Heart And Soul escrita por CDJ


Capítulo 8
VIII




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  Justin's POV

 Nem olhei para Kenny, mas ele soube que era hora de dar no pé, bem rapidinho. Louie ainda estava no meu colo e dormia. Encostei sua cabeça na curvatura do meu pescoço e afaguei seus cabelos suavemente.

 - Ah, como você é expert nisso – disse Kenny, me zoando – Um pai nato!

 Encarei-o mortalmente como se pudesse atingi-lo com um chute na cara. Ele continuou a rir. Tive que revirar os olhos quando até Liv se juntou a ele na risada.

 - Vocês não me levam a sério – reclamei.

 Eles riram mais ainda. Não levei para o lado pessoal, mas fiquei meio bravo. Eu sabia que tudo era parte da brincadeira e tudo o mais, mas eu realmente me importava com os meus irmãos. E Louie, mesmo não sendo minha irmã, era uma garotinha linda que também merecia o mesmo tratamento. Sempre gostei de crianças – não ao extremo de chegar a ser babá que nem Liv, porque isso não faz meu estilo -, mas eu me esforçava. Eu podia não ser expert, realmente, mas não era tão ruim assim.

 Quando chegamos à casa do meu pai, tudo estava escuro. Eu não sabia se eles já haviam chegado e estavam dormindo ou se eles ainda não haviam chegado. Se Erin não tivesse deixado uma chave debaixo do tapete da porta de entrada, nós não poderíamos entrar. Esperei para ver o que acontecia.

 Dessa vez Kenny pôde estacionar bem na frente na casa, pois não havia mais fotógrafos. Descemos do carro. Jazzy era a única das crianças a estar acordada, mas também parecia sonolenta. Jaxon dormia nos braços de Liv. Ela tinha muito equilíbrio, porque conseguiu segurar Jaxon dormindo com apenas um braço enquanto estendia o outro a Jazzy. Sorri para ela.

 - O que foi? – perguntou, novamente.

 - Nada – respondi, ainda sorrindo e dando de ombros.

 Quando chegamos perto da porta, Kenny forçou a maçaneta, mas – choque-se! – a porta estava trancada. Ele tentou mais uma vez, para se certificar, mas a porta ainda estava trancada. Kenny encostou na parede e me encarou.

 - E agora, o que a gente faz?

 - Vamos dormir no carro! – eu zoei, mas fiquei sério.

 Kenny me encarou de olhos arregalados.

 Tive que dar risada.

 - Eu tenho chave – declarou Liv – Tá no meu bolso de trás, você pode pegar pra mim?

 Eu hesitei. Quero dizer, não é todo dia que se tem passe livre para mexer no bolso de trás de uma garota, se é que você me entende, mas eu era um cara comprometido. E Liv não fazia meu tipo. Quer dizer, ela fazia, mas não era... enfim, eu estava namorando

 - O que foi? – perguntou ela, ao ver que eu não ia mexer em seu bolso – Ah, é claro. Deixa quieto. Eu pego.

 Ela soltou a mão de Jazzy rapidamente, que estava cochilando em pé, e pegou a chave do seu bolso de trás. Colocou-a na fechadura e abriu a porta. Kenny foi prestativo e pegou Jazzy no colo ou ela ia acabar caindo sem perceber.

 Liv entrou primeiro. Ela caminhou com passos lentos e calmos para não acordar Jaxon até o segundo andar. Parecia que, por mais atrapalhada que ela fosse, quando segurava uma criança ganhava um novo equilíbrio divino ou sei lá. A porta do quarto do meu irmão estava semiaberta, então ela abriu-a com as costas e colocou-o no berço calmamente. Ele se revirou, procurando um ursinho de pelúcia para agarrar e continuou a dormir.

 Eu a havia seguido com Louie no colo e não sabia o que fazer. Ela estava começando a pesar um pouquinho. Logo depois, Kenny entrou no quarto também e deixou Jazzy em sua cama. Ele se virou para nós dois.

 - Então, Justin, se você não for sair mais, acho que vou embora – disse, dando de ombros.

 Eu assenti lentamente, com medo de fazer algum movimento brusco e acordar a garotinha em meus braços.

 - Claro, pode ir. A gente se vê amanhã – disse, sorrindo.

 Nós faríamos nosso cumprimento oficial se eu não estivesse com Louie nos meus braços.

 - Tchau, então. Tchau, Liv. Foi um prazer te conhecer – ele disse, sorrindo.

 - Boa noite, Kenny – ela sorriu, ainda encostada no berço de Jaxon, como se algo pudesse acontecer – Foi um prazer te conhecer também.

 Kenny então saiu, nos deixando sozinhos. O quarto estava escuro e a única luz vinha do corredor pela porta aberta. Liv pareceu perceber que eu ainda estava com Louie nos braços e puxou-a para si. Ela não acordou.

 - Justin – ela me chamou, enquanto eu encarava a garotinha dormindo em seus braços agora. Eu a encarei – Você é ótimo com as crianças, na verdade. Muito melhor do que eu achei que seria.

 Eu sorri e brinquei um pouco, fazendo pose.

 - Obrigado. Sabia que ia dizer isso.

 Ela riu novamente.

 - Seus irmãos amam você. Dá para ver, ficou estampado no rosto deles quando você apareceu.

 - Obrigado – respondi.

 Precisava escutar aquilo. Não passava tanto tempo com Jaxon e Jazzy quanto queria e quem melhor para me dizer o que meus irmãos realmente sentiam do que a babá deles? Ela devia conhecê-los muito bem, então eu ficava lisonjeado.

 Nós saímos do quarto e deixamos apenas uma fresta aberta, para que a luz entrasse suavemente. Liv começou a descer as escadas e eu a segui de perto. Quando chegamos ao primeiro andar, ela caminhou até o sofá e pegou sua bolsa. Não havia visto Liv usando essa bolsa quando chegou à tarde com as crianças, mas acho que provavelmente apenas vinha com ela e ia embora, não a levava para nenhum lugar.

 - Então, - ela se virou, sorrindo – acho que também já vou embora. Está tarde.

 - Ah, claro, com certeza – respondi, sorrindo também.

 Continuei com as mãos no bolso, olhando-a, sem saber o que fazer. Liv também parecia tão perdida quanto eu, porque não se mexeu e não parou de me encarar. Parecia estar pensando, mas eu não sabia no quê. Comecei a rir e ela me acompanhou.

 - Então, tudo bem – disse ela, se dirigindo à porta.

 Foi aí que me lembrei. Ela não devia estar cuidando dos meus irmãos de graça. Provavelmente Erin devia pagá-la uma certa quantia por semana ou por mês. Eu podia deixar aquilo acertado, já que estava com dinheiro dessa vez, porque estava achando que ia pagar alguma coisa pelo jantar. Eu não podia andar por aí como se tudo fosse de graça para mim, imagina. E, já que nunca andava com dinheiro mesmo, tinha que gastar o que estava comigo.

 - Liv – chamei-a e ela se virou para me encarar, sorrindo – Quanto eu te devo?

 Puxei a carteira do bolso e o sorriso dela sumiu do rosto. Pensei que talvez estivesse fazendo algo errado, mas provavelmente não estava. A garota devia ser paga, de um jeito ou de outro.

 - Eu me acerto com Erin depois – ela respondeu, ainda sem sorrir.

 - Claro que não. Vai, me fala, quanto ela te paga?

 - Hum, dez dólares por dia – respondeu, muito sem jeito – Mas você não precisa me pagar. Ela me paga depois. Não se preocupe comigo.

 Ela se voltou para a porta para ir embora, mas eu coloquei a mão em seu ombro, puxando-a de volta. Ela me encarou, sem jeito e levemente encabulada.

 - Tome – coloquei uma nota de cinquenta dólares em uma de suas mãos e guardei a carteira – E pronto, fica tudo acertado.

 Ela nem olhou para a nota e me encarou, negando.

 - Não posso aceitar – disse, colocando a nota de volta na minha mão.

 - Por que não?

 - Por que você não é meu chefe – respondeu, subindo um pouco o tom – Sem ofensa, é claro, mas não trabalho para você. Você não me deve nada. E se tem uma coisa que eu aprendi foi a nunca aceitar esmola. Então, obrigada, mas não precisa. A Erin me paga depois.

 Eu sorri sem perceber, o que a deixou ainda mais brava.

 - Do que você está rindo? – perguntou Liv, tentando se controlar.

 - Nada - respondi, escondendo o sorriso, mas sem muito sucesso – Mas, então, tudo bem. Eu não sou seu chefe, você está certa.

 Ela respirou fundo e assentiu.

 - Que bom que você compreende – disse, ainda com a expressão de brava.

 Soltei outro sorriso e abri a porta para que ela passasse.

 - Você quer uma ajuda até o carro? – perguntei.

 - Não, obrigada – ela ainda parecia brava, mas estava tentando ao máximo ser educada. Provavelmente o sorriso na minha cara não ajudava muito – Tchau, Justin.

 - Tchau, Liv. Boa noite.

 - Pra você também.

 E então ela saiu. Puxei a chave de Liv que ainda estava do lado de fora e usei-a para trancar a porta. Infelizmente, ela não teria sua chave até amanhã, porque meu pai ainda não havia chegado com Erin, mas amanhã ela pegava de volta.

 Subi para o meu quarto e olhei rapidamente pela janela, que dava para a frente da casa. Liv ainda estava colocando Louie no banco de trás. Achei que ela já tinha ido embora, mas não. Ela fechou a porta de trás do seu velho Chevy – um Camaro, mas eu não tinha certeza do ano. Provavelmente 1985 ou mais velho – e deu a volta até chegar ao banco do motorista. Não deu um último olhar à casa e saiu.

 Fiquei com certo remorso por tê-la deixado tão brava, mas eu estava apenas sorrindo porque ela era teimosa. E briguenta; sabia lutar pelo que queria e pelo que acreditava. E isso me faz sorrir, especialmente quando vejo isso numa garota, porque eu também sou assim. Minha lista de razões para admirá-la estava crescendo. Isso não era algo tão comum. Até agora, só algumas garotas tinham minha admiração, entre elas a minha mãe, é claro. E algo em Liv tinha um quê de lutadora, de sobrevivente.

 Meu celular tocou pela terceira vez naquela noite. Quando vi no visor que era a Selena, respirei fundo e atendi. Ela ia me dar a maior bronca. E ficar carente. E fazer aquela voz manhosa que me fazia querer atravessar as barreiras de espaço e abraça-la. Ah, diabo. No que eu fui me prender, Deus? Na onde eu fui amarrar meu burro?

 - Oi, bebê – falei, ao atender.

 Nós conversamos por cerca de uma hora e meia, sendo que na primeira meia hora ela gritou comigo por não atendido as outras duas ligações, mas eu sou um bom namorado, escutei tudo caladinho, então nesse meio tempo fui arrumar minha cama para dormir, fechei a janela, tirei a roupa e até tomei um banho rápido. Ela ainda estava gritando quando eu saí do chuveiro, mas depois parou. Nós conversamos por mais uma hora até desligarmos, porque eu disse que estava muito cansado e eu prometi que ligava no dia seguinte.

 Enfim, quando eu estava pronto para dormir, ouvi passos do lado de fora do meu quarto. Levantei rápido. Quem podia ser? Não escutei o barulho da porta, então sabia que meu pai e Erin ainda não haviam chegado. Encostei na parede do lado da porta, espiando para ver se alguém chegava, mas não vi ninguém.

 Tive que respirar fundo. Eu não tinha muitas chances contra um bandido, ainda mais se ele estivesse armado. Eu estava ali, cansado, morrendo de sono, só de cueca e querendo um descanso. Era zoação com a minha cara se um bandido aparecesse.

 - Bieber? – sussurrou uma vozinha fina, vinda debaixo.

 Quando olhei para a porta e para baixo, Jazzy estava ali. Ela carregava um ursinho – um dos milhares que ela tinha – e parecia um pouco assustada.

 - Jazzy? – peguei-a no colo e levei-a até a cama – O que você está fazendo aqui?

 - Quero dormir com você, Boo – disse ela.

 Jazzy ainda estava com a roupa que havia que havíamos saído, então tirei a jaqueta dela. Não estava tão frio aqui dentro de casa e nós estaríamos cobertos.

 - Vem, Minnie.

 Deitei-a na cama e deitei ao seu lado, cobrindo a nós dois. Jazzy caiu no sono logo em seguida e eu não demorei muito a acompanha-la.


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Notas finais do capítulo

E aqui acaba o POV do Justin, pessoal. Pelo menos por enquanto ;D



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