Marrying With The Devil escrita por Giihrsouza


Capítulo 14
Capítulo 13 - Cárcere.


Notas iniciais do capítulo

Demorei MUIIITO, mas ok ok, peço MIL desculpas depoiis no final, agora vou deixar vocês com um capítulo emocionante. Enjoy.



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Capítulo 13 – Cárcere.

Edward:

                Depois de amassar a cara de Jacob com um soco, Bella abraçou meu braço com medo evidente em seus olhos.

                “Edward, o que ele disse... Sobre você contratá-lo... É verdade?”

                “Lamento, mas não esperava me apaixonar tão loucamente por você. Sério, eu nunca ousaria te machucar, não agora. Eu estava cego... Me desculpa?”

                “Oh, é claro que sim!” – Bella disse rindo e me beijando apaixonadamente. – “A final eu te amo, Edward.”

                “Eu também, Bella”. – respondi com intensidade. – “Eu te amo. Muito mesmo”.

Behind Blue Eyes – Limp Bizkit

                Abri os olhos, incomodado com a claridade demasiada do dia ensolarado e infernal de Miami.  Não havia mais um traço de sono em mim, apesar de eu deseja-lo mais do que o ar para respirar, encarar o dia era algo bem mais difícil desde que tudo aconteceu.

                Havia se passado uma semana e dois dias. A semana e os dois dias mais longos de toda a minha vida.

                Bella permanecia hospitalizada sob observação constante. O desmaio no dia do Baile não fora tão simples quanto aparentou, pelo visto sua mente, em uma manobra de defesa, se apagou para protege-la do estresse que tudo causou. Os médicos diziam que os danos só seriam calculados com precisão depois que ela despertasse e que isso talvez demorasse um pouco.

                Charlie por outro lado estava internado em estado grave. Os médicos realizavam estudos detalhados para prepara-lo para uma cirurgia de vida ou morte. A bala disparada por Bella havia errado o órgão vital dele, mas atingido com força sua costela, estilhaçando-a perigosamente. Pelo que eu sabia, os médicos agora o mantinham em um coma induzido profundo, para evitar a menor atividade cardíaca possível, assim eles poderiam ganhar tempo para preparar a cirurgia. Ser montado na grana tinha lá seus benefícios.

                Bom, quanto a mim...

                Depois de fracassar na minha tentativa de ir visitar Bella – sua irmã Alice me impediu veemente nos dois dias que tentei, fazendo questão inclusive de me acusar de toda desgraça da sua vida – passei a maior parte do tempo no meu quarto e dando preocupação a todos meus familiares.

                Não comia muito, ou bebia água o suficiente. Eu simplesmente sucumbi a um estado letárgico nunca antes visto. Era como estar morrendo... Mas da pior forma. Morrendo por dentro.

                Minha mãe insistia com meu pai quanto a contratar um psicanalista para mim, meu pai dizia ser melhor esperar um pouco, também preocupado com a imagem delicada da empresa, agora que os urubus da mídia sondavam a história mais a fundo, cheirando a carniça da boa.

                Ninguém sabia o que realmente acontecera. Tudo que se sabia eram especulações sobre a falsa paternidade de Charlie e Bella, provavelmente fruto de uma aventura de Renée, sua mãe. Eu não conseguia admitir o quão frio e calculista fui em brincar com o coração que um dia tive a intenção de despedaçar mas que acabei me apaixonando.

                Tentei me livrar da sensação autodestrutiva enquanto pegava o telefone para fazer meu ritual diário. A linha foi atendida de prontidão no segundo toque e uma voz que se tornara familiar atendeu calorosamente.

                “Oi Edward, como vai?” – Samuel perguntou cordialmente.

                -Estou bem.  – Respondi, ninguém precisava saber a verdade, na verdade essas perguntas nunca esperavam mais do que o “estou bem e você” de sempre. Eram cordialidades e somente isso.

                “E ai, o que vai ser hoje?”

                -O de sempre, o mais bonito e com flores vermelhas. Desconte no meu cartão, por favor.

                “Hoje tenho frésias lindas! Pensei em fazer um buquê mais do campo, todo colorido e claro, com vermelho.”

                -Está ótimo, proceda como sempre.

                “Pode deixar.”

                Sam era o mesmo florista que comprei o buquê que Bella tanto amara e que acreditou ser um pedido de desculpas de Jacob. A verdade foi que ele se quer viu o buquê, fui eu quem pedi que Sam assinasse o cartão e entregasse, o único dever de Jacob era enviar a mensagem do celular que eu dera a ele...

                Sacudi a cabeça e afastei as lembranças que insistiam em me acusar da minha cabeça.

                “Edward, está ai? É para a mesma pessoa de sempre?” – A voz de Sam me tirou dos devaneios.

                -É sim, Sam.

                “Então está tudo bem, até amanhã”

                Me despedi e pus o telefone de lado.

                Assim acontecia desde que Bella entrara no hospital, eu ligava para Sam e encomendava um buquê, os mais lindos e com cores vermelhas. Minha única exigência e tudo porque vermelho era sua cor favorita. Logo depois, eu me sentava no computador, autorizava a transição do cartão e assim que o buquê chegava, uma enfermeira o posicionava do lado de Bella e tirava uma foto que era enviada para meu e-mail.

                Era o jeito que achei de pedir desculpas devagarzinho, de estar ao lado dela. Vaguei um pouco pelas cifras que eu tinha composto, todas diziam de um grande idiota que perdera a mulher que amava e de erros. Melancólicas, expressavam o que se passavam em meu coração quando a tristeza ficava muito grande.

                Para passar o tempo afinei meu violão novo e recém adquirido, o pus em outro tom e comecei a dedilha-lo distraidamente esperando a hora passar.

                Assim que olhei o relógio novamente me alarmei, estava demorando hoje demasiadamente. Foi quando eu pensei em ligar para o hospital que meu celular tocou.

                Era Sam.

                “Edward, não consegui entregar o buquê hoje. Aqui está um caos.”

                -O que houve? – Perguntei já temeroso pelo pior.

                “Bella acordou.”

Bella:

                Eu não me lembrava do tempo que passei dormindo no hospital.

                Para mim era como o dia seguinte do pior dia da minha vida. Do dia em que eu fui dilacerada por dentro e por fora, eu tinha ataduras em minhas mãos para comprovar o dano externo. Mas apesar disso, nada se comparava a sensação de ter cacos espalhados por seu peito, de sentir cada batida do coração doer, como se fosse sangue pulsando em um hematoma. Só a menção à lembrança dele, doía mais do que todas as agulhas intravenosas que estavam de baixo da minha pele.

                O cheiro de flores da bancada me fez desejar que elas pertencessem a um cortejo fúnebre, onde eu jamais desejei tanto estar e protagonizar.

                Mas o médico chegou e ficou animado em ver que minhas pupilas respondiam a luz corretamente e quando minha pulsação, apesar de fraquinha, estava ali, me mantendo viva. Ele anotou algumas coisas e me deu um sorrisinho, sem se quer se importar em retirar as agulhas que incomodavam minha pele.

                Ninguém me perguntou sobre o que aconteceu. E eu agradeci por isso.

                Alice também não estava ao meu lado, o que me deixou sem distrações o suficiente para não pensar no que aconteceu e foi inevitável não ver os flashes de lembrança passar por meus olhos.

                Eu estou aqui e nada de ruim vai te acontecer – Edward prometeu quando víamos um filme de terror.

                Senti uma lágrima escorrer pela minha bochecha esquerda, ela não significava aquilo que achei que deveria, a final eu deveria estar com raiva, vendo vermelho na minha frente. Planejando meu próximo movimento...

                Mas eu não conseguia.  Só sentia meu peito dilacerado bater dolorosamente, as lágrimas descerem e a sensação de que eu seria partida ao meio, tamanha a dor.

                Me abracei, como se isso fosse me manter junta com minha outra metade e assim fiquei por tempo que não sabia determinar. Somente quando senti uma mão soltar meu aperto de aço que vi minha irmã me olhar com angústia, acariciando uma toalha na minha testa que presumi estar lotada de suor.

                -Vai passar. Vai tudo melhorar. – Ela disse fazendo carinho no meu cabelo.

                Desejei muito poder acreditar naquelas palavras, mas como dizia o ditado: nada está tão ruim que não possa piorar.

                Senti lágrimas caírem na minha bochecha e que não pertenciam a mim, olhei para cima e lá estava Alice mordendo o lábio com tamanha força que o deixava esbranquiçado, sua expressão era de pura agonia e dor.

                -Alice, o que há?

                Ela se limitou a soluçar e continuar a acariciar meu cabelo.

                -Lice, por favor, me diga. – Disse me sentindo mal, a final eu tinha atirado em Charlie, e mesmo que eu o detestasse tanto quanto ele sempre fizera comigo, Alice o amava puramente. Desejei ter medido as consequências antes de atirar, a final, eu queria machuca-lo, não a Alice.

                -Charlie... Está bem né? – Evitei falar “vivo” ou mesmo “não está morto”.

                Ela sacudiu a cabeça afirmando.

                -Vai fazer cirurgias delicadas, mas os médicos disseram que farão de todo possível e que há chances favoráveis.

                -Então o que é essa sua cara como se alguém estivesse pra morrer?

                -É quase isso, Bella... – Ela soluçou alto e me abraçou. – Bella, um oficial de justiça veio aqui.

                Pisquei tentando assimilar as coisas.

                -Vou ser presa? – Perguntei sem emoção na minha voz.

                -Não, Bella, você será chamada a julgamento. Conversei com um advogado e ele disse que... Sua sentença pode ir de décadas à... Cadeira elétrica, caso comprovem que você é mentalmente perturbada.

                Abri minha boca completamente chocada.

                -Mas... Eu não matei ninguém! Eu não matei Charlie! Como posso ser sentenciada à pena máxima?

                -Você demonstrou um desequilíbrio grave de comportamento, te levando a um quase homicídio. Charlie é considerado um milagre divino aqui dentro, foi por centímetros! Bella, você pode morrer por causa disso, você entende que eu posso te perder e perder ao meu pai?

                E então Alice caiu em choro profundo. E eu fiquei paralisada por um minuto. Charlie tinha poder o suficiente para pegar uma equipe de advogados e me por em tal situação delicada, se ele não se importava comigo antes por não ser sua filha de verdade, ele não se importaria se eu morresse.

                -O que vamos fazer? – Alice perguntou fungando um pouco e controlando os soluços.

                -O que eu vou fazer – Corrigi a frase. – é a única chance que me resta.

                -E o que é?

                -Eu vou fugir.

Edward:

                Me senti com quinze anos, escorregando com cuidado pela corda de lençóis amarrados que fabriquei para fugir do meu cárcere privado. Caí com segurança no jardim de trás da mansão e corri até a garagem, tomando cuidado para me abaixar sempre que havia uma janela.

                Assim que alcancei a porta, acionei meu bip para levantar as portas eletrônicas e esperei até que elas abrissem o suficiente para eu entrar.

                -OLHA ELE ALI! – Ouvi um grito a distância e assim que me virei me deparei com um verdadeiro exercito, mas não com armas de fogo, algo mil vezes pior. Eram munidos de câmeras potentes de flash brancos como a luz do Sol, além de microfones e câmeras.

                E todos vinham em minha direção em um barulho desconexo.

                Por reflexo, me joguei no chão e rolei para a garagem, já correndo até o veículo que eu tinha prontamente a chave na mão. Desviei-me do meu Aston Martin Vanquish V12 e parti para a moto pomposa encostada no canto, praticamente abandonado por seu dono, seduzido demais pelas mordomias da realeza inglesa.

                Subi na Ducati abotoando o capacete, e desci o pé com força na alavanca para dar vida ao motor, que rugia como um leão em baixo de mim. Levantei o encosto e girei o pulso enquanto soltava a embreagem. Em poucos segundos, eu estava voando para fora da garagem já quase cercada de repórteres.

                Era hora de ir ver Bella.

[...]

                Meu período de reclusão havia deixado algo passar em branco. De tão preocupado que fiquei em quererem saber sobre a minha história com Bella e sobre as perguntas que poderiam nascer a partir dai, esqueci-me completamente do outro lado da moeda. O escândalo de Charlie Swan, empresário bem sucedido e milionário, ser atirado e quase morto por sua filha bastarda.

                A polícia estava parada na frente do hospital e chamava reforços enfurecidamente pelo rádio.

                -Algo errado policial? – Perguntei com a voz meio abafada pelo capacete que não retirei.

                - A bastarda Swan fugiu. Era para levarmos ela para aguardar o julgamento na cadeia e a bastarda fugiu.

                Bastarda... Era assim que a chamavam agora? Senti meu estômago girar e agradeci o policial o mais rápido que consegui. Bella provavelmente estava sendo acusada de homicídio doloso, quando há a intensão de matar, e isso poderia render a ela décadas e mais décadas de cárcere.

                Se os reforços chegassem, ela não teria chance de escapar do seu destino.

                Fiz a moto fazer a curva e comecei a andar com toda velocidade. Eu podia não saber exatamente onde Bella teria ido com sua fuga, mas ela era esperta o suficiente para chegar à algum lugar. Ela não fugiria sem dinheiro e nem sem a ajuda da sua irmã. Então para onde ela estava indo?

                Um estalo me fez recordar de uma outra vida, quando Bella havia perdido o Camaro para alguém que assinava como R e depois descobrimos se tratar de Renesmee Carlie, ex namorada do Jacob. A garota nos fez ir até um dos bairros mais afastados de Miami e um dos que mais tinham taxa de criminalidade.

                Um lugar onde Bella costumava frequentar.

                Ok, quer saber? Eu fugia pra cá. Frequentava alguns becos e algumas festinhas clandestinas, onde as pessoas vinham falar comigo porque me achavam bonita e divertida e não por causa da conta que meu pai tem no banco. Satisfeito?  - Bella me respondeu contrariada depois de discutirmos um pouco.

                O estacionamento era um lugar seguro, onde ela fugia dela mesma... Então porque agora seria diferente? Ninguém imaginaria que uma garota com mais de 100 milhões no bolso iria a um lugar desses.

                Com o coração acelerado só de imaginar encontra-la fiz o retorno na estrada principal e parti em direção ao velho estacionamento do Wall.

Bella:

                Puxei mais a touca do casaco extremamente largo para o rosto, o motorista do táxi havia parado de questionar sobre ir no bairro mais violento da cidade assim que lhe ofereci cem preciosos dólares para ele calar a boca e dirigir. Provavelmente devia pensar que eu era um bandido ou um traficante cheio da grana e queria se livrar de mim logo.

                Alice conseguira no quarto ao lado comprar uma bela muda de roupas masculinas de um homem que estava ali por causa de uma redução de estomago, por isso as roupas eram extremamente largas e junto com a calça bufante, ainda roubei um cinto de Alice, violando completamente o número de botões e fazendo um a mais.

                Em um total, era um bom disfarce. Ninguém me reconhecera, nem mesmo quando saí do hospital. Apenas uma repórter perguntara rápido sobre a filha bastarda Swan e eu engrossei a voz respondendo que não sabia quem era.

                Não pude evitar a pergunta principal: o que eu faria da minha vida de agora em diante?

                Eu estava em pedaços por causa da traição que sofri, mal tinha como ignorar a dor em meu peito que me tirava o ar e ameaçava me partir no meio. E agora eu era uma fugitiva da polícia.

                Minha vida estava acabada.

                Senti uma lágrima escapar pela minha bochecha esquerda e a tirei dali com o punho fechado. Eu sempre fui uma garota forte, sempre aguentei tudo. Porque agora que eu precisava ser essa garota novamente eu estava fraquejando?

                O táxi de repente parou e eu olhei para cima tentando ver onde estávamos e se já tínhamos chego e reparei que estávamos ainda no meio da rodovia.

                -Por que paramos?

                -É uma blitz policial. Não podemos seguir sem antes sermos interrogados. Não sei do que se trata.

                Pisquei várias vezes assimilando que minha fuga já tinha sido notada. Olhei para o lado especulando várias formas de me livrar dessa situação. Mas estávamos em cima de uma ponte, à vários metros do chão e fora o fato de que uma pessoa correndo pela estrada chamaria muito mais atenção.

                Agora sim, minha vida estava acabada.

                O policial bateu com o indicador dobrado no vidro, o homem do táxi abriu o vidro elétrico e uma lufada de ar quente entrou no carro.

                -Estamos procurando por uma garota de dezoito anos de nome Isabella Swan, ela fugiu a alguns minutos e especulamos que ela esteja tentando sair da cidade. Viu essa garota?

                O policial exibia uma foto minha tirada no retrato anual do colégio. Eu tinha o cabelo preso em um rabo de cavalo, mas meu rosto era ainda muito parecido, os mesmos olhos cor de chocolate, as mesmas bochechas coradas e o lábio inferior desproporcional.

                O taxista olhou para mim e logo em seguida o policial, o rosto exibindo puro reconhecimento.

Edward:

                Cheguei a tempo de ver Bella ser algemada e levada para fora do taxi. Pus o pé no chão para equilibrar a moto, o rosto de Bella estava retorcido em lágrimas e dor e isso me doeu internamente como uma faca. O pior era saber que eu era o culpado por tudo isso na vida dela.

                Nem todas as flores do mundo, poemas, músicas melancólicas... Iriam dizer com exatidão o quão arrependido eu estava de brincar com o único coração que amei em toda minha vida mais do que o meu próprio.

                Mas eu tinha a obrigação de reverter esse quadro. Eu devia a Bella uma vida saudável e feliz, do jeito que ela mantinha antes de eu entrar nela e fazer toda bagunça.

                A empresa de Charlie estava agindo em nome dele para dar um mandato de tentativa de homicídio em Bella, eles tinham poder, isso era certo. Mas a lei estava a favor de Bella em um quesito: ela não atirou em Charlie conscientemente. Ela estava completamente fora do seu normal em um stress tão grande e traumático que a levou a ficar internada semanas em um hospital.

                A lei levava isso em conta. Ela não poderia se quer responder criminalmente por isso.

                Pus a moto em movimento novamente para fazer o retorno, enquanto eu pensava em qual era o melhor advogado que meu pai conhecia para ajudar Bella nesse caso.

[...]

Bella:

                O silêncio era absoluto, interrompido apenas pelo barulho fraco da minha respiração que eu sabia que poderia ser passado despercebido caso eu levantasse a cabeça.

                Mas eu não conseguia mais encarar a cela que eu estava detida havia mais de três horas porque tudo era exatamente igual e a sensação claustrofóbica já me sondava. Eram três paredes, sem contar com as grades metálicas a frente me prendendo como um animal, havia um banheiro precário que não dava a privacidade necessária para usá-lo e também uma banqueta que tinha um colchão em cima formando uma cama.

                Eu queria poder gritar com todos que o que fiz foi nada mais do que Charlie sempre mereceu por ter me tratado como párea por toda vida. Charlie não leu um cartão se quer que fiz com todo amor e carinho no dia dos pais, até mesmo quando eu juntava dinheiro para comprar o mais caro ele simplesmente o olhava friamente e o botava de lado, até que decidi me privar desse sofrimento e nunca mais o fiz.

                Mas até tomar essa decisão foi duro.

                Porque até lá eu tinha assistido a segregação e aos poucos fui entendendo-a como se fosse minha culpa. Por mais que eu me esforçasse, por mais que eu tentasse... Nunca consegui alcançar um singelo “estou orgulhoso” ou menos do que isso. Apenas um frio elogio de uma ou duas palavras e olhe lá.

                O problema não era comigo e descobrir isso do jeito que eu descobri me fez simplesmente querer gritar, chorar, mata-lo... Me matar.

                Apertei os olhos tentando me concentrar na respiração que eu tinha perdido com a dor intensa no peito. Em uma noite, uma noite ordinária, eu tinha perdido tudo.

                Tudo que eu queria no mundo era voltar na semana, queria poder voltar. Só queria uma chance de poder ser feliz, ou menos que isso, só que eu não estivesse triste. Eu poderia ter um emprego de garçonete em um café de Nova Iorque, qualquer coisa... Só queria poder ser outra pessoa, com outra realidade, uma na qual eu conseguisse lidar com os problemas e que eles fossem meramente normais.

                Suspirei e fiquei a ouvir o som ecoar na cela.

                -Isabella Cullen.

                Levantei a cabeça realmente querendo socar o cartório no dia em que não pude manter meu sobrenome. Principalmente porque eu tinha sido “sacrificada” em nome da empresa que pensei um dia ser herdeira e não era.

                -Sim?

                O policial que falara comigo estava destrancando a cela quando me respondeu.

                -Você está sendo chamada na sala da direção. Tem uma papelada para assinar e depois dela você poderá ir embora. – Respondeu ele enquanto puxava a porta da grade, o barulho de ferro sendo arrastado por falta de lubrificação machucou meus ouvidos.

                Pisquei atônita.

                -Alguém pagou um advogado para mim.

                -Ao que parece sim, por favor me dê seus pulsos.         

                Depois de devidamente algemada fui levada até o final do corredor onde uma porta adornada com um retângulo identificando o tenente, que dirigia a prisão: Tenente Lawrence McGuinty.

                -Isabella Cullen, - O tenente me cumprimentou com uma voz cansada. – pelo visto conseguiu quem te livrasse do cárcere.

                Pensei em minha irmã, com certeza era ela! E sorri.

                -Pois é, o policial disse que tinha uma papelada... Gostaria de acertá-la e ir logo para casa, se não se importa.

                O tenente sorriu com minha ansiedade e me entregou.

                -Não quer que eu a explique?

                -Seja rápido.

                -Terá de ficar em prisão domiciliar e comparecer para julgamento.

                -Moleza, onde assino?

                -Mais uma coisa. – Disse ele erguendo uma caneta próximo a mim. – Terá de usar uma tornoseleira eletrônica, que irá apitar caso esteja se distanciando do ponto...

                -Ta, ta! Nada de sair de casa. Entendi.

                -Desobedeça e voltará. – Ele ameaçou.

                -Não irei.

                -Então, aqui está.

                Assinei tudo sem ler e assim que as algemas foram abertas eu senti que poderia chorar de emoção, eu iria para casa!

[...]

                O gosto da liberdade estava em tudo, mas principalmente no céu, de onde eu mal desgrudei os olhos desde que entrei na radiopatrulha. Fiquei a admirar o crepúsculo que pintava o céu de Miami Beach de rosa e roxo, estranhamente senti vontade de aplaudir aquele lindo por do sol, mas iria parecer muito hippie da minha parte.

                Claro que eu não estava alheia aos policiais do meu lado nem muito menos do policial sobre o qual eu debruçava para poder ver o céu. Mas este parecia já ter aceitado que eu ficaria todo trajeto desse jeito e parecia faltar pouco para ele se apoiar nas minhas costas para melhor se acomodar.

                Eu não me incomodaria. Desde que eu chegasse logo.

                Já pensava em como agradecer a Alice. Talvez com um dia de compras daqueles que ela sempre amou em fazer ou mesmo deixa-la se divertir as minhas custas... Eu faria qualquer coisa, seria até a Barbie humana dela se ela quisesse, porque nada se compararia a gratidão que eu sentia por ela me tirar daquele lugar.

                Os freios foram acionados e eu finalmente desviei meu olhar do céu. Já podia ver o que meus olhos ainda não viam, a grande mansão em tons pastéis majestosa e intimidadora com seu imenso jardim...

                Assim que me retiraram do veículo eu senti a brisa da maresia muito forte. Na mansão não havia maresia...

                Pisquei três vezes ao ver para onde eu tinha realmente vindo. Era a casinha feita de madeira branca, não era simplória, mas se comparada a mansão era mais um quartinho de empregados do que uma casa.

                A porta da frente estava aberta, e ali eu vi o meu inferno na terra ser equipado com uma tornoseleira eletrônica... Igual a minha. A minha tornoseleira começou a emitir um pequeno bip e o policial me orientou que eu me aproximasse da casa, como não me mexi ele me arrastou e o bip cessou assim que eu estava a pelo menos dois metros de distância de Edward.

                Foi então que minha ficha caiu.

                Não fora Alice quem mandara um advogado cheio de papeis para me salvar, ela ainda estava no hospital cuidando para que nosso pai fosse bem tratado e provavelmente se quer sabia que eu tinha ficado presa e que minha fuga fora em vão. Fora Edward quem me salvara e agora me trancafiara em casa junto dele sabe-se Deus até quando...

                -Bem vinda ao lar novamente, querida. – Ele falou amistosamente, mas sua voz era um pouco mais nervosa para isso.

                Assim que ouvi a viatura policial partir eu saí da inercia e explodi.


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Notas finais do capítulo

Gente, me desculpe, de verdade.
Fiz meu primeiro vest para Medicina e simplesmente me dediquei a ele com todo meu coração e isso me tirou muito mas muito do meu tempo para parar e vir aqui postar para vocês.
O capítulo foi reescrito trocentas vezes também e minha imaginação está tão seca quanto o deserto do Saara, então me desculpem por isso também.
Espero que vocês tenham paciência, eu espero não demorar tanto mais, mas o final de ano é complicado para mim.
Mas eu NÃO abandoonareia MWTD!!!
Espero que tenham gostado, muita coisa ainda ta pra vir e estamos quase no fim!! ;'/
Deixem Reviews e se puderem recomendem a Fic!!
Obrigada aos que se juntaram a fic recentemente e também aos que comentaram o último capítulo, juro que não sei como ninguém percebeu o que eu tramava. Quando eu escrevia os capítulos e as brechas para serem montadas nesse cap 12 eu jurava que um dia alguma de vocês iria descobrir tudo!!!
Obrigada pelo apoio, obrigada por não desistirem da MWTD!!
Amo vocês e conto com suas orações para eu me dar bem no Enem e nos trocentos outros vest que vem por ai.
Deus nos abençoe.
Beijs
Giihrsouza.