foram ótimos e foram graças a eles que tem capítulo novo.
Um beijão gente.
Até o próximo
Giihrsouza.