Marrying With The Devil escrita por Giihrsouza


Capítulo 19
Capítulo 18 - O Julgamento


Notas iniciais do capítulo

Terminei o cap antes do ano novo!! õ/
Bom gente, espero que vocês gostem, porque esse está emocionante!!
Boa Leitura.



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Capítulo 18 – O Julgamento

Bella:

                Tentei a todo custo me lembrar da Bella que eu tinha planejado ser de agora em diante. Me lembrava vagamente dela: uma mulher que não se esconderia mais atrás dos próprios medos, que encararia as situações ao invés de usar de artifícios para se esquivar delas...

                Mas eu não conseguia ser essa Bella. Não agora.

                Tudo estava como em um filme 3D, parecia real, parecia que eu estava ali na cena, mas na verdade eu estava apenas assistindo, segura em um lugar muito diferente. Era desconcertante e ao mesmo tempo bom, porque me afastava da dor maior que rasgava o meu peito, desde que eu vira o carro se afastar.

                Apertei a manga da minha blusa de botões branca, ela estava engomada e passada perfeitamente, assim como a saia preta que eu usava. Os saltos altos pretos eram confortáveis e meu cabelo estava solto. Mal me lembrava de como vim parar nessas roupas, mas eu sabia que era consequência da visita de Alice, mesmo que eu não me lembrasse muito bem se conversamos alguma coisa ou se ficamos em silêncio.

                Em um piscar de olhos tudo mudava.

                Em um momento, eu estava na sala da minha casa, com algemas e policiais me escoltando. Em outro, eu estava em um carro preto que não prestei atenção o suficiente para identificar a marca ou mesmo quem o possuía. Chotas estava no lado oposto do banco do passageiro, e eu reparei que eu estava sem algemas. Ele falava algo sobre o tempo, mas sinceramente eu não conseguia me concentrar sobre o que exatamente o céu de Miami tinha de diferente de todos os céus de todos os outros lugares. Talvez fosse a transparência dele, que era tão perene que deixava todo os raios solares incidirem e esquentassem a cidade de uma forma infernal.

                Pisquei os olhos novamente. E como de esperado, tudo mudou.

[...]

                O tribunal estava tomado por uma corja imensa de fotógrafos, repórteres e jornalistas vindos de todos os lugares e com todos os sotaques possíveis. Havia pessoas também, civis que acompanharam o caso pela TV e que graças a democracia expressavam suas opiniões em placas pintadas ou mesmo impressas.

                Fiquei pasma ao encontrar a maior parte das placas se tratarem de retaliações graves contra mim.

                - Eles não são o júri, o júri não é popular. Lembre-se disso, Isabella. – Chotas disse inabalável como sempre.

                Mas era difícil ignorar quando falavam que quem mata o próprio pai merecia algo pior que o inferno ou mesmo que Deus fizesse sua justiça e a punisse com tudo de ruim.

                Fechei os olhos. Eles não sabiam de metade da minha dor e da minha história. Eram alienados pela imprensa que vendeu minha imagem associada à filha do diabo. Eles não sabiam como era chegar em casa depois de um dia de escola e ter nas mãos o cartão de dia dos pais recusado ou mesmo jogado no lixo, na sua frente! Eles não sabiam como era chegar o natal e se sentar na árvore esperando sua mãe chegar e ela nunca ter aparecido. Eles não sabiam como era estar à margem da própria família, nunca se encaixar em lugar nenhum...

                E nem nunca saberiam.

                Apertei os olhos e pus as mãos sobre minhas orbes, torcendo para que essa multidão fosse embora.

[...]

                O tribunal era um verdadeiro coliseu.

                Havia é claro o lugar mais alto que pertencia ao juiz, era como se ele estivesse a cima de tudo ali e isso me assustava um pouco, e se ele fosse alienado como restante lá fora? Havia dois lugares flanqueando o balcão alto do juiz, um ocupado por um homem usando um computador que presumi ser aquele que anotaria cada palavra do tribunal, e o outro tinha um corrimão cercando-o e estava vazio.

                Chotas me conduziu para uma mesa que ficava a direita, bem ao lado de uma plateia de onze cadeiras que começavam a encher. Percebi que eles é quem deveriam ser a minha maior preocupação, a final, o juiz decidia a sentença e eles davam o veredito. Eles eram ninguém menos do que o júri.

                -Nós vamos conseguir. Fique tranquila e deixe comigo, Isabella. Concentre-se em parecer bem. Você não tem culpa, correto?

                -Correto – O máximo que consegui foi repetir suas palavras.

                Para cumprir com a parte de tentar parecer bem eu me desliguei. Me desliguei do júri que cada vez mais enchiam seus lugares ímpares, me desliguei de Jannet e seus dois advogados representando a acusação e entrando como se tivesse ganho já o caso. Mas principalmente, me desliguei da plateia as minhas costas.

                E eu fui ao encontro de Edward.

Chasing Cars – Snow Patrol (Boyce Avenue Cover)

                “Bella” – Edward disse, com seu sorriso torto irritantemente lindo.

                “Você prometeu não me deixar.” – Eu acusei-o.

                “E estou aqui, não estou?”

                “Queria você de verdade, ao meu lado”.

                Edward se aproximou de mim e acariciou minha bochecha.

                “Não tenha medo.”

               

                O juiz começou a ler sobre o que se tratava o julgamento, falando meu nome completo inclusive com o mais recente sobrenome Cullen ao final, não pude deixa de sorrir um pouco com isso.

                -Declaro aberto o julgamento. – ele terminou por dizer.

                Um dos advogados, o com cabelos prateados ao lado de Jannet se levantou para começar a falar. Olhei para Chotas. Ele olhava papéis.

                - Meritíssimo, jurados, hoje estamos reunidos para julgarmos se Isabella Swan pode ou não continuar a conviver entre nós, civis. Como bem sabem, esta ré está sendo acusada de tentar matar o próprio pai, uma barbárie sem precedentes, a final que tipo de filha faz uma atrocidade a alguém que sempre a criou e educou nos melhores modelos institucionais? Isabella, meus caríssimos, não demonstrou descontrole emocional no momento de estresse quando descobriu que Charlie Swan não era realmente seu pai biológico, Isabella Swan apresenta problemas decorrentes de agressividade desde o primário, professoras, coordenadores e funcionários já foram vítimas da sua ira. Então como podem ver, temos uma bomba em nossas mãos, basta escolhermos corretamente e talvez o próximo a ter uma arma apontada na cabeça não será um de nossos filhos ou amados.

                Houve um rebuliço e eu senti minhas mãos tremerem pela atenção de cada par de olhos tanto dos jurados quanto os atrás de mim, estarem me analisando e tentando achar a tão agressividade que o advogado me acusara de ter.

                Calma – Ordenei para mim mesma. E então eu me afundei em lembraças enquanto o martelo do juiz batia furiosamente.

                A mão de Edward acariciava minhas costas, traçando um caminho pelo vão da minha coluna e me dando arrepios de imediato. Como sempre, nos limitávamos a nos olhar enquanto nos explorávamos. Era uma das primeiras vezes que íamos calmamente, descobrindo pontos fracos.

                Edward apertou minha panturrilha e eu gemi. Ele imediatamente sorriu, totalmente descrente quanto o meu ponto fraco, como quem dissesse: Fala sério!

                Ergui meu corpo um pouco e beijei-o no pescoço, era um ponto fraco já conhecido, mas eu continuei a beijá-lo. Até que na base do seu pescoço, abaixo do seu pomo de adão, eu o senti estremecer por completo.

                Olhei-o descrente, do mesmo jeito que ele havia feito comigo. Ele se limitou a rir.

                Eu não sabia como a vida podia ser mais perfeita do que aquele momento...

                Chotas de repente se levantou, ruidosamente da cadeira e eu voltei a realidade, sem Edward, lençóis ou pontos fracos. Me concentrei nas palavras que viriam a ser ditas.

                -Meritíssimo, a caso podemos acusar alguém de ser do jeito que é sem dar-nos o benefício da dúvida? Socialistas que discutem sobre a violência principalmente sobre pequenos delinquentes e chegaram a conclusão que resultam de não apenas um modo de ser, mas sim uma transformação que decorre de toda a sua história de vida. Não digo que devemos inocentá-los caso matem alguém, ou mesmo caso roubem algo, mas devemos ser meticulosos para não cometermos injustiças, que seria falhar com esse tribunal. Isabella Swan não teve tudo na vida, como meu caro colega disse. Sua vida, a pesar de parecer na superficialidade perfeita, houve lapsos graves na questão de cuidados paternos. E sim, me refiro ao amor de pai para filha. Sei que não devemos apelar emocionalmente em um tribunal, e nem é esta mina intenção. Mas convido-os a ouvir outro dado histórico, dessa vez da Idade Média, quando um rei ordenou que seis bebês fossem postos sob um experimento que era destinado a testar se uma criança poderia viver sem afeto. As crianças eram alimentadas regulamente por amas de leite, mas as mesmas amas não poderiam falar ou mesmo acariciar as crianças, era apenas alimentá-las e deixa-las no quarto em que estavam. Ao fim do experimento, com seis meses de idade, todos os bebês foram levados a óbito.

                Chotas fez uma pausa e olhou diretamente para os jurados por algum tempo. Não consegui evitar, e não consegui saber direito se estávamos conseguindo ou não, preferi o otimismo.

                -E para finalizar, uso de uma frase de um sociólogo chamado Lôbo que diz: “O estado de filiação deriva da comunhão afetiva que se constrói entre pais e filhos, independentemente de serem parentes consanguíneos, Portanto, não se deve confundir o direito da personalidade à origem genética com o direito à filiação, seja genética ou não”. E é isso.

                Novamente houve confusão, o martelo acertou sua base nervosamente, o juiz parecia um tomate de tão vermelho.

                -ORDEM! –Ele gritou.

                Minutos depois, quando tudo se organizou novamente, ele limpou o suor da testa.

                -Que venham as testemunhas da acusação.

[...]

                Foram vários fantasmas do passado, inclusive o coordenador que perdera uma bola do saco fora me xingar para Deus e o mundo ouvirem. Chotas também questionou cada uma daquelas pessoas, mas suas perguntas não pareceram alterar em nada, o júri já me olhava como se eu fosse a oitava praga do Egito.

                Eu não sabia se me divertia com as memórias trazidas a tona ou se chorava pelo efeito negativo que elas tinham em todos. Dava vontade de levantar e falar: Qual é?! Foi uma brincadeira! Vocês nunca sacanearam seu professor com um alfinete na carteira?

                Por mais que o mundo fizesse igual a mim, ninguém admitiria, e isso ficaria como algo abominável só por me pertencer. Hipócritas, tive vontade de gritar também.

                -Ainda resta uma testemunha. – ouvi o advogado da minha madrasta anunciar.

                Fiquei a encarar a porta como todos faziam quando as testemunhas entravam e saíam, mas a pessoa que saiu de lá não pertencia ao meu passado. Pertencia ao meu presente e ao meu futuro.

                O andar um pouco tenso, os ombros largos, olhos que vasculhavam o chão, a cabeleira loira arrumada para trás...

                Carlisle Cullen sentou-se na cadeira para depor e olhou diretamente para mim. O ar fugiu dos meus pulmões, o que eu havia feito a ele? Porque ele estava fazendo isso comigo?

                -Senhor Cullen, - o advogado de acusação começou – o senhor esteve presente na tragédia no baile? Quando Isabella Swan atirou em seu próprio pai?

                -Sim. – Ele respondeu ainda me olhando. – E eu mesmo impedi que ela atirasse no meu filho.

                Houve um monte de “oh” de surpresa tanto ao meu lado no júri quanto atrás de mim na plateia. Flashes começaram a pipocar e o caos se instalou por alguns segundos, até que o maldito martelo do juiz começou a ser maltratado com gritos de ordem.

                -Continuem – O juiz disse, cansado.

                -O senhor disse que a impediu de atirar em seu filho, que se não me erra a memória é casado com ela. Confere?

                -Sim.

                -Ela apresentou algum comportamento agressivo no casamento? Algum que o seu filho já tenha delatado ao senhor?

                -Lembro-me antes. Isabella discutia muito com o pai. Lembro-me de Charlie comentar que já não sabia mais como controla-la. Que até dera a ela um cartão ilimitado para ver se pelo menos o dinheiro a controlava. Mas ela sempre queria mais e mais... Sinceramente, não sei como meu filho foi se casar com ela...

                -MENTIRA! – Gritei sem me conter. – SEU HIPÓCRITA! CONTE A VERDADE!

                Todo tribunal de repente fez um silêncio que caso alguém soltasse um mínimo suspiro seria ecoado pelas paredes de madeira. Chotas simplesmente me fez sentar novamente e pediu em voz baixa para que eu me contivesse.

                O martelo novamente estava batendo e o juiz gritava por ordem novamente, mesmo que tudo estivesse razoavelmente quieto.

                - Intervalo de vinte minutos. – O juiz bateu o martelo novamente e se levantou saindo e sem olhar para trás.

[...]

Edward:

                Eu queria mais do que tudo na vida estar ao lado de Bella.

                Segurando sua mão e sussurrando que tudo ia ficar bem, testemunhar contra Charlie e sua maneira fria de tratar a própria filha... Ver Bella ganhar e ver que nosso destino estava finalmente livre dessas tensões.

                Mas eu estava dentro de um avião em pleno pouso, em um Estado completamente diferente, e a quilômetros, milhas, de distância de onde eu realmente queria estar. Fechei os olhos, a imagem do rosto de Bella torturado pela dor me assombrou novamente. Eu podia sentir que ganharia olheiras negras devido as noites praticamente insones e principalmente pela minha tensão durante todo o voo.

                Eu queria escapar. Pegar um avião de volta para Orlando e um jatinho para Miami.

                Mas Carlisle não facilitaria para mim, com certeza não. Haveria um recepcionista segurando uma plaquinha bem no portão de desembarque, que caso não me encontrasse vasculharia todo aeroporto atrás de mim. Aeroporto este que ele conhecia melhor que eu. Com certeza seria alguém com força física para me parar contra minha vontade.

                Olhei para minha carteira novamente.

                Havia uma foto da minha família, fitei meu pai que tanto amava e perguntei a ele mentalmente: “Se me ama tanto, porque está me afastando da minha felicidade?”

                Carlisle não me respondeu, continuava sorrindo, com os cabelos louros para trás, penteados e escovados, a mão pousada no meu ombro, em sinal de companheirismo. Ou seria de possessão?

                Tirei meus olhos da fotografia e abri minha carteira na parte onde eu guardava as cédulas. Não havia muito. Apenas uma nota de cem jazia ali.

                Caso eu quisesse mesmo pegar um avião de volta, no mínimo precisaria de mais uma...

                O avião finalmente parou e eu soltei meu cinto de segurança, guardei minha carteira e me preparei psicologicamente para enfrentar fosse o que Carlisle tinha preparado para mim nessa cidade nova que me obrigasse a partir as pressas de Miami quando o verão se quer tinha acabado.

                Passando pelo portão de desembarque, não consegui localizar nenhum recepcionista. Estiquei-me ao máximo para poder ver mais além se havia qualquer plaquinha que insinuasse me chamar, mas não tinha nada. Meu celular imediatamente vibrou no meu bolso e eu o atendi sem olhar quem era.

                “Senhor Cullen, me chamo Alex Goof e sou seu recepcionista. Lamento não estar ai agora, mas fiquei preso no trânsito. Estou a cinco minutos do aeroporto, como foi o voo?”

                -Foi... Bom. – Respondi ainda absorvendo o que Alex me disse.

                Ele estava atrasado, isso significava que não havia ninguém para me impedir de pegar um avião e voltar para a Flórida... Olhei o quadro de horários, novamente o destino pareceu cooperar, o próximo voo da Flórida estava adiantado, ele sairia em vinte minutos.

                “Senhor Cullen?”

                -Desculpe a demora, está uma selva isso daqui. – Menti.

                “Lamento muito. Por favor, siga até o portão de desembarque, pegue sua bagagem e siga reto, o terminal do aeroporto é bem completo e o senhor pode ter seu café da manhã em uma das excelentes cafeterias, eu ligo assim que chegar para encontrar com o senhor.”

                -Onde eu acho um caixa eletrônico? – Perguntei afobado demais, droga Edward! Cocei a garganta, fingindo tossir. – Er, eu estou sem dinheiro, preciso sacar.

                “Ah, claro. Bem, siga o mesmo caminho mas não desça as escadas, vá pela esquerda e achará um caixa com todos os bancos escritos.”

                -Obrigado. Até mais.

                Desliguei depois dele, e olhei o quadro de horários novamente, sem acreditar na minha sorte. Deus só podia estar agindo. Disparei pelo corredor sorrindo, enquanto agradecia fervorosamente pela ajuda.

[...]

                O caixa eletrônico era um pouco mais afastado do que imaginei, mas graças a minha corrida cheguei a ele com menos de um minuto, faltavam quatro para a chegada de Alex.

                Digitei minha senha e marquei a opção sacar e enquanto esperava a máquina reagir, pensei em quanto precisaria pegar de dinheiro. A passagem aérea mais barata era cem dólares, mas era melhor pegar mais um pouco para o caso de não haver mais lugares disponíveis e eu ter que comprar uma passagem da primeira classe.

                Porém a operação não foi concluída e uma mensagem pedindo que eu retirasse o cartão surgiu. Não entendi o porque do erro e tentei novamente, e novamente... Nada.

                Peguei o telefone que tinha uma linha direta até os atendentes, uma mulher com um forte sotaque me atendeu. Seu nome era Rita.

                -Oi, olha eu estou no Aeroporto Internacional de Baltimore e usando sua máquina universal para sacar dinheiro, mas acho que tem algo errado com ela. Não consigo sacar.

                “Passe-me seus dados e o numero do cartão, por favor.”

                Passei o número do meu documento e o número do cartão, ouvi os dedos de Rita tamborilarem no tampo da mesa e poucos cliques. Droga, faltavam só mais dois minutos!

                -Pode se apressar por favor?

                “Calma, senhor. Já estamos quase lá. O sistema está lento.”

                O sistema! Bufei e olhei no relógio novamente, os ponteiros pareciam brincar comigo.

                “Sr Cullen?”

                -Diga.

                “Seu cartão foi bloqueado no dia de ontem. Talvez o senhor tenha tentado sacar e errado sua senha, temo que terá de ir em uma agência e...”

                Não esperei ela terminar, eu não tinha tentado sacar nada ontem. Eu sabia exatamente o porque não conseguia hoje.

                Carlisle tinha pensado em tudo.

                E ao fechar os olhos, completamente arrasado, senti o peso do fracasso nos meus ombros, e fitei o rosto vincado pela dor de Bella novamente. Me desculpe, eu pedi a ela, eu falhei novamente.

[...]

                Eu estava sentado em uma cafeteria e Alex chegou sorridente.

                -Me desculpe mesmo pela demora, Sr Cullen! Deixe que eu pago por seu café.

                -Tudo bem. – Disse bebericando da bebida.

                Alex se sentou a minha frente e abriu a carteira. Olhei distraído suas ações, ele parecia ter minha idade, tinha cabelos negros como a noite e olhos cor de mel. Mas não foi sua idade ou seus olhos cor de mel que me chamaram atenção, eu mal olhei para esses detalhes. Foi sua carteira. Ela estava recheada de dinheiro, estufada, na verdade.

                Seria esse o preço a se pagar para eu ir para Miami? Roubar alguém?

                -Podemos ir? – Perguntei me levantando.

                -Claro, o senhor deve estar cansado, não é? Mil desculpas por fazê-lo esperar...

                -Por favor, Alex, me chame de Edward. E pare de me pedir desculpas. – Se não vou ficar um elefante na consciência por ter que roubar você, completei mentalmente.

[...]

                O estacionamento era amplo e Alex parecia ter estacionado a uma milha de distância. Não sabia se isso era bom o ruim, bom pelo menos me deu tempo para planejar.

                -Está muito longe? – Perguntei.

                -Não, é aquele sedã vermelho a frente, está vendo?

                Eu não me importei em ser um carro de gente velha, mas sim com o fato de que havia outra pessoa no banco do motorista.

                Era hora de agir. Deixei a minha carteira cair e chutei-a um pouco, fingindo ser acidentalmente.

                -Droga! – Xinguei enquanto me abaixava para buscar a minha carteira.

                -Quer ajuda? – Alex perguntou.

                -Claro, me ajude a pegá-la, acho que está atrás da roda, mas não consigo vê-la...

                Alex abaixou um pouco, o suficiente para meu golpe, puxei-o pela gravata apertada e bati sua cabeça fortemente contra o concreto. O som oco e abafado me deu enjoo.

                Chequei se ele ainda estava vivo e suspirei mais aliviado quando vi que ele só tinha desacordado. Quando eu levantasse o cara do banco do motorista iria acha-lo, então não precisava me preocupar quanto deixa-lo aqui desamparado. Peguei o dinheiro da sua carteira e guardei no bolso e me preparei psicologicamente para levantar.

                No segundo seguinte eu estava correndo para o aeroporto.

[...]

Bella:

                Desliguei o telefone completamente frustrada.

                Depois de quase fazer um reboliço dentro do tribunal para conseguir o direito a um aparelho celular para ligar para Edward, eu esperava no mínimo que ele me atendesse no primeiro toque... Ou no terceiro, se não fosse pedir muito.

                Mas seu celular só dava para a caixa de mensagens. Por fim deixei-lhe um recado rápido e ríspido, lembrando-o que se ele quisesse fazer a distância ficar para trás ele no mínimo deveria atender ao celular. Me arrependi segundos depois e liguei para ele novamente e deixei outra mensagem pedindo desculpas por ser tão idiota na primeira, me justificando que estava tensa com toda situação, e pedi que ele me ligasse.

                 A verdade é que eu estava duvidando que fossemos conseguir realmente vencer. Mesmo com Chotas, Carlisle esteve na cena do tiro, e era testemunha chave, uma testemunha ocular. Chotas se quer o interrogou, apenas com algumas perguntas tão simples, que não entendi onde ele queria chegar. O júri pareceu concordar comigo.

                Olhei meu almoço pela metade na minha frente, apesar de saber que tinha que comer, eu não conseguia digerir mais nada. Seria possível que eu fosse tão odiável ao ponto de todos no mundo se voltarem contra mim de uma vez só?

                Eu quis confrontar Carlisle sobre isso, um simples: “o que eu te fiz?”, nada de mais. Mas fui impedida por dois seguranças que pareciam mais dois armários do que gente.

                E agora eu esperava, ao som deprimente do estalar de cada batida do relógio, o meu nebuloso destino começar a clarear.

[...]

                Estavam todos em nossas posições novamente, o juiz ajeitava-se na cadeira e seu martelo bateu segundos depois, dando início ao julgamento novamente. Tentei me desligar, como fiz da primeira vez, buscar a voz de Edward ou mesmo alguma lembrança, mas antes que eu tivesse êxito, eu ouvi meu nome ser chamado:

                -Convoco Isabella Marie Swan Cullen para vir depor.

                COMO?

                Levantei-me no automático e vi Chotas sorrir para mim, depois que percebi que foi ele quem me chamou. Sentei-me no lugar cercado por um corrimão de madeira, ao lado do juiz, com a postura completamente ereta de tensão.

                Chotas se aproximou.

                -Como se chama? – Ele me perguntou.

                Você sabe. – Respondi em minha mente.

                -Isabella Swan... Quer dizer, Cullen. Isabella Cullen. – Disse me lembrando  do casamento.

                -Não é comum esquecermos o sobrenome adicional depois que nos casamos...

                -Desculpe, sempre cometo esse erro. Para mim é como se eu e Edward ainda namorássemos...

                -Ainda apaixonados, presumo.

                -Na verdade... Fomos obrigados a nos casar. – Decidi estourar  a boca do balão. – O que Carlisle disse anteriormente, sobre não entender o porque seu filho se casou comigo era mentira. Ele sabe o porque, porque foi ele quem o obrigou a tal.

                Um “oh” coletivo foi ouvido na plateia.

                -E seu pai a obrigou. Como reagiu a isso? – Chotas enfatizou o fato do meu pai estar junto também, como se fosse para incriminá-lo também. Gostei disso.

                -Mal. Eu tentei de tudo para não me casar, até mesmo causar uma má impressão... Sempre fui muito boa em irritar as pessoas, como perceberam.

                Ouvi risadas abafadas diante do meu comentário.

                -Acha que seu pai procederia da mesma forma com sua irmã, ou devo dizer meia irmã? – Chotas perguntou.

                Abri a boca para responder mas fui interrompida.

                -PROTESTO MERETÍSSIMO, ELE ESTÁ USANDO DE APELO EMOCIONAL PARA COM A RÉ.             -O advogado de ataque gritou.

                -Protesto aceito, por favor, proceda sem apelos emocionais. – O juiz disse batendo o martelo.

                Chotas coçou a garganta e recomeçou.

                -Conte-me o que aconteceu na noite do baile.

                Suspirei pesadamente, era uma lembrança ruim.

                -Edward e eu brigamos, porque como eu disse antes, tínhamos sido forçados a nos casar e por isso tentamos de tudo mesmo para não continuarmos casados, isso incluía jogadas sujas um para com o outro. Na época, Edward contratara um homem para me iludir e me fazer ficar apaixonada, para logo em seguida me dispensar e quebrar meu coração. Bom, eu não reagi nada bem, fiquei louca com a traição.

                Parei um pouco, tentando afastar as imagens. Chotas me pressionou a continuar, forcei as palavras a saírem.

                -E então, eu me lembrei que Charlie uma vez comprara uma maleta prateada, fez com que eu e Alice prometêssemos nunca mexer. Mas eu o desobedeci e achei a maleta e descobri que ali tinha uma arma. Ele a escondeu depois que descobriu que eu a achara, mas eu sabia que ainda estava no armário, só em um lugar mais alto. Eu... Peguei a maleta e quando a puxei, veio alguns papéis juntos e neles, o teste de paternidade negativo e uma foto da minha mãe, que nunca conheci.

                -E você descobriu sobre não ser filha dele ali, naquele momento já extremo?

                -Sim. Acho que por isso ficou tudo tão... Complicado.

                -Imagina o porque de ele nunca ter comentado nada com você?

                -Não. Juro que não.

                -Ele nunca a tratou diferente?

                -Sim ele...

                -PROTESTO MERITÍSSIMO, O MEU COLEGA ESTÁ USANDO NOVAMENTE DE APELO EMOCIONAL! – O advogado de Jannet parecia que teria uma hérnia de disco a qualquer momento. Seja lá o que isso fosse.

                O juiz novamente chamou a atenção de Chotas e ele se desculpou, mas não havia arrependimento em sua voz. Depois de declarar que não tinha mais perguntas para mim, Chotas foi se sentar, ameacei levantar para me juntar a ele, doida para sair daquele holofote, mas o advogado de ataque imediatamente se pôs de pé e pediu para me interrogar também.

                Desgraçado, xinguei-o.

                -Isabella Marie Swan, você fala como se fosse a vítima toda vez que expõe sua situação com seu pai, mas você na verdade não tem nada de vítima. A final, o que dizer da série de pessoas que passaram por esse mesmo posto onde você se encontra e narraram atrocidades que a senhora armou contra eles? Você nega?

                -Não mas...

                -Então, seu histórico de violência pode ser justificado como um lapso de atenção que você afirma ter. Mas nunca lhe faltou dinheiro para gastar, ou mesmo a roupa da moda... Seu pai é um homem ocupado, ele mal parava em casa. Então como você afirma que sua irmã era mais beneficiada do que você se ambas tinham um pai ocupado e se nunca lhe faltou nada?

                Fiquei pasma do jeito que o advogado colocou a situação. Ter dinheiro, carro ou mesmo as roupas da estação não amenizavam em nada o lapso paterno que havia nele em relação a mim. Não afirmei que Alice era mais beneficiada materialmente, mas sentimentalmente. A final, foi o que Chotas disse, não há como uma pessoa sobreviver bem sem amor.

                -Afirmo isso porque meu pai não me dava atenção, e não no caso material...

                -Então isso tudo é por causa de ciúmes? – Ele enfatizou bem a ultima palavra.

                -CLARO QUE NÃO! – Praticamente gritei, eu senti que podia estrangulá-lo naquele exato momento por me acusar de tal.

                Mas o estrago estava feito, o tal advogado distorcera minhas palavras e os fatos, eu podia ver pelo rabo do meu olho o impacto que ele causara nos jurados, cada um tinha um olhar diferente para mim, um olhar de desprezo, pois eles viam ali uma garota que tinha tudo e só porque recebia pouca atenção e associara erroneamente isso ao fato de não ser filha biológica, se revoltara e atirara no homem que trabalhava duro para custear seus luxos.

                O juiz permitiu que eu fosse me sentar, e como eu não tinha testemunhas, só havia um destino a ser seguido: a sentença. Olhei novamente para os jurados. Apesar do juiz não ter batido o martelo, eu já sabia que perderia o caso.

                -Senhor juiz, gostaria de chamar uma pessoa para testemunhar a favor de Isabella. – Chotas disse repentinamente. – Antes do veredicto.

                -Prossiga. – O juiz disse autorizando.

                Olhei para Chotas apavorada, como ele conseguira uma testemunha? Edward estava em Maryland, não estava? Quem mais além dele viria testemunhar ao meu favor?

                Me lembrei do celular na caixa de mensagens, estaria ele já no fórum e ninguém tivesse permitido que ele viesse a falar comigo? Que nem poderiam permitir que eu soubesse da sua presença? Meu coração bateu forte com a possibilidade do amor da minha vida passar pelas duas portas que todos olhavam.

                Olhei para ela, com nova esperança. Talvez se Edward explicasse a mesma versão do casamento arranjado eu conseguisse uma chance...

                As portas se abriram, senti meu corpo se inclinar sobre a mesa, mas o semblante que entrava por ela era muito mais baixo do que o que eu esperava, seus cabelos eram caídos nos ombros e não revoltos sobre a cabeça...

                Meus olhos saltaram das orbitas no momento em que reconheci quem era.

                -Chamo para depor Renée Dwyer. – Chotas anunciou.


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Notas finais do capítulo

Obrigada antes de mais nada por TODOS OS REVIEWS!
Vocês não tem ideia do quanto me ajudou! sério, muito muito obrigada.
Juro que não quis fazer ninguém chorar, a final é uma comédia romântica... Mas eu quis fazer emocionante... Ai acho que até eu quase chorei kkk
O caso é que, infelizmente não sei MESMO quando irei conseguir postar novamente, bom, não quero que me abandonem falando isso, sério! Só quero sl, que vocês estejam preparados para uma pequena espera. Enquanto isso eu tenho outra fic se quiserem ler!! kkkk #Mershan...
Ms sério, eu tenho dois vest em Janeiro, um dia 6 e outro dia 19. Focarei mais de 1000% neles, juro que qualquer tempinho extra será dedicado à fic, mas não garanto achar esse tempo.
Perdaaaaaaaaaaaaaao !!!
Mas juro juro juroooooooooooo ser o mais breve q conseguir.
Rezem por mim
Comentem o que acharam [msm que tenham odiado plxxxx]
Até qualquer dia.
Feliz Ano novo, e até ano que vem
Deus abençoe a vocês