Heart And Soul escrita por CDJ


Capítulo 47
XLVII


Notas iniciais do capítulo

sei que eu prometi o capítulo pra segunda, maaaaaas... olha só, me atrasei só algumas horas HUADHUI



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Justin's POV


Não tive notícias de Liv por dias. Eu não queria ligar porque sabia que havia cometido um erro gigantesco, mas ficava rezando que ela me ligasse – o que era, sinceramente, uma perda de tempo. Eu não acreditava no quanto eu havia sido burro. Por que eu fui tentar qualquer coisa com ela, sendo que eu sabia os sentimentos dela por mim? Ou, para ser mais exato, a falta de sentimentos.

Liv não gostava de mim. Aquilo estava perfeitamente claro na minha cabeça. Eu não entendia porque ela ficava tão feliz quando agíamos como um casal. O que ela queria de mim, afinal? Não gostava quando eu chegava muito perto, mas não reclamava de dormir comigo, me ver de cueca, passar quase uma semana na minha casa. Ela era uma incógnita para mim. Não fazia ideia do que ela pensava.

Aqueles dias que ela havia passado na minha casa foram um desastre. Eu disse pra mim mesmo umas cem vezes “Justin, não faça nada com a Liv. Justin, ela não te quer. Justin, você tem namorada”, mas, como sempre, ignorei a voz da consciência. Desde a primeira noite, quando ela entrou de fininho no meu quarto e se deitou na cama comigo, eu sabia que tudo estava perdido. Eu a queria tão desesperadamente que não conseguia parar de soltar mensagens subliminares para que ela percebesse o quanto eu a queria.

Nada funcionou. Nem o meu charme, nem a intimidade, nem a nossa extrema aproximação. Nada nunca funcionava com aquela garota. Ela não gostava de mim nem um pouquinho e havia deixado aquilo bem claro. Eu repetia suas palavras de raiva na minha cabeça todos os dias. “Mas eu não quero”. Ela me deu um fora bonito.

O pior era que, mesmo tendo levado um fora enorme, eu ainda a queria. Ainda queria que ela viesse falar comigo, ainda queria que nós conversássemos. Daria tudo para poder apagar minhas últimas ações. Faria o que ela quisesse se ela prometesse que seria minha. O que ela poderia querer de mim?

Selena me ligava todos os dias. Eu não me sentia culpado ou triste quando falava com ela, só irritado. Pensei em terminar com ela um milhão de vezes, mas de que aquilo adiantaria? Liv não gostava de mim de jeito nenhum. Além do mais, eu ia desistir de um relacionamento estável de um ano e meio pra tentar ficar com uma garota que eu conhecia há quatro meses? E a garota nem gostava de mim, pra começo de conversa. Seria loucura e estupidez. Estou acostumado a ser só louco ou só estúpido.

Portanto, continuei com a minha vida do jeito que era. Trabalhando muito. Nas horas vagas eu dormia ou andava de skate. Não tinha muita opção, até porque eu não tinha muita coisa pra fazer. Minha mãe foi me visitar por um tempo e comentei rapidamente que Liv havia vindo também. Ela pareceu bastante interessada, mas não me perguntou nada. Ryan também veio me visitar, já me perguntando se tinha acontecido algo comigo e com Liv. Eu nem havia lhe contado sobre o beijo do Natal – e também não contaria, senão ele seria um pesadelo – então resolvi não dizer nada.

Duas semanas haviam se passado desde que Liv havia estado em LA e meu aniversário estava chegando. Quando digo meu aniversário, quero dizer minha festa. Jaxon e Jazzy iam vir, meu pai, Erin e meus avós também e eu queria que Louie e Liv viessem. Mas eu não tinha coragem de ligar lhe chamando.

Foi numa quinta feira inesperada que meu celular tocou e eu atendi, sem nem olhar para o visor. Só tinha meu número quem era muito confiável.

– Alô – eu disse.

Estava no estúdio ainda, mesmo sendo duas horas da manhã, mas eu estava acostumado com aquela vida de coruja. Dormir de dia e trabalhar a noite. Aquilo funcionava muito bem pra mim. Nunca fui muito produtivo na luz do dia.

– Não consigo dormir – disse a voz do outro lado da linha.

Meu coração começou a bater muito rápido quando reconheci quem era. Mas por que ela me ligaria depois de mais de duas semanas sem notícias? Especialmente para falar sobre algo como falta de sono. Olhei no relógio de novo. Em Winnipeg deviam ser três horas da manhã. Ok, talvez o problema fosse sério. Liv tinha aula na sexta feira.

– Por que não? – perguntei, pulando as cordialidades.

– Não sei, acho que estou preocupada – ela justificou, suspirando – Ou sei lá.

– Já tentou tomar leite quente? – perguntei, caminhando para fora da sala de controles.

Liv deu risada e eu fechei os olhos, imaginando-a rindo. Ela era tão linda.

– Já. Não resolveu muita coisa – ela suspirou de novo, soando cansada – Acho que estou com saudades ou sei lá.

Aquela frase me acordou do meu pequeno transe. Ela estava com saudades? E se ela não estava conseguindo dormir, aquilo significava que estava com saudades de dormir comigo? Puta merda. Liv só soltava mensagens subliminares. Mas o que aquilo significava? Que o que havia acontecido aqui em LA a deixou um pouco balançada? Será que ela poderia começar mesmo a gostar de mim? Se isso fosse verdade, eu largaria tudo pra ficar com ela. Se ela me pedisse, eu seria dela.

– Também estou com saudades – murmurei.

Liv soltou um muxoxo de repreensão.

– Você tem namorada – ela me advertiu.

O que diabos aquilo significava? Era um “você tem namorada, então termine com ela pra ficar comigo” ou um “você tem namorada, nunca teremos chance até porque não gosto de você e você devia parar de ser um mulherengo pegador e ficar correndo atrás de outras mulheres”? Definitivamente, o segundo parecia mais o que ela havia me dito nos últimos tempos. Bufei e balancei a cabeça, mesmo sabendo que ela não me via.

– Eu sei – disse, entredentes.

– Que bom que sabe. Às vezes parece que você esquece – ela soava amarga.

Mas é claro. Ela havia me ligado pra reclamar sobre o que eu havia feito na última vez em que nos vimos. Mas é claro. Liv não podia deixar a chance de uma boa briga passar em branco. Ah, droga. Por que é que eu gostava dela mesmo? Ela era tão esquentadinha e nervosinha. Sempre brigava comigo pelas menores coisas. Aquilo me irritava e, por mais incrível que pareça, me excitava. Brigar com Liv era sempre uma nova aventura.

– Eu amo Selena, Liv – as palavras até doeram ao passar pela garganta – O que aconteceu na última vez foi um erro. Eu estava carente e você é uma garota. Não vai mais acontecer, dou a minha palavra. Foi um erro. A gente pode esquecer isso?

Liv suspirou.

– Tudo bem. Vou tentar esquecer o fato de que você me chamou pra passar uns dias na sua casa porque você estava carente porque a sua namorada não te dá a devida atenção e você teve que ir procurar em outra garota. Você acha mesmo que eu ia fazer uma coisa dessas, Justin? Ser sua amante ou sei lá? – ela soava brava.

Tentei lidar com a situação da melhor maneira que consegui e dei risada.

– Não seja boba, Liv. Você não seria minha amante – eu disse, achando a ideia horrível.

Não completei com o que estava na minha cabeça, que era “você poderia ser minha namorada, se quisesse”, mas ela provavelmente ia desligar na minha cara ou gritar que não me queria. Eu posso ser corajoso, mas ouvir da garota que você gosta que ela não te quer é muito doloroso. Eu preferia pular aquela parte.

– Tudo bem, então. O que eu seria? – ela perguntou.

Eu não podia dizer nada. Pelo menos não o que eu estava pensando realmente.

– Você não seria nada, Liv. A gente pode parar de falar nisso, por favor? – perguntei, cansado e irritado com aquela conversa.

– Claro. Boa noite, Bieber – e antes que pudesse responder, ela desligou na minha cara.

Fiquei encarando o telefone por uns bons cinco minutos até conseguir fazer meu cérebro voltar a funcionar e liguei pra ela de volta. Ela recusou minhas três primeiras chamadas. Na quarta, atendeu.

– O que é? – ela perguntou.

– Qual o seu problema? Você está na TPM ou sei lá?

– Ah, meu Deus. Você é um idiota – e desligou na minha cara de novo.

Não parei de ligar pra ela até que me atendesse, lá pela décima ligação.

– PARA DE ME LIGAR, CARALHO! – gritou, furiosa.

– Eu quero conversar com você, porra. Você pode, por favor, tentar me responder de alguma maneira decente? – perguntei, bravo além da conta.

Pra que você quer falar comigo? Sou nada pra você – ela respondeu, bufando.

– Liv, para com isso. Você é minha melhor amiga.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos. Nem eu me dei conta de que havia dito realmente aquilo – ao invés de uma besteira romântica que a faria desligar de novo – mas era verdade. Liv era mesmo minha melhor amiga. Ryan era meu melhor amigo. Há uma diferença de gêneros aí.

– Só tenho você, Justin – ela sussurrou.

Eu entendia o que ela queria dizer. Liv não tinha muitos amigos na escola e, como trabalhava todos os dias, não tinha amigos fora dela. Eu era o único com quem ela podia contar. E puta merda, aquilo me deixava sobrecarregado. Saber que eu era praticamente a única pessoa com quem ela podia contar era muita responsabilidade. Pensei no mês que eu passei fugindo dela e em quanto ela devia ter se sentido perdida. Quando você acha algo pra se prender, é muito difícil de soltar. Liv não queria me soltar e eu não queria que ela o fizesse. Eu só queria que ela me desejasse de outra maneira.

– Você sabe que eu te amo, baixinha – sussurrei de volta.

– Também te amo – ela murmurou de volta – Promete que não vamos mais ficar nos estranhando?

– Prometo. E prometo que o que aconteceu lá em casa não vai mais acontecer – eu disse com convicção.

Liv deu risada.

– Obrigada, eu já me sinto melhor. Acho que já até estou com sono. Você é meu sonífero, Bieber – ela disse, dando risada de novo.

Também dei risada, mas chamei-a de novo. Ela não podia desligar antes que eu a convidasse para a minha festa de aniversário. Liv seria presença VIP. Eu a queria em LA pelo menos três dias antes da festa, para que nós pudéssemos passar mais tempo juntos. Dessa vez, eu não ia cometer nenhuma besteira.

– Ah, preciso falar com você sobre uma coisa. Como anda a escola? – perguntei.

– Sinceramente, estou me fodendo pra escola – ela respondeu, com tédio na voz.

Dei risada. Liv falando palavrão era uma coisa bem rara.

– Que rebelde, meu Deus. Olha só, meu aniversário tá chegando... – comecei a falar.

– AH, É VERDADE! – ela gritou, me interrompendo – Dia primeiro de março, né? Que legal, Juju. Vai atingir a maioridade, hein.

Dei risada, mas odiei ela me chamando de Juju. Que diabo de apelido era aquele?

– Pois é, é legal né? Você vem pro meu aniversário, certo? – perguntei.

– Mas é claro! Quando você quer que eu vá?

– Uns quatro dias antes da festa, pode ser?

Liv deu risada, mas concordou.

– A escola vai ficar puta, mas tanto faz. Só quero que esse ano acabe – ela disse.

– Bem vinda ao clube – rebati, rindo – Então, a festa vai ser no dia 2. Você pode vir, sei lá, dia 27?

Liv ficou em silêncio por alguns segundos.

– Justin, hoje é dia 23 – ela respondeu como se fosse óbvio.

– Sim, e daí?

– E daí que eu vou ter 4 quatro dias pra arrumar mala, comprar as passagens...

– Eu compro – eu a interrompi.

– Cala a boca – ela respondeu rapidamente – Tenho que comprar uma roupa pra festa e comprar o seu presente.

Bufei e neguei com a cabeça. Meu Deus, ela tornava tudo tão difícil.

– Não precisa de nada disso. Meu presente vai ser ter você aqui - argumentei.

Liv ficou em silêncio por mais alguns segundos.

– Eu realmente odeio você – ela murmurou, cansada.

– Não. Você me ama, lembra? Você mesma disse – eu a lembrei.

– Eu minto muito.

Dei risada e neguei com a cabeça de novo.

– Cala a boca. Você vem, né? Posso comprar as passagens pra você e pra Louie para o dia 27 de manhã?

– Mas Justin, e os seus irmãos? Jeremy e Erin?

– Já comprei passagem para eles para o dia 26 – respondi.

– Erin não me disse nada.

– Erin trabalha demais.

Ficamos em silêncio. Liv parecia estar travando uma batalha interior, então simplesmente esperei que ela voltasse a falar. Eu realmente queria que ela viesse ao meu aniversário. Louie também, é claro.

– Tudo bem, compre a maldita passagem. Vou te pagar quando chegar aí – ela disse, suspirando.

– Não precisa me pagar.

– Justin, não vamos ter essa discussão de novo...

– Não, Liv, não vamos – eu a interrompi – Eu já te disse que tenho dinheiro. Você não vai me pagar nada. Ponto final.

Ela bufou, furiosa.

– Argh, já disse que te odeio?

– Já. E eu sei que é mentira, porque você me ama.

– Vá se foder.

– Que boca suja, Liv Mayes!

Ela deu risada, o que aliviou nossa conversa do tom acusatório.

– Tenho que dormir, já está muito tarde. Tenho escola amanhã.

– Achei que você estivesse se fodendo pra escola – eu disse.

– Eu estou. Minha mãe, não.

Dei risada de novo e assenti.

– Tudo bem, então. Boa noite, Liv. Até dia 27. E por favor, nunca mais me chame de Juju.

– Boa noite, Justin. Até dia 27. E vou pensar no seu caso, Juju.

Dessa vez, eu desliguei o celular e o coloquei de volta no bolso. Eu estava sorrindo feito um bobo. Quando voltei para a sala de controles, Moshe estava lá dentro e me olhava como se eu fosse um animal de zoológico. Encarei-o desconfiado.

– Com quem você estava falando? – ele perguntou – Você tá com aquele sorriso idiota no rosto que só sai depois de umas duas horas.

– Ninguém – respondi.

Moshe deu risada. Ele sabia que “ninguém” significava que não era minha namorada.

– Você é bobo por aquela garota, não é? – perguntou ele e eu sabia que estava se referindo à Liv.

– Sou – respondi com sinceridade – Mas ela não é nem um pouco boba por mim.

– Bem vindo à vida, filho – ele disse, me olhando com tristeza.

Dei uma risada triste e voltei a trabalhar pra parar de pensar em Liv.


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Notas finais do capítulo

pra lembrar, porque tem gente esquecendo, estou postando também no tumblr: fanficscdj.tumblr.com
e no anime spirit: animespirit.com.br/cbdd6277
beijo, beijo e espero que tenham gostado *-*
AAAAH, HEART AND SOUL CHEGOU AOS 900 REVIEWS. WEEEE *-* muito obrigada, minhas lindas. tia Carmen ama muito vocês ♥