O amanhecer demorou para chegar, mas chegou.

Emmett e Rosalie já estavam em casa, todos prontos para ir á escola. Alice abriu a porta do quarto e ficou me olhando.

            __ Minhas visões continuam mudando, Edward...

            __ Você que pediu para Alexandre chamar meu pai – Não era uma pregunta.

            __ Você precisava escutar e ninguém melhor que seu pai para fazer isso... Já estamos saindo para a escola, espero que você decidida e se sinta melhor com sua escola.

Ela saiu do meu quarto me deixando com meus pensamentos.

Não sei se foi consciente ou inconsciente, mas resolvi ir com eles até a escola, não sabia se entraria ou não. Mas nem que fosse uma ultima vez, queria vê-la.

Ela aos poucos entrou em meu campo de visão, seus olhos na estrada e suas mãos segurando com força o volante. Ela parecia ansiosa com algo. Levei um segundo para entender o que o algo seria, para perceber que todo humano tinha a mesma expressão hoje. Ah, a estrada estava escorregadia por causa do gelo, e eles estavam todos dirigindo com cuidado. Eu podia ver que ela levava o risco a sério. Devia ter acabado de deixar o menino na creche.

Aquilo parecia alinhado com o pouco que eu já aprendera sobre sua personalidade. Adicionei aquilo à pequena lista: ela era uma pessoa séria, responsável. Isso não me surpreendia, uma vez que ela cuidava do filho sem ajuda.

Ela estacionou não muito longe de mim, mas ainda não notara minha presença. Pensei no que ela faria quando percebesse? Coraria e iria embora?

Aquele era meu primeiro palpite. Mas talvez ela me encarasse de volta. Talvez ela viesse falar comigo.

Inspirei fundo, enchendo meus pulmões. Esperançoso, apenas por precaução. Porque eu estava tão esperançoso, isso não podia acontecer. Meu plano era ir embora e não ficar conversando.

Ela saiu da picape com cuidado, testando o chão escorregadio antes que ela pusesse todo seu peso nele. Não olhou para cima, e isso me frustrou. Talvez eu devesse falar com ela…

Não, isso seria errado.

Ao invés de virar em direção ao colégio, ela caminhou até a traseira da picape, segurando-se no lado da picape de um jeito atrapalhado, não confiando em seus passos. Isso me fez sorrir, e eu senti os olhos de Alice em meu rosto sorrindo também.

Rapidamente ela concluiu.

            “Você vai ficar” – Disse feliz.

Não prestei atenção no resto - eu estava me divertindo muito observando a garota checar as correntes nos pneus. Ela realmente parecia que estava prestes a escorregar, da maneira que seus pés deslizavam no chão. Ninguém mais parecia ter o mesmo problema - teria ela estacionado na pior parte do gelo?

Ela parou por um momento, olhando para os pneus com uma expressão estranha no rosto. Era… ternura? Como se algo com relação aos pneus a deixasse… emocionada?

Mas porque aquilo? Eram só correntes.

Novamente, a curiosidade doeu como a sede. Era como se eu precisasse saber o que ela estava pensando - como se mais nada importasse.

Eu iria falar com ela. Ela parecia que precisava de uma ajuda de qualquer modo, pelo menos até que ela estivesse fora da zona escorregadia de gelo. Claro, eu não poderia lhe oferecer ajuda, não é? Hesitei, dividido. Por mais contrária que ela parecia com relação à neve, dificilmente ela acharia agradável o toque de minhas mãos brancas e frias. Eu devia ter usado luvas, não sabia como agir.

            __ Seja você mesmo – Sussurrou Alice perto de mim – Mas aconselho que espere ate estarem na aula de Biologia, Rosalie já está nervosa o suficiente.

Eu não estava me importando com os pensamentos de Rosalie no momento. No momento só queria seguir o conselho de meu pai... Tentar ser feliz.