Heart And Soul escrita por CDJ


Capítulo 43
XLIII


Notas iniciais do capítulo

notas finais, por favor



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 Justin's POV

 Liguei pra Liv no começo de fevereiro. Eu não sabia o quanto estava precisando dela, ou de qualquer outra pessoa, até ouvir sua voz.

 - Olha só quem não morreu. O que você quer, cabeçudo? Achei que tinha dito que não ia se esquecer de mim – ela parecia brava.

 Dei risada assim mesmo e suspirei de alívio só por estar falando com ela.

 - Eu não me esqueci de você, lesada.

 - Imagina se tivesse esquecido, então. Eu nunca mais ia ter notícias de você.

 - Eu te liguei no ano novo, sua idiota! – gritei pra ela.

 - Isso foi há mais de um mês, seu retardado! – ela gritou de volta – Você acha que eu não senti sua falta desde então?

 Meu coração se apertou. Eu sabia que aquelas palavras eram verdadeiras, mas Liv não tinha ideia do quanto elas me atingiam. Quase entrei num avião pra Winnipeg uma dúzia de vezes. Só para poder falar com ela, abraça-la e ficar perto dela.

 Balancei a cabeça. Foi bom eu nunca ter saído de Los Angeles. Só Deus sabe onde meu namoro estaria numa hora dessas se eu tivesse ido visitar Liv.

 - Admita: você me ama.

 - Cala a boca, seu retardado! – ela disse pausadamente, como se eu fosse mesmo um retardado e não conseguisse entender. Tive que segurar o riso – Senti falta de te zoar, isso sim. E de não rir das suas piadinhas sem graça.

 - Liv Mayes, você já se entregou. Você morre de amores por mim.

 - Agora eu quero mesmo te ver. Pra dar um chute nessa sua bunda!

 Quase engasguei com minha própria saliva de tanto rir e tive que respirar fundo para continuar a conversa em um tom sério.

 - Não, para. Agora tenho uma coisa séria para falar com você.

 - O que foi? – ela automaticamente ficou preocupada.

 - Quero que você venha pra cá.

 - Pra cá onde? Nem sei onde você está agora, porque você não fala mais comigo. Você se esqueceu de mim – eu pude vê-la fazer um biquinho como se ela estivesse na minha frente, e não há milhares de quilômetros de distância.

 Revirei os olhos, porque era o que eu faria se ela estivesse na minha frente. Liv sabia ser uma enorme rainha do drama quando queria.

 - Estou em Los Angeles, sua lesada. Gravando Believe, meu próximo álbum.

 - Jura? Que máximo! – não captei ironia nenhuma, então supus que ela estava realmente feliz por mim – Mas por que você quer que eu vá aí?

 - Estou com saudades – resumi todos os meus sentimentos indescritíveis nessa pequena frase e não dei mais explicações.

 Liv começou a rir e eu sabia que ela tinha um sorriso de triunfo nos lábios.

 - Eu sabia! Você não vive sem mim.

 Fiquei corado e dei graças por ela não poder me ver naquele momento. Quase corrigi a frase por ela, mas me contive. Não era que eu não vivia sem ela. Eu conseguia viver sem Liv. Eu simplesmente não queria. Aquele pouco tempo que nós havíamos passado afastados já tinha arruinado um quarto da minha sanidade mental. Mas eu não ia dizer aquilo pra ela. Meu orgulho era grande demais.

 - Cala a boca, idiota. Enfim, você vem ou não? – eu bufei, tentando parecer impaciente.

 - É claro que eu vou! – disse ela, me tranquilizando – Quando você me quer aí?

 Repreendi meu impulso de dizer que a queria lá comigo naquele instante e simplesmente balancei a cabeça, passando a mão no cabelo. Eu estava pensando.

 - Vou comprar uma passagem online pra você – eu me resolvi – aí é só você retirar no aeroporto. Tudo bem assim?

 - Ok. Eu te pago quando chegar aí.

 Revirei os olhos de novo. Liv e sua mania irritante de não aceitar meu dinheiro.

 - Cala a boca! É só uma passagem de ida e volta. Fui eu que te chamei, então eu vou pagar – gritei, não dando brechas para que ela argumentasse comigo.

 - Ah, Justin, você sabe o quanto eu odeio isso.

 - Eu sei, mas dessa vez você vai ter que superar.

 Liv ficou em silêncio por um curto espaço de tempo. Fiquei meio assustado com a possibilidade de ter sido muito duro com ela, mas eu sabia que não. Os meus maiores problemas com Liv não tinham nada a ver com ela recusar meu dinheiro. Era algo bem maior que isso. Era até bem maior do que nós dois.

 - Você é um retardado, sabia?

 - Sabia.

 - Ok, então – ela deu risada, o que fez meu coração pesar bem menos dentro do meu peito – A gente se vê logo, logo.

 - Beijos, maninha. Espero você aqui.

 - Beijos, irmãozinho.

 Depois de desligar, fui correndo comprar as passagens de avião para o dia seguinte. Coloquei Liv na primeira classe, mesmo sabendo que ela ia me xingar quando chegasse em LA. Mandei uma mensagem de texto pra ela avisando que ela ia ter que chegar no aeroporto às oito da manhã, mesmo o voo sendo só as dez. Ela me respondeu com uma carinha feliz e outra bocejando. Dei risada.

 Quase não consegui dormir à noite com tanta ansiedade. Pensei em ligar pra ela de novo, mas eu sabia que ela não ia poder atender. Devia estar arrumando a mala ou dormindo. Eu não podia tirar o pouco de sono que lhe restava, afinal ia ser uma viagem de cinco horas. Ela precisava de todo o sossego que pudesse ter.

 Fiquei assistindo um filme, mas sem conseguir prestar atenção direito. Eu estava tão animado em poder mostrar pra Liv o que eu estava fazendo no álbum novo e como tudo estava indo no estúdio que nem pensei nas consequências. Era uma terça-feira. Ela ia ter que largar a escola, largar meus irmãos, largar sua própria irmã, só pra vir ficar comigo. A única coisa que me acalmou foi lembrar que ela não tinha reclamado. Ou seja, ela queria me ver tanto quanto eu queria vê-la.

 Quando acordei no dia seguinte, já era quase hora do almoço. Comi alguma coisa rápida e fiquei isolado no meu quarto, martelando o que eu ia fazer até a noite de domingo, que era quando Liv ia embora. Eu não podia, de jeito nenhum, tentar nada com ela. Não podíamos ficar muito próximos também. Deus sabia o que acontecia quando estávamos muito próximos. Eu não havia passado todo aquele tempo me martirizando só para cometer o mesmo erro da noite de Natal.

 Chegou a hora de ir busca-la no aeroporto. Moshe foi comigo. Ele me perguntou se eu não queria que mandassem um carro busca-la e ela viria direto pra casa, mas eu respondi que não. Eu queria estar lá para vê-la sair da sala de desembarque. Eu queria ser a primeira pessoa a lhe dar um abraço. Eu só queria vê-la.

 Quando ela saiu, carregando a mala desajeitadamente e olhando no celular como se esperasse por uma instrução, eu soube que tudo o que eu havia feito no último mês tinha sido em vão. Nada ia apagar o que havia acontecido.

 Depois do Natal, eu me mantive concentrado em esquecer Liv. Liguei para ela no ano novo, mas foi só. Eu queria esquecer que ela existia, só para não ter perigo de ficar pensando nela enquanto estava com Selena. Foi quando começaram as gravações de Believe, que me deixaram extremamente atarefado. Eu não tinha tempo de dormir direito, muito menos de pensar nela. Depois de um tempo, eu me convenci de que não gostava dela. Nosso beijo não havia significado nada. Ela era a namorada de Chaz e eu tinha Selena. Era assim que devia ser.

 Mas vê-la no aeroporto, procurando por mim, mudou tudo que eu tinha na cabeça. Comecei a sorrir feito um bobo. Nunca poderia esquecer aquele beijo. Nunca poderia deixar de gostar dela. Todo aquele esforço pra nada. No fundo, eu sabia que eu não devia nem ter começado a tentar. Eu gostava tanto, tanto de Liv. Aquele tempo sem ela foi como uma tortura pessoal. E pensar que a única pessoa que a afastou de mim por tanto tempo fui eu mesmo.

 Caminhei até ela, com Moshe nos meus calcanhares. Nós esbarramos um no outro e ela levantou os olhos rapidamente.

 - Oh, me desculpe – ela disse.

 - Liv? Sou eu!

 - Justin? – ela olhou para o meu cabelo escuro e depois olhou nos meus olhos – Justin!

 E então me abraçou, como se não houvesse nada que a deixasse mais feliz. Eu sorria mais e mais, em plena consciência de que ela era a pessoa que eu estava precisando naquele momento. Só parei de sorrir quando ela me soltou e me encarou de uma maneira diferente, como se nunca tivesse me visto antes.

 - Sou eu mesmo – eu repeti.

 - Eu sei – ela suspirou – Só preciso de um tempo para ter certeza que esse momento é real.

 Dei risada e peguei sua mala. Puxei-a pela mão livre e nós caminhamos até o carro de mãos dadas. Eu lhe perguntei como havia sido o voo e ela respondeu que havia sido ótimo, não sem antes me dar um peteleco por eu tê-la colocado na primeira classe.

 Ficamos em silêncio a maior parte do longo trajeto até a casa. Quando chegamos ao condomínio e ela viu minha mansão, seu queixo caiu. Sorri para ela, esperando que dissesse alguma coisa, mas ela não disse nada. Não parecia muito sã naquele momento.

 - Você gostou da casa? – perguntei, enquanto a ajudava a descer do carro.

 - Você tá brincando? É perfeita! – ela respondeu em um sussurro.

 - Obrigado. Tenho um ótimo gosto, eu sei.

 Ela deu risada. Dessa vez, Moshe que pegou sua mala e nós caminhamos até a mansão. Sem as mãos dadas, porque eu já havia percebido que aquele não era o tipo de coisa que eu devia fazer. Além do mais, Liv não fazia questão de me ter tão perto. Ela gostava de mim, mas como um amigo. Não gostava do mesmo jeito que eu gostava dela. Era melhor daquele jeito. Assim nós não nos envolvíamos e não tornávamos as coisas ainda mais difíceis para nós dois.

 - Você mora sozinho? – ela perguntou, assim que entramos.

 - Não, se você contar a cozinheira, a lavadeira, a passadeira, a arrumadeira e os inúmeros seguranças que também fazem guarda lá fora.

 Liv, boquiaberta, se virou pra mim.

 - Você mora sozinho – não era uma pergunta.

 - Moro – assenti.

 - Caralho – ela deixou escapar – Isso é muito legal.

 Dei uma risada, mas neguei com a cabeça. Não era tão legal assim.

 - Vamos, vou te levar ao seu quarto.

 Nós subimos as escadas – Moshe ainda carregando a mala de Liv e reclamando um pouco a cada degrau – e eu a levei para um dos quartos de hóspedes.

 - É maior que o meu apartamento – ela sussurrou, ao entrar no quarto.

 Dei risada e rezei para que ela estivesse mentindo. Liv nunca havia chegado perto de nenhum dos meus bens materiais até aquele momento. Ela nunca vira meus carros nem minhas casas. Nós passamos todo aquele tempo num ônibus de turnê e na casa dos meus avós, que não era grande. Ou seja, acho que ela nunca se deu conta da minha grandeza. Não que eu esteja querendo me gabar, é lógico. Mas eu não podia negar que a mansão era imensa e que Liv estava surpresa com o tanto de dinheiro que eu tinha. Dinheiro esse que nem eu tinha ideia de quanto era.

 - Você acha que vai ficar bem aqui? – perguntei.

 - Vou. Vou ficar ótima aqui.

 Ela então correu até a cama e se jogou. Depois de tirar os tênis, começou a pular em cima da cama. A cada pulo era um novo grito. Dei risada. Eu tinha feito a mesma coisa. Tirei meus Supras também e corri até a cama, pulando junto com ela.

 - Isso é o máximo! – ela gritou.

 Dei risada.

 - É muito legal, né?

 - Meu Deus, Justin – e então ela parou de pular. Parei logo em seguida também – Você tem noção do quanto você é rico? Porque eu não tenho.

 Dei risada de novo.

 - Acho que eu também não tenho. Mas, ei, não pensa nisso, ok?

 - Não vou mais pensar – ela respondeu, voltando a pular – Vou fingir que essa não é a sua casa. Vou fingir que esse é mais um hotel e a gente tá livre pra fazer o que quiser aqui.

 - É mais ou menos isso – eu respondi, voltando a pular também.

 Liv, do nada, se jogou em cima de mim e nós caímos na cama, dando risada. Ela, que estava por cima, fez o maior esforço para me abraçar. Eu a abracei de volta.

 - Eu senti sua falta – ela sussurrou.

 Não respondi. Com um sorrisinho malicioso, fiz que nós rolássemos na cama até que eu estivesse por cima dela. Segurei seus braços para que ela não se mexesse e imobilizei suas pernas com as minhas. Ela me encarou nos olhos e sorriu.

 - Também senti sua falta – sussurrei de volta.

 Com os nossos lábios tão pertos um do outro, senti vontade de cortar aquela distância estúpida. Mas não o fiz, porque Liv e eu tínhamos pouco tempo juntos. E eu não queria que esse tempo fosse desperdiçado em brigar nos cinco dias que ela fosse ficar comigo.

 Os olhos de Liv passaram dos meus olhos ao meu cabelo. Ela se mexeu até conseguir soltar um dos braços e passou a mão pelo meu cabelo. Quando me encarou nos olhos novamente, era como se estivesse encarando uma pessoa totalmente estranha. Havia uma pontinha de tristeza e raiva em seu olhar.

 - O que você fez? – ela perguntou, referindo-se à minha nova cor.

 - Parecia uma boa ideia na hora – comentei – Você não gostou?

 - Não sei ainda – ela respondeu, sincera – Mas quem quer que seja esse novo Justin, ele não se parece nem um pouco com você.

 Corei e não soube o que dizer. Pintar o cabelo parecia um ato de rebeldia que devia ser feito. Eu não me arrependia, mesmo tendo feito isso enquanto ainda tentava me desligar de Liv. Era como uma prova de que eu era alguém novo, que eu podia me desligar do velho Justin, que gostava de uma menina que ele havia conhecido há um mês, sendo que a garota nem gostava dele de volta.

 Com Liv ali, no mesmo quarto, respirando o mesmo ar que eu, tudo aquilo parecia errado. Não havia como esconder aquele Justin, do mesmo jeito que não havia como esquecer Liv. Olhei para todos os lugares, menos para os seus olhos. Saí de cima dela, sabendo que ela era uma das pessoas que mais me conhecia. Também me dei conta de que mentir para ela ou enganá-la não me levava a nada. Com pânico, percebi que ela logo descobriria o quanto eu gostava dela. E, talvez, nossa amizade não estivesse pronta para um baque daqueles. 


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Notas finais do capítulo

Entãaaao, eu já disse em Run From Me mas como eu tenho leitores específicos que cada uma das fics, vou dizer aqui também. Criei um tumblr para postar as fics e ele já está em total funcionamento. Tem TODOS os capítulos lá e sempre que eu atualizar aqui, vou atualizar lá logo em seguida. Já me perguntaram se dá pra comentar e a infeliz resposta é: não. A não ser que você me siga e eu atualize o capítulo enquanto você esteja on, aí você me vir com o capítulo lá na sua dash, você não pode comentar. Mas pode likar, reblogar ou mandar ask. Enfim, outras dúvidas, comentários ou sugestões, podem me perguntar por aqui ou no tumblr ou nos outros 156511515 lugares que eu deixei o link no meu perfil aqui no Nyah.
ENFIM, esse é o tumblr: http://fanficscdj.tumblr.com/
Espero que vocês gostem do estilo dele e tal. Se não, podem me pedir pra trocar, podem mandar sugestões de imagens pro header ou pra sidebar e até mesmo outros themes. Mas enfim, só queria avisar pra vocês que o tumblr está em total e completo funcionamento. Quando o Nyah entrar em colapso, é lá que eu vou estar. Beijo, beijo. Tia Carmen vai ver vocês logo, logo de novo. E espero que tenham gostado do capítulo ;)



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