Heart And Soul escrita por CDJ


Capítulo 41
XLI


Notas iniciais do capítulo

Demorei MUITO, eu sei ): Mas, pra compensar, esse capítulo ficou imenso e vocês vão adorar *-*



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 Depois do programa da Ellen, era hora de ir pra Stratford para o Natal. Já era dia 23 de dezembro. Minha mãe e Louie iam nos encontrar na casa dos avós de Justin; elas estariam viajando de carro – ou seja, iam passar cerca de dez horas dentro de um automóvel. Mas acho que daria tudo certo. Elas gostavam de viajar mesmo.

 Eu, Justin, Jazzy e Jaxon pegamos um avião – que, pelo tamanho, não pôde pousar em Stratford. Tivemos que pousar em outra cidade maiorzinha, que não sei o nome, porque não sou realmente canadense e não me importava, e entramos em um helicóptero até Stratford. Não dá para descrever como foi andar de helicóptero. Era a coisa mais estranha e legal do mundo. Completamente aterrorizante e magnífico.

 Um carro nos buscou no aeroporto e nos levou para a casa dos avós de Justin. Pattie já estava lá. Ela não havia ido ao programa da Ellen, tinha ido para Stratford logo depois do show de Toronto. Quando chegamos à casa, todo mundo começou a se abraçar e a dizer Feliz Natal. No chão, latindo feliz, estava o cachorro que Justin havia me falado, Sammy. Ele era um Papillon muito fofo e parecia ter um apreço maior pelas minhas pernas do que pelas de qualquer outro.

 Adoro cachorros. Prefiro gatos, porque são menos apegados, mas cachorros são muito fofos. Sempre que vejo alguém andando com um cachorro, sorrio primeiro para o cachorro e depois para o dono. Então enquanto todo mundo continuava a se abraçar e a perguntar como havia sido a turnê e tudo o mais, eu agachei e comecei a passar a mão em Sammy. Ele ficou nas duas patas traseiras e mexia incontrolavelmente as duas patas dianteiras. Dei risada e peguei-o no colo.

 - Oi – disse uma voz atrás de mim.

 Alguém me abraçou pela cintura e eu me assustei.

 - Chaz! – eu disse, tentando acalmar meu coração assustado.

 - Oi – ele sorriu para mim.

 Coloquei Sammy no chão, que começou a cheirar os sapatos de Chaz.

 - Tudo bem? – perguntou Chaz.

 - Tudo – respondi, colocando as mãos nos bolsos traseiros da calça – E com você?

 - Melhor agora – ele sorriu.

 Eu sorri de volta. Chaz aproximou o rosto lentamente, esperando minha reação. Não fiz nada. Assim que seus olhos encararam os meus, eu sabia exatamente o que ele queria fazer e não o impedi. Dei um passo a frente e deixei que ele cortasse a distância entre os nossos lábios. O beijo não durou muito – e não foi tão empolgado quanto o último – porque Ryan nos separou com um grito e um puxão em meu braço.

 - E AÍ, LIV! – disse Ryan, puxando-me para um abraço.

 Enquanto eu tentava corresponder ao abraço e voltar à realidade, o olhar de Justin cruzou com o meu. Ele conversava com a avó, mas seus olhos escondiam alguma coisa quase imperceptível. Parecia raiva.

 - Oi, Ryan – eu disse, soltando-o.

 Balancei a cabeça e dei risada. Ele devia ter feito aquilo de propósito. Ainda devia estar com aquela ideia estúpida na cabeça que eu e Justin tínhamos que ficar juntos. Balancei a cabeça de novo e me posicionei ao lado de Chaz. Demos as mãos.

 - Pessoal, a gente tem que tirar os nomes para o amigo secreto. Precisamos fazer todas as compras hoje! – disse Pattie.

 - Mas não está todo mundo aqui – disse Justin – Selena ainda não chegou.

 Só de ouvir o nome de Selena, já me senti meio enjoada. Não estava nada a fim de me encontrar com ela, especialmente depois do olhar que ela me deu antes de ir embora. Deixava bem claro, enquanto ela beijava Justin, que eu não devia mexer com ele.

 - Minha mãe e Louie também não chegaram – reclamei também.

 Como se só porque eu tivesse dito, um carro buzinou na rua. Reconheci a buzina do Audi velho da minha mãe e soltei a mão de Chaz, correndo para fora da casa. Sammy latiu e correu atrás de mim. Eu não estava errada. Abri a porta de trás do carro e tirei Louie de lá, abraçando-a. Não fazia tanto tempo assim que eu a havia visto, mas passar tanto tempo longe dela me fez perceber o quanto cada abraço conta. Minha mãe deu risada da minha afobação e veio me abraçar. Sammy ficou de novo nas patas traseiras, pedindo carinho. Louie brincou com ele enquanto caminhávamos de volta para a casa.

 Naquele exato momento, um carro grande apareceu ao longe. Eu sabia que era Selena. Ninguém mais andaria com um carro daquele, a não ser que fosse famoso. Sammy latiu para o carro, como se soubesse quem estava lá dentro.

 - JUSTIN! – gritei em direção a casa – Selena chegou.

 Ele saiu de lá de dentro rápido. Enquanto dizia oi para Selena – que só não viajou conosco no avião porque queria se despedir da família para poder passar o Natal com a gente -, levei minha mãe e Louie para dentro da casa e apresentei-as a todo mundo. Erin, Jeremy e as crianças já conheciam Louie, é claro, mas não conheciam minha mãe. Os avós de Justin, Pattie, Ryan e Chaz passaram a conhecer as duas a partir daquele momento. Quando voltei a dar a mão a Chaz, Louie percebeu.

 - Vocês estão namorando agora? – ela perguntou, de bracinhos cruzados.

 - Estamos – respondeu Chaz – Quer dizer, se você deixar. Você me deixa namorar sua irmã?

 Louie assentiu a cabeça e sorriu. Eu dei uma risada e puxei-a para perto. Ela abraçou minha perna. Minha mãe conversava com Erin e Jeremy, mas não consegui ouvir o que dizia. Olhava muito para mim e sorria, então devia estar falando algo bom. Pattie anotava os nomes de quem participaria do Amigo Secreto e depois cortava os papeizinhos. O avô de Justin pegou um saquinho e eles misturaram os nomes. Justin e Selena entraram em casa naquela hora. Suspirei e me virei para observar enquanto as pessoas iam pegando seus papeizinhos.

 Quando foi a minha vez de tirar um nome, sorri ao ler quem eu havia pegado. Pattie. Meu Deus, o que eu ia comprar pra ela? Eu não fazia ideia!

 - O valor máximo desse ano para os presentes é de dez dólares – disse Pattie para todo mundo ouvir.

 Quase engasguei com a saliva. Dez dólares? O que eu ia comprar com dez dólares? Um pacote de chicletes? Muita gente reclamou, mas eu só dei de ombros. Teria que achar alguma coisa legal. Pensei em algo que ela pudesse estar precisando, mas nada me veio à mente. Ela era a mãe do Justin Bieber. O que diabos ela estaria precisando?

 As crianças nem minha mãe não estavam participando do Amigo Secreto. Quando resolvemos sair para comprar os presentes já naquele dia, as crianças ficaram em casa com os avós de Justin – que decidiram comprar o presente depois -, minha mãe e Erin, que pediu que Jeremy comprasse seu presente para seu Amigo Secreto.

 Stratford não tinha um shopping propriamente dito. Era mais uma galeria de lojas. Nós nos separamos e entramos em lojas diferentes. Ninguém parecia saber exatamente o que procurar. Vi um monte de coisa que custava mais de dez dólares, mas também não me interessei por nada. Aquele foi um dos únicos momentos em que eu pude ficar longe de Chaz, então agradeci por aquilo. Não que eu já estivesse cansada dele, mas eu não queria ficar colada toda hora.

 Na loja que eu estava, encontrei Selena. Ela parecia mais perdida que eu, mas pareceu feliz em me ver por lá. Tentei fugir, mas acabamos nos encontrando.

 - Já comprou seu presente? – ela perguntou.

 - Ainda não. E você?

 - Não faço ideia do que comprar por menos de dez dólares – ela disse.

 - Também não faço ideia.

 Nós demos risada juntas. Caminhamos lado a lado, procurando coisas.

 - Quem você pegou? – perguntei – Pode me contar, vou guardar segredo.

 Ela sorriu e assentiu.

 - Justin.

 - Hum, vai ser difícil – respondi.

 Enquanto procurava um presente para Justin, bati o olho num produto ao longe que estava na promoção por 9,99 dólares. Apontei-o.

 - Ele disse que estava precisando de cuecas – eu disse, dando de ombros.

 Selena começou a rir e pegou um pacote que vinha com três cuecas Calvin Klein por dez dólares. Cuecas Calvin Klein por dez dólares? Era muito barato. Selena me agradeceu e foi pagar pelo presente. Dei mais uma olhada naquela loja, mas resolvi que não ia achar nada entre calcinha e meia-calça. Quando caminhei para outra loja, de souvenires, achei uma caneca maravilhosa por 8,99 escrito Mãe Nº 1. Era a caneca perfeita pra Pattie e comprei no momento em que a vi. Comprei mais algumas coisas em outras lojas diferentes, mas tentei esconder. Seria segredo.

 Depois de meia hora, todo mundo já estava voltando para casa. Passamos a tarde e o jantar lá, mas, quando ficou mais tarde, eu, minha mãe e Louie avisamos que íamos dormir em um hotel. Depois de muita implicância – especialmente de Pattie, que queria que eu ficasse e Chaz, que queria que eu fosse para a casa dele – nós pudemos ir embora. Minha mãe já tinha feito uma reserva em um hotel no centro da cidade. Não era um hotel maravilhoso como os que fiquei com Justin, mas a gente só ia dormir lá.

 No dia seguinte, minha mãe foi cedo para a casa dos avós de Justin para ajudar a fazer o jantar de Natal e nos deixou dormindo. Quando acordei e só vi Louie, quase tive um infarto. Mas aí ela me ligou e explicou tudo. Eu e Louie tomamos café no hotel e Chaz acabou pegando nós duas no hotel para irmos para a casa. Fiquei cuidando das crianças, como sempre. Enquanto os adultos arrumavam a casa – e os preguiçosos dormiam – fiquei no andar de cima com as crianças. Chaz ficou comigo. Lá pelo fim da tarde, eu estava querendo me ver longe dele. Eu, Louie e minha mãe voltamos para o hotel para tomar banho. Coloquei uma roupa simples: um vestido verde discreto e não muito curto. Louie estava com um vestido vermelho tão fofo que eu queria apertá-la toda vez que a olhava. Minha mãe colocou um dos seus terninhos de grife.

 A pessoa que nos recebeu à porta foi Justin. Ele me abraçou – coisa que não fazia há muito tempo – e eu percebi, com uma pontinha de raiva de mim mesma, que estava com saudade dele. Não havíamos nos falado direito nos últimos dias, mas eu não gostava daquilo. Queria vê-lo mais.

 - Feliz Natal, baixinha – ele sussurrou no meu ouvido.

 - Feliz Natal – sussurrei de volta e apertei-o mais ainda.

 Ele abraçou minha mãe, que lhe disse alguma coisa que o fez corar, e abraçou Louie. Ele ficou com Louie no colo enquanto eu e minha mãe dizíamos Feliz Natal para todo mundo. O jantar de Natal já estava na mesa e pronto. Nós rezamos, comemos e conversamos bastante. Depois do jantar, era a hora do Amigo Secreto.

 - Quem começa? – perguntou Pattie.

 - Eu! – disse Selena, levantando a mão.

 Nós nos sentamos no sofá enquanto Selena ficou de pé. Ela pegou seu presente embrulhado e sorriu para mim. Sorri de volta.

 - O meu Amigo Secreto – ela começou a falar – é alguém que eu amo muito.

 - Só pode ser eu! – disse Justin, dando risada e brincando.

 Selena mandou a língua para ele.

 - Você nem me deixou terminar, seu chato!

 Justin ficou surpreso e levantou.

 - Sou eu mesmo?

 - Sim! – ela deu risada.

 Ele a abraçou e eles trocaram um beijo rápido. Ela lhe ofereceu o embrulho pequeno. Ele franziu as sobrancelhas enquanto abria o pacote com as três cuecas. Soltei uma risada estrangulada e mais alta que a de todo mundo.

 - Obrigado, amor – disse Justin e depois que deu um selinho em Selena, ele se virou para mim – Isso só pode ter o seu dedo no meio!

 - Eu?! – eu disse, indignada – Como você pode duvidar de mim?

 - Sei, sei – ele disse, balançando a cabeça em negação.

 Selena se sentou no lugar de Justin. Ele pegou seu pacote, que era quadrado. Parecia uma caixinha. O que será que ele tinha comprado? Vindo de Justin, podia ser qualquer coisa. Podia até ser um ser vivo ali naquela caixinha. Sammy subiu no sofá naquele momento e forçou a cabeça por baixo do meu braço, para que eu passasse a mão nele. Coloquei-o no meu colo e o acariciei.

 - Meu Amigo Secreto é uma pessoa que eu também amo. Amo bastante – Justin sorriu – É uma pessoa muito irritante, mas muito adorável ao mesmo tempo.

 - Sou eu! – disse Ryan, levantando-se.

 - Cala a boca – disse Chaz – Ele disse que era alguém adorável.

 Todo mundo começou a rir. Ryan bateu na cabeça de Chaz e eles ficaram com aquelas briguinhas de garotos, até que Justin gritou para poder falar de novo. Ele continuou a falar, não sem antes respirar bem fundo.

 - É uma garota – ele disse – E é seu primeiro Natal comigo.

 - Selena! – gritou Chaz.

 - Liv! – gritou Ryan ao mesmo tempo.

 Olhei para Selena e ela deu uma risada, dando de ombros. Fiquei corada. Eu sabia que era eu. Quero dizer, quem mais me chamava de irritante? Só ele. Mas ele era mais irritante que eu, é claro.

 - Deixa eu terminar de falar, seus idiotas – disse Justin, rindo – Enfim, ela odeia quando eu a chamo de baixinha e, por mais que eu diga que ela é minha irmãzinha, sinto como se ela fosse minha irmã mais velha. Ela é muito mais madura que eu.

 - Seu cabeçudo – sussurrei, rindo.

 - Lesada – ele me disse, sorrindo.

 Eu me levantei e o abracei. Ele me apertou bem forte e depois me entregou o presente. A caixa era até bem pesada. Não queria nem ver o que era aquele presente de dez dólares. Foi quando me lembrei do Zoológico de Winnipeg e fiquei com medo de abrir.

 - Você vai me dar um grilo, não vai? – perguntei, desembrulhando.

 Ele começou a dar risada, mas fez que não com a cabeça.

 - Depois que você chorou com o grilo, resolvi não brincar mais. Vai que você chora de novo – ele ficou me zoando.

 - Seu idiota – mandei-lhe a língua –Além do mais, qual é o problema? Eu tenho fobia de grilos!

 Todo mundo começou a rir. Consegui abrir a caixinha e tirei de lá de dentro um globo de neve. Balancei um globo e uma foto muito velha de Justin tomou forma. A água e os resquícios de “neve” caíam para o fundo. Comecei a rir.

 - Gostou? Agora vai poder se lembrar de mim em todos os Natais – ele disse, sorrindo.

 - Adorei – eu o empurrei para o meu lugar – Obrigada.

 - De nada – ele piscou para mim.

 Coloquei meu globo de neve em cima de uma mesinha por perto e peguei meu presente para Pattie. Era uma caixa também, mas era maior.

 - Meu Amigo Secreto é uma mulher – comecei a dizer – Ela foi uma mãezona não só pra mim, mas para as crianças também enquanto estávamos fora.

 Pattie se levantou sorrindo e me abraçou. Ela abriu e adorou a caneca.

 Depois que eu já havia entregado e recebido meu presente, não prestei muita atenção no que as pessoas ganhavam ou davam. Pattie havia tirado Ryan, que havia tirado Chaz. Depois que Chaz entregou seu presente à avó de Justin, ele se sentou ao meu lado. Ficamos de mãos dadas e, depois, ele se encostou em mim. Seus lábios ficaram praticamente colados no topo da minha cabeça e eu não conseguia me mexer direito. Quando o Amigo Secreto acabou, Chaz não me soltou. Nós continuamos colados, por mais que eu me sentisse desconfortável daquela maneira. Não gostava desse tanto de proximidade, porque não sentia que era correto.

 Depois de uma meia hora, minha mãe apareceu dizendo que já estava indo embora com Louie. Chaz me convenceu a ficar e disse para minha mãe que depois me levava para casa de carro. Então, eu fiquei. Ajudei a arrumar um pouco a mesa, mas Chaz ainda ficava atrás de mim. A única vez que tive um pouco de paz foi quando lhe disse que ia ao banheiro e fugi para o andar de cima.

 Entrei num banheiro que eu nunca havia estado antes, mas que tinha duas portas. Ou seja, dava pra entrar nesse banheiro pelo quarto ao lado dele ou pelo corredor. Lavei e enxuguei o rosto. Estava quase indo embora quando a outra porta se abriu e Justin entrou, fechando a porta rapidamente em seguida.

 - Oi? – perguntei, confusa.

 - Liv? – ele me olhou surpreso – Oi. O que está fazendo aqui?

 - Estou... – cocei a cabeça e engoli em seco – Estou, hum, ah, isso vai soar muito estranho. Estou meio que fugindo de Chaz.

 Justin começou a rir. Cruzei os braços e o encarei, séria.

 - Por que você está rindo?

 - Porque eu estou fugindo da Selena – ele respondeu.

 Dei risada. Nós dois estávamos fugindo dos nossos respectivos compromissos. Eu nunca poderia sonhar com aquilo, porque Justin parecia sempre tão feliz com Selena. Mas acho que, realmente, as aparências enganam.

 - Mas, não me entenda mal – começou a dizer Justin – Eu a amo, é claro.

 - Claro, claro – parei de rir e assenti com a cabeça – Eu também amo. Quero dizer, o Chaz. Amo o Chaz.

 Não convenci ninguém dizendo aquilo, nem convenci a mim mesma. Eu gostava de Chaz porque ele era um doce, mas não o amava. Não havia tido tempo suficiente para me apaixonar por ele. Por mais que eu soubesse que ele estava encantado por mim, eu não sentia nem metade disso.

 - Você ama o Chaz? – Justin franziu as sobrancelhas.

 Sou uma péssima mentirosa, mas Justin não pareceu perceber minha mentira.

 - Acho que sim. Ele é meu namorado – respondi, dando de ombros.

 - Ah, então agora ele é seu namorado mesmo? – Justin cruzou os braços.

 Pude perceber pela voz e pelos olhos que ele estava bravo. Fiquei confusa e sem saber o que lhe dizer. Por que Justin ficaria bravo por causa disso? Quero dizer, nunca fiquei brava por ele ter a Selena como namorada. Ela não era a pessoa mais agradável do mundo, mas nunca foi rude comigo. Se me olhou de uma forma diferente, foi porque estava tomando conta do seu namorado. Eu a entendia.

 - Sim, ele é meu namorado – respondi, cruzando meus braços também.

 - Você passou a turnê inteira dizendo que não era. E agora você diz que é. Não consigo te entender – disse Justin, subindo a voz comigo.

 - Por que você está bravo comigo? – perguntei, subindo a voz também – Você sempre me disse para falar para as pessoas que eu tinha um namorado. Agora que eu realmente tenho um, você está bravo!

 - Eu só não... – Justin descruzou os braços. Seus olhos perderam os traços de fúria e agora pareciam confusos – Não acho que seja certo.

 - Você não tem que achar nada! – respondi, ríspida. Um segundo depois, me dei conta do que aquilo se tratava de verdade – Espera aí, você está com ciúmes de mim?

 - O que? Não!

 - Está sim! Você está com ciúmes. Você não quer que eu fique com Chaz, mas você também não...

 Não consegui completar, mas tenho certeza que Justin havia entendido o que eu queria dizer. Justin não queria que eu ficasse com Chaz, mas também não queria que eu ficasse com ele. Foi muito bom eu não ter dito aquelas palavras em voz alta, porque elas não faziam o menor sentido. Eu não queria ficar com Justin.

 - Liv, eu não... Não sei o que está acontecendo entre nós dois.

 - Não há nada acontecendo entre nós dois – descruzei os braços e me afastei.

 - Você não pode dizer isso. Você não pode negar tudo que aconteceu.

 Senti meus olhos se encherem de lágrimas. Podíamos parar de falar daquele assunto?

 - Nós concordamos em agir como se nada houvesse acontecido, Justin.

 - Mas eu não consigo mais fazer isso.

 Fiquei calada. A única coisa que eu conseguia ouvir era a respiração acelerada de Justin e meu próprio coração. Fechei os olhos. Aquela conversa tinha que acabar.

 - Não sei o que está acontecendo. Eu nunca pensei que... – ele pausou – Você não é o que eu... Isso não era para acontecer!

 - Não sei do que você está falando – respondi com um fiapo de voz.

 - Não seja boba. Você sabe, sim. Você sente o mesmo.

 Ele se aproximou e eu me afastei.

 - Não, não sinto.

 - Liv, não minta.

 - Justin, cala a boca.

 - Não quero fingir que nada aconteceu. Não quero esquecer.

 - Justin, por favor, pare de falar.

 Minha cabeça rodava e meu estômago se embrulhava. Não queria ouvir mais nada. Justin tinha que parar de falar. Eu não conseguiria aguentar nenhuma das suas palavras.

 - Liv, não sei o que é isso. Mas não quero evitar esse sentimento. Não quero colocar no fundo da minha mente.

 Lágrimas geladas caíram pelas minhas bochechas.

 - Por favor, fique quieto – pedi, suplicando.

 Ele não podia me iludir daquele jeito. Especialmente, ele. Porque eu sentia algo muito forte e incontrolável por Justin, mas eu ainda não sabia o que era. No momento, eu só queria que ele parasse de falar. Se ele não se calasse, eu o calaria.

 - Acho que, talvez, nós devêssemos pensar sobre isso e decidir o que vamos fazer em relação a nós...

 Não sei exatamente o que fiz nem como fiz. Em um segundo eu estava no mesmo lugar de antes, as lágrimas caindo pelo meu rosto. Justin estava a um metro de mim e me olhava, triste e confuso. No segundo seguinte, nós estávamos colados, frente a frente. Eu só precisava que Justin parasse de falar. Ele não parou. Tive que calá-lo.

 Em uma fração de segundo, passei meus braços por seu pescoço e fiquei na ponta dos pés. Encostei meus lábios nos dele, que se entreabriram. Justin imediatamente me envolveu em seus braços e apertou minha cintura. Seus lábios eram macios e quentes; os meus estavam frios e molhados. Enquanto nossos lábios se moviam em sincronia e eu abria caminho para sua língua, senti meu corpo todo estremecer quando ele alisou minhas costas. Meu sangue queimava. Acariciei sua nuca, fazendo com que nosso beijo se intensificasse. Mordi seu lábio inferior e o puxei. Justin passou a segurar meu rosto, exigindo mais do nosso beijo. Foi quando me dei conta do que estava fazendo.

 Empurrei Justin e me afastei, encostando as costas na parede. Nossa respiração estava ofegante. Parecia que alguém havia acendido fogos de artifício dentro de mim. Era extremamente errado, mas havia sido a melhor coisa que eu já havia feito na vida. Tudo o que eu queria fazer era cortar nossa distância e voltar a beijá-lo.

 - Por que você não parou de falar? – sussurrei, abraçando-me.

 Justin não respondeu. Ele parecia mais devastado do que eu, como se um furacão tivesse passado por cima dele e tivesse destruído tudo que ele conhecia. Ficamos em silêncio, porque não havia nada a se dizer. Havíamos nos beijado. Eu sabia que Justin, tanto quanto eu, queria continuar o beijo. Mas não podíamos. Não devíamos.

 - Justin? Você está aí no banheiro? – gritou Ryan, do quarto.

 - Estou... – ele sussurrou, pigarreou e repetiu – Estou saindo.

 Justin saiu do banheiro pela porta do quarto, mas não me mandou um último olhar. Eu me senti ainda mais perdida e escorreguei pela parede até sentar-me no chão. Minha vida parecia estar caminhando sobre uma fina linha a 30 metros do chão. Eu sentia como se, para cair, tudo o que eu precisava era de uma brisa mais forte.

 O que havia acabado de acontecer entre eu e Justin havia sido um vendaval, mais forte do que qualquer outro que eu já havia visto.


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Notas finais do capítulo

Então, Heart and Soul está mais ou menos perto de acabar. Faltam uns 10 ou 15 capítulos para o fim da fic. MAAAAAS, vou fazer uma segunda temporada. Vish, spoilers, preciso parar de falar HADUIOHDUI
Para os leitores de Run From Me, acho que posto amanhã. E, outra coisa, sei que não respondi às reviews, mas é que fiquei sem tempo. Eu vi todas as reviews, porque checo todos os dias o Nyah pelo celular, mas não respondi. Agora vou voltar a responder todas, ok? Espero que vocês tenham gostado *-*