Ele se aproximou, pegou Jazzy no colo e voltou para onde as garotas estavam. Elas sorriam, empolgadas. Pareciam estar tremendo mais agora, então nenhuma delas conseguiria tirar uma foto naquele estado.

 - Por que uma de vocês não pega Jaxon no colo e eu tiro a foto? – perguntei, ainda segurando Jaxon.

 Uma delas se ofereceu, mas quando eu fui entregá-la Jaxon, ele não quis ir. Agarrou-se em meu pescoço e não soltou. Fincou as unhas nos meus ombros e soltou um grito estridente quando tentei entregá-lo a outra garota. Justin já estava vermelho novamente e até eu estava começando a ficar meio envergonhada.

 - Hã... – eu tentava pensar no que fazer, até que me virei para Kenny – Você pode tirar a foto, por favor?

 Ele se levantou sorrindo, pegou a câmera e esperou que nos posicionássemos corretamente. Eu fiquei numa ponta e Justin ficou em outra, as três garotas ficaram entre nós. Todas sorriam muito e eu não sabia o que fazer. Não sabia se escondia o rosto e deixava apenas Jaxon aparecer, mas não sabia se isso seria muito rude. Infelizmente, Jaxon deu mais um problema. Assim que Kenny tirou a primeira foto, ele se escondeu na curvatura do meu pescoço.

 - Jaxon, olhe para a câmera! – sussurrei em seu ouvido.

 Ele negou e não quis levantar a cabeça. Jazzy, vendo o irmão todo tímido, também decidiu esconder o rosto. Kenny me olhava meio preocupado e eu já estava vermelha de novo. Não ousei olhar para o lado para ver em qual estágio na escala camarão Justin havia chegado, mas eu sabia que ele devia estar tão vermelho quanto eu. Por que Jazzy e Jaxon estavam agindo assim, tão tímidos? Eles não eram assim normalmente.

 - Louie – gritei e ela apareceu ao lado de Kenny – Chame a atenção de Jaxon e Jazzy.

 Ela começou a cantar uma musiquinha de criança e a dançar. Jazzy e Jaxon perderam a vergonha e começaram a cantar junto, dançando da maneira que podiam. Até eu comecei a cantar a música junto. Dessa maneira, Kenny conseguiu tirar uma foto decente e uma das meninas, provavelmente a dona da máquina, o agradeceu muito.

 Elas já estavam se despedindo e nos agradecendo sem parar, quando uma delas soltou um grito. Ela ainda estava ao meu lado esse tempo todo e quando foi dar um passo para frente, seu cabelo havia ficado preso em algo, o que a fez gritar e voltar para trás.

 Fiquei procurando o objeto no qual seu cabelo podia ter se enroscado, mas quanto mais me mexia, mais ela gemia de dor. Foi quando percebi e fiquei roxa de verdade. Justin se aproximou de nós três, porque também havia percebido. Jaxon é que estava puxando o cabelo da garota. Ele parecia ter começado a passar a mão no cabelo dela e então prendeu os dedinhos num nó e agora se recusava a tirá-lo de lá.

 - Jaxon, solte o cabelo dela – eu disse, baixinho.

 - Jaxon, solte! – disse Justin, um pouco mais alto que eu.

 Tentei puxar sua mão e fazê-la soltar, mas não conseguia botar muita força porque poderia deixá-lo cair. Ele nos olhava com um olhar malicioso e puxou o cabelo da moça.

 Ela gritou de dor. Suas outras duas amigas não sabiam o que fazer, estavam paradas boquiabertas. Kenny tentava prender o riso, mas não estava dando muito certo. Tentei lhe mandar um olhar furioso, mas isso só o fez querer rir mais ainda.

 - Jaxon, eu não estou brincando! – vociferei, brava.

 - Jaxon, solte o cabelo. Solte o cabelo da garota – Justin disse.

 Ele segurava a mão do irmão e o cabelo da garota, tentando puxar sem que ela se machucasse, mas garotos não sabem como fazer isso direito. Eu ia lhe dizer que era melhor ele pegar Jaxon que eu resolveria o problema com o cabelo quando o celular dele começou a tocar.

 - Ah, droga. Meu celular. Jaxon, solte o cabelo dela! – ele dizia, cada vez mais bravo.

 - Isso não está dando certo. Atenda seu celular, eu vou dar um jeito aqui – eu disse, tentando abrir a mãozinha fechada de Jaxon.

 Ele dava risadinhas com nossas tentativas em tirar o cabelo da menina de suas mãos, como se achasse tudo muito engraçado e soubesse que falharíamos. Seus olhinhos agora tinham um brilho malicioso. Eu só havia visto aquele brilho uma vez na vida e havia me rendido muito trabalho e uma carga extra de vergonha; eu sabia que não ia dar certo o que estávamos fazendo.

 Enquanto isso, uma das garotas pareceu ficar mais interessada com nossa tentativa do que com a dor da amiga. Ela se aproximou, já recuperada do choque.

 - Então, Justin, o que aconteceu com a Selena?

 Justin ergueu a cabeça, confuso. Encarou a menina por alguns segundos, mas se voltou ao problema maior que estava acontecendo. A menina com o cabelo preso soltou mais um grito, pois eu havia tentado puxar seu cabelo, mas não dera muito certo.

 - Como assim? O que tem a Selena? – ele perguntou, depois de uma pausa.

 Eu não fazia idéia de quem era Selena, mas acreditava que tudo isso poderia ser resolvido depois que os cabelos de uma fã não estivessem incrustados nas mãos de Jaxon. Apesar disso, não comentei nada.

 - Você terminou com ela? Porque, quero dizer, vocês dois estão saindo, não estão? – perguntou a garota de novo, dessa vez me encarando também e me apontando.

 Eu a encarei-a extremamente confusa. Saindo? Mas como ela podia estar pensando aquilo? Eu havia acabado de conhecer Justin, nem sabia que estava cuidando de seus irmãos. Minha cabeça estava zunindo com toda aquela atenção, já que a outra amiga também me olhou interessada. O celular de Justin tocou pela segunda vez e aquele barulho já estava me irritando. Parecia que tudo estava contribuindo para que nada desse certo.

 Pelo canto do olho, pude ver que Justin estava cada vez mais impaciente e, assim, ficava cada vez mais vermelho. Quando parecia que ia explodir, ele se descontrolou.

 - JAXON, SOLTE O CABELO DA GAROTA! – gritou ele, extremamente bravo.

 Jaxon se assustou com o grito do irmão, mas soltou uma última risadinha e puxou sua mão, levando o nó e um pouco dos fios de cabelo da menina. Ela gritou pela última vez quando ele deu o último puxão e saiu correndo para perto das amigas.

 - Eu sinto muito, sinto muito mesmo – disse para as garotas, tentando anuviar a situação.

 Coloquei Jaxon no chão e agachei, para que ficássemos da mesma altura. Ele ainda tinha aquele brilho malicioso no olhar, mas minha raiva fez com que ele me olhasse de uma maneira diferente.

 - Nunca mais faça isso, Jaxon! Não gostei, foi muito feio – ralhei com ele, que teimou em fugir, mas puxei-o de volta e fiz com que olhasse em meus olhos – Você não pode fazer isso de novo. Promete que não vai mais fazer isso?

 Ele olhou para o chão, envergonhado, e assentiu.

 - Agora vá ficar com a sua irmã – ordenei, ao levantar.

 Jaxon correu até o sofá, fez um esforço extra para se sentar e escondeu o rosto, ainda envergonhado. Jazzy ao seu lado lhe encarava satisfeita, provavelmente feliz que o irmão tivesse levado uma bronca.

 - Vocês ainda não responderam minha pergunta – disse uma das meninas, me chamando atenção.

 Voltei meu olhar para ela e arqueei as sobrancelhas.

 - Ah, sim. Que pergunta?

 Justin ao meu lado coçou a cabeça rapidamente, como se estivesse envergonhado.

 - Hã, elas estão se referindo àquela pergunta. Se nós estamos saindo – disse e me olhou assim que terminou de falar.

 Nós dois ficamos nos olhando, como se tivéssemos algo para esconder e então começamos a rir juntos. Ri tanto que minhas costelas começaram a doer. Eu? Saindo com Justin Bieber? O cara famoso que eu nem conhecia e que era irmão das crianças que eu tomava conta? Ah, claro. Só de pensar nisso e só de ver Justin rindo também, eu dava mais risada. As três garotas ficaram nos olhando como se fôssemos retardados mentais, mas eu não entendia como a resposta para essa pergunta não era óbvia.

 - É claro que não estamos saindo – respondi, quando recuperei o fôlego – Eu sou a babá de Jazzy e Jaxon, só isso.

 - A gente se conheceu hoje, na verdade – disse Justin, explicando também – Isso aqui é um passeio em família, não um encontro.

 - Exatamente! – confirmei, deixando uma risada escapar.

 Elas se convenceram, agradeceram – e eu pedi desculpas de novo por Jaxon - e foram embora para a pista que estavam. Quando nós dois voltamos para o sofá e nos sentamos, um ao lado do outro, a crise de riso voltou. Acho que a culpa foi minha dessa vez, porque eu comecei a rir baixinho até que não me controlei e ri alto.

 - Ah, eu nunca vou esquecer isso – eu disse, secando uma lágrima de riso que caía pela minha bochecha – Cara, na hora que o Jaxon agarrou o cabelo dela...

 - Foi muito engraçado! – completou Justin, ainda rindo – A gente passou o maior sufoco.

 - Nem me fale! – comentei e ri mais ainda – Achei que ele nunca mais ia soltar.

 Ele riu mais um pouco, mas parou. Também parei. Estava na hora de voltar a ficar sério. Justin chamou um dos garçons que estavam nos rodeando e pediu três cardápios. Quando os cardápios chegaram, Kenny pediu só pra si dois sanduíches e uma batata frita grande pra acompanhar, mas pediu um refrigerante diet grande porque disse que não queria engordar. Tentei não rir, mas minha risada saiu pelo nariz fazendo um som muito estranho. Ele começou a rir de si mesmo e Justin também, zoando dele. Não me controlei e voltei a rir também. Foi mais difícil parar ainda, parecia que a crise nunca iria acabar.

 Ao secar as lágrimas de riso novamente que caíam pelas minhas bochechas, encarei Justin. Ele já tinha parado de rir a algum tempo, mas ao me ver chorando riu novamente. E lá fomos nós de novo. Parei e fiquei séria depois de uns três minutos. Não havia mais nenhum resquício de risada, minhas costelas doíam e eu estava sem fôlego. Finalmente consegui olhar pro cardápio e escolhi um hambúrguer, com batata e refrigerante médio. Justin pediu o mesmo, só escolhendo a mais um milkshake para mais tarde.

 Enquanto eu pensava no que dar de mais saudável para as crianças, Justin pediu três cheeseburgers sem nem me consultar. Tentei deixar isso passar, porque os lanches ainda não haviam chegado, então não me descontrolei naquele momento, mas ele percebeu meu olhar demoníaco sobre ele. Retomamos a conversa do carro – quer dizer, Justin retomou porque eu não estava muito a fim de conversar sobre meu passado deprimente – e nós voltamos ao mesmo de antes.

 - Mas, e aí, continua contando sobre a sua vida – ele falou, parecendo ainda levemente interessado.

 - Hum, não tem mais nada para contar. Não há muita coisa sobre mim que seja interessante.

 - Duvido – rebateu ele, sorrindo.

 - Por que você não me diz algo sobre você, então? – sugeri, inocentemente.

 - Não, não. Isso não vale! Você pode achar tudo que quiser no Wikipédia, então não vale. Minha biografia ta inteira lá, mas não tem como eu saber a sua – respondeu, negando veemente com a cabeça.

 Dei uma risada. Eu não sabia daquilo, mas era uma boa. Precisava me lembrar de acessar o Wikipédia e descobrir fatos da vida dele. Eu estava meio cansada de não saber nada sobre ele. Quero dizer, quando você tem a oportunidade de ficar com um famoso por perto, é muito chato não conhecê-lo.

 - Ah, tudo bem. Você me convenceu. O que quer saber? – cedi, ainda com certa hesitação.

 Ele me encarou com aqueles olhos castanhos, profundos, e sorriu com aquela malícia de criança, como se estivesse só esperando o momento que eu lhe desse passe livre para a minha vida. Até parecia que eu era um daqueles livros mágicos e ele estava se inclinando, pronto para entrar na história.