A Garota Do Diário escrita por Miller


Capítulo 13
Happy Ending


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas pessoas mais lindas! Último capítulo!



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Albus havia sido liberado quatro dias antes, o que tornava minha estadia ainda mais tediosa.

Os dias passaram devagar enquanto me recuperava das fraturas do quadribol. Quando finalmente fui liberado a sair da Ala Hospitalar, eu praticamente tive que reaprender a caminhar de tão deslocado que estava. Eu realmente não conseguia acreditar que um tombo daqueles pudesse causar tanto estrago.

Os corredores estavam vazios quando caminhava lentamente por eles, tentando me focar em dar um passo atrás do outro, impedindo que minha mente vagasse. Porque era aquilo que eu fazia nos últimos dias. Eu me impedia de deixar minha mente vagar, de pensar em assuntos particularmente problemáticos.

Havia me focado em meus machucados, em observá-los recuperarem-se com o tratamento de Madame Pomfrey, em tomar os medicamentos nos momentos certos e a pensar em coisas tediosas e chatas, que me causassem sono.

É claro, sabia que em algum momento teria de confrontar o que eu estava evitando. Mas enquanto eu pudesse ignorar, para mim estava bom.

O grande problema dos Malfoy sempre foi o orgulho, coisa da qual eu havia herdado bastante. Infelizmente. Porque embora uma parte de mim quisesse desesperadamente ir até ela e pedir desculpas, falar palavras bonitas e tentar decifrar o que eu realmente sentia, havia outra parte, e essa sufocava a outra, tornando-me frio e obstinado em continuar como se nada houvesse acontecido. O que eu sabia que somente me deixava mais idiota e estupido.

Mas o que eu podia fazer?

Sim, eu sabia que havia agido feito um imbecil naquele dia na ala Hospitalar, assim como estava agindo como um imbecil há muito mais tempo, mas, mesmo que me desculpasse, eu não entenderia ainda.

O que eu sentia com relação a tudo isso?

Rose Weasley era AGD, a garota que havia sido minha amiga por mais de meses. Para quem eu tinha contado meus maiores segredos, mais até do que à Albus; a pessoa com a qual eu havia passado, mesmo que não fisicamente, a maior parte do tempo nesses últimos dias.

A pessoa pela qual eu sentia alguma coisa que não conseguia decifrar.

Então eu não conseguia juntar AGD e Rose Weasley.

Para mim, simplesmente, elas eram distintas.

Enquanto uma me contava seus segredos, a outra insistia em dizer que eu não era confiável.

– Snape – eu murmurei a senha para a porta da sala comunal da Sonserina, mas ela não se abriu.

Que ótimo. Era realmente tudo o que eu precisava ficar preso do lado de fora, tendo de esperar que uma alma bondosa viesse e abrisse para mim.

Quando estava quase dando as costas para a porta, Albus a abre por dentro e arqueia uma sobrancelha ao me ver.

– Você saiu da enfermaria! – ele comenta surpreso.

– Não, eu ainda estou deitado lá – respondo com meu sarcasmo ampliado devido ao meu mau humor.

Albus bufa e dá espaço para que eu passe.

– A senha mudou – ele disse. – É abacaxi cristalizado agora.

Soltei um riso incrédulo ao erguer uma sobrancelha para ele.

– Sério? – pergunto, sentando em uma das cadeiras perto da lareira que, por sorte, estava vazia.

– Você sabe como Slughorn é – Albus disse, passando a mão pelos cabelos, bagunçando-os e sentando no chão em minha frente.

O fato de ele me encarar como se eu ainda estivesse doente me irritava.

– Que é? – perguntei mal-humorado.

Albus revirou os olhos em um claro sinal de impaciência com meu humor antes de responder.

– Você sabe o que é Scorp – ele diz e ergue as sobrancelhas. E sim, eu sabia o que era.

Depois da saída dramática de Weasley da Ala Hospitalar, fui praticamente obrigado sob ameaça a contar o que estava acontecendo entre mim e Rose. É claro que depois disso, simplesmente virei para o lado e fingi dormir para evitar mais perguntas de Lily ou Albus.

A verdade era que eu não sabia o que pensar.

Rose Weasley gostava de mim. Não. Ela estava apaixonada por mim.

Algo se movia dentro de meu estomago quando pensava nos meus sonhos e que eles foram a principal causa para que eu começasse a conversar com ela pelo diário.

– O que você quer? – perguntei monotonamente, sabendo que ele provavelmente viria com algum conselho romântico bem meloso. Depois de ter estado na ala hospitalar por alguns dias, a sorte de Albus foi bem melhor que a minha, tendo ele conquistado finalmente Rachel.

A garota ia lá todos os dias para vê-lo e eu tive de assisti-los passando da amizade – com piadinhas muito sem graça da parte de Albus – até o romance – com uma declaração tão, mas tão melosa dele que eu quase vomitei minha janta naquele dia.

É claro, eu estava feliz por ele. Sabia muito bem tudo o que o garoto havia passado para conseguir aquela garota, o que me dava uma pontinha de orgulho em tê-lo como amigo.

Talvez eu devesse me espelhar nele e correr atrás do que eu queria.

Mas o que eu queria?

Bem, eu não sabia como responder a isso.

– Acho que a pergunta certa é ‘o que você quer’? – ele apontou para mim e eu soltei um longo suspiro, tentando deixar claro que eu não queria falar sobre aquilo.

Mas ele era Albus afinal de contas.

– Olha só, não adianta você ficar fugindo disso cara – ele disse e deu um tapinha em meu ombro. – Você gosta dela, isso é óbvio.

Pisquei meus olhos algumas vezes e, mesmo não querendo, explodi.

– Sim, eu gosto dela! – eu disse, minha voz saindo uma oitava mais alta do que o normal, atraindo a atenção das poucas pessoas que estavam ali para mim. – Mas eu não sei quem é ela! - comentei, sentindo a frustração tomar conta de mim.

Era esse o problema. Eu sabia que eu gostava dela, mas não sabia de qual delas eu gostava. Algo completamente confuso, mas verdadeiro.

O fato de eu não conseguir juntar as duas em uma pessoa só estava me deixando louco, porque eu não conseguia entender nada do que sentia por causa disso.

Albus levantou uma sobrancelha.

– Porque você não me fala sobre isso? – ele disse e é impossível não compará-lo com um daqueles médicos trouxas que tratam as pessoas com problemas psicológicos.

Eu bufei e cerrei meus punhos antes de começar a falar.

– Eu não sei de quem eu gosto – disse à ele e o vi franzir a testa. Explico antes que ele me pergunte. – Eu sentia alguma coisa por Rose – falo, não entrando em detalhes sobre meus sonhos. – Mas com AGD é completamente diferente. Quero dizer, ela me conhece mais do que qualquer um – dou um soco na poltrona apenas para descontar minha raiva.

– E você a conhece também, pelo que me contou – Albus comentou, como se explicasse o óbvio para uma criança burra.

Novamente me senti frustrado.

– Não, eu não a conheço. Pelo menos não a Rose Weasley que odeia os Malfoy. Eu conheço a garota do diário, a que me contava coisas e que compartilhava segredos comigo. Essa sim eu conheço, mas a Rose Weasley, sua prima que me odeia desde que eu coloquei os pés aqui, essa eu não faço ideia de quem seja – Albus precisou de um tempo para entender o que eu estava falando, até que o brilho de compreensão chegou em seus olhos.

– Oh Merlin, isso é bem complicado – ele disse e novamente eu revirei os olhos. – Você nunca imaginou que poderia ser ela a AGD?

Penso sobre isso por algum tempo e algo estranho parece se encaixar.

Sim, por mais estranho que podia parecer, eu sabia desde o começo que AGD era Rose Weasley. A constatação deste fato me faz ficar paralisado.

O modo como ela falava, conversava. Sua ironia. A forma como ela sempre parecia gostar de falar sobre assuntos acadêmicos que me davam tédio. Como ela se irritava quando eu falava alguma bobagem ou quando me corrigia em algum momento. Até mesmo as comparações idiotas que fazia.

Mas mesmo percebendo isso, eu não entendia o porquê de não conseguir juntar as duas em uma só.

Parecia haver uma parede invisível em minha mente onde de um lado estava AGD e no outro Rose Weasley.

Coloquei minha cabeça entre as mãos, sentindo um latejar enjoativo em minhas têmporas.

Levanto-me da poltrona e encaro Albus que parece confuso.

– Preciso deitar – resmungo para ele e caminho em direção ao dormitório.

Ao chegar à minha cama, desabei sobre ela e fechei meus olhos, mas fica claro que eu não conseguiria dormir nem por decreto.

Um pouco da causa disso está no formato duro embaixo de meu travesseiro. Muito lentamente eu puxei o livrinho verde que estava ali.

Encarei-o por alguns segundos, decidindo sobre o que faria em seguida.

Podia muito bem atirá-lo na lareira, deixa-lo queimar. Mas eu não podia fazer isso.

Havia algo de precioso ali.

Abri o livro lentamente, como se tivesse medo do que pudesse aparecer, mas todas as páginas estavam em branco, intocadas. Perguntei-me se esse diário havia sido feito pelo tio de Albus, Jorge. Algum tipo de comunicador.

Deveria ser.

Então eu me assustei quando as palavras apareceram brilhantemente negras, em frente aos meus olhos.

“Oi”

Eu reconhecia aquela caligrafia, é claro. Depois de tanto tempo observando-a, eu já havia decorado o formato de cada letra.

Meu primeiro impulso é fechar o livro e atirá-lo pela janela, mas eu me forcei a puxar a pena e o tinteiro de cima da mesinha que ficava ao lado de minha cama. A pena paira sobre a folha, e eu não fazia ideia do que escrever.

“Oi”

Escrevi timidamente.

Podia imaginar a expressão de choque no rosto de Rose ao ver minhas letras aparecerem para ela. Tinha certeza de que ela não queria realmente falar comigo, deveria ser apenas uma tentativa.

Demorou alguns minutos até que ela me respondeu novamente.

“Como vai?”

“Indo” respondi, mas percebi que poderia parecer um insulto e complementei “Melhor, e você?”

“Indo também”

Novamente ficamos alguns minutos sem escrever nada e um surto estranho me toma. Eu queria que as coisas se resolvessem de uma vez. Não aguentaria mais ficar com aquela estranha duvida dentro de mim.

“Olha...” comecei a escrever e parei, tentando pensar na melhor forma de abordar o assunto.

“Eu sei que eu fui completamente idiota naquele dia... Mas não sabia o que pensar...” parei novamente, como se tomasse fôlego. “O negócio é que eu estou confuso, entende? Eu simplesmente não sei quem é você”

As palavras seguintes dela não demoraram a aparecer.

“Acho que eu te entendo. Eu não fui muito legal com você pessoalmente nos últimos anos...” podia imaginá-la pensando no que escrever à seguir, como se estivesse tão confusa quanto eu. “Talvez eu devesse lhe dizer que naquele dia, não aceitei os seus galeões para os livros, porque eu estava tentando me proteger”.

Franzi a testa em incompreensão. Proteger do quê?

“Proteger do quê?”

“Eu achava... Bem, eu achava que se eu aceitasse o seu presente, eu começaria a gostar de você mais do que antes... Porque era errado gostar de você em minha mente. Mas eu não havia percebido na época que já era tarde demais”

Algumas coisas pareciam se encaixar em minha mente.

No dia do passeio, quando AGD simplesmente me deixou falando com o nada e depois, á noite, quando voltamos a nos falar e ela me disse que o dia havia saído ótimo. O dia dela tinha sido longe do ótimo, assim como o meu, mas ela não queria admitir isso para mim, nem para si mesma, porque indicaria um sentimento que ela não admitia ter.

Acho que era o mesmo para mim.

E da outra vez, a presa do basilisco. É claro, sua mãe sendo Hermione Granger, ela saberia inteiramente sobre os acontecimentos em Hogwarts na época de nossos pais.

O seu mau humor continuo, mesmo quando conversava sobre amenidades.

Era porque ela estava se trancando, tentando não começar a gostar de um livro bobo. Assim como eu.

“Acho que eu te entendo” eu escrevi, sentindo como se uma luz estivesse se formando em minha mente.

“Eu estava com medo de admitir o que sentia, por você ou pelo diário. A primeira vez que nos falamos, era porque eu não conseguia dormir...”

“Você disse que estava sonhando”

“Era com você” escrevi, sentindo-me livre pela primeira vez desde que tudo havia sido revelado.

“Oh, então eu não era a única. Isso é reconfortante, sabe?”

Eu ri, mas lembrei que ela não podia me ver e voltei a escrever.

“Sei. Mas então, e agora, o que faremos?”

“Bem, como eu simplesmente não consigo me forçar a sair do dormitório por vergonha de minha declaração completamente histérica na Ala hospitalar, acho que vou passar a tarde inteira em cima da cama fazendo deveres”

Eu percebi a indireta.

Quero dizer, eu sabia que ela gostava de mim, mas eu não tinha falado nada em resposta. E agora que eu sabia o que sentia, que havia finalmente juntado as duas, ou melhor, ela, eu precisava contar à ela.

“O que você acha que nossos pais vão dizer?”

Perguntei amenamente.

Podia imaginá-la franzir a testa.

Sorri com isso.

“Dizer sobre o que?”

“Sabe, sobre você e eu... Porque agora que sabemos o que sentimos, é imprescindível que fiquemos juntos, não acha?”

“Eu não estou entendendo onde você quer chegar”

É claro, ela me forçaria a dizer. Não que eu me importasse.

“Acho que meu pai não vai ficar muito feliz quando eu disser à ele que estou apaixonado por uma Weasley, principalmente se ela for filha de quem é”

“Não entendo”

Bufei. Ela estava forçando demais. Estranhamente eu sorri com isso. Ela era Rose Weasley afinal.

“E-U-E-S-T-O-U-A-P-A-I-X-O-N-A-D-O-P-O-R-V-O-C-Ê” escrevi sorrindo idiotamente. “Entendeu agora, ou está muito difícil?”

“Vá á mer...”

“Olha a boca, Weasley. Ninguém te ensinou que é feio dizer palavrões?”

“Merda”

Não consigo resistir e caio na risada.

“Eu poderia te dar um beijo por isso, mas você não quer sair do quarto...”

“Talvez eu mude de ideia...”

“Talvez? O que eu poderia fazer para isso acontecer?”

“Sabe, eu acho que não entendi direito o que você falou lá em cima... Sua letra não ajuda muito”

“Cínica”

“Haha”

“Eu te amo”

E bem, ela mudou de ideia quanto à sair da Sala comunal da Grifinória.

Talvez tudo aquilo fizesse meu pai sofrer um bom golpe no coração, mas eu não podia me importar menos. Eu a tinha agora, minha garota.

Talvez IPA fosse um bom apelido também.

Idiota Perdidamente Apaixonado.

É. Eu gostava disso.

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Notas finais do capítulo

Eu estive evitando esse capítulo por algum tempo, me perguntando sobre o que eu poderia fazer para que ele ficasse merecedor de vocês. Eu tenho algo sobre minha criatividade. Quando ela some, ela volta nos momentos mais impróprios.

Essa fanfic surgiu em um sonho. Eu lembro que nele, tinha um diário em mãos e escrevia, trocando mensagens com outra pessoa. Resolvi fazer minha primeira tentativa de Rose/Scorpius a partir dele. nunca pensei que pudesse ser esse sucesso.

Obrigado, obrigado e obrigado de coração. Vocês são os melhores leitores que alguém pode ter. Me apoiando, incentivando. É isso que mais importa.

Espero que vocês tenham gostado desse final, foi fofo e fácil de escrever. Diferente dos primeiros capítulos, os quais foram complicados devido ao fato de ser minha primeira fic inteiramente PoV masculino.

Bem, agradeceria se, mais uma vez, vocês me deixassem suas opiniões por aqui.

Amei muito escrever essa história e minha maior realização foi saber que vocês gostaram dela.

Besos e até a próxima.

Carol Miller :*