Heart And Soul escrita por CDJ


Capítulo 42
XLII


Notas iniciais do capítulo

notas finais, notas finais



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 Saí do banheiro depois de um tempo. Eu me sentia como uma garotinha, ignorante e indefesa. Parecia que eu estava de volta a noite que havia se passado há um mês atrás, quando Justin e eu quase nos beijamos pela primeira vez e ele havia me dito que queria fingir que aquilo não tivesse acontecido. Agora que havíamos nos beijado de verdade, eu me sentia mil vezes mais perdida, mil vezes mais aflita e mil vezes mais machucada.

 Ele não havia me mandado nem um olhar de adeus. Não foi capaz nem de me dizer alguma coisa. Simplesmente saiu e me deixou sozinha. Balancei a cabeça enquanto lavava o rosto e confirmei o que eu sempre soube: Justin não me queria. Ele só estava balançado porque havíamos passado muito tempo juntos e nos dávamos muito bem.

 Derrubando mais algumas lágrimas, eu me dava conta de que gostava dele. Mais do que gostava de Chaz, mais do que já havia gostado de qualquer outro garoto. E minhas lágrimas caíam porque eu sabia que ele não gostava de mim. Mesmo se sentisse qualquer coisa, no fim, ele me deixaria sozinha e correria de volta para sua vida normal. Ele me abandonaria. Do mesmo jeito que meu pai fez. Do mesmo jeito que minha mãe costumava fazer. Todo mundo me abandonava no final. Com ele não seria diferente.

 Quando finalmente saí do banheiro, Chaz me esperava do lado de fora. Ele abriu um sorriso enorme ao me ver e me abraçou. Eu o abracei de volta, apertando-o bem forte.

 - Quero ir embora – sussurrei em seu ouvido e o soltei.

 - Vamos, vou te levar para o hotel.

 Chaz me pegou pela mão e nós descemos as escadas. Eu me despedi rapidamente com um aceno de todos que estavam no andar debaixo e nós pudemos sair da casa. Chegando ao hotel, enquanto Chaz me encarava com um sorriso lindo e os olhos brilhando, eu tive uma necessidade enorme de comprovar para mim mesma que eu podia fazer um garoto gostar de mim. Chaz era a prova viva.

 Então, ao invés de subir direto para o meu quarto, eu o puxei pela nuca e cortei a distância entre nossos lábios. Aumentei a intensidade do nosso beijo e o puxei mais para perto. Foi quase impossível nos mantermos colados naquela posição, então nós pulamos para o banco de trás, onde fiquei sentada no colado de Chaz, de frente para ele. Ele subia as mãos por debaixo do meu vestido, mas eu não me importava e não o impedia. Ele até mesmo ficou sem camiseta. Distribuí mordidinhas leves por todo o caminho do pescoço até o ombro de Chaz, o que o fez me apertar mais contra seu próprio corpo. Quando ele quis tirar meu vestido, percebi que as coisas já tinham ido longe demais e nós devíamos parar por ali. Empurrei-o gentilmente e saí de cima do seu colo. Ele compreendeu que eu não queria ir à frente com aquilo.

 - Obrigada pela carona – eu disse, enquanto ele colocava a camiseta e o casaco e eu ajeitava meu vestido.

 - Não tem de quê – ele sorriu – Se toda vez que eu te der carona, isso aqui acontecer, não quero que você saia desse carro nunca mais!

 Dei risada, mas me senti culpada por ter me entregado tanto a Chaz. Não pude evitar fazer uma comparação mental entre o beijo dos dois e foi com muita raiva que constatei que Justin beijava muito melhor. E não era somente o beijo em si, mas o que eu senti quando o beijei. Com Chaz, era algo muito morno. Com Justin, era um furacão.

 - Boa noite, Chaz – eu lhe disse, saindo do carro.

 - Boa noite, Liv – ele respondeu.

 Subi para o quarto e tive que acordar minha mãe para poder entrar. Ela não comentou nada a princípio, mas percebeu o quanto eu estava descabelada. Enquanto eu tomava um banho, ela ficou me esperando sentada na cama. Quando saí do chuveiro, coloquei um pijama e me deitei na cama, ela resolveu conversar.

 - Você usou proteção?

 - O que? – sussurrei, querendo gritar mas sem querer atrapalhar o sono de Louie.

 - Não quero que nada aconteça com você, filha. Você tem que usar camisinha.

 Eu me escondi debaixo das cobertas por uns três minutos esperando a vermelhidão nas minhas bochechas ir embora. Não acreditava que minha mãe queria ter aquela conversa logo naquele momento. Era Natal. Ah, eu simplesmente não podia acreditar. Aquilo era tão inapropriado. Falar sobre sexo com a minha mãe não estava na lista de presentes.

 - Mãe, eu não fiz nada com o Chaz.

 - Não fez?

 - Não. Nós só nos pegamos no banco de trás do carro dele, mas foi só – expliquei.

 - Você promete?

 - Prometo.

 Ficamos um tempo em silêncio, mas é lógico que ela não tinha se cansado.

 - Filha, você é virgem?

 - Ai, meu Deus, mãe! Corta esse assunto, pelo amor de Deus.

 - Eu quero saber, ora! – ela replicou.

 - Sou, mãe. Sou virgem. Agora, boa noite e Feliz Natal. Até amanhã de manhã.

 Ela não disse mais nada, porque finalmente deve ter percebido o quanto aquele assunto era constrangedor. Antes de cair no sono, eu me peguei pensando se Chaz era virgem. Provavelmente, não. Ryan também não devia ser. Justin, muito menos. Ele e Selena deviam ser um casal extremamente sexualmente ativo. Pensar nessa expressão me fez rir tanto que eu fiquei com as costelas doendo. Eu me convenci a parar de pensar naquelas coisas e peguei no sono logo depois.

 Louie me acordou. Fui tomar mais um banho rápido enquanto minha mãe e ela terminavam de se arrumar. Assim que fiquei pronta, com jeans e muitos casacos porque estava frio pra caramba, nós arrumamos a mala, fizemos o check-out e saímos do hotel, indo para a casa dos avós de Justin.

 Todos os presentes estavam no porta-malas do carro. Os meus e os da minha mãe. Nós armamos uma estratégia: eu sabia que Jazzy e Jaxon não estariam acordados aquela hora, então eu levaria Louie para o andar de cima e ia acordá-los. Enquanto isso, minha mãe colocaria todos os presentes na árvore e voilá, o Natal estava completo.

 Executamos o plano, que saiu perfeitamente, e eu fiquei cuidando das crianças enquanto o resto dos adultos acordava. Evitei Justin o máximo que pude e só desci para o andar de baixo quando todo mundo já tinha colocado os presentes na árvore.

 A base da árvore de Natal estava cheia de presentes. Eu reconhecia os meus e alguns da minha mãe, mas o resto era estranho pra mim. As crianças foram abrindo e não se contentavam com pouco. A maior parte era Justin quem havia dado. Ele tinha dinheiro, então eu não podia fazer nada a não ser dar de os ombros. Jazzy, felizmente, adorou o conjunto de pintura que lhe dei – como esperança para vê-la parar de pintar as paredes – e Jaxon adorou o brinquedinho educativo da Fisher Price. Acabei comprando uns três ou quatro presentes pra Louie, todos diversificados, mas Justin também lhe deu muita coisa. Fiquei envergonhada pela quantidade, mas presente não se recusa.

 Minha mãe me deu um iPhone – desnecessário, mas ainda assim extremamente desejado e apelativo – e eu lhe dei um vestido bonito. Quando Justin viu meu presente, ele ficou meio chocado. Quase nunca mais ganhava presentes, estava acostumado a dá-los apenas, já que ele era a pessoa que tinha mais dinheiro ali. Mas quando abriu o embrulho e encontrou um colete jeans sem mangas, seus olhos brilharam.

 - Quem foi que me deu esse aqui? – ele perguntou em voz alta.

 - Foi o Papai Noel – respondeu Jaxon.

 Todo mundo deu risada. Eu me aproximei de Justin, mesmo com uma parte de mim dizendo para ficar longe. Ele sorriu como se eu fosse sua garota preferida e me lembrei da música que ele cantou pra mim antes de um show. Eu me lembrei do beijo e meu coração inchou, batendo acelerado. Foi quando lembrei que ele não me queria que parei de sorrir e me senti como a pessoa mais infeliz do mundo. Mas não o deixei perceber nada disso. Coloquei meu melhor sorriso falso no rosto e continuei.

 - Fui eu que te dei esse colete – respondi.

 - É muito foda. Obrigado – ele agradeceu e me puxou para um abraço.

 Ter seu corpo tão perto de novo me fez arrepiar. Justin pareceu perceber minha reação, mas não comentou nada sobre isso. Quando nos soltamos, seu sorriso era tão falso quanto o meu. Nós dois estávamos jogando aquele jogo e sabíamos que íamos perder. Mas eu não me importava. Contanto que ele não me machucasse, estava tudo bem.

 - Também tenho uma coisa pra você.

 Ele pegou uma caixa de veludo preta do chão. Só pela forma da caixa, eu já sabia que era uma joia. Sabia também que era um colar. Minhas bochechas ficaram vermelhas de novo e eu pensei em não aceitar o presente. Só Deus sabia quanto devia ter custado o colar. Justin não parecia o tipo de cara que comprava joias baratas.

 Ele abriu a caixa. Um lindo relicário com um pingente em forma de coração prateado contrastava com o veludo negro. Meu coração parou por alguns segundos. Justin tirou o relicário da caixa e colocou esta de volta no chão. Ele abriu o pingente de coração.

 - Eu queria que você... – Justin me olhou nos olhos – Queria que você se lembrasse de quem é sua verdadeira família. Isso é um símbolo de que nunca vamos nos separar.

 Olhei para a foto dentro do pingente e senti vontade de chorar. Era a foto do show em Winnipeg. Eu, Justin, Jazzy, Jaxon e Louie sorríamos, felizes. Coloquei as mãos na boca e me controlei para não chorar.

 - A corrente é de prata, mas o coração é feito de diamante, o material mais precioso e mais duro do mundo. É um colar um pouco mais comprido, porque é pra você usar dentro da roupa. Ele vai ficar na altura do seu coração, mais ou menos. Então, sempre estaremos juntos com você.

 Tirei as mãos da boca e comecei a chorar. Justin colocou o relicário em mim e o coração de diamante ficou realmente na altura do meu próprio coração. Eu sentia meus batimentos cardíacos subindo quando Justin colocou a mão no meu peito, tentando sentir minha pulsação. Ele fechou os olhos por um segundo.

 - Quando a gente estiver longe, quero poder me lembrar até das batidas do seu coração – ele sussurrou.

 Justin abriu os olhos novamente e me deu um beijo na testa. Eu o abracei muito forte, dizendo com um toque os milhões de agradecimentos que eu não tinha coragem de dizer em voz alta. Ele havia me feito ser parte de sua família, quando tudo o que eu mais queria era fugir da minha. Ele era minha família.

 Nós nos soltamos. Ele secou minhas lágrimas, beijou minha testa de novo e colocou o relicário para dentro da minha blusa. Senti queimar quando o diamante frio tocou minha pele, mas era uma sensação muito boa. Enquanto eu olhava ao redor e o diamante queimava no meu peito, percebi que aquele era o meu lugar. Nunca havia me sentido tão bem acolhida antes. Era ali que eu pertencia. Eles eram a minha família. Agora que eu finalmente havia os encontrado, não queria deixa-los jamais.

 Eu e Justin nos separamos. Ele foi para um lado e fui para outro. Chaz e Ryan só chegaram depois do almoço, mas me surpreendi com o presente de Chaz. Ele havia comprado uma aliança, não muito cara, que simbolizava o nosso relacionamento.

 - Sei que a gente já está namorando, mas eu queria que fosse oficial – disse ele, colocando a aliança no meu dedo.

 Dei uma risada e o abracei, beijando-o logo em seguida. Minha mãe foi falar com ele depois e tive medo do que eles ficaram conversando. Eu só torcia para que ela não quisesse ter a conversa sobre sexo com ele como teve comigo na noite anterior. Mas estava tudo bem. Quando ele voltou, não parecia constrangido nem encabulado, então não me preocupei. Selena e eu conversamos um pouco enquanto Ryan, Justin e Chaz conversavam entre si. Ás vezes sentia que o assunto era eu, mas provavelmente devia estar enganada. Tive medo do que eles poderiam estar conversando, só que logo desencanei. Não devia ser nada muito sério.

 Quando Chaz voltou a me abraçar, parecia muito satisfeito consigo mesmo. Justin, por sua vez, nem me olhou na cara. Voltei a me perguntar sobre o que eles haviam falado, mas acabei deixando o problema de escanteio.

 Lá pelas duas horas da tarde, minha mãe avisou que a gente tinha que ir embora. Como seria uma viagem de 10 horas, tínhamos que pegar a estrada cedo.

 Eu me despedi de todo mundo. Erin acabou me dando folga no emprego de babá até o fim do ano, então eu teria quase uma semana de descanso. Uma benção, depois de uma turnê tão conturbada e acontecimentos tão perturbadores. Eu me despedi de Selena, de Ryan e de Chaz. Chaz me fez prometer que íamos nos falar quase todo dia por Skype ou por mensagem de texto e eu o tranquilizei, confirmando que iria.

 Quando fui me despedir de Justin, ele me deu um abraço rápido e sem emoção.

 - Qual o problema? – perguntei, em voz baixa.

 - Fiquei sabendo de você e do Chaz.

 - Hum, e daí?

 - Você não acha que é meio inapropriado? No banco de trás do carro dele? – Justin me encarou de olhos arregalados.

 - Não é como se ele tivesse transado comigo, sabe – cruzei os braços, subitamente com raiva por Justin se intrometer na minha relação com Chaz de novo.

 - É, mas foi por pouco. Isso é muito vulgar, Liv.

 Comecei a rir.

 - Você é quem pra me dizer isso? Meu pai?

 - Sou seu irmão mais velho – ele disse, soando autoritário.

 - Ah, claro – bufei – Justin, fica na sua, ok? Da minha vida, cuido eu.

 Ele pareceu chocado e indignado com a minha resposta e me segurou pelo braço.

 - Ai, você tá me machucando!

 - Você não sabe que eu tenho ciúmes de você com esse marmanjo?

 - Ele é seu amigo, pelo amor de Deus! Além do mais, até parece que você e a Selena não fazem coisas piores – reclamei

 - O que eu faço com a Selena é problema meu.

 - Exatamente! O que eu faço com o Chaz também é problema meu, não seu – puxei meu braço, fazendo com que Justin o soltasse.

 - Eu não quero que ele te faça mal nenhum, é só isso.

 - Já sou bem grandinha pra cuidar de mim mesma, você não acha?

 Justin bufou e riu ao mesmo tempo.

 - Não. Você ainda é uma criança. É a minha baixinha.

 - Nossa, credo, você tá soando como o meu pai. Quer dizer, se eu tivesse um.

 Justin pareceu um pouco constrangido pela minha sinceridade, mas não levou muito em conta. Logo se esqueceu da minha fala amargurada.

 - Sou seu irmão mais velho. É quase a mesma coisa – ele deu de ombros.

 - Na verdade, eu sou mais madura que você.

 - Ah, cala a boca.

 - Cala a boca você!

 Justin então me pegou no colo e me colocou em um dos ombros. Eu me senti como uma bonequinha de pano e fiquei completamente assustada por ter sido levantada do chão tão subitamente.

 - AI MEU DEUS, ME COLOCA NO CHÃO!

 -Admite que eu sou mais maduro.

 - AH CLARO! VOCÊ É MUITO MADURO. VOCÊ ACABOU DE ME TIRAR NO CHÃO SÓ PRA FAZER CHANTAGEM. QUANTA MATURIDADE, MEU DEUS!

 Justin começou a dar risada. Ele riu tanto que teve que me soltar. Também dei risada. Ele me abraçou, dessa vez do jeito certo, e não me soltou por uns dois minutos. Acho que ele não queria que eu fosse embora. Eu entendia o sentimento, porque também não queria me afastar dele. Mas era para o melhor. Se nós dois ficássemos muito mais tempo juntos, só Deus sabia o que poderia acontecer.

 - Tchau, baixinha. A gente se vê mais pra frente.

 - Tchau, cabeçudo. Não se esquece de mim – falei, fazendo um biquinho.

 - Mas é claro que eu não vou me esquecer de você!

 Ele me abraçou de novo e nós caminhamos abraçados até o carro. Eu entrei e abri a janela. Justin me deu outro beijo na testa, como um irmão mais velho superprotetor, e sorriu para mim daquele jeito que fazia meu coração inchar.

 - Cuida bem desse coração aí. Ele é precioso.

 - Vou cuidar muito bem – eu sorri de volta.

 Nós arrancamos com o carro. Acenei para todo mundo, mas especialmente para Justin. Eu sabia que era dele que eu sentiria mais falta, porque não podia vê-lo sempre. Como era babá de Jazzy e Jaxon, sempre veria as crianças. Mas não Justin. Com um espasmo de medo, pensei em quando voltaria a vê-lo e me dei conta de que não tinha ideia de quando seria isso. Meu coração se apertou um pouquinho. No mesmo instante, o coração de diamante dentro da minha blusa voltou a queimar, me dizendo que eu não estava sozinha. Eu não dependia mais da presença física deles. Eu sabia que minha família sempre estaria comigo, aonde quer que eu fosse. 


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Notas finais do capítulo

Ainda não sei exatamente o que fazer com as fics, já que o Nyah tá com essa frescura de não poder postar mais fic de pessoas reais. Até agora, já criei um site e fiz um outro tumblr pra postar os fics, mas não sei como vai ser. Provavelmente, vou postar as fics nesse novo tumblr e tudo o mais. Vocês vão poder comentar, reblogar, mandar ask e enfimmmm. Lembrando que não precisa ter tumblr, ok?
Então, se vocês tiverem alguma outra sugestão em relação a isso, estarei ouvindo :)