Heart And Soul escrita por CDJ


Capítulo 45
XLV


Notas iniciais do capítulo

não me matem depois do fim desse capítulo haha



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 Acordei lá pelas dez da manhã. Saí debaixo dos braços de Justin e corri direto para o chuveiro do quarto dele. Quando saí do banheiro, Justin havia acabado de acordar. Estava sonolento e com uma carinha de bebê muito fofa. Eu estava usando um roupão seu – que é muito mais seguro do que uma toalha, para dizer a verdade – e secava os cabelos com uma toalha. Ele me olhou com os olhos semicerrados.

 – Bom dia, flor do dia – eu disse, zoando.

 – Bom dia, luz do sol.

 Dei risada, corando logo em seguida. Caminhei até a cama e me sentei ao seu lado. Eu me sentia tão bem disposta e tão inexplicavelmente feliz. Era tudo culpa de Justin, provavelmente. Eu nunca havia dormido tão bem na minha vida. Aquilo até me dava vontade de dormir toda noite com ele.

 – Que horas você acordou? – ele perguntou.

 – Faz pouco tempo. Fui tomar banho assim que levantei – respondi.

 – Ah, ok. Você está com fome?

 – Morrendo de fome!

 Ele deu risada e assentiu com a cabeça. Saiu debaixo dos lençóis e se levantou. Foi só naquela hora que eu percebi que ele estava só de cueca e nós dois havíamos dormido juntos com ele daquela maneira. Fiquei vermelha só de me lembrar do comprimento do meu short. Droga. O que havia acontecido com o “não se envolver” mesmo?

 – Vamos tomar café da manhã lá embaixo. Depois eu me arrumo – ele disse, dando de ombros.

 Assenti com a cabeça e me levantei, seguindo-o. Justin não se incomodou em colocar roupas, então também não me incomodei em ir de roupão. Deixei a toalha que estava usando para secar o cabelo na cama. Alguém ia arrumar aquele lugar assim que saíssemos. Caminhamos até a cozinha.

 A governanta – ou o que diabos ela era – nem se incomodou em ver Justin em seus trajes íntimos. Na verdade, sua expressão era de calma e naturalidade, como se já estivesse acostumada com aquilo todos os dias. Quando eu surgi na cozinha, logo atrás dele, ela levou um susto.

 – Justin, você não me contou que ia trazer visitas – ela disse, recuperando-se do susto.

 – Ah, desculpa. Martha, esta é Liv. Liv, esta é Martha – ele nos apresentou sem nem nos olhar direito.

 Eu tentei mandar um olhar de desculpas para a mulher, como se quisesse dizer que aquilo não era minha culpa. E realmente não era. Ela fez um gesto banal com a mão como se dissesse que estava tudo bem e sorriu para mim, apontando o balcão da cozinha para que eu me sentasse em um dos bancos. Eu assenti e sorri de volta.

 – O que vão querer comer? – Martha perguntou.

 – Waffles – respondeu Justin – O que você quer, Liv?

 – Waffles está bom – respondi, assentindo.

 – Vou fazer – respondeu Martha, sorrindo para mim.

 Ela se dedicou em preparar nosso café da manhã, enquanto eu e Justin ficamos em silêncio. Eu tive vontade de lhe perguntar o que a noite passada havia significado, mas seria inútil. Aquilo ia acabar numa discussão idiota com Justin soando extremamente egoísta e arrogante porque ele tem “uma namorada e nós nunca daríamos certo”, de acordo com suas próprias palavras.

 Simplesmente fiquei quieta. E com sede. Então me levantei e comecei a caçar o lugar onde os copos ficavam. Justin ficou me observando como se eu fosse um animal de zoológico. Quando Martha apareceu, ela parecia chocada por eu estar procurando qualquer coisa de pé em sua lustrosa cozinha.

 – O que você está procurando, querida? – ela perguntou, de olhos arregalados.

 – Copos. Estou com sede – respondi.

 – Ah, mas porque não me pediu? – perguntou Martha, abrindo um dos armários do alto e tirando um copo de vidro chique de lá de dentro.

 Eu encarei o copo que ela havia me dado com certa tristeza. Quase todos os copos da minha casa eram de requeijão. Nós só usávamos os copos bonitos quando tínhamos visitas. Já Justin só tinha copos bonitos.

 – Não queria te atrapalhar com os waffles – respondi, timidamente.

 – Imagine! – ela disse, caminhando até a geladeira enorme – Não é incômodo nenhum. Água, suco de laranja, chá, café ou refrigerante?

 – Hã... – fiquei perplexa com sua eficiência e tive que balançar a cabeça para que meu cérebro voltasse a funcionar – Suco de laranja, por favor.

 Martha tirou o suco de laranja da geladeira e o colocou no copo. Depois me ofereceu o copo e apontou o balcão, como se me mandasse sentar no banco de novo. Caminhei timidamente até meu banco e me sentei.

 – Há quanto tempo você e Justin são amigos? – ela perguntou.

 – Nós nos conhecemos no ano passado. Em outubro – eu respondi.

 – Dezoito de outubro – Justin me corrigiu.

 – É – eu assenti, impressionada por ele lembrar a data.

 – Ah, então é por isso que você ainda não sabe como as coisas funcionam aqui em casa. Bem, não é muito difícil. Só quero deixar claro que você não precisa fazer nada por aqui; é só me pedir ou pedir para qualquer outra pessoa que nós faremos por você. Você é hóspede, convidada, visita. Não precisa fazer nada – disse Martha.

 – Eu não me importo se eu tiver que ajudar – eu disse, dando de ombros.

 Martha não respondeu, mas mandou um sorriso brilhante à Justin.

 – Eu gosto dela – ela disse.

 Dei risada e corei. Aquilo era bom saber. Pelo visto eu não era um completo desastre na hora de conversar com outras pessoas. Pessoas normais, quero dizer.

 Justin e eu nos abastecemos com os waffles, que por acaso estavam divinos, e caminhamos para nossos respectivos quartos, não sem antes agradecer a Martha pelo ótimo café da manhã. Fui para o meu quarto enquanto Justin foi para o dele. Ele me mandou a língua antes de fechar sua porta, o que me fez ficar com um sorriso bobo no rosto por uns cinco minutos consecutivos.

 Escolhi qualquer roupa. Jeans, camiseta e jaqueta. Saí do meu quarto dez minutos depois, já pronta. Eu não acreditava no que estava pensando, mas era tão mais fácil me arrumar quando eu não tinha que cuidar de três crianças ao mesmo tempo. Não que eu não amasse meus bebês. Eu amava, é claro. Mas era muito cansativo. Aqueles dias de folga com Justin vieram a calhar. E eu nem me preocupava mais com a escola. Eu ia dar um atestado falso e eles iam aceitar de bico calado. Eu era uma boa aluna mesmo.

 Caminhei até o quarto de Justin e entrei. Ele levou um susto e me olhou feio, mas eu só dei risada e fechei a porta atrás de mim, caminhando até sua cama e me sentando. Ele ainda estava só de cueca, mas parecia já ter tomado banho.

 – Você podia bater na porta antes de entrar – reclamou, bravo.

 – E você podia se apressar. Viu? Nenhum dos dois tem o que quer – respondi.

 Ele olhou para trás e começou a rir. Colocou os jeans e uma camiseta branca. Depois puxou uma jaqueta preta do armário e levou os tênis até a beirada da cama. Sentou-se ao meu lado para colocar as meias e os Supras.

 – Esse negócio está ficando meio injusto – ele comentou certa hora.

 – O que está injusto? – perguntei, confusa.

 – Você me vê toda hora sem roupa, só de cueca, e eu nunca te vejo com pouca roupa. Essa é a minha classificação de injusto – ele disse, com expressão séria.

 Eu fiquei vermelha igual a um pimentão e lhe empurrei para longe de mim, dando risada desesperada. Até me levantei da cama para me afastar dele.

 – Você já me viu pelada, do que diabos você está falando? – reclamei, a voz aguda.

 Ele deu risada por um bom tempo e depois me puxou pela mão, fazendo com que eu me aproximasse dele. Depois envolveu minha cintura com os braços, o que nos fez ficar muito próximos. Muito próximos mesmo.

 – Acho que eu lembro esse dia – disse Justin, como se estivesse pensando no assunto.

 – Ah, você acha que lembra? – eu perguntei, olhando-o brava.

 – Você podia me refrescar a memória, né – ele comentou, como quem não quer nada.

 Eu saí de perto dele, afastando seus braços de mim e neguei com a cabeça.

 – O que foi que aconteceu com você hoje, senhor Justin Pervertido Bieber?

 Ele voltou a dar risada e terminou de calçar os tênis. Depois deu de ombros.

 – A culpa foi sua. Quem mandou vir dormir no meu quarto, tomar banho no meu banheiro, usar o meu roupão...

 – Já entendi, já entendi. Não vou mais fazer isso – eu disse, erguendo as mãos pra cima.

 Justin deu risada, colocou a jaqueta preta e passou o braço pelos meus ombros. Nós caminhamos para fora da casa e para dentro de um dos seus grandes carros. O novo segurança – só Deus sabia onde Kenny estava – dirigia o carro para nós. Seu nome era Moshe, se eu não estava enganada. O caminho até o Chalice Recording Studios não foi longo. Assim que chegamos, uma pequena multidão de fãs esperava lá fora.

 – Jesus, elas realmente te perseguem – comentei.

 Justin riu e assentiu, olhando feliz para a pequena multidão.

 – Elas descobriram onde ficava o estúdio e agora vêm aqui todo dia. Fazer o que, né? Elas são incríveis – ele deu de ombros.

 Eu dei risada e assenti. Nós finalmente entramos no estúdio. Depois de passar por um monte de gente que eu não conhecia e que Justin não fez questão de me apresentar, nós chegamos até à sala de gravação. Era um lugar muito estranho. Tinha um painel com muitos controles, no qual um cara mexia e arrumava toda hora. À frente, ficava realmente a salinha de gravação. Pelo vidro dava para ver um microfone, uma cadeira, enormes fones de ouvido e folhas e mais folhas com letras de música. Entrava-se na salinha a partir de uma porta lateral. Justin se virou para mim, todo animado.

 – Me deseje boa sorte – ele pediu.

 – Você não precisa de sorte, você tem talento – eu disse, balançando a cabeça.

 Ele abriu um sorriso enorme de agradecimento, mas continuou esperando.

 – Ok, se você precisa tanto. Boa sorte, Justin – continuei, dando risada.

 – Valeu, Liv – ele respondeu, dando um beijo na minha bochecha.

 Fiquei por uns trinta segundos sem saber o que fazer depois daquilo e procurei pelo sofá de couro da sala de controles. Pelo vidro alto dava pra ver Justin na sala de gravação, mas eu não sabia se ele conseguia me ver. Seria melhor que não visse, porque eu já estava vermelha demais.

 Justin conversou rapidamente com seu produtor vocal e eles pareciam estar se decidindo sobre que música gravar. Justin assentiu com a cabeça e colocou os fones de ouvido. Sempre que falava, sua voz soava multiplicada na sala de controle e produção.

 – Liv, consegue me ouvir? – perguntou Justin.

 Eu me levantei e fiz um joinha com o polegar. Justin deu risada e assentiu.

 – Escuta só essa música. É nova. Chama-se Boyfriend.

 Assenti com a cabeça, sorrindo e com as palmas das mãos juntas como se eu fosse começar a rezar. Eu era uma criança boba e feliz ao lado do Justin. Por que diabos eu não conseguia agir como uma adolescente ou uma pessoa normal?

 – Vamos lá, Biebs. Vamos começar da ponte – disse o produtor musical.

 Justin assentiu e a melodia começou a tocar.

 – I’d like to be everything you want – Justin cantou, seguindo a melodia – Hey, girl. Let me talk to you.

 Ele parou de cantar e o produtor assentiu com a cabeça, assinalando que ele podia continuar a gravar. Mas Justin repetiu esses dois versos, soando melhor na segunda vez. Eu continuava lá, boquiaberta com seu alcance vocal e sua voz de anjo. Droga. Por que eu tinha concordado em vir mesmo? Justin estava tão sexy daquele jeito e aquilo só servia para me torturar, porque eu sabia que não podíamos ficar juntos.

 – If I was your boyfriend, I’d never let you go. Keep you on my arm, girl. You’d never be alone. I could be a gentleman, anything you want – Justin olhou direto nos meus olhos para cantar o ultimo verso do refrão – If I was your boyfriend, I’d never let you go. I’d never let you go.

 O produtor musical assentiu de novo e Justin tirou os grandes fones de ouvido, saindo da sala de gravação logo em seguida. Eu estranhei a gravação ter sido tão rápida, mas Justin e o produtor começaram a discutir alguns detalhes técnicos. Enquanto isso, a gravação que Justin havia acabado de fazer soava nos alto-falantes de novo e de novo. Quando ele terminou de discutir com seu produtor as melhores medidas, Justin me olhou, pedindo que eu chegasse mais perto.

 Eu me aproximei do painel de controles, mas fiquei meio afastada, com medo de tocar em alguma coisa e foder com as configurações da música ou sei lá. Justin me puxou, sorrindo, e passou os braços em volta da minha cintura por trás. Encostou o queixo no meu ombro e assentiu, para que o produtor tocasse a música.

 Enquanto as letras de Boyfriend tocavam, eu fiquei paralisada. Justin estava respirando muito perto de mim e as letras daquela música eram muito confusas. E se ele estivesse me dizendo algo subliminar? E se ele quisesse me dizer tudo aquilo que as letras diziam, mas não conseguia?

 Balancei a cabeça, ignorando aqueles meus pensamentos. Mas é claro que não. Justin não queria ser meu namorado. Ele só queria ser meu melhor amigo. Eu devia querer ser só a melhor amiga dele também, mesmo que às vezes eu fracassasse naquela tarefa. Justin levantou a cabeça, tirando o queixo do meu ombro e eu senti sua respiração muito perto do meu pescoço. Fiquei completamente arrepiada.

 – If I was your boyfriend, I’d never let you go – ele sussurrou no meu ouvido, seguindo a música e fazendo meu corpo inteiro tremer. 


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Notas finais do capítulo

overdose de fofura, tô sabendo AUIDODAHUI espero que tenham gostado, amores *-*