All About Us escrita por Ace


Capítulo 1
Tudo Sobre Nós


Notas iniciais do capítulo

Musica: All About Us
Artista: He is We feat. Owl City
Album: My Forever
Musica/Tradução/Letra:
http://letras.terra.com.br/owl-city/1961270/#traducao



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Em um único tom forte, o piano acabou a musica bruscamente. Ele se virou pra mim com um olhar meio indignado através dos óculos.

-Você quer o que, Gilbert? –Perguntou, incomodado e de tom irônico.

-Me ensine a dançar. –Falei de novo, engolindo meu orgulho. –Eu preciso que você me ensine a dançar. –Dei um meio sorriso encabulado e virei o rosto corado pro outro lado. Eu parecia uma garota diante dele.

-Porque eu o faria? –Perguntou, voltando a tocar piano.

-Pelos bons e velhos tempos? –Questionei, dando outro sorriso.

-Que bons e velhos tempos? –Rebateu, ele podia me dar um tapa pra doer menos, né?

-Os tempos antes de conhecermos a Elizaveta. –Falei, toquei seu ombro, ele se virou pra mim meio corado. –Quando éramos só eu e você. –Falei, mais baixo e roucamente, como um reflexo especial pra falar assim com ele.

-Prometa nunca mais falar assim e eu faço. –Falou, se levantando de repente e me puxando pro meio do salão.

Take my hand, I'll teach you to dance.

I'll spin you around, won't let you fall down.

Would you let me lead, you can step on my feet.

Give it a try, it'll be alright.

Nós nos posicionamos no meio da sala, com o coração batendo um tanto descompassado. Olhei pra outro lado enquanto ele segurava minha mão e a guiava até a cintura dele. –Você coloca a mão na minha cintura e eu no seu ombro. –Falou, colocando a mão no meu ombro e então estendendo a outra mão. –Agora você segura minha mão como se desse apoio a ela. –E segurei sua mão, como que pedindo-o em casamento. Que pensamento estranho. –Agora você me guia pela cintura pra direita.

Lentamente, uma pequena pressão foi aplicada na cintura dele, e desse jeito, eu o empurrei de leve no som da valsa, ele segurava no meu ombro, respirando devagar, e então, com a mesma pressão, continuamos a girar pelo salão. Lentamente, eu entendia os mecanismos da dança e de certa forma dele.

A parte mais estranha de tudo aquilo, acho que foi quando ele deu um gemido de leve por alguma pressão que eu apliquei na cintura dele, eu corei vendo ele fazer aquilo e quase me recolhi daquela aula, mas eu precisava aprender aquilo e mostrar pra Elizaveta que eu serviria pra ela.

Era estranho que ainda assim, cada passo fazia o Roderich ficar mais bonitinho.

The room's hush, hush,

And now's our moment.

Take it in feel it all and hold it.

Eyes on you, eyes on me.

We're doing this right.

Fiquei fraco por alguns momentos assistindo as bochechas rubras do Roderich e o cabelo tentando esconder, fazendo ele parecer ainda mais bonito. Larguei um pouco a cintura dele e levantei seu queixo, na ideia de olhar direto nos olhos dele. Naquelas brilhantes orbes que me hipnotizavam as vezes.

Ele insistia em virar a cabeça sempre que possível, mas eu gostei de ver ele assim. Não intimidado ou coisa do gênero, gostei de ver ele assim, bonitinho, encabulado, indefeso, sem ser protegido por uma barreira de frieza.

Precisei tocar na mão dele e juntar nossas cinturas pra ver o quanto ele era quentinho.

-Roderich? –Perguntei, ele mirou meus olhos vermelhos, como se esperasse alguém dizer: “Já chega, ta bom, eu cansei disso”. –Porque a valsa é dançada por casais e só em coisas melosas? –Por um instante, quase deixei escapar a palavra romântica.

-Porque é uma dança que deixa os corpos muito próximos, as letras falam todas de amor, e quando você fica muito perto de uma pessoa que gosta, você percebe que gosta dela... por que...

-Porque... –Questionei, me abaixando um pouco pra ver o rosto que ele escondia.

-Porque... você se sente bobo, meio tolo como se pudesse tropeçar, mas aquela pessoa estaria ali pra segurar você como se fosse algum tipo de príncipe e... –Ele nem terminou a frase quando escorregou por causa das pernas bambas como de fossem varas numa ventania. Eu o segurei.

Cause lovers dance when they're feeling in love.

Spotlight shinning, it's all about us.

It's oh, oh, oh, oh, all about uh, uh, uh, uh, us.

And every heart in the room will melt,

This is a feeling I've never felt but,

It's oh, oh, all about us.

Seu rosto estava muito perto do meu, segurava sua cintura com uma mão e sua mão com outra e estava inclinado quase na direção da sua boca, sentia o cheiro de frutas vermelhas que ele exalava. Era bem apaixonante pra ser sincero, como uma colônia usada pra seduzir.

Corei de novo e simplesmente o ajudei a se levantar e me virei pro outro lado, eu me sentia... daquele jeito meio que tão... bobo.

-Tenho que ajeitar algumas coisas aqui em casa. –Roderich se virou, em direção a porta. –Estava dançando muito bem pra uma primeira vez.

-Acha que a Elizaveta vai gostar? –Perguntei, tentando recuperar minha masculinidade na frente dele.

Ele não se virou pra mim, mas vi seus músculos tencionarem nos ombros, e então, desabarem, em um som mudo. –Vai adorar ter você como parceiro. –A voz dele estava trêmula e então, correu pra fora da sala.

Pra um aristocrata como ele, ele perde a compostura muito fácil. Ele parecia até querer me acertar por causa do comentário. Eu fiquei parado na sala durante algum tempo, sem saber exatamente o que fazer ou porque eu sentia a falta dele.

Suddenly, I'm feeling brave.

I don't know what's got into me,

Why I feel this way.

Can we dance, real slow?

Can I hold you

Can I hold you close?

The room's hush, hush,

And now's our moment.

Take it in feel it all and hold it.

Eyes on you, eyes on me.

We're doing this right.

Eu não sei porque, mas evitei falar com Roderich durante o máximo de tempo possível, afinal, de um jeito ou de outro, foi um tanto estranho. Ter ele tão perto de mim, depois ter segurado ele com aquele papo de príncipe e se sentir bobo, tolo, ficar envergonhado e corado por estar muito perto dele e sentir o cheiro de frutas vermelhas que vinha daquela pele branquinha e daquele rosto corado em tons rosas que me parecem tecidos que Deus usaria no seu pijama mais fino.

Que porcaria é essa?

Quem no inferno fica recitando essa porcaria?

Chegava o dia em que eu passava pelo salão e demorava algum tempo, como que esperando que ele aparecesse e me convidasse pra dançar, e ficava lá, esperando alguns minutos, me enganado com coisas como, “meu sapato está desamarrado”, “Acho que tem algo no meu olho” ou, o pior de todos, “talvez a Elizaveta passe por aqui”. Eu não queria ver a Elizaveta, eu queria ver o Roderich, e não sei de que adiantava me enganar.

Cause lovers dance when they're feeling in love.

Spotlight shinning, it's all about us.

It's oh, oh, oh, oh, all about uh, uh, uh, uh, us.

And every heart in the room will melt,

This is a feeling I've never felt but,

It's oh, oh, all about us.

Do you hear that, love?

They're playing our song.

Do you think we're ready?

Oh I'm really feeling it.

Do you hear that, love?

Do you hear that, love?

Uma veia minha me dizia pra ir até ele e dançar ao menos uma ultima vez, outra veia orgulhosa dizia pra que abrir mão e ir logo atrás da Elizaveta pra dizer que eu já sabia dançar, mas algo realmente me dizia pra voltar lá e garantir que eu sabia passos o suficiente. Entrei naquele salão, vi ele solitário lá, cantando, a voz dele, aveludada e hipnotizou me obrigou a fazer pouco barulho enquanto eu fechava a porta e me sentava perto dele, ele percebeu, mas não parou.

Sorri de canto e o observei enquanto os lábios dele aceleravam e desaceleravam conforme a musica evoluía. Lentamente, eu começava a cantar com ele, enquanto sua mão direita era uma realidade distante, estendi minha mão direita até a sua esquerda, a encobrindo e a fazendo sentir o calor e parando de tocar. Esse não era meu objetivo, podia ouvir aquela musica durante séculos, e ainda mais com aquela voz sem nunca me cansar. Movi meus dedos lentamente descendo pela sua palma até poder levantá-la, a dando o apoio, ele corou enquanto eu trazia sua mão pra perto da minha boca e a beijava e logo depois, meus lábios eram levados pra perto de seus ouvidos e cochichavam, apetitosos:

-Posso ter a honra dessa dança, meu lorde? –Questionei, sabendo que a resposta que sairia daqueles lábios vermelhos e corados, seria um sim que logo veio. Guiei-o pro meio do salão e então, pousei delicadamente minha mão em sua cintura e permiti seu braço se colocar em meu ombro, e então começarmos, em passos lentos pra direita pra esquerda e então pra direita, meio descompassados e lentamente, corando com a aproximação, mas era uma coloração que eu achava linda nele.

Do you hear that, love?

They're playing our song.

Do you think we're ready yet?

Love I'm really feeling it.

Do you hear that love?

Do you hear that love?

-Você já se sente bobo? –Perguntei, sorrindo de leve pra ele, que se virou lentamente pra mim, no silêncio daquele lugar, até mesmo a respiração dele era possível prestar toda a minha atenção.

-Desculpe, não costumo me sentir assim enquanto danço. –Falou, talvez fosse um acidente, mas ele se aproximou mais de mim. –Assim, meio bobo, eu me sinto...

-Bobo? –Ri um pouco, vi ele se encolher um pouco na minha direção.

-É, pode se dizer isso. E você, você se sente bobo? –Perguntou, enquanto olhava diretamente nos meus olhos.

-Eu nunca me sinto bobo. –Falei, prepotente, mas ele deu uma risada fofa. –Mas acho que isso é uma exceção.

Continuamos a dançar, eu o conduzi dançando pelo salão, talvez fosse estranho, talvez não fosse, talvez fosse apenas novo, talvez já estivéssemos preparados pra isso.

Talvez sempre devesse ser assim. Talvez seja só bobeira nossa mesmo.

-Eu sinto que se eu cair, você vai segurar. –Falou, me surpreendendo. –Isso é muito bobo, não é? Eu tinha que dizer isso, desculpa. Acho que alguma coisa ta me fazendo falar essas coisas estranhas e não sei exatamente o que eu tenho que fazer agora, é tudo tão... bobo...

-O amor é assim mesmo. –Não me reconheci naquela frase corando e vendo ele ali, sorrindo bobo pra mim, como se estivesse esperando eu dizer aquilo.

Do you hear that, love?

They're playing our song.

Do you think we're ready yet?

Love I'm really feeling it.

Do you hear that love?

Do you hear that love?

Segurou meu rosto e se aproximou de mim, a aproximação foi súbita e os lábios dele se pressionaram dos meus, e eu fiquei sem ar naquele momento, era ainda mais doce que o seu cheiro. Fiquei sem saber o que fazer, até ver ele abraçando meu pescoço e então, eu o abracei pela cintura, me encaixando naquele corpo austríaco menor que o meu e extremamente delicada, como se fosse feito de porcelana.

Com minhas mãos na sua cintura, eu o guiei pela sala, girando e rindo de vez em quando, quando desfazíamos nosso beijo pra pegar ar, eu só podia sentir e querer sentir cada vez mais o calor e o corpo dele contra o meu, isso me deixava tão sem ar, e sem norte que ele parecia ser a única realidade palpável ali, e por isso, eu o apalpava sem pudor.

Senti ele sorrir de leve algumas vezes enquanto rodopiávamos por ai e minha língua massageava a dele, explorando aquela boca quente que eu adoraria sentir também em outros lugares. Obvio, não iria contar pra ele no sentido de não estragar o momento que nós temos juntos. Segurei agora sua nuca, forcando ainda mais seus lábios contra meus e sua língua contra minha, coisa que ele aceitou prontamente, disposto a se entregar de corpo e alma pra mim, com o coração aberto pra eu entrar.

Era realmente... bobo. Era, era sim meio bobo.

Lovers dance when they're feeling in love.

Spotlight shinning, it's all about us.

It's all about us

It's all, all, all, all.

Every heart in the room will melt,

This is a feeling I've never felt, but

It's all, all about us.

Nossas bocas se separaram, eu procurava mais oxigênio, e ele parecia ter se recuperado de algo muito intenso. –Como se sente agora?

-Continuo me sentindo bobo. –Sorriu, feliz.

-O amor é meio bobo assim. Ele faz você fazer coisas idiotas por uma pessoa boba que geralmente fica abobada e então...

-Você ta sendo bobo falando esse tipo de coisa. –Ele sorriu, segurando meu rosto de novo, e eu correspondi, segurando sua cintura, só então, percebendo que ele começou a chorar.

-Eu... me desculpa... eu não sei exatamente como me sentir agora, eu me sinto feliz, mas parece ser tão idiota comemorar um único beijo. Parece bobo pra mim. Você me faz sentir bobo, e eu não sei por que essa bobeira toda me faz querer te beijar mais. –Ele continuou, com as lágrimas saindo pelos lados.

-Somos dois bobos apaixonados, isso ta bom pra você? –Sorri, segurando seu queixo e o beijando de novo. –É normal se sentir bobo quando se ama, é bobo amar, é meio tolo e ai nós fazemos coisas bobas. Tipo nos beijar agora.

E assim, nos beijamos de novo, ele tinha um gosto que me deixava abobado só por que era ele que estava ali, eram dele aquelas lágrimas que estavam molhando meu rosto, as mãos que seguravam meu rosto, a cintura que eu segurava, o calor que me transmitia e o gosto de chá, era tudo ele.

Aquela bobeira toda, aquele amor todo era tudo sobre nós.

Cause lovers dance when they're feeling in love.

Spotlight shinning, it's all about us.

It's oh, oh, oh, oh, all about uh, uh, uh, uh, us.

(hey-ey hey)

And every heart in the room will melt,

This is a feeling I've never felt but,

It's oh, oh, all,

It's all about us


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Notas finais do capítulo

Essa história é na verdade um spin-off adiantado de outra fic focada nesse casal que eu ainda vo fazer chamada: "The Enchanted Violet Vanilla Opera" literalmente: "A Opera Violeta Encantada de Baunilha" tudo bem que o titulo é bem non-sense, mas vai fazer sentido quando lerem, tem partes de Gerita, AmeCan, SuFin entre outros