(Primeira Semana)

Merlin, eu preciso de ajuda com um trabalho de Transfiguração!

Oh, eu não sou Merlin, me desculpe, não posso ajudar.

...

(Segunda Semana)

Seja sincera, você acha que a Barton é muito estranha.

Por Merlin IPA, você realmente não está pensando em sair com ela não é?

Na verdade eu só queria sua ajuda porque um amigo meu quer sair com ela e eu estou tentando convencê-lo a não fazer isso.

Apenas explique a ele que o que ela tem no meio das pernas, é bem parecido com o seu.

Informação demais.

Haha

...

(Terceira Semana)

Eu estava pensando em convidar o Erick da Corvinal para sair, você acha que ele aceitaria?

Depende

Do quê?

Você é um garoto ou uma garota?

Oh, entendi.

As aparências enganam

...

(Quarta semana)

Vou ter de ir.

Não! Espera, eu ainda não acabei de te contar o que o meu amigo fez.

Não é sério, tenho de ir. Depois você me conta. Minha prima está dizendo que se eu não for para Hogsmead com ela que vai me internar no St. Mungus porque eu não saio nunca.

Diga para sua prima que...

Depois.

E nenhuma outra linha apareceu. Eu fiquei ali, apenas encarando o caderninho verde à minha frente como se estivesse esperando que ele começasse a dar cambalhotas ou qualquer coisa do tipo.

Um mês, duas horas, três minutos e trinta e um, agora dois segundos desde que eu comecei a ser amigo oficialmente da AGD. E agora ela vinha com um simples ‘Depois’ e não falava mais nada?

– Scorpius – Albus me chamou e eu ergui os olhos para ele.

– Ãhn? – perguntei ainda meio alheio sobre o que ele estava falando.

– Anda cara, levanta essa bunda gorda desse sofá que você vai até Hogsmead comigo – ele disse e parecia irritado.

– Wow, espera ai, que irritação toda é essa? – Perguntei, erguendo as mãos para cima.

– É você e o modo como está agindo ultimamente! Você passa o tempo todo ai, fazendo sabe-se lá o que com esse livrinho e nem está vendo a vida passar! – Albus se exaltou e eu ergui uma sobrancelha para ele. Desde quando ele deveria estar assim e eu não sabia?

– Hey, calminha ai campeão! – Eu levantei de onde estava e o encarei. – Desculpa okay? O que foi que eu te fiz?

Albus passou a mão pelos cabelos e bufou.

– Não foi você – ele resmungou.

– Foi quem então? – perguntei, pela primeira vez em algum bom tempo preocupado com algo que não estava relacionado com aquele diário.

– Foi a Rachel – ele disse e eu o encarei sem entender.

– Você está com a Rachel? – perguntei perplexo.

– Não, eu não estou!

– E qual é o problema então? – perguntei indo até ele.

– É exatamente isso! Eu não estou com ela. Sabe o quanto isso é triste? E eu pensei que ela gostasse de mim – Albus balançou a cabeça e eu ri.

– Albus, se você gosta da garota, porque não chega nela?

– Eu já tentei – ele disse.

– O quê? Você não está contando que aquela tentativa de cantar a música ‘Fallen for You’ das Esquisitonas enquanto tomava uma garrafa de Cerveja Amanteigada sem parar conte para alguma coisa não é?Merlin cara, ela provavelmente pensou que você fosse um bêbado ensandecido – eu disse.

– Eu tinha descoberto que aquela era a música favorita dela e que a bebida que ela mais gosta é cerveja amanteigada – ele disse com os olhos verdes brilhando. Eu ri.

– Sim, e porque não juntar os dois não é mesmo? – Albus me deu um forte soco no ombro direito e saiu a passos largos pela porta da sala comunal. – Hey, me desculpe – eu disse quando finalmente cheguei até ele.- Eu ando meio estressado e descontei em você.

– O que é que tem naquele livro verde? – Albus perguntou encarando-me fixamente. Desviei os olhos.

– É só, bem, não é nada importante – eu disse.

– Se não é tão importante então porque você não me conta – Albus parou de andar e ficou em minha frente, impedindo que eu continuasse o caminho. – Não pense que sou idiota Scorpius – e naquele momento ele não parecia nenhum pouco bobo.

– Olha, eu sei que você não é idiota okay? Mas aquilo é pessoal – eu disse e tentei passar por ele.

– A pinta que eu tenho na minha bunda também é pessoal e você sabe que ela existe – Albus falou no exato momento em que duas garotas saiam pelas portas do castelo.

– Cale a boca – eu pus a mão em sua boca e senti meu rosto esquentar fortemente.

– Albus, eu sempre soube que seus gostos eram estranhos, mas o Malfoy?

Nós dois viramos e vimos o primo absurdamente ruivo de Albus com um sorriso sacana no rosto.

– Hey, Hugo – eu cumprimentei.

Hugo não dava bola para essas coisas de ‘casas’, era um cara legal que, tirando o fato de comer demais, era bastante engraçado.

– Scorpius, ou será que agora você é meu parente? – ele ergueu as sobrancelhas e riu maliciosamente.

– Ah, cale essa sua boca! – Albus deu um soco no ombro de Hugo e deu as costas para nós dois, caminhando rapidamente para os portões da escola.

Hugo me encarou indagativamente

– É a TPM – eu disse e ele riu.

– Hugo! Caramba, para quê correr tanto? – a irritante voz de Lily Potter preencheu meus ouvidos e eu revirei os olhos. Ela falava demais. – Ah não, você não vai ficar nesse passeio em Hogsmead andando com esse cara, não é? – ela me indicou com a cabeça, mas eu não estava prestando atenção.

Um pouco mais atrás, com os cabelos ruivos esvoaçando ao vento, estava Rose Weasley.

Ultimamente – para falar a verdade, desde que comecei a conversar com AGD – eu tentava evitá-la ao máximo. E ficar tanto tempo sem sonhar com ela me deu a esperança de que talvez aquela loucura toda tivesse passado.

Grande ilusão.

Vê-la assim era ainda pior do que sonhar com ela todas as noites. Merlin, porque Rose Weasley? Porque não Rachel não sei o que lá da Corvinal? Até mesmo Lily Potter era melhor do que gos... NÃO! Do que se sentir atraído por ela.

Ser amigo de Hugo era uma coisa, mas ficar a fim de uma Weasley? Era rezar muito para meu pai não ter um infarto.

– Porque não vamos todos juntos? – Hugo abriu os braços. – Deixar essas birras de lado?

– Ah claro, mas só se tiver uma jaula para esse filhote de doninha – a Weasley falou, encarando-me com nojo.

– Sério? E eu só vou se você estiver presa em uma camisa de força – eu disse, completamente irritado.

– Me poupe Malfoy – ela disse e arqueou as sobrancelhas. – Não estava falando com você – ela riu maliciosamente. – Mas se quiser levá-lo Hugo, fique à vontade, eu sou contra o maltrato aos animais.

Se a Weasley fosse um homem, eu provavelmente teria atirado-a longe. Mas como ela era uma mulher, eu só podia encará-la com toda a minha raiva e ficar imaginando o porquê de eu sonhar com aquela... Aquela... Hunf.

– Ah, parem com isso vocês os dois – Hugo disse e abraçou Rose pelos ombros. – Já basta Albus irritado, vocês dois também não.

Eu revirei os olhos.

– Quer saber, vou ir atrás do Albus – eu disse e dei as costas para eles. – A gente se vê em Hogsmead.

Caminhei rapidamente pela saída da escola e ao longe na estradinha tortuosa que levava ao povoado, um emaranhado de cabelos pretos chamou minha atenção. Era Albus. E ele estava acompanhado.

Desacelerei.

Eu não ia interrompê-lo.

– Malfoy – alguém me chamou e eu virei para ver quem era.

Rose Weasley. E ela parecia bastante irritada.

– Quê? – eu resmunguei, irritado.

– Eu vou com você para Hogsmead – ela disse tudo muito rápido e começou a caminhar ao meu lado.

– Você vai o quê? – perguntei abismado.

– Você é lerdo ou apenas finge? – ela me encarou. – Oh não, nem responda. Você é lerdo mesmo – ela balançou a cabeça negativamente. – Se eu soubesse que Lily me convidou para vir à Hogsmead apenas para ficar com o Hugo nem teria vindo. Imagina só, ter de acabar o dia caminhando com você.

– Hey! Eu nem te convidei para vir comigo, você está aqui porque quer – eu disse, finalmente processando a informação de que ela realmente estava ali falando comigo sem ser aos gritos e se oferecendo para passar o dia comigo.

Weasley suspirou pesadamente e me encarou.

– Vamos fazer o seguinte – ela disse. – Eu finjo que você não é o Malfoy idiota e você finge que eu não sou a Weasley de quem não gosta. Nós passamos o dia sem mais problemas – ela sorriu.

– Porque é que você está falando essas coisas para mim? – eu perguntei ainda mais abismado do que antes. – Você bateu a cabeça?

– Já percebeu que esse é o nosso último ano em Hogwarts? – ela indicou. – Você quer terminar esse ano com rixas bobas e brigas infundadas? – ela ergueu uma sobrancelha.

– Não, eu não quero – eu disse.

– Ótimo – ela sorriu. – Então finja que não sou eu que eu finjo que não é você – ela disse.

– E como você quer que eu te chame?

– Rose – ela disse.

Revirei os olhos. Ela tinha problemas mentais?

– Mas seu nome é esse – eu indiquei o óbvio.

– Dã, mas você não me chama por ele – ela disse. – Então é quase como se eu fosse uma pessoa diferente, Scorpius.

Uma grande onda de choque pareceu percorrer meu corpo. Meu nome dito por ela era uma coisa que nunca havia ouvido. Mas gostei profundamente. Não que ela precisasse saber.

– Então está bem, Rose – eu adorei pronunciar seu nome também.

Ela sorriu um sorriso que nunca havia dirigido à mim e eu fiquei completamente bobo.

Tinha certeza de que mesmo que eu voltasse a falar com AGD naquela noite, provavelmente sonharia com a ruiva em minha frente.

Mas o que eu poderia fazer quando a garota mais improvável oferecia uma trégua ainda mais improvável onde nenhum de nós dois sairíamos perdendo?

Óbvio que eu aceitaria.

A minha irritação com relação ao fora que AGD havia me dado mais cedo pareceu sumir diante do dia que eu provavelmente teria pela frente. Era impossível um sorriso não brotar em meus lábios.